INTRODUÇÃO
O objetivo desse Blog é levar você a uma reflexão maior sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio
necessário para uma vida saudável e produtiva.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Prezados irmãos e amigos. Não pretendo com esse Blog modificar o pensamento das pessoas. Não tenho a pretensão de ser dono da verdade, pois acredito que nenhuma religião ou seita detém o privilégio de monopolizá-la. Apenas estou transmitindo informações, demonstrando a minha crença, a minha verdade. Cabe a cada indivíduo a escolha de como quer entender as coisas do mundo em que vive, como quer viver a sua vida, e quais os métodos que quer utilizar para suas colheitas. Como disse Jesus, "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", ou seja, o plantio é opcional, você planta o que quiser, mas vai colher o que plantar. Por isto, muito cuidado com o que semear.
Pense nisso!

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domingo, 30 de janeiro de 2022

 


Falência encarnatória

Esse nosso tema é muito curioso, pois fala sobre falência encarnatória. Em primeiro lugar, temos que entender o que é encarnação. Nós vivemos numa grande confusão de ideias a respeito da realidade espiritual e da realidade da vida no corpo físico. É importante nós sabermos que não somos seres humanos tendo experiências espirituais. Na realidade, nós somos seres espirituais tendo experiências humanas. Infelizmente as criaturas têm se apegado mais à vida do corpo físico. Explicar qual o objetivo da encarnação é elucidar a finalidade da vida, é esclarecer por que nascemos, é sinalizar o caminho que devemos trilhar, seja qual for a condição em que chegamos ao plano material do mundo onde vivemos. A questão indica duplo objetivo em nossa passagem pela carne, tanto na primeira vez quanto nas vezes seguintes, pelo processo das chamadas vidas sucessivas. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de executar a parte que lhe toca na obra da criação. A reencarnação é um instrumento pedagógico para o espírito, indispensável, pois, à sua evolução, para que ele saia de sua condição de simples e ignorante para alcançar um patamar moral superior, ou seja, chegar à perfeição.  A reencarnação é o momento de colocarmos em prática aquilo que aprendemos no mundo espiritual, quando teremos oportunidade de nos revermos e nos conciliarmos com nossos inimigos e de reencontrarmos antigos afetos do coração. Deus nos impôs a reencarnação para no mostrar o que temos de fazer para nós mesmos. Aquilo que devemos fazer não podemos passar para o outro; cabe-nos enfrentar os nossos deveres com a disposição que a fé nos faculta. Reencarnar dá trabalho. Requer intenso estudo de nossas necessidades espirituais. Quando nosso merecimento permite essa oportunidade, tem que contar também com a participação de engenheiros da espiritualidade que irão preparar o corpo, os pais, o local, a profissão, os futuros filhos e as condições de trabalho e resgate que nos serão oferecidos. Trata-se, portanto, de um verdadeiro investimento da espiritualidade. Naturalmente, há muitas expectativas de mentores e amigos que, de certa forma, “apostam” em nós. “Patrocinam” a nova chance que nos é proporcionada. Se em algum momento nos desviamos do caminho traçado, se nos distanciamos da rota, sonoros alarmes são disparados na espiritualidade. Claras e decisivas providências são adotadas para que ocorra o “redirecionamento” das nossas vidas. Para que não se percam os esforços e os objetivos a que nos propomos, os Espíritos se utilizam de meios para nos chamar a atenção. Esmeram-se os planejadores para otimizar a tentativa, oferecendo ao encarnante um corpo