INTRODUÇÃO
O objetivo desse Blog é levar você a uma reflexão maior sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio
necessário para uma vida saudável e produtiva.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Prezados irmãos e amigos. Não pretendo com esse Blog modificar o pensamento das pessoas. Não tenho a pretensão de ser dono da verdade, pois acredito que nenhuma religião ou seita detém o privilégio de monopolizá-la. Apenas estou transmitindo informações, demonstrando a minha crença, a minha verdade. Cabe a cada indivíduo a escolha de como quer entender as coisas do mundo em que vive, como quer viver a sua vida, e quais os métodos que quer utilizar para suas colheitas. Como disse Jesus, "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", ou seja, o plantio é opcional, você planta o que quiser, mas vai colher o que plantar. Por isto, muito cuidado com o que semear.
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Espiritismo básico

ESPIRITISMO BÁSICO
MÓDULO III
OBJETIVO
Reconhecer a Deus como Pai e Criador; saber porque ainda não é
dado ao homem sondar a natureza íntima de Deus; enumerar os atributos de Deus conforme nos esclarece Kardec no livro A Gênese (cap. II, item 8): "Não é dado ao homem sondar a natureza íntima de Deus. Para compreendê-lo, ainda nos falta o sentido próprio, que só se adquire por meio da completa depuração do Espírito. Mas, se não se pode penetrar na essência de Deus, o homem, desde que aceite como premissa a sua existência, pode, pelo raciocínio, chegar a conhecer-lhe os atributos necessários, porquanto, vendo o que ele absolutamente não pode ser, sem deixar de ser Deus, deduz daí o que Ele deve ser. “Sem o conhecimento dos atributos de Deus, impossível seria compreender-se a obra da criação. Esse o ponto de partida de todas as crenças religiosas e é por não se terem reportado a isso, como o farol capaz de as orientar, que a maioria das religiões errou em seus dogmas. As que não atribuíram a Deus a onipotência imaginaram muitos deuses; as que não lhe atribuíram soberana bondade fizeram dele um Deus cioso, colérico, parcial e vingativo."
IDÉIAS PRINCIPAIS
1. Existência de Deus. Atributos.
2. Princípio Espiritual e Princípio Material.
3. Fluidos.
4. Perispírito e Fluido Vital.
FONTES DE CONSULTA
1. Allan Kardec - A Gênese - cap. II, item 8 e cap.. IX
2. Allan Kardec - A Gênese - cap. VI, item 3
3. Allan Kardec - A Gênese - cap. XIV
4. Allan Kardec - A Gênese - cap. XIV, item 7
1. EXISTÊNCIA DE DEUS - Atributos de Deus
Não é dado ao homem sondar a natureza íntima de Deus. Para compreendê-lo,
ainda nos falta o sentido próprio, que só se adquire por meio da completa depuração do Espírito; mas, se não pode penetrar na essência de Deus, o homem,, desde que aceite como premissa a sua existência, pode, pelo raciocínio, chegar a conhecer-lhe os atributos necessários, porquanto, vendo o que ele absolutamente não pode ser, sem deixar de ser Deus, deduz daí o que ele deve ser. Sem o conhecimento dos atributos de Deus, impossível seria compreender-se a obra da criação. Esse é o ponto de partida de todas as crenças religiosas e é por não se terem reportado a isso, que a maioria das religiões errou em seus dogmas. As que não atribuíram a Deus a onipotência, imaginaram muitos deuses; as que não lhe atribuíram soberana bondade, fizeram dele um Deus cioso, colérico, parcial e vingativo. Deus é a suprema inteligência - É limitada a inteligência do homem, pois que não se pode nem compreender tudo o que existe. A de Deus, abrangendo o infinito, tem que ser infinita e ilimitada.
Deus é eterno - Não teve começo e não terá fim. Se tivesse tido princípio, teria saído do nada ou teria sido criado por outro ser anterior. Neste caso, este ser é que seria Deus.
Deus é imutável - Se estivesse sujeito a mudanças, nenhuma estabilidade teriam as leis que regem o Universo.
Deus é imaterial - Isto é, a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria.
Deus é único - Se muitos Deuses houvesse, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder na ordenação do Universo.
Deus é onipotente - Se não possuísse o poder supremo, sempre se poderia conceber algo mais poderoso ou tão poderoso quanto Ele.
Deus é soberanamente justo e bom - A sabedoria providencial das leis divinas se revela nas menores coisas, assim como nas maiores.
Em resumo: Deus não pode ser Deus senão com a condição de não ser ultrapassado em nada por outro ente; pois, então, o verdadeiro Deus seria aquele que o ultrapassasse em qualquer assunto. Para que tal não se dê, é preciso que Ele seja infinito em todas as coisas.
PRINCÍPIO ESPIRITUAL - ESPÍRITO
Os Espíritos são seres inteligentes, sendo que desconhecemos a época e a maneira de sua criação. A criação dos Espíritos é permanente, quer dizer que Deus jamais cessou de criar.
O Espírito, em sua essência espiritual, é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter uma ação direta sobre a matéria, sem um intermediário.
PRINCÍPIO MATERIAL - CORPO FÍSICO
O corpo físico tem seu princípio no Fluido Cósmico Universal, condensado em
matéria tangível. Tem a mesma composição química que os dos animais, os mesmos órgãos, as mesmas funções e os mesmos modos de nutrição, de respiração, de secreção e de reprodução; nasce, vive e morre nas mesmas condições e, com a morte, seu corpo se decompõe, como o de tudo quanto vive. Não há em seu sangue, sua carne, seus ossos, um átomo diferente dos que se encontram nos corpos dos animais. O corpo é, pois, ao mesmo tempo, o envoltório e o instrumento do Espírito, e à medida que este adquire novas aptidões, reveste um invólucro apropriado ao novo gênero de trabalho que deve realizar.
