INTRODUÇÃO
O objetivo desse Blog é levar você a uma reflexão maior sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio
necessário para uma vida saudável e produtiva.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Prezados irmãos e amigos. Não pretendo com esse Blog modificar o pensamento das pessoas. Não tenho a pretensão de ser dono da verdade, pois acredito que nenhuma religião ou seita detém o privilégio de monopolizá-la. Apenas estou transmitindo informações, demonstrando a minha crença, a minha verdade. Cabe a cada indivíduo a escolha de como quer entender as coisas do mundo em que vive, como quer viver a sua vida, e quais os métodos que quer utilizar para suas colheitas. Como disse Jesus, "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", ou seja, o plantio é opcional, você planta o que quiser, mas vai colher o que plantar. Por isto, muito cuidado com o que semear.
Pense nisso!

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domingo, 25 de julho de 2021

 


Amar o próximo como a si mesmo

Os fariseus, quando ouviram que Jesus tinha feito calar a boca dos saduceus, e com o intuito de comprometer a trajetória do Cristo, se juntaram em conselho, e um deles foi designado para questioná-lo e embaraçá-lo. Então, esse fariseu ortodoxo foi até o Mestre e lhe perguntou: - Senhor, qual o maior mandamento da lei? Jesus, naquele instante, percebeu a armadilha, e, talvez, tudo o que Ele falasse iria contra as leis mosaicas, e assim lhe respondeu: - O maior mandamento é amar o Senhor teu Deus sobre todas as coisas; este o maior e primeiro mandamento. E aqui tens o segundo, semelhante a esse: - Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Toda lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos. Se Jesus tivesse respondido que o maior mandamento era honrar pai e mãe, provavelmente o fariseu retrucaria, e o não matar? Mas o Cristo deu uma resposta inquestionável, não dando oportunidade para o doutor da lei fazer outro questionamento. Naquele instante, o Mestre resumiu todo o Velho Testamento em duas frases, sintetizando as leis mosaicas em dois mandamentos profundos, e difíceis para nós entendermos. Até hoje, passados quase dois mil anos, ainda estamos sem entender bem o que seja essa palavra “amor” como Jesus a entendia. No grego antigo, encontramos três definições para a palavra amor:

Eros, que define o amor romântico, aquele amor de atração física, o amor corporal de um homem para uma mulher, na forma de prazer; Philos, que define o amor fraternal. Amor entre irmãos, pais e filhos;

Ágape, que define aquele amor transcendental. É o amor que não tem barreiras, é o amor que não coloca condições.

O amor que Jesus colocou na Sua resposta não foi o amor Eros; não foi tampouco o amor Philos; foi o amor Ágape, o amor profundo e incondicional. Mas, para entendermos melhor essa frase do Cristo, nós temos que ler as palavras de trás para frente, porque não é possível nós amarmos a Deus se nós não conseguimos amar o próximo. Fica ainda mais difícil eu amar o meu próximo se eu não consigo amar a mim mesmo. Como eu vou amar a mim mesmo? Se eu não me conhecer como é que vou me amar? Será que isso não é egoísmo? O primeiro passo é entender a lei de Deus, para depois entendermos uma proposta maior que é amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos. Se nós examinarmos os Dez Mandamentos da Lei de Deus, que Moisés apresentou ao povo, veremos que os cinco primeiros se referem às leis que precisamos cumprir para com Deus: Primeiro Mandamento – Amar a Deus sobre todas as coisas (Isto é fundamental); Segundo Mandamento – Não usar o nome de Deus em vão (Em geral, isso é o que as criaturas mais fazem. Quase sempre estamos repetindo o nome de Deus de uma maneira extremamente irreverente. Se nós entendêssemos um pouquinho do Criador, não falaríamos o Seu nome de qualquer jeito); Terceiro Mandamento – Guardar o sábado (E o que seria guardar o sábado? É descansar a mente. Esse descanso é fundamental para o bom aproveitamento das nossas lides diárias. É evidente que nós podemos aproveitar o sábado para ir a uma casa religiosa para travar contato com outros subsídios, receber informações trazidas em nome de Deus);