material adequadamente provido para as necessidades do programa encarnatório elaborado, e os trabalhadores da assistência fraterna para situá-lo no ambiente de interação, apropriado às exigências dos resgates, reparações e aprendizagem programadas. No entanto, estaremos redondamente enganados se concluirmos que a tolerância da espiritualidade não tem limites. As novas oportunidades geralmente não são muito suaves. E quando não as aproveitamos, ah! É melhor, como diriam os antigos, “colocar as barbas de molho”, pois daí para frente vem “chumbo grosso”. Se desperdiçarmos as derradeiras tentativas de recuperação dos amigos espirituais, é melhor nos prepararmos para futuras encarnações dolorosas e solitárias. Mas, para chegar a tal perfeição, o Espírito deve sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea. Porém, infelizmente, é alarmante, segundo alguns Mentores espirituais, a quantidade de Espíritos que retornam à Pátria espiritual, sem haverem conquistado progresso significativo. Enquanto na vida física, permanecem distantes da realidade espiritual que lhes é própria, preferindo viver na ventura fantasiosa dos prazeres mundanos, em detrimento dos imprescindíveis e inadiáveis esforços para o adiantamento moral que deveriam desenvolver, razão primordial da vida física. Falta-lhes o conhecimento e a fé para compreenderem a informação que nos deu Jesus, ao declarar que a verdadeira vida da criatura, não é a material, mas a espiritual, concreta, vibrante e verdadeira por toda a eternidade. Permanecem cegos e surdos aos impositivos da Lei de Progresso, conservando-se na condição de “infância espiritual”, arrastando-se penosamente por reencarnações sucessivas, incapazes de compreender a realidade que os aguarda além-túmulo. Por que isto acontece? Falta-lhes o interesse para saberem as respostas às três perguntas básicas, latentes na consciência de todos os intelectualmente capazes:  De onde viemos? Por que existimos? Para onde iremos após a morte? Alguns mais irônicos e incrédulos perguntarão: -Quem poderá respondê-las? Está claro que não será possível com meia dúzia de palavras explicar assunto de tal transcendência! Estas questões, entretanto, encontram-se completamente respondidas pela Doutrina Espírita; mas, da mesma forma que toda Ciência, ela deverá ser estudada, meditada e pesquisada para ser compreendida e praticada. Lamentavelmente, o lazer ocupa exagerado percentual do tempo da existência humana. Indiferentes ao conhecimento da realidade de si mesmos os homens não sabem como bem conduzir a própria vida e, ao chegar ao inevitável momento do retorno à Pátria Espiritual, encontram-se desorientados na condição de Espíritos despidos das vestes físicas. Decepcionados ante a realidade de que a morte não existe como destruição da vida, sentem-se aflitos e perdidos com a nova situação. Não encontrando o Céu que a mentirosa ficção lhes prometera com todas as suas delícias e privilégios, para cuja conquista nada fizeram, os desencarnados despreparados revoltam-se e, até que novas oportunidades encarnatórias lhes sejam oferecidas, perambulam neste estado em convívio interativo com os encarnados, ou são arrebanhados por falanges de Espíritos inferiores para serem iniciados, conforme suas índoles, nos caminhos do vício e do crime. Os Mentores espirituais dizem que, o Espírito, ainda na Espiritualidade, ao se preparar para o mergulho na carne, faz promessas de esforços, as quais, entretanto, ao contato com as vibrações da matéria, são desprezadas e esquecidas. Desconhecida a real finalidade da existência, não consegue avaliar quanto de prejuízo causa ao próprio porvir, entrando em verdadeira falência encarnatória.