PRINCÍPIO MATERIAL - PERlSPÍRITO
O perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos, é um dos produtos mais importantes do fluido cósmico universal; é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma. O corpo perispiritual e o corpo carnal têm sua fonte no mesmo elemento primitivo (Fluido Cósmico Universal - FCU): um e outro são matéria, embora sob dois estados diversos. Os Espíritos extraem seu perispírito do ambiente onde se encontram, o que quer dizer que esse envoltório é formado dos fluidos ambientais. Daí resulta que os elementos constitutivos do perispírito devem variar segundos os mundos. Ao deixar a Terra, o Espírito aí deixa seu envoltório fluídico, e reveste um outro apropriado ao mundo onde deve ir. A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Muitos têm o perispírito bastante grosseiro, que se confunde com o corpo carnal, depois de desencarnado, permanecendo na superfície da Terra. O envoltório perispiritual

do mesmo Espírito se modifica com o progresso moral dele, em cada encarnação. O perispírito é a matriz espiritual do corpo físico (forma). Ele retrata o nosso estado mental.
(Continua na próxima postagem)

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(Continuação do Módulo II)
ALICERCE DOUTRINÁRIO (AS OBRAS BÁSICAS)
As obras básicas da codificação kardequiana são as seguintes, por ordem cronológica de edição:
1ª) O Livro dos Espíritos - Lançado em Paris, França, em 1ª edição, aos 18 de abril de 1857, sob o título de "Le Livre des Esprits".
2ª) O Livro dos Médiuns - 1ª edição em Paris, França, 1ª quinzena de janeiro de 1861. Título original em francês: "Le Livre des Médiums ou Guide des Médiums et des Évocateurs".
3ª) O Evangelho Segundo o Espiritismo - 1ª edição em Paris, França, em abril de 1864, sob o título "L 'Évangile Selon le Spiritisme".
4ª) O Céu e o Inferno - Lançado em Paris, França, 1ª edição em 1° de agosto
1865. Título do original em francês: "Le Ciel et L'Enfer ou La Justice Divine Selon le Spiritisme".
5ª) A Gênese - 1ª edição em Paris, França, em janeiro de 1868, sob o título "La Genèse, Les Miracles et les Prédictions Selon le Spiritisme".
Os conteúdos das obras básicas, em resumo, expõem e consolidam os princípios e os elementos constitutivos da Doutrina Espírita, em sua totalidade, segundo o ensino dos Espíritos e a sistematização e codificação desses ensinos por Allan Kardec, da forma descrita a seguir.
LIVRO DOS ESPÍRITOS
"Princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade (...)", abordados, esses princípios, em quatro partes, a saber:
PARTE PRIMEIRA: Das causas primárias (Com quatro capítulos: De Deus; Dos elementos gerais do Universo; Da criação; Do princípio vital).
PARTE SEGUNDA: Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos (Com onze capítulos: Dos Espíritos; Da encarnação dos Espíritos; Da volta do Espírito, extinta a vida corpórea, à vida espiritual; Da pluralidade das existências; Considerações sobre a pluralidade das existências; Da vida espírita; Da volta do Espírito à vida corporal; Da emancipação da alma; Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal; Das ocupações e missões dos Espíritos; Dos três reinos).
PARTE TERCEIRA: Das leis morais (Com doze capítulos: Da lei divina ou natural; Da lei de adoração: Da lei do trabalho; Da lei de reprodução; Da lei de conservação; Da lei de destruição; Da lei de sociedade; Da lei do progresso; Da lei de igualdade; Da lei de liberdade; Da lei de justiça, de amor e de caridade; Da perfeição moral).
PARTE QUARTA: Das esperanças e consolações (Com dois capítulos: Das penas e gozos terrenos; Das penas e gozos futuros).
LIVRO DOS MÉDIUNS
(GUIA DOS MÉDIUNS E DOS EVOCADORES)
"Ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os tropeços que se podem encontrar na prática do Espiritismo, constituindo o seguimento de O Livro dos Espíritos.” Esses temas acham-se expostos através das seguintes partes:
PRIMEIRA PARTE: Noções preliminares (Com quatro capítulos: Há Espíritos?; Do maravilhoso e do sobrenatural; Do método; Dos sistemas).
SEGUNDA PARTE: Das manifestações espíritas (Com trinta e dois capítulos: Da ação dos Espíritos sobre a matéria; Das manifestações físicas; Das manifestações inteligentes; Da teoria das manifestações físicas; Das manifestações físicas espontâneas; Das manifestações visuais; Da bicorporeidade e da transfiguração; Do laboratório do mundo invisível; Dos lugares assombrados; Da natureza das comunicações; Da sematologia e da tiptologia; Da pneumatografia ou escrita direta e da pneumatofonia; Da psicografia; Dos médiuns; Dos médiuns escreventes ou psicógrafos: Dos médiuns especiais; Da formação dos médiuns; Dos inconvenientes e perigos da mediunidade; Do papel dos médiuns nas comunicações espíritas; Da influência moral do médium; Da influência do meio; Da mediunidade nos animais; Da obsessão; Da identidade dos Espíritos; Das evocações; Das perguntas que se podem fazer aos Espíritos; Das contradições e das mistificações; Do charlatanismo e do embuste; Das reuniões e das Sociedades Espíritas; Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas; Dissertações espíritas; Vocabulário espírita).
PARTE TERCEIRA: Das leis morais (Com doze capítulos: Da lei divina ou natural; Da lei de adoração: Da lei do trabalho; Da lei de reprodução; Da lei de conservação; Da lei de destruição; Da lei de sociedade; Da lei do progresso; Da lei de igualdade; Da lei de liberdade; Da lei de justiça, de amor e de caridade; Da perfeição moral).
PARTE QUARTA: Das esperanças e consolações (Com dois capítulos: Das penas e gozos terrenos; Das penas e gozos futuros).
EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
 "A explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida". O seu estudo se desdobra em uma introdução e vinte e oito capítulos, assim enunciados:
Não vim destruir a lei; Meu reino não é deste mundo; Há muitas moradas na casa de meu Pai; Ninguém poderá ver o reino de Deus se não nascer de novo; Bem-aventurados os aflitos; O Cristo Consolador; Bem-aventurados os pobres de Espírito; Bem-aventurados os que têm puro o coração; Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; Bem-aventurados os que são misericordiosos; Amar o próximo como a si mesmo; Amai os vossos inimigos; Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita; Honrai a vosso pai e a vossa mãe; Fora da caridade não há salvação; Não se pode servir a Deus e a Mamon; Sede perfeitos; Muitos os chamados, poucos os escolhidos; A fé transporta montanhas; Os trabalhadores da última hora; Haverá falsos Cristos e falsos profetas; Não separeis o que Deus juntou; Estranha moral; Não ponhais a candeia debaixo do alqueire; Buscai e achareis: Dai gratuitamente o que gratuitamente recebestes; Pedi e obtereis; Coletânea de preces espíritas.