Quarto Mandamento – Honrar pai e mãe (É um mandamento fundamental porque aos pais nós devemos uma reverência, porque se eles não tivessem a caridade da nossa aceitação no seio da família, não teríamos reencarnado, e o nosso progresso é construído através do processo reencarnatório e, para isso, temos que ser aceitos no reduto doméstico. É muito importante que nós entendamos o sentido desse mandamento para honrarmos mais os nossos pais); Quinto Mandamento – Não matar (O maior direito que nós temos é o direito de viver. Dessa forma, não devemos tirar a vida de quem quer que seja. Isso inclui também não matar a esperança, não matar a paz, não matar a confiança do outro.Nós temos que criar situações que preservem a vida, a paz, o equilíbrio, a harmonia das criaturas, onde quer que estejamos). E os cinco mandamentos restantes se referem às leis que devemos cumprir para com o nosso próximo: Sexto Mandamento – Não adulterar (Não adulterar, podemos entender como não macular, não denegrir, não destruir. Nós não devemos macular e denegrir nada, e muito menos destruir a confiança daquela criatura que se uniu conosco, através da infidelidade conjugal); Sétimo Mandamento – Não furtar (Não devemos tirar nada dos outros. Não tirar a paz, a tranquilidade, e nada materialmente);

Oitavo Mandamento – Não levantar falso testemunho (Nós não devemos colocar o outro numa situação vexaminosa, falando coisas que são inverdades. A calúnia é um falso testemunho, pelo qual nós seremos responsabilizados na trajetória do tempo. Não devemos fazer nenhuma referência menos elogiosa a respeito de ninguém, porque, nesse caso, estaremos assumindo uma dívida que, com certeza, iremos ressarcir em tempo futuro. Mesmo que aquele fato seja verdadeiro, e não contribuir para o bem estar das criaturas, devemos ficar calados); Nono Mandamento – Não desejar a mulher do próximo (Quando nós desejamos, criamos um elo mental, uma vibração, e que, às vezes, vão encontrar ressonância naquela criatura desejada. E, aí, a situação fica complicada, porque se houver uma ligação mais estreita, e nós complicarmos o andamento daquelas vidas envolvidas, a responsabilidade é toda nossa); Décimo Mandamento – Não cobiçar as coisas alheias (Se uma criatura tem uma casa bonita, nós podemos desejar ter uma casa bonita também. Não a casa dela, mas uma casa semelhante, que nós vamos comprar legalmente. Agora, quando a gente cobiça o que é do outro, deseja fortemente, e até arruma alguma situação embaraçosa para adquirir o bem, isto é de nossa inteira responsabilidade perante a lei de Deus. Então, quando Jesus se refere a nós amarmos o próximo pensando em nós mesmos, nós temos que pensar como nós nos amamos.

Qual é o amor que temos por nós mesmos. Mas será que sabemos de fato nos amar? Ora, se eu não me amo, como vou amar o próximo? Então, primeiro nós temos que nos amar, para depois amar o próximo. Aí, a base de tudo. Muitas pessoas acreditam que possuem um grande amor por si mesmo, mas é uma grande inverdade. Às vezes, o que elas têm é muito egoísmo. Para nos amarmos, o primeiro passo é descobrir quem somos. Quem sou eu? Porque estou aqui na Terra? A grande maioria dos seres humanos não consegue conhecer e muito menos compreender a natureza e origem do que somos. Então, como viver a plenitude do que somos? Quem somos nós, afinal?

A nossa formação espírita faz-nos recordar que somos espíritos que evoluem ao longo dos processos reencarnatório.