 

domingo, 23 de janeiro de 2022

 


Como atingir a perfeição, Sendo imperfeito?

Olá, Amigos! Que tal começar mais uma semana com uma boa reflexão? Para isso, vamos explanar mais um ensino espírita, que trata de um tema que versa sobre a perfeição humana.

Nesse estudo, encontramos mais uma passagem do Evangelho de Jesus que, se entendida ao pé da letra, será tomada como um absurdo. “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial” (Mateus, cap. V, vv. 48). De certa forma, esta exortação do Mestre nos causa estranheza, pois, como pode alguém ser perfeito como o Criador o é? Deus é que possui a perfeição infinita em todas as coisas. Esta proposição tomada sem uma análise bem feita pressuporia a possibilidade de atingir-se a perfeição absoluta. Afinal, o que é “ser perfeito”? Não errar? Ter sucesso? Agradar a todos? Ser sempre gentil, humilde? Não falar da vida alheia? Não julgar? Não sentir raiva? Quem consegue estar permanentemente em um estado quase que de “santidade”? No mundo, há uma busca de perfeição. O atleta quer ser perfeito, quer bater todos os recordes, o cientista quer fazer com perfeição as suas descobertas e pesquisas científicas. Ser “perfeito”, no entanto, não quer dizer sem defeito, pois perfeito quer dizer fazer bem feito aquilo que sabemos fazer. Precisamos ser cristãos que buscam a perfeição ou procuram fazer o melhor que podemos naquilo que realizamos. A perfeição constitui a meta de todo ser humano. Como proceder para alcançá-la, segundo Jesus, consiste: “Em amarmos os nossos inimigos, em fazermos o bem aos que nos odeiam, em orarmos pelos que nos perseguem. Mostra Ele, desse modo, que a essência da perfeição é a caridade na sua mais ampla acepção, porque implica a prática de todas as outras virtudes.” Perfeição caracteriza um ser ideal que reúne todas as qualidades e não tem nenhum defeito, e designa uma circunstância que não possa ser melhorada. Historicamente o termo perpassa pelo conceito de entelecheia (que se poder traduzir por "realização") cunhado por Aristóteles, ou seja, é a realização plena e completa, concluindo um processo transformativo de todo e qualquer ser. E o nosso destino é a perfeição relativa, pois a absoluta é exclusiva de Deus. Pelo conhecimento proporcionado pela Doutrina Espírita, sabemos que esse distanciamento que temos da perfeição diminui à medida que nos esforçamos para nosso auto aperfeiçoamento. E como o progresso é uma fatalidade, ainda que estacionemos, será por pouquíssimo tempo, considerando que temos uma eternidade pela frente. Esse convite de Jesus traduz a confiança, a paciência, que Deus deposita nas suas criaturas, independente da condição evolutiva de cada um. Ele não se dirige ao homem imperfeito e falível, mas ao homem do futuro, na sua condição de perfectibilidade. O tempo e o trabalho vão oportunizando a todos o processo transformador, qual ocorre com a pedra bruta. E do cascalho pesado emerge o diamante. Deus não tem pressa, pois tudo se ajusta com sabedoria, justiça e misericórdia, com o passar do tempo. Portanto, ofertemos ao próximo o que necessita para promover a sua mudança, mas aguardemos a ação do tempo, que constrói e reconstrói, num trabalho contínuo e permanente. E que mudemos em nós o que reprovamos no outro. A evolução é lenta, porque a natureza não dá saltos. Trazemos ainda muitas sombras do passado, com repetições no presente, o que nos exige muito esforço de superação, com serenidade, persistência, vigilância e oração. E que sejamos bondosos no trato com o próximo, pois é pela bondade que conquistamos a simpatia das pessoas e conseguimos abrir as portas que possam estar fechadas para nós. “Sede, pois, vós outros, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito” – disse-nos Jesus Cristo. Entretanto, não nos conclama com essa assertiva a que tomemos ‘ares’ de perfeição presunçosa, e sim a que nos esforcemos para um crescimento gradual, com o qual o processo da vida vai nos dando habilidades cada vez maiores e melhores. O que é válido é a vontade de melhorar. Aquilo que nossa consciência determina por imperfeição podemos transformar em força que impulsiona para o desejo de nos sentirmos melhor, em paz e sem culpas por não alcançarmos o impossível. O que é específico de um ser cristão? Ele é um ser que vive o Cristo na sua vida, pois o Mestre Jesus é para nós amor divino, por isso o amor é a prática primeira e fundamental da vida cristã. O que torna um cristão perfeito não é a quantidade de orações que ele faz. O que o torna semelhante a Cristo não são as penitências que ele realiza. Tudo isso ajuda, aperfeiçoa, estimula, molda o nosso coração para vivermos a prática do amor.  