O CÉU E O INFERNO
(A JUSTIÇA DIVINA SEGUNDO O ESPIRITISMO)
"Exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras, sobre os anjos e demônios, sobre as penas, etc., seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma
durante e depois da morte". Sua matéria desdobra-se da seguinte forma:
PRIMEIRA PARTE - Doutrina
(Com onze capítulos: O porvir e o nada; Temor da morte; O céu; O inferno; O purgatório; Doutrina das penas eternas; As penas futuras segundo o Espiritismo; Os anjos; Os demônios; Intervenção dos demônios nas modernas manifestações; Da proibição de evocar os mortos).
SEGUNDA PARTE - Exemplos
(Com oito capítulos: O Passamento; Espíritos felizes; Espíritos em condições medianas; Espíritos sofredores; Suicidas; Criminosos arrependidos; Espíritos endurecidos; Expiações terrestres).
A GÊNESE
(OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO)
"A Doutrina Espírita há resultado do ensino coletivo e concordante dos Espíritos. A Ciência é chamada a constituir a Gênese de acordo com as leis da Natureza. Deus prova a sua grandeza e seu poder pela imutabilidade das suas leis e não pela ab-rogação delas. Para Deus, o passado e o futuro são o presente". Esta obra se divide nas seguintes partes:
PRIMEIRA PARTE: Introdução
SEGUNDA PARTE - A Gênese, com doze capítulos, a saber: Caráter da revelação espírita; Deus; O bem e o mal; Papel da Ciência na Gênese; Antigos e modernos sistemas do mundo; Uranografia geral; Esboço geológico da Terra; Teorias sobre a formação da Terra: Revoluções do globo: Gênese orgânica; Gênese espiritual: Gênese moisaica.
TERCEIRA PARTE - Os milagres, com três capítulos, a saber: Caracteres dos milagres; Os fluidos; Os milagres do Evangelho.
QUARTA PARTE - As predições, também com três capítulos: Teoria da presciência; Predições do Evangelho; São chegados os tempos.
(Início do módulo III na próxima postagem)
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(Continuação do módulo II)
O MÉTODO ADOTADO
No que tange ao método, Kardec adota o intuitivo-racionalista pestallozziano, como processo didático defendido pelo fundador do Instituto de Yverdun, considerando, todavia, o valor da análise experimental. Sob tais diretrizes, cultiva o espírito natural da observação, apregoando o uso do raciocínio na descoberta da verdade. Desestimula, todavia, a atitude mecânica, para que o aprendiz procure sempre a razão e a finalidade de tudo. Sustenta a necessidade de proceder do simples para o complexo, do particular para o geral. Recomenda a utilização de uma memória racional, fazendo o uso complexo da razão, para reter as ideias, de modo a evitar o processo de repetição mecânica das palavras. Procura despertar no estudo a curiosidade do observador, de molde a avivar a atenção e a percepção. O lastro contido no ensino basilar é sempre intuitivo, que Kardec considera como o fundamento geral dos nossos conhecimentos e o meio mais adequado para desenvolver as forças do espírito humano, da maneira mais natural. Entendia Kardec que todo bom método devia partir do conhecimento dos fatos adquiridos pela observação, pela experiência e pela analogia, para daí se extraírem, por indução, os resultados a se chegar a enunciados gerais que pudessem servir de base de raciocínio, dispondo-se esses materiais com ordem, sem lacuna, harmoniosamente. Pelo eficiente e racional método de sua dialética, Kardec foi saudado por Camille Flammarion como "o bom senso encarnado". Evitando as fórmulas abstratas da Metafísica, Allan Kardec soube fazer que todos o lessem sem fadiga, condição essencial à vulgarização de uma ideia. Sobre todos os pontos controversos, sua argumentação, de cerrada lógica, poucas ensanchas oferece à refutação e predispõe à convicção. As provas materiais que o Espiritismo apresenta da existência da alma e da vida futura tendem a destruir as ideias materialistas e panteístas. Um dos princípios mais fecundos dessa doutrina e que deriva do precedente é o da pluralidade das existências, já entrevisto por uma multidão de filósofos antigos e modernos e, nestes últimos tempos, por João Reynaud, Carlos Fourier, Eugênio Sue e outros. Conservara-se, todavia, em estado de hipótese e de sistema, enquanto o Espiritismo lhe demonstra a realidade e prova que nesse princípio reside um dos atributos essenciais da Humanidade. Dele promana a explicação de todas as aparentes anomalias da vida humana, de todas as desigualdades intelectuais, morais e sociais, facultando ao homem saber donde vem, para onde vai, para que fim se acha na Terra e por que aí sofre. As ideias inatas se explicam pelos conhecimentos adquiridos nas vidas anteriores; a marcha dos povos e da Humanidade, pela ação dos homens dos tempos idos e que revivem, depois de terem progredido; as simpatias e antipatias, pela natureza das relações anteriores. Essas relações, que religam a grande família humana de todas as épocas, dão por base, aos grandes princípios de fraternidade, de igualdade, de liberdade e de solidariedade.


(Continua na próxima postagem)
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A PERSONALIDADE
O grande Missionário da Doutrina era muito polido, de fina educação, sério, mas não sisudo, circunspecto e moralista por excelência. Serviu-se poucas vezes da ironia em seus escritos. "Tenho consciência - disse-nos, em 1859 - de não ter feito, voluntariamente, mal a ninguém; aqueles que me fizeram mal, não poderão dizer o mesmo, e, entre nós, Deus será juiz."