Embora haja uma grande dificuldade de conhecermos a nós mesmos, devemos fazer uma avaliação do “conhece-te a ti mesmo” para tomarmos consciência da nossa ignorância e alicerçarmo-nos para detectar a nossa capacidade de amar e, a partir desse autoconhecimento, encontrar a chave libertadora para sabermos o que fazer e dispensarmos o que não serve para nosso projeto de vida. Então, à medida que formos conhecendo a nós mesmos, irão surgir as respostas para os nossos questionamentos, e passamos a nos aceitar como somos. E ao conhecer-se, o ser humano desprende-se de si mesmo e tem a noção exata de sua essência. Nós somos espíritos imortais. E, por isso, temos que dar o melhor para nós, porque tudo que nós semearmos agora iremos colher na próxima encarnação. Respeitar os nossos limites e demonstrar amor e benevolência para conosco, são ações que deveríamos praticar constantemente; olhar para nós mesmos com amor, perdoar nossas falhas, compreender nossos sentimentos, cuidar do nosso corpo, da nossa alma e da nossa mente, para que assim possamos olhar para nosso próximo e termos a certeza  de temos algo de muito bom para compartilhar. Amar o próximo como a si mesmo é um trabalho árduo, que deve começar bem, pois, caso contrário, o resultado é nulo. Muitas vezes implica num sacrifício total da liberdade humana, coisa que nem sempre estamos dispostos a perder. A parábola do bom samaritano, que segue o mandamento de amar o próximo, não só ilustra quem é o próximo, como também o significado da palavra amor.

Nesse contexto, amar significa ir além das conveniências, a fim de realizar aquilo que se julga ser melhor para o próximo. O amor que Jesus enfatiza é o demonstrado por atos, do tipo altruísta e não o que espera recompensas.

Dada a naturalidade com que as pessoas satisfazem suas próprias necessidades e desejos, o Cristo desviou-lhes o foco da atenção para além delas mesmas. Amar o próximo como a si mesmo; fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem para nós, é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro a tal respeito que tomar para padrão do que devemos fazer aos outros aquilo que para nós desejamos. A prática dessas máximas tende à destruição do egoísmo. Como amar a Deus? Nós não conhecemos Deus, sabemos apenas que Ele é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Fica muito difícil para nós amarmos aquilo que não conhecemos. Como podemos nós, imperfeitos e relativos, manifestar amor à Perfeição absoluta? Santo Agostinho afirma que nós temos que amar Deus, não para acrescentar alguma coisa a Ele, mas para que nós sejamos mais felizes, mais plenos, para que realizemos melhor nossa natureza divina, e que assumamos nossa herança de filhos. Disse um pensador: o amor é fruto de três elementos: compreensão, valorização e respeito. Quando nós compreendemos algo ou um ser nós passamos a valorizar e, ao mesmo tempo, respeitar. Então, estamos amando. Agora, a capacidade de amar é pertinente a cada criatura, na medida em que ela compreende, valoriza e respeita. Como nós não temos condição de conhecer Deus, vamos, pelo menos, conhecer, compreender, valorizar e respeitar a Sua criação. Quando nós enaltecemos a Criação Divina, nós estamos amando a Deus.

 

 

 


domingo, 18 de julho de 2021

 Caridade, um reflexo de amor. O Evangelho de Jesus é o grande manual da vida, porque estabelece lições que representam a orientação necessária para a nossa evolução espiritual. Muitos de nós, ao tomarmos conhecimento desses ensinamentos, somos tocados pela verdade. E dentre essas maravilhas ensinadas pelo Cristo está a Caridade. Na questão 893 de O Livro dos Espíritos, Kardec indaga qual a mais meritória das virtudes, obtendo dos Espíritos a resposta de que é a caridade desinteressada. Mas o que é caridade segundo a Doutrina Espírita? Para facilitar a compreensão, podemos dividi-la em caridade material e caridade moral. A caridade material compreende aquilo que tem manifestação no mundo físico, devendo ser exercida com desprendimento e amor, sem humilhar quem recebe. Já a esmola, algumas vezes é útil, mas quase sempre é humilhante para quem recebe. A caridade, pelo contrário, liga o benfeitor ao beneficiado.

A caridade moral, como a entendia Jesus, é elucidada na questão 886 de O Livro dos Espíritos, como sendo benevolência, ou seja, boa vontade para com todos; indulgência, que é tolerância, para com as imperfeições alheias e perdão das ofensas. Esse conceito de caridade reúne todos os deveres do ser humano para com seu próximo, podendo ser exercitada através de três situações, a saber: Avaliando o próximo com indulgência; agir com meu próximo com benevolência; receber toda ação do próximo com perdão. Então, nós já aprendemos que  Caridade é indulgência e benevolência para com todos os nossos irmãos do caminho. Porém, é aquela Caridade que nos indica que fora dela não há salvação, e ela não nasce de fora para dentro. É algo mais profundo. É uma manifestação afetiva de dentro para fora.