Sem amor não somos nada! Por isso, se existe a busca da perfeição em tudo que os homens realizam, existe a perfeição do amor, e é a perfeição do amor que estamos buscando. A perfeição do amor consiste em aprender a amar os nossos inimigos. E quem são os nossos inimigos? São pessoas que não nos querem bem, que nos querem mal, que nos têm em conta de inimizade. Temos uma resposta para dar a elas: o nosso amor cristão; o querer bem a elas, rezar por elas.  “Rezai por aqueles que vos perseguem, por aqueles que vos fazem o mal, por aqueles que não vos querem bem”, é a resposta cristã. A nossa resposta não pode ser vingança mental, não podemos querer o mal daquela pessoa, desejar o mal para ninguém, isso não é perfeição do amor; pelo contrário, é o desvirtuamento da força do Evangelho em nós. Busquemos a perfeição, busquemos aperfeiçoar o amor de Deus em nós. Caprichamos em amar quem já é próximo de nós, quem já tem muita afeição por nós. Isso todos fazem, até os pagãos realizam melhor do que nós. A perfeição do amor cristão é saber amar quem não nos quer bem, é saber fazer o bem para quem nos fez o mal, é rezar por aqueles que não nos têm em conta e nos levam em conta de inimigos. Esse é o amor cristão, não é o amor do mundo. É muito importante nós analisarmos a colocação do verbo, que está no imperativo afirmativo, nos recomendando para que o ato seja realizado de imediato. “Sede perfeitos”! Jesus não disse para sermos perfeitos amanhã. A determinação do Mestre nos indica para agirmos hoje, no presente momento. O conceito de perfeição designa um estado plenamente realizado, ou seja, aquilo que é bem acabado em todos os detalhes; aquilo que não apresenta defeito; aquilo que é belo. Em Teologia, é a plena realização sob o ponto de vista moral realizado no bem, que compete a cada um possuir e atuar. Nestas condições, como alguém aqui na Terra poderá atingir esse patamar? Então, há  que se perguntar: Por que, sabendo da nossa fraqueza e das nossas imperfeições, Jesus pode dar essa ordem expressa? Acontece que essa perfeição que o Cristo nos ordena é aquela contida nos Seus ensinamentos, que nos conclama a amarmos os nossos semelhantes e a fazermos o bem sem exceção. Daí, nós podemos concluir que, o que é ordenado é uma perfeição a que a Humanidade é capaz de atingir, a que mais se aproxima de Deus. Isto quer dizer que, nós podemos ser perfeitos em alguns aspectos e noutros não. E, diante dessa verdade, devemos prestar contas ao Pai, dentro do melhor nível de evolução que pudermos alcançar. Todos nós temos o direito de buscar essa perfeição, mesmo aqueles espíritos mais rebeldes, que estão agarrados aos erros e aos vícios. Mas, para isso é preciso que nos despertemos para a necessidade desse momento e que tenhamos boa vontade para iniciar aquele bom combate de que Paulo de Tarso nos falou para desenvolvermos em nós, de forma gradativa e paciente, as mudanças para atingirmos essa evolução. Quando Jesus nos conta a Parábola do Bom Samaritano, por exemplo, faz-nos uma apologia do amor ao próximo, isento de preconceitos e de segundas intenções. Para Jesus, o primor espiritual resume-se na prática integral da caridade, aconselhando-nos, especialmente, a amar os que nos querem mal e nos prejudicam na trajetória existencial. O perdão das faltas alheias, mormente daqueles que nos perseguem, torna-se ação indispensável, infundindo-nos sentimentos nobres e facultando-nos a aquisição das demais virtudes que alicerçam os verdadeiros sentimentos fraternos que são: a benevolência, a abnegação e o devotamento. Se estivermos cumprindo tudo isso, temos a senha para aceitarmos o Convite à Perfeição. Sendo assim, podemos concluir que Jesus, ao fazer uma associação da perfeição com o amor – inclusive aos inimigos –, desejava caracterizá-la como sendo a benevolência extremada e, por isso mesmo, incondicional. E esse conceito de incondicionalidade é essencial no entendimento do que seja o perfeccionismo. Daí, nós concluirmos que, somos todos convocados pelo Mestre ao exercício do aperfeiçoamento, mas contemos com o tempo e a prática como fatores essenciais, e nunca com a perfeição como sendo ‘uma determinação martirizante e desgastante’, que faz a criatura dispender uma enorme carga energética para manter uma aparência irrepreensível. Repensemos o texto cristão, refletindo se estamos buscando o crescimento rumo à perfeição, ou se representamos possuir uma santidade oca, que não suporta sequer o toque da menor contrariedade. O Sede perfeitos constitui o apelo do divino Mestre para o nosso esforço permanente de evolução, como assinala a questão 115, de O Livro dos Espíritos, a obra basilar da Doutrina Espírita: “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes”, ou seja, sem conhecimento.