Kardec não disse Fora do Espiritismo não há salvação, mas, como o Cristo, Fora da caridade não há salvação, princípio de união, de tolerância, que ligará os homens num sentimento comum de fraternidade, em lugar de dividi-los em seitas inimigas. Por este outro princípio : Não há fé inabalável senão a que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da Humanidade, ele destrói o império da fé cega, aniquiladora da razão, e o da obediência passiva que embrutece; emancipa a inteligência do homem e levanta seu moral. Diz ainda Kardec que "consequente consigo mesmo, o Espiritismo não se impõe; diz o que é, o que quer, o que dá, e espera que venham a ele livremente, voluntariamente; quer ser aceito pela razão e não pela força. Respeita todas as crenças sinceras, e apenas combate a incredulidade, o egoísmo, o orgulho e a hipocrisia, que são as chagas da sociedade e os obstáculos mais sérios ao progresso moral. Ele, porém, não lança anátema em ninguém, nem mesmo sobre seus inimigos, porque está convencido de que a estrada do bem está aberta aos mais imperfeitos, e, cedo ou tarde, estes ali entrarão."
"Tudo, no Espiritismo - escreveria em 1868 -, é objeto de estudo para o observador sério; os fatos insignificantes na aparência têm sua causa, e esta causa pode relacionar-se com os mais importantes princípios. Não é que as grandes leis da Natureza se revelam no mais pequeno inseto, tanto quanto no animal gigantesco? No grão de areia que cai, quanto no movimento dos astros? Despreza o botânico uma flor, porque ela é humilde e sem esplendor? O mesmo acontece na ordem moral, onde tudo tem o seu valor filosófico, como na ordem física tudo tem seu valor científico."
Allan Kardec era meticuloso em suas pesquisas, e antes de aceitar um fenômeno como oriundo dos Espíritos, ele o fazia passar pelo crivo da razão, examinando-o sob todos os ângulos e tentando explicá-lo, primeiro, pelas hipóteses fisiológicas. Ele pontifica que "os únicos sinais que realmente podem atestar a presença dos Espíritos são os sinais inteligentes". Fora isso, só lhe caberá ver apenas fenômenos fisiológicos ou de óptica em todos e quaisquer gêneros de manifestações, "sobretudo nos ruídos, nas pancadas, nos movimentos insólitos de corpos inertes, os quais podem ser produzidos por mil causas físicas". "Nós o repetimos: enquanto um efeito não for inteligente por si mesmo, e independente da inteligência dos homens, faz-se mister apreciá-lo duas vezes antes de atribuí-lo aos Espíritos." "Há duas partes no Espiritismo — repete Kardec —: a dos fatos materiais, e a de suas consequências morais. A primeira é necessária como prova da existência dos Espíritos, por isso é que os Espíritos começaram por ela. A segunda, que decorre da primeira, é a única capaz de conduzir à transformação da Humanidade pelo melhoramento do indivíduo. O melhoramento é, pois, o fim essencial do Espiritismo. É para ele que deve tender todo espírita sério. Havendo deduzido essas consequências segundo as instruções dos Espíritos, definimos os deveres que esta crença impõe. Inscrevemos o primeiro na bandeira do Espiritismo: “FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO” , máxima aclamada ao seu aparecimento, como facho do futuro, e que não demorou a dar volta ao Mundo, tornando-se a contrassenha de quantos veem no Espiritismo mais do que um fato material. Por toda parte, ela foi acolhida como símbolo da fraternidade universal, como penhor de segurança nas relações sociais, como aurora de uma nova era, em que devem extinguir-se os ódios e as dissensões." Fazendo conhecer novas leis da Natureza, o Espiritismo dá a chave de fenômenos incompreendidos e de problemas insolúveis até o presente, e aniquila ao mesmo tempo a incredulidade e a superstição. Para ele não existe nem sobrenatural nem maravilhas; tudo, no mundo, se cumpre em virtude de leis imutáveis. Em vez de substituir um exclusivismo por outro, erige-se em campeão absoluto da liberdade de consciência; combate o fanatismo sob todas as formas, e o corta pela raiz, ao proclamar a salvação para todos os homens de bem, e a possibilidade, para os mais imperfeitos, de chegarem, por seus próprios esforços, pela expiação e reparação, à perfeição, meta que conduz à suprema felicidade.


(Continua na próxima postagem)
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ESPIRITISMO BÁSICO
MÓDULO II

ALLAN KARDEC: O PROFESSOR E O CODIFICADOR
A PERSONALIDADE
O MÉTODO ADOTADO
ALICERCE DOUTRINÁRIO (As obras básicas)

O Professor e o Codificador
Ideias Principais
Na cidade de Lião, França, na rua Sala, nº 76, nasceu, no dia 3 de outubro de
1804, aquele que se celebrizaria sob o pseudônimo de Allan Kardec, de tradicional família lionesa de advogados e magistrados, filho de Jean Baptiste Antoine Rivail e de Jeanne Louise Duhamel. Batizado pelo padre Barthe, a 15 de junho de 1805, na igreja de Saint Denis de la Croix-Rousse, recebeu o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail.
Em Lião, fez os seus primeiros estudos, seguindo depois para Yverdun, na Suíça, a fim de estudar no Instituto do célebre professor Pestalozzi. O Instituto desse abalizado mestre era um dos mais famosos e respeitados em toda a Europa, reputado como escola-modelo, por onde passaram sábios escritores do Velho Continente. Desde cedo, Hippolyte Léon tornou-se um dos mais eminentes discípulos de Pestalozzi, um colaborador inteligente e dedicado, que exerceria, mais tarde, grande influência sobre o ensino na França.