Caridade é amor em manifestação incessante e crescente. Ela exige uma posição moral diante das dificuldades do outro, ou seja, doar ao seu semelhante carinho, amizade, e o seu tempo. O amparo, o exemplo, muitas vezes vivifica dentro daquele a quem desejamos ajudar, e dá a ele a oportunidade de crescimento. Isso é algo muito mais importante do que apenas darmos o que nos sobra aos carentes. Embora isto também seja um ato caritativo, não resume a grandiosidade desta virtude. A esmola é útil, porque alivia os necessitados. Mas, é quase sempre humilhante para quem recebe. Já, a prática da Caridade vai muito mais além. Ela liga o benfeitor ao beneficiado. Então, devemos perceber que além daquela Caridade material, que também nos cabe fazer, de modo a amenizar o sofrimento do nosso semelhante, nos cabe também procurar exercitar um outro tipo de Caridade, a Caridade desconhecida. E o que é a Caridade desconhecida? Existem pessoas que têm o costume de falar com seus pares, tentando diminuir uma pessoa ausente. Então, toda vez que vierem para nós falar mal de alguém, devemos ouvir com educação e atenção aquilo que está sendo dito e, na primeira oportunidade, devemos evidenciar uma virtude daquela vítima ausente. Esta ação é suficiente para estancar qualquer tentativa de continuidade na maledicência. Essa Caridade moral que não é conhecida por muitos, todos nós podemos fazer. Jesus, a maior referência que temos em Caridade, utilizou apenas o seu amor e compaixão para com todos. Estaremos fazendo caridade quando, fazendo bom uso de nossas forças mentais, oramos em favor dos enfermos, sem excluir aqueles que porventura se considerem nossos inimigos. Estaremos fazendo caridade quando, com sacrifício de nosso valioso tempo, formos capazes de ouvir, sem enfado, aquele irmão infeliz que nos deseja confiar seus problemas íntimos, embora sabendo de antemão que nada podemos fazer por ele, senão dirigir-lhe algumas palavras de carinho e solidariedade, até mesmo dar um abraço.

Estaremos fazendo caridade quando, embora as circunstâncias a tal nos induzissem, não suspeitássemos mal de nossos semelhantes, abstendo-nos de expor qualquer juízo apressado e temerário contra eles, mesmo entre os familiares. Estaremos fazendo caridade quando, vez por outra, endereçássemos uma palavra de estímulo às boas causas e não procurássemos, ao contrário, destruir o entusiasmo e a crença daqueles que neles se acham empenhados. A caridade moral pode ser: Verbal (palavras que consolam, esclarecem e edificam; prece que aproxima de Deus; silêncio ou suavidade no falar). Mental (ondas mentais sob a forma de perdão; prece, emitida em favor de encarnados e desencarnados). Gestual (afago fraterno, abraço, aperto de mão, sorriso). Passiva (silêncio diante de uma ofensa, atenção perante um desabafo). Mediúnica (amparo a encarnados e desencarnados através da faculdade mediúnica). Assim, sempre há condições e oportunidades para o exercício da caridade, pois não há quem não possa doar algo, dedicar atenção a um irmão, vibrar positivamente por alguém; cada indivíduo, porém, procura e encontra meios de realizar o bem de acordo com a sua evolução espiritual. Mas, à medida que compreende que fora da caridade não há salvação (evolução), o Espírito esforça-se por praticá-la em suas diversas manifestações, eliminando assim, gradualmente, o orgulho e o egoísmo, na exata proporção que se eleva a Deus. “Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos que nos fosse feito. Toda religião, toda moral se encerram nestes dois preceitos, não haveria ódio, nem ressentimentos”. (Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XIII, item 9).