Muita Paz!

domingo, 16 de janeiro de 2022

 


A DESIGUALDADE DAS RIQUEZAS

A proposta da nossa reflexão de hoje, é muito desafiadora devido ao nosso estágio evolutivo. Como preâmbulo, é interessante observar que a aquisição das riquezas materiais tem sido a meta da esmagadora maioria dos homens. Neste estudo, vamos abordar importantes questões. A primeira questão que se apresenta é esta: Por que não são igualmente ricos todos os homens? Por que uns são ricos e outros são pobres? Por que uns ganham muito dinheiro enquanto outros ganham pouco? Por que a sorte sorri para uns e fecha a cara para os outros? Por que uns nascem em berço de ouro e outros numa choupana? Estas são algumas, das muitas questões, que ainda não encontramos uma resposta satisfatória. Nosso propósito é, pois, refletir sobre estas questões, analisando-as sob a ótica espírita. Então, de que maneira a Doutrina Espírita pode auxiliar-nos na compreensão da desigualdade de renda apontada acima? O princípio da reencarnação, adotado pelo Espiritismo, é um forte argumento, que pode oferecer-nos alguma pista. É possível que os Espíritos que ora estão encarnados neste país já tenham vivido nos outros países mais desenvolvidos. Como não souberam utilizar a riqueza em favor do próximo, foram enviados para esta região para se reequilibrarem na lei do amor, passando pela prova da pobreza. A desigualdade das riquezas é um dos problemas que preocupa muita gente. E, inutilmente se procurará resolvê-lo levando em conta apenas a vida atual. A desigualdade das riquezas é vista pela Doutrina Espírita como experiência necessária ao crescimento do espírito. Em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XVI, Kardec apresenta belas ideias em torno das desigualdades das riquezas, elencando três causas fundamentais para esse fenômeno social tão lamentável. A primeira delas encontra-se nas próprias diferenças existentes entre os indivíduos: nem todos são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar, afirma o codificador. E acrescenta que se toda a riqueza da Terra fosse dividida igualmente para todas as pessoas, feita essa divisão, o equilíbrio estaria desfeito em pouco tempo, pela diversidade dos caracteres e aptidões. E ele continua afirmando que se a riqueza da Terra fosse distribuída por igual a cada homem, cada um receberia uma parte mínima e insuficiente. Supondo-se que isso pudesse ser feito, em pouco tempo essa igualdade deixaria de existir, em virtude das diferenças individuais: uns a aumentariam, outros, talvez a maioria, a gastariam na satisfação de seus desejos, das suas necessidades materiais, e em pouco tempo a desigualdade de dinheiro retornaria entre os homens. Ele continua supondo que se cada um recebesse somente o necessário para viver, haveria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que ocasionam o progresso e o bem-estar da humanidade, pois desapareceria o estímulo que impulsiona as grandes descobertas e os empreendimentos úteis. Assim, conclui que Deus concentra a riqueza em alguns, para que esses a expandam em benefício de muitos, nas diversas maneiras, atendendo as diferentes necessidades. A fortuna é, pois um meio de evolução moral e “um meio de ação para o progresso”. Todos a experienciam, no decorrer das reencarnações, ora uns, ora outros, a fim de aprender a usá-la com inteligência e sabedoria. Se todos a tivessem ao mesmo tempo, ninguém trabalharia e a Terra não progrediria. Assim, todos a possuem, por sua vez e, segundo as revelações dos Espíritos, muitos temem tê-la, pelas consequências já sofridas, pelo mau uso que dela fizeram. A necessidade de os Espíritos viverem experiências corpóreas diferentes e conseguirem as coisas pelo próprio esforço seria uma segunda causa. Lembra Kardec que são necessárias as provas da pobreza e da riqueza para que os seres espirituais desenvolvam habilidades diferentes: resignação, perseverança, desprendimento, compaixão etc. são virtudes que serão construídas paulatinamente nas diferentes experiências, ora na abundância, ora na escassez. E, finalmente, a terceira causa das desigualdades: o egoísmo e a ganância humana, levando os homens a cometerem toda sorte de abusos, em detrimento daqueles que, por limitações intelectuais, familiares e culturais, não possuam os mesmos recursos para terem acesso aos bens da Terra. Na questão 806 de o Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta à Espiritualidade se a desigualdade das condições sociais é uma Lei Natural? Responderam os Espíritos: Não; é obra do homem e não de Deus. Kardec ainda insiste: Algum dia essa desigualdade desaparecerá? E obteve a seguinte resposta: Eternas somente as leis de Deus o são. Não vês que dia a dia ela gradualmente se apaga? Desaparecerá quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Restará apenas a desigualdade do merecimento. Dia virá em que os membros da grande família dos filhos de Deus deixarão de considerar-se como de sangue mais ou menos puro. Só o Espírito é mais ou menos puro e isso não depende da posição social. Deus criou o homem simples e ignorante. Simples porque nada tinha, e ignorante porque nada sabia além das experiências registradas em seu instinto. Daí a diversidade de graus evolutivos, tendo em vista as desigualdades, criadas pelo próprio homem: na inteligência, na atividade e no trabalho. A reencarnação mostra a justiça divina. No que tange à riqueza, todos passaremos por ela, quer seja nesta vida ou em outras. Portanto, aos que nascem sob a Desigualdade das Riquezas em condições desfavoráveis ou até mesmo na miséria, a prova de fé e perseverança devem ser reafirmada todos os dias. É difícil, e até mesmo desnecessária, buscar as questões pregressas a esta vida, mas devemos ter a ciência de que nós escolhemos ou aceitamos as provas as quais passamos. Assim, um que não a tem hoje, já a teve ou terá noutra existência. Outro, que agora a tem, talvez não a tenha amanhã. Dessa forma, se há ricos e pobres é porque, sendo Deus justo, como é, a cada um prescreve trabalhar a seu turno. O uso das riquezas materiais deve ser moderado com a sabedoria e a caridade para que não caia em impulsos primitivos o levando ao mau uso dos recursos. Jesus nos ensinou que deveríamos nos preocupar em ajuntar os tesouros que a traça não corrói, a ferrugem não consome e o ladrão não rouba. Isto é, os tesouros que nos cumulam o espírito com a riqueza que levaremos para a eternidade e que nos abrirão as portas para o Reino de Deus, que é, na verdade, o reino dos valores espirituais. Tenhamos cuidado com o excessivo desejo de posse; reflitamos, primeiro, sobre os pressupostos espíritas. Eles foram codificados para auxiliar o pensamento do homem, a fim de que este se liberte das paixões materiais, conduzindo-o à conquista dos bens espirituais, os únicos que poderá levar ao partir para a vida dos Espíritos. Por isso, Se nos encontramos privados de riquezas, cuidemos de armazenar tesouros de paciência e resignação, buscando no trabalho e na prece a superação de nossas dificuldades, sem deixar de lutar com ânimo firme por melhorias e progressos em nossas vidas.