Declara a Revista Espírita, de maio de 1869, que, dotado de notável inteligência e atraído por sua vocação, desde os 14 anos ele ensinava, aos condiscípulos menos adiantados, tudo o que aprendia. Concluídos os seus estudos em Yverdun, regressou a Paris, onde se tornou conceituado Mestre, não só em letras, como em ciências, distinguindo-se como notável pedagogo e divulgador do Método Pestalozziano. Linguista insigne, conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol. Tornou-se membro de várias sociedades científicas. Encontrando-se no mundo das letras e do ensino de Paris com a professora Amélie Gabrielle Boudet, culta, inteligente, autora de livros didáticos, o professor Hippolyte Léon contrai com ela matrimônio, conquistando uma preciosa colaboradora para a sua futura atuação missionária. Como pedagogo, no primeiro período da sua vida, Rivail publica numerosos livros didáticos. Apresenta, na mesma época, planos e métodos referentes à reforma do ensino francês. Entre as obras publicadas, destacam-se: Curso Teórico e Prático de Aritmética, Gramática Francesa Clássica, Catecismo Gramatical da Língua Francesa, além de programas de cursos ordinários de física, astronomia e fisiologia. Ao término dessa longa atividade e experiência pedagógica, o professor Hippolyte estava preparado para outra tarefa, a Codificação do Espiritismo. Começa então a missão de Allan Kardec quando, em 1854, ouviu falar pela primeira vez nas mesas girantes e falantes, através do amigo, senhor Fortier, um pesquisador emérito do magnetismo. A princípio, Kardec revelou-se céptico, apesar de seus estudos sobre magnetismo (iniciados em 1823), mas não intransigente, em face da sua posição de livre pensador, de homem austero, sincero e observador. Exigindo provas, mostrou-se inclinado à observação mais profunda dos ruidosos fatos amplamente divulgados pela imprensa francesa. Assistindo aos propalados fenômenos na casa da sonâmbula senhora Roger, depois na casa de madame Plainemaison, por convite de seu amigo Carlotti e, finalmente, na casa da família Baudin, recebe muitas mensagens através da mediunidade das jovens Caroline e Julie. Conclui, afinal, que eram efetivamente manifestações inteligentes produzidas pelos Espíritos dos homens que deixaram a Terra. Apesar desta disposição favorável, no entanto, os contatos iniciais não conseguem entusiasmar Rivail, que, em meio a problemas de tempo, junto aos seus compromissos profissionais, quase deixa de comparecer às sessões. É ainda Carlotti que é seu incentivador. Deixa aos seus cuidados cerca de 50 cadernos, nos quais vinha anotando as comunicações mediúnicas obtidas pelo seu grupo, formado por intelectuais, entre os quais o dramaturgo Victorien Sardou. Ali, nos últimos anos, os Espíritos, pela mediunidade da srta. Japhet, haviam vertido um conjunto de ditados filosóficos, abrangendo as mais sérias questões humanas. O Codificador imediatamente percebe a coerência e as relevância destes textos, que seriam o embrião da futura Doutrina Espírita. E renova seu ânimo nas pesquisas, agora centrada na revisão e sistematização deste material, principalmente com a colaboração das meninas Baudin. Explicando a sua convicção, sustenta que a sua crença apoia-se em raciocínios e fatos. É do seu feitio examinar, antes de negar ou afirmar, a priori, qualquer tema. Foi, portanto, como racionalista estudioso, emancipado do misticismo, que ele se pôs a examinar os fatos relacionados com as mesas girantes, conforme ele próprio nos narra: "Tendo adquirido, no estudo das ciências exatas, o hábito das coisas positivas, sondei, perscrutei esta nova ciência (o Espiritismo) nos seus mais íntimos refolhos; busquei explicar- me tudo, porque não costumo aceitar ideia alguma, sem Ihe conhecer o como e o
porquê." Após a publicação da 1ª edição de O Livro dos Espíritos, em 18 de abril de 1857, Kardec fundou, em 1º de abril de 1858, a primeira sociedade espírita, com o nome de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e, no mesmo ano, edita a Revista Espírita, primeiro órgão de divulgação espírita na Europa. No dia 15 de janeiro de 1861 , lança O Livro dos Médiuns e, depois, O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), O Céu e o Inferno (1865) e A Gênese (1868). Recebe a primeira revelação da sua missão em 30 de abril de 1856, pela médium srta. Japhet, missão essa confirmada em 12 de junho de 1856, pela médium Aline, e, finalmente, a 12 de abril de 1860, na casa do senhor Dehau, pelo médium Crozet. Kardec escreve que empregou nessa laboriosa tarefa toda solicitude e dedicação de que era capaz.
Na Revista Espírita de maio de 1869, lê-se: "(...) trabalhador infatigável, sempre o primeiro e o último a postos, Allan Kardec desencarnou a 31 de março de 1869 (...)". "Nele, como em todas as almas fortemente temperadas, a lâmina gastou a bainha. (...)" Cumprida estava modelarmente a missão do expoente máximo da Terceira Revelação Divina, abrindo caminho ao Espiritismo, a grande voz do Consolador Prometido ao mundo pela misericórdia de Jesus.
( Continua na próxima postagem )

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OS FENÔMENOS DE HYDESVILLE
Os memoráveis acontecimentos que, pela sua frequência e intensidade, indicaram as manifestações de forças inteligentes intervindo no plano físico, determinaram o nascimento do Espiritismo através da fenomenologia mediúnica, ainda incipiente e elementar, ocorrido exatamente no ano de 1848 nos Estados Unidos da América do Norte, segundo autorizados pesquisadores.
Eram as pancadas ou ruídos (rappings ou noises) que se iniciaram na aldeia de Hydesville, condado de Wayne, Estado de Nova York. Foi a 31 de março de 1848 que esses ruídos insólitos surgiram de maneira mais ostensiva, de modo a atraírem a atenção pública, inclusive da imprensa, e a tornarem-se objeto de constatação por numerosos observadores, a ponto de marcarem na América do Norte a data do nascimento do que intitularam de Moderno Espiritualismo. Tais fenômenos ocorreram numa tosca cabana, residência da família Fox. Os acontecimentos, a partir do primeiro diálogo com o Espírito, em 31 de março de 1848, empolgaram a população do vilarejo, surgindo depois as primeiras demonstrações públicas no maior salão de Rochester, o Corinthian Hall, o que resultou na formação do primeiro núcleo de estudos. Descobriu-se que as revelações ruidosas partiam do Espírito de um mascate, de nome Charles Rosma, que fora assassinado e sepultado no porão da casa da família dos Fox, adeptos da igreja Metodista, cujas filhas, Margareth e Katherine (Kate), eram excelentes médiuns. Na célebre noite de 31 de março, registrou-se o primeiro diálogo entre as irmãs Fox e o Espírito do vendedor ambulante, tendo um dos presentes, o Sr. Isaac Post, usado, pela primeira vez, letras do alfabeto para formação de palavras mediante convenção de que às letras corresponderia determinado número de pancadas. Estava, pois, descoberta a telegrafia espiritual, que foi o processo adotado na utilização das mesas girantes.