O importante é que façamos a caridade, seja ela material ou moral, mas façamos a caridade, pois, à medida que plantamos a alegria de viver nos corações que nos cercam, a Providência Divina, que tudo sabe e vê, agirá de forma a improvisar a nossa ventura.  Francisco de Assis, há mais de um milênio, já nos informou “que é dando que se recebe”. O amor se manifesta na maneira como se dá, não incluindo os que doam algo apenas para se verem livres de quem pede ou para aliviar a consciência, mas sim a atitude realizada com real vontade de auxiliar. Já o desinteresse consiste em não esperar reconhecimento, gratidão ou retorno de qualquer espécie pela ação realizada, consoante a frase: “que a mão esquerda não saiba o que dá a mão direita”. Precisamos viver pensando sim em nós, mas sem esquecer os outros, uma vez que ninguém consegue ser feliz sozinho. Sejamos, então, caridosos. 19 de julho - Dia nacional da Caridade.  “Chamo-me Caridade, sou o caminho principal que conduz a Deus, segui-me. Eu sou a meta a que vós todos deveis visar”. ( Cáritas ) A prece de Cáritas foi psicografada na noite de Natal, 25 de dezembro, do ano de 1873, ditada pela suave Cáritas, e psicografado pela médium Madame W. Krill, em um círculo espírita de Bordeaux na França. Ainda do mesmo Espírito temos as comunicações: "Como servir a religião espiritual“ e "A esmola espiritual".

 

Prece

Deus, nosso Pai, que sois todo Poder e Bondade, dai a força àquele que passa pela provação, dai a luz àquele que procura a verdade; ponde no coração do homem a compaixão e a caridade! Deus, dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso. Pai, daí ao culpado o arrependimento, ao espírito a verdade, à criança o guia, e ao órfão o pai. Senhor, que a Vossa Bondade se estenda sobre tudo o que criastes. Piedade, Senhor,  para aquele que vos não conhece, esperança para aquele que sofre. Que a Vossa Bondade permita aos espíritos consoladores derramarem por toda a parte, a paz, a esperança, a fé. Deus! Um raio, uma faísca do Vosso Amor pode abrasar a Terra; deixai-nos beber nas  fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão. E um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito de reconhecimento e de amor.

Como Moisés sobre a montanha, nós Vos esperamos com os braços abertos, oh Poder!, oh Bondade!, oh Beleza!, oh Perfeição!, e queremos de alguma sorte merecer a Vossa Divina Misericórdia. Deus, dai-nos a força para ajudar o progresso, a fim de subirmos até Vós; dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas o espelho onde se refletirá a Vossa Divina Imagem. Que assim Seja.




domingo, 4 de julho de 2021

 

O Cristo Consolador

Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. (Mateus, cap. XI, vv. 28 a 30).

Quando nós estamos passando por algum momento difícil em nossas vidas, e nos sentindo tristes, vulneráveis, parecendo que o mundo vai desabar sobre nós, achando que não há saída para a situação, porque não vislumbramos nenhuma luz no fim do túnel, e, consequentemente, estamos precisando muito de um colo consolador, ao lermos esse convite de Jesus, sentimos no nosso íntimo um alento, um reconforto muito grande. Isto acontece porque todo o Evangelho do Mestre é um cântico de esperança sublime para os caminhos de lágrimas da nossa jornada terrestre, nos amparando para as glórias do porvir.

Quando o Cristo nos fez esse convite, Ele não se dirigiu somente às pessoas que estavam ali à sua volta. Ele o fez para toda a Humanidade, presente e futura, porque sabia que o sofrimento faz parte do grau de evolução que nós ainda nos encontramos. Hoje, graças a Doutrina Espírita, nós sabemos que o sofrimento é uma necessidade nossa. Através dele nós aprendemos, ganhamos experiência, ressarcirmos  dívidas do passado, porque ainda somos espíritos imperfeitos, e, assim, pouco a pouco, nós vamos progredindo até alcançarmos a nossa meta, que é a perfeição. Daí a importância de, nos momentos difíceis, nós estarmos unidos a Deus, porque sofrer com Deus e sofrer sem Deus tem uma diferença muito grande. Da mesma forma que também tem uma diferença enorme o sofrer e fazer sofrer.

O interessante é que nós confundimos muito essa confiança que devemos depositar no Criador, que precisamos depositar na Providência Divina. Muitos acreditam que seja uma troca. Confiamos no Pai, e em troca Ele se torna nosso servidor. Nos livra de todos os problemas; realiza todos os nossos desejos. Mas não é bem assim que a coisa funciona. Da mesma forma, nós temos confundido muito os ensinamentos de Jesus, como nessa passagem que estamos expondo. O Mestre nos promete alívio e não isenção do sofrimento, e esse alívio deve ser entendido por coragem, força, para que nós possamos continuar lutando, continuar aprendendo. Mas não é a todos os aflitos que o Cristo prometia o Seu alívio. Ele prometia àqueles corações que sofrem bem, que sofrem compreendendo os desígnios de Deus com resignação, com confiança.