Muita Paz!

domingo, 9 de janeiro de 2022

 


A INVIGILÂNCIA

Ensino espírita

Sobre esse tema, que nos induz a refletir sobre a invigilância que nos abate nas obras do mundo, e que nos compete desenvolver, fazendo com que pequemos pelo exagero e a buscar o supérfluo, em detrimento daquilo que é essencial, fomos buscar no livro A Vida Escreve, do Espírito Hilário Silva, uma estória intitulada “O Lar das crianças”. Conta-nos assim o autor espiritual:

Amigos espirituais diversos, estávamos a postos. E os companheiros encarnados iam chegando. Seriam discutidos os estatutos para a fundação do lar de crianças, junto a grande organização espírita.

Mesa redonda. Cada qual poderia expender francamente seus pontos de vista.

Desabafo, franqueza. Antes, porém, o cafezinho. E, ao cafezinho, Augusto Franco, conselheiro da casa e dos mais experientes, argumentava: se Deus não se compadece da Humanidade, estaremos perdidos. O campo social é manicômio sem portas. Todos brincam de viver. Há por toda parte soberano desprezo ao trabalho, e o vício e a criminalidade vão crescendo. Abusos no cinema. Preguiça delituosa. Todas as bebidas liberadas. Maconha. Máquinas e empregados para todos os misteres. Residência superluxuosas. Festas inoportunas. Há domicílios com bilhares, bar interno, cinema próprio, salões de baile e piscinas, quando temos milhares de companheiros a quem falta o estritamente necessário. Altas rodas passam a noite no pif-paf.