Em 1850, tamanha foi a repercussão dos fenômenos, tal a afluência dos curiosos, que a família Fox transladou-se para Nova York, continuando as sessões públicas no Hotel Barnum. Nessa época, já somava vários milhares o número dos espíritas-espiritualistas norte-americanos, apesar das cerradas investidas da imprensa, onde qualquer cronista arvorava-se em crítico para condenar os fenômenos. A relevância do acontecimento pode ser assinalada ainda pela ressonância na esfera científica, motivando várias investigações por pesquisadores de alto nível cultural como Dale Owen, Willian Crookes, o ,juiz Edmonds, etc. O acontecimento de Hydesville repercutiu na Europa, despertando as consciências e, ao lado dos fenômenos das mesas girantes, preparou o advento do Espiritismo.
AS MESAS GIRANTES
As mesas girantes não se limitavam a levantar-se sobre um pé para responder às perguntas feitas: moviam-se em todos os sentidos, giravam sob os dedos dos pesquisadores, elevando-se no ar, às vezes. Entre os anos de 1853 a 1855, os fenômenos das mesas girantes constituíam verdadeiro passatempo, sendo diversão quase obrigatória nas reuniões sociais. Segundo o padre Ventura de Raulica, este fenômeno foi considerado como “o maior acontecimento do século". “(...) A divulgação dessas experiências, e a seguir a conversão do Juiz Edmonds, materialista que rira da crença nos Espíritos, (...) pasmaram a todos os norte-americanos, aumentando ainda mais o interesse pelas manifestações inteligentes (...)." Paris inteira assistia, atônita e estarrecida, a esse turbilhão feérico de fenômenos imprevistos que, para a maioria, só alucinadas imaginações poderiam criar, mas que a realidade impunha aos mais céticos e frívolos.
A posição de Kardec diante dos fatos motivou o advento da Doutrina Espírita. O Codificador não os contestou, reconhecendo a sua primeira ocorrência como verídica, mas constituindo apenas uma fase inicial, em que tais fatos incipientes e rudimentares serviriam de alicerces do que mais tarde seria o edifício da Doutrina Consoladora. Refere-se aos fenômenos físicos como manifestações de forças inteligentes que utilizaram, de início, as mesas segundo os sinais previamente convencionados, mas proclama que este meio ainda grosseiro era demorado e incômodo. "Reconheceu-se mais tarde que a cesta e a prancheta não eram, realmente, mais do que um apêndice da mão; e o médium, tomando diretamente do lápis, se pôs a escrever por um impulso involuntário e quase febril. Dessa maneira, as comunicações se tornaram mais rápidas, mais fáceis e mais completas". "(...) O efeito mais simples, e um dos primeiros que foram observados. consiste no movimento circular impresso a uma mesa. Este efeito igualmente se produz com qualquer outro objeto, mas sendo a mesa o móvel com que, pela sua comodidade, mais se tem procedido a tais experiências, a designação de mesas girantes prevaleceu, para indicar esta espécie de fenômenos". "Como quer que seja, as mesas girantes representarão sempre o ponto de partida da Doutrina Espírita e, por essa razão, algumas explicações Ihe devemos, tanto mais que, mostrando os fenômenos na sua maior simplicidade, o estudo das causas que os produzem ficará facilitado e, uma vez firmada, a teoria nos fornecerá a chave para a decifração dos efeitos mais complexos".


(Final do Tomo I)
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OS PRECURSORES DA DOUTRINA ESPÍRITA

Numa época mais moderna é que podemos melhor situar a fase precursora do
Espiritismo, a Terceira Revelação, conhecida como o Consolador Prometido por Jesus à Humanidade. A diferença entre os fatos desta fase e os fenômenos da pré-história, como bem acentua Arthur C. Doyle, está em que estes últimos episódios eram esporádicos, ou diríamos melhor, sem uma sequência metódica, enquanto aqueles “(...) tem a característica de uma invasão organizada (...)". É nesta época mais moderna e precursora que vamos encontrar alguns notáveis antecessores, como o famoso vidente sueco, Emmanuel Swedenborg. Um outro notável precursor, digno de menção, foi Franz Anton Mesmer, médico, descobridor do magnetismo curador. Em 1775, Mesmer reconhece o poder da cura mediante a aplicação das mãos, ou seja, através da fluidoterapia. Acredita que por nossos corpos transitam fluidos curadores, preparando o caminho para o hipnotismo do Marquês de Puysègur.
Fatos precursores dignos de registro ocorreram com Andrew Jackson Davis, magnífico sensitivo que viveu entre 1826 e 1910, sendo considerado por Arthur Conan Doyle como o profeta da Nova Revelação. O surgimento do Espiritismo foi predito por Davis no livro Princípio da Natureza.