E nós sabemos perfeitamente que não é dessa forma que nós nos posicionamos quando estamos atravessando um momento difícil. Geralmente blasfemamos, ficamos irritados, derramamos lágrimas sem proveito, aumentando ainda mais o sofrimento à nossa volta. Isso é fazer sofrer, e essas reações não vão aliviar nem tampouco modificar o nosso problema. A nossa irritação não soluciona problema algum, pelo contrário, aumenta-o ainda mais. No capítulo VI do Evangelho Segundo o Espiritismo, O Cristo Consolador, Kardec nos fala que são muitos os sofrimentos que nós experimentamos aqui na Terra. São as dores físicas, misérias, decepções, perda de seres amados, as amarguras, as ingratidões. Mas para todos esses sofrimentos existe uma consolação, existe um alívio, um consolo, para que possamos superá-los.

E nós não podemos nos esquecer do nosso maior consolo que é Jesus. E lembrar-nos do sofrimento que foi imposto a Ele, Espírito Puro, e que não merecia, que veio ao nosso orbe para nos ensinar o caminho que nos levará até o Pai. A oração também é um bálsamo consolador. Quantas vezes estamos tristes, desanimados, e nos entregamos à prece com fervor, com sinceridade, e quando terminamos, sentimos que as nossas forças estão renovadas. Ainda no capítulo VI, são citadas duas consolações. Uma é a fé no futuro, e a outra é a Justiça Divina. Mas por que são fontes de consolação? A fé no futuro é certeza da continuidade da vida, porque somos espíritos eternos. Quando Jesus proferiu o Sermão do Monte, Ele nos proporcionou essa certeza o tempo todo. Nas Bem-aventuranças, o verbo  foi colocado sempre no tempo futuro.

Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados; Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados. O Cristo nos transmitia a certeza de uma vida melhor. A respeito da Justiça Divina, o Mestre também foi muito claro quando a sintetizou numa única sentença: A cada um será dado conforme as suas obras.

Para aquelas pessoas que são tocadas pelo sofrimento, pela angústia, pela verdadeira desgraça, como assim entende a Humanidade, o Espírito Maria Dolores tem um recado, diz assim:

Escuta alma querida, se a provação te alcança e te amarga a vida, não percas a esperança nem se dê por vencido, Deus modifica o sofrimento afeito em trabalho, grandeza e proveito, em tudo aquilo que admiras. Do chão que gera erva ao céu que infunde a paz.

Em todo momento encontrarás semelhante lição na estrada que respiras. Da rocha perfurada a fonte se descerra, trazendo a riqueza inebriando toda Terra. A semente deitada na cova estranha e escura, renasce do abandono em beleza e ventura. A árvore que na poda é humilhada e desfeita, traz a abastança na hora da colheita. O minério exposto ao calor gigante em profundo embaraço, está sempre presente na mais bela estrutura de aço. A madeira que o serrote alinha, morde e apara, está na construção como peça nobre e cara. O pão, esse divino legado, vem à nossa mesa através do trigo amassado. A pérola de grande valor e brilho evanescente, traz a riqueza através da ostra doente. A água, que se submete ao capricho da usina, gera calor, energia, e ilumina. E, assim, pois, alma querida e boa na senda do dia a dia, na lei de evolução para crentes e ateus.

A dor que nos fere e avalia, é um tesouro dos céus e um presente de Deus.

Maria Dolores nos adverte: ao invés de nós ficarmos reclamando, achando que sofremos muito, que estamos numa verdadeira desgraça, pelo contrário, nós devemos entender que está tudo certo. Até a Natureza paga esse tributo. Todas as benesses advindas dela, vem por conta de um desgaste, de um sofrimento, de um elemento integrante dessa Natureza. E nós não vamos ser diferentes. Nós temos que progredir, melhorar, por conta desse tributo que é a dor, que é o sofrimento. Isso não é diferente para ninguém. É igual para todos.