Pais e mães abandonam meninos a criaturas mercenárias que, muitas vezes, lhes administram entorpecentes para estarem, durante a noite, mais à vontade. E, em consequência, temos a granel quadrilhas juvenis, tragédias passionais, crianças delinquentes e vagabundos inveterados. E alongou-se a crônica verbal. O ponderado orientador da casa, tantas vezes esteio firme na instituição, registrou com acerto todos os desacertos do mundo.  A pequena assembleia ouvia, ouvia. Nisso, porém, o horário avançou além do tempo previsto. E a nossa reunião? Perguntou Franco, percebendo que retardara. Os companheiros, todavia, pareciam desenxabidos. Todos monossilábicos. Creio seja melhor adiar, disse Cunha, o presidente da casa.

E Leivas, o tesoureiro, aderiu, aprovando com a cabeça. Outro dia, acrescentou D. Ricardina, a secretária. E todos os demais, à uma, pronunciaram a palavra “depois”. Franco, porém, não concordou. Sentia-se culpado e pedia escusas. Exigia. Que perdoassem pela comprida conversação, mas vivia espantado com os desastres morais. Não houve outro recurso senão atendê-lo. O prestimoso companheiro instava com tanta humildade que Felício Cunha buscou a papelada e, como de outras vezes, pronunciou a prece de abertura, rogando a inspiração de Jesus. Foram iniciados os estudos para o lançamento da obra, e, porque todos os amigos gaguejassem, como se estivessem receosos de expor o pensamento, Cunha foi claro. Augusto, falou, corajoso, creio que todos nós, sem prévia combinação, preferiríamos o entendimento para outra hora, a fim de não contrariarmos a você mesmo.

Ora essa! Como assim? E Cunha, abrindo um relatório; você é o autor da maior parte de nossos planos. Veja bem. Você quer uma casa complexa. Esperamo-la simples. Você quer um monumento. Aspiramos um lar. Você pede a construção de trinta e dois aposentos. Pretendemos apenas quinze, e olhe lá que vão abrigar muitas crianças.

Você solicita um salão de festas. Não queremos qualquer ruído inútil. Você reclama empregados pagos. Não tencionamos remunerar cooperador algum. Você julga que as crianças devem ser mantidas sem trabalho. Consideramos que todas devem estudar e servir, segundo a vocação e a capacidade delas, fazendo-se úteis o mais cedo possível. Você espera um parque de brincar, adornado com uma fonte luminosa.Nós tememos semelhante aquisição, que viria favorecer a irresponsabilidade infantil. Você planeja a compra de noventa globos e dez lustres para luzes elétricas. Estamos satisfeitos com quarenta lâmpadas simples. Você propõe a compra de muitos metros quadrados de ladrilhos brancos e azuis. Não contamos com material dessa espécie, crendo que os ladrilhos singelos nada deixam a desejar. Você indica várias peças de mármore. Escolhemos apenas cimento. Você diz que precisaremos de quarenta colchões de mola. Teremos colchões vulgares. Você especifica um número exagerado de pias e banheiros, tapetes e móveis. Sonhamos uma casa confortável, sem ser suntuosa, simples sem ser miserável, onde as crianças não sejam bibelôs para os nossos caprichos e, sim, nossos próprios filhos.

E como suspiramos por nossos filhos libertos dos prejuízos morais que vergastam a Terra, admitimos seja nosso dever não enganar a nós próprios, abraçando a realidade sem os perigos da fantasia, porque realmente, meu caro, o futuro vem aí. Augusto Franco, apanhado de surpresa, mastigou em seco, tossiu, pigarreou e disse desapontado: É, é, de fato vocês têm razão. E depois de um instante em silêncio, como se estivesse falando para dentro de si: Meu Deus, é muita coisa sobrando! Lima, contudo, o vice-presidente da casa, pediu que fosse adiado o debate geral do assunto, e Cunha, com aquiescência de todos, orou, calmo, encerrando a reunião.