Emmanuel Swedenborg
Vidente sueco nascido em 1688 e desencarnado em Londres, em 1772, era um homem de enorme e variada cultura, engenheiro de minas, autoridade de metalurgia, engenheiro militar, astrônomo, físico, zoólogo, anatomista, financista e economista. Foi enérgico na juventude e amabilíssimo na sua velhice. A vidência lhe surgiu na infância, seguida, logo depois, da clarividência à distância. Educado entre a nobreza sueca, transportou-se mais tarde para Londres, onde suas teorias apareceram em 1744, através dos livros que escreveu. Ensinava que o Universo se compunha de esferas diferentes, com vários graus de luminosidade e felicidade, e que estas esferas nos servirão de morada depois da morte na Terra, de conformidade com as condições espirituais que aqui tenhamos conseguido. Nesses mundos seremos julgados automaticamente por uma lei espiritual, de acordo com o que houvermos realizado na Terra. Não há qualquer mudança com a morte. O homem nada perde ao falecer, pois continua até mais perfeito que no estado corpóreo, conservando suas faculdades, modo de pensar, crenças e opiniões. As crianças, batizadas ou não, são recebidas e encaminhadas por criaturas que lhes servem de mãe. Não há castigos eternos. Os que habitam os infernos, desde que se desenvolvam, que progridam, passam para mundos melhores, e os que se encontram nos céus, não o estão de modo permanente, pois todos trabalham para atingir um mundo superior. Se levarmos em conta a época em que viveu, podemos dizer que Swedenborg expôs as suas ideias com clareza; não o fez, porém, com a perfeição, a experiência e direção que mais tarde orientariam a Allan Kardec. Seus discípulos não lhe compreenderam a obra e fecharam-se num estacionamento lamentável, tanto assim que, ao aparecerem os primeiros trabalhos de Andrew Jackson Davis, em 1848, grande foi a hostilidade que lhe moveram. Os ensinos de Swedenborg estão contidos nas suas obras: “Céu e Inferno”, “A Nova Jerusalém” e “Arcana Coelestia”.
Edward Irving
As manifestações espíritas entre os anos de 1830 e 1833 foram qual ponte de ligação entre o místico Swedenborg e o profeta do espiritismo inglês, Andrew Jackson Davis. À frente desse movimento encontrava-se Eduardo Irving, descendente de uma família humilde de pobres trabalhadores da Escócia. Irving nasceu em 1792 e estudou com muita dificuldade. Era um tipo agigantado e de força hercúlea, desfigurado por feio sinal numa das vistas. Em julho de 1831, surgiram os primeiros fenômenos na igreja de Irving. Não somente fenômenos de xenoglossia, mas vários outros se verificaram na sacristia de sua igreja, ao ponto de produzirem verdadeiro pânico na assistência. E como algumas daquelas manifestações não se conciliavam com a ortodoxia, consideravam-nas como de origem diabólica – aliás, os “guias” dos prosélitos de Irving eram maléficos, brincalhões e zombeteiros, e isso pela atração dos médiuns inexperientes daquela época. Enquanto Irving organizava a sua igreja com sacerdotes e diáconos, nos Estados Unidos surgiram fenômenos nas comunidades dos Shakers, com a manifestação de Espíritos de índios (peles-vermelhas), daí, talvez, ser muito comum, na Inglaterra e na América do Norte, possuírem quase todos os médiuns de efeitos físicos o seu “guia” pele -vermelha, semelhantemente ao Brasil, com seus caboclos, índios e africanos. Os Shakers chegaram à conclusão de que os índios apareciam não para ensinar, mas para aprender. Aliás, tendo perguntado, certa vez, a um Espírito o motivo porque não se aperfeiçoavam no Espaço, ele deu a seguinte resposta: “ Esses seres estão mais perto de vós que de nós outros; podeis chegar até eles, enquanto nós não o podemos”. Em resposta a outra pergunta que fizeram a um Espírito, se a magia e a necromancia pertenciam à mesma categoria, respondeu: “Sim, e isto ocorre quando o Espiritismo é usado para fins egoístas”. Como se vê, apesar do atraso daquela época, quanto às comunicações com o mundo espiritual, alguns ensinamentos preciosos chegaram até a época presente, visto que hoje sabemos, com provas seguríssimas, que o médium recebe sempre a companhia dos que lhe são afins.
Andrew Jackson Davis
Andrew Jackson Davis, filho de operário, nasceu às margens do rio Hudson, entre gente simples e ignorante, no ano de 1826, e morreu em 1910, aos 84 anos. Até a idade de 16 anos era um retardado intelectual, de corpo mirrado; todavia, aos 19 anos, publicou um profundo e original livro de filosofia, oriundo, já se vê, de sua prodigiosa mediunidade. Desde a infância começou a ouvir vozes agradáveis, seguidas de clarividência, recepção do dom das mediunidades curadora e receitista e psicografia de inúmeras obras filosóficas. Muito conhecido é o fato de Davis haver-se transportado, espiritualmente, na manhã de 6 de março de 1844, da pequena localidade de Poughkeepsis, onde morava, às montanhas de Castskill, quarenta milhas distante de sua casa. Seus mentores eram os Espíritos Galeno e Swedenborg. Quando em transe, falava várias línguas, expondo conhecimentos elevadíssimos de Geologia, Arqueologia histórica e bíblica, Mitologia, questões linguísticas e outros assuntos. Não era um homem religioso e nem acreditava na interpretação literal da Bíblia; era, porém, honrado, sério, incorruptível e amante da verdade. Dois anos levou Davis inconsciente, mediunizado, ditando seus livros sobre os segredos da Natureza, enquanto, consciente, se instruía em Nova York. Sua pessoa chamou a atenção do Dr. Lyon, do Rev. Guilherme Fishbough e de muitos homens cultos, entre os quais se encontrava Edgard Allan Poe. Antes de 1856 profetizou o aparecimento do automóvel, das máquinas de escrever e da navegação aérea. Predisse, ainda, em 1847, o aparecimento do Espiritismo, em seu livro Princípio da Natureza, dizendo que mui brevemente essa verdade seria revelada e demonstrada, sendo considerado por Arthur Conan Doyle como o profeta da Nova Revelação. Através das suas visões, apresentou-nos o Além. Viu uma vida semelhante à da Terra; vida a que se poderia chamar de semi-material, com prazeres e objetivos adaptados às nossas naturezas, as quais não são modificadas pela morte várias fases e graus de progresso espiritual. Apresentou-nos o dinheiro, o álcool, a luxúria, a violência e o sacerdócio como ocasionadores do retardamento do progresso da raça humana. Toda a sua obra foi uma preparação para o aparecimento do Espiritismo, havendo conhecido a demonstração material de Hydesville, desde o primeiro dia. Tão célebres se tornaram os livros do vidente de Poughkeepsis, nos países de língua inglesa, que o notável crítico Wake Cook, numa de suas obras, qualificou os ensinamentos de Davis capazes de reorganizar o mundo.