REFLEXÃO:

Existe um ditado popular que diz que a simplicidade observa a Natureza sem usar óculos. De fato. A Natureza à nossa volta é sempre um exemplo de simplicidade e, ao mesmo tempo, de adequação e utilidade. Nada foi criado sem uma razão que a justifique. Tudo tem um objetivo na criação de Deus. Mas, apesar de assim ser, o homem busca sofisticar as coisas de sua vida, sem perceber  que o supérfluo não só não trás utilidade para quem o detém, como serve de instrumento de desvio, de desequilíbrio e de aquisição de falsas necessidades e anseios que iludem o homem. É natural que o homem busque viver com conforto. Mas não é natural que peque pelo excesso ou pelo exagero. O progresso da tecnologia humana leva as criaturas, muitas vezes, a verem necessidades onde elas realmente não existem. A buscarem mais o lazer do que o trabalho; mais o luxo do que a adequação das coisas; Mais a posse do que a real utilidade. No entanto, Jesus nos aponta o caminho da simplicidade e da justiça, quando nos ensina que não devemos nos afadigar pela posse do ouro ou pela posse de bens materiais. Antes, devemos procurar haurir os valores que nos servirão como esteio e sustentação na vida futura, na espiritualidade. De que adiantam posses, prazeres e luxo, conforto exagerado, se nada acrescentam na evolução espiritual. Ao abrir os olhos fora da matéria, o homem irá se deparar com a única bagagem que realmente lhe conta e lhe é útil naquelas paragens. A bagagem das obras realizadas e dos valores espirituais adquiridos no trabalho produtivo e profícuo, para a evolução da Humanidade e para auxílio dos irmãos do caminho. São estes os verdadeiros valores, a capacidade de sermos úteis à obra de Deus.

Assim, a simplicidade é um requisito essencial na vida do homem.. Deveria ser pensada todo dia, observada a cada instante. Qual o valor agregado das coisas? Deveríamos avaliar constantemente, para que fossemos capazes de viver com qualidade, viver com equilíbrio, viver com crescimento contínuo, viver com progresso espiritual. Mesmo diante da obra da caridade, os homens são levados eventualmente a pensar de forma supérflua. Quando visitamos igrejas ou templos de algumas seitas ou crenças, mesmo aquelas que se dizem cristãs, podemos observar a existência do luxo exagerado, do supérfluo, usados para darem a impressão de prosperidade e de progresso, para os desavisados do caminho. Ouro, mármore, granito, arquiteturas suntuosas nos ditos templos de Deus. E o nome e a imagem de Jesus adornando todo luxo descabido, quando ao contrário, o Mestre nazareno foi o exemplo de simplicidade, de humildade e da firmeza de propósitos. Acontece que, nós mesmos, de forma desapercebida,  criticamos intimamente, quando comparecemos a uma casa espírita muito simples, sem ornamentos, com apenas os utensílios necessários à obra da caridade. Aí, pensamos: poderíamos melhorar isso aqui; comprar novos móveis. Às vezes, essas considerações são justas e até refletem necessidades básicas, para que a obra da caridade seja feita. Mas às vezes não agregam valor para o fim que nos propomos trabalhar.

Nesta pequena estória, Hilário Silva faz um apanhado dos desacertos humanos e aponta como causa básica a busca pelo homem de coisas desnecessárias para a sua vida. A falta de percepção da simplicidade, que a Natureza, obra de Deus, nos aponta é a causa desse desvio de conduta, dessa supervalorização do supérfluo, do luxo, da posse, do preenchimento das horas vazias com ações vazias. Ao mesmo tempo, usa algumas comparações bastante fortes: ao invés de complexidade, a simplicidade; ao invés de monumentos, lares; ao invés do exagero, o adequado; conforto sem suntuosidade; simplicidade sem miserabilidade; realidade sem fantasia ou ilusão. Quantos de nós podemos afirmar que vivemos na simplicidade voluntária? Que nada guardamos que não seja útil? Que nada retemos que não seja necessário? Simplicidade não significa pobreza, nem pobreza é prova de simplicidade. Simplicidade é adequação de postura; é adequação de comportamento no uso das coisas que Deus nos concedeu por empréstimo, para desenvolvermos a capacidade de servir. Simplicidade é a busca da justiça na relação com o mundo, fazendo-se o bom uso dos recursos que nos foram destinados pelo Criador. Meditemos sobre isso!

Muita Paz!