(Na continuação do Tomo: Os Fenômenos de Hydesville)
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ESPIRITISMO BÁSICO
TOMO I

O fenômeno espírita através dos tempos; Os precursores da Doutrina Espírita; Os fenômenos de Hydesville e As mesas girantes.
O FENÔMENO ESPÍRITA ATRAVÉS DOS TEMPOS
Muito embora o Espiritismo, como Doutrina Codificada, tenha surgido a 18 de abril de 1857 com o lançamento de "O Livro dos Espíritos", é de todas as épocas a ocorrência de fenômenos espíritas ou mediúnicos. Sendo a mediunidade uma condição natural da espécie humana, o intercâmbio entre o mundo físico e o extra-físico (espiritual) existiu desde o aparecimento do homem na Terra. Convém, por isso, distinguir fatos (fenômenos) espíritas de Doutrina Espírita. Se os primeiros sempre existiram, esta última, por sua vez, só viria a se corporificar graças ao trabalho de Allan Kardec, o Codificador, a partir da observação daqueles fatos.
Os fatos atinentes às revelações dos Espíritos, ou fenômenos mediúnicos, remontam à mais recuada antiguidade, sendo tão velhos quanto o nosso mundo; e sempre ocorreram em todos os tempos e entre todos os povos. A História, a este propósito, está pontilhada desses fenômenos de intercomunicação espírita.
Partindo dos estudos de Herbert Spencer e apoiando-se nas pesquisas do antropólogo Andrew Lang e do etnólogo Max Freedom Long, realizadas entre as tribos da Polinésia, Ernesto Bozzano demonstra a existência de fenômenos espíritas entre os homens primitivos, afirmando que aqueles fenômenos constituem a base concreta da crença na sobrevivência do Espírito após a morte. Segundo Bozzano, as superstições dos selvagens e as suas práticas de magias, não eram nem podiam ser de natureza abstrata, imaginária. Decorriam, como tudo na vida primitiva, de realidades positivas e de fatos concretos, conhecidos naturalmente dos selvagens, quais sejam a existência dos espíritos e o intercâmbio, embora rudimentar, com eles mantido.
Os mais antigos registros acerca da comunicação com o mundo invisível encontram-se nos Vedas, livros sagrados do Brahmanismo. Dizem os Vedas que, durante o sacrifício do fogo, no qual se resume o culto védico, "os Assuras ou Espíritos superiores e os Pitris ou almas dos antepassados cercam os assistentes e se associam às suas preces" (Léon Dennis, em "Depois da Morte").
No Egito, as faculdades psíquicas eram largamente utilizadas pelos iniciados, os quais conheciam o magnetismo e o sonambulismo, curavam pelo sono provocado e praticavam largamente a sugestão. Os poderes mediúnicos dos sacerdotes egípcios conferiam-lhes enorme poder sobre o povo, mantido à distância da ciência secreta. O culto popular de Isis e Osiris não era senão uma encenação oferecida à multidão.
Na China, há 3.000 anos a.C., era comum, nas cerimônias fúnebres, os mortos dirigirem mensagens aos parentes. Diz o Dr. José Lapponi, na sua obra Hipnotismo e Espiritismo, que, na antiga Grécia, os oráculos dos mortos se invocavam continuamente. Periandro, um dos sete sábios da Grécia, manda consultar a alma de sua mulher, que ele fizera degolar. Pausanias evoca a alma de uma jovem que mandara matar. Os magistrados fazem evocar mais tarde a alma do próprio Pausanias. Sócrates via o seu gênio (daimon) e dele recebia salutares advertências. Os fatos de clarividência e de adivinhação, produzidos pelas sibilas e pitonisas, os oráculos dos templos gregos, são atestados pela História.
Na Gália, os druidas se comunicavam com o mundo invisível, mil testemunhas o atestam. Nos recintos de pedra, evocavam os mortos. As druidesas e os bardos proferiam oráculos. A comemoração dos mortos é de iniciativa gaulesa. No dia primeiro de novembro celebrava-se a Festa dos Espíritos, não nos cemitérios (os gauleses não honravam os cadáveres), mas, sim, em cada habitação, onde os bardos e os videntes evocavam as almas dos defuntos. (Léon Denis, em "Depois da Morte").
Os romanos também se comunicavam com os espíritos. Cícero nos diz que seu amigo Ápio mantinha frequentes conversações com os mortos. Libone Druso foi morto por Tibério, por have-lo perturbado quando este atendia a evocação de Espíritos. (José Lapponi, obra citada).
A Bíblia registra a ocorrência de fenômenos mediúnicos, notadamente entre o povo hebreu, convindo notar que expressões como "O Senhor falou..." "O Espírito do Senhor se comunicou..." referem-se, naturalmente, a Espíritos, e não ao próprio Criador. O abuso da prática mediúnica, bem como os prejuízos dele resultantes, levaram Moisés, o legislador hebreu, a proibir a evocação dos mortos (Êxodo, Levítico e Deuteronômio). Não obstante, vamos encontrar em Samuel, Cap. XXVIII, v. 7 a 25, a narrativa de uma sessão mediúnica. O Rei Saul, que havia ordenado a expulsão de todos os que se comunicassem com os mortos, perseguido por seus inimigos, procura a famosa pitonisa de Endor e, disfarçado, pede-lhe que evoque o profeta Samuel, que fala com o aflito rei, predizendo-lhe a morte.
A propósito de escrita mediúnica, podemos citar a das Tábuas da Lei (Êxodo, Cap. XXXII, v. 15 e 16; Cap. XXXIV, v. 28). Não menos comprobativa a inscrição traçada por uma mão materializada em uma das paredes do palácio, durante um festim que dava o rei Baltazar (Daniel, Cap. V). A mediunidade se patenteia no dia de Pentecostes, através do fenômeno hoje conhecido como xenoglossia (Atos, Cap.II, v. 1 a 13). Ainda em Atos, Cap. III, v. 1 a 11, encontramos a narrativa da cura de um coxo. A conversão do apóstolo Paulo, às portas de Damasco, é marcada pela ocorrência de fenômenos mediúnicos (Atos, Cap. IX, v. 1 a 20). Em Atos, Cap. X, v. 1 a 7, o centurião Cornélio vê e fala com um "anjo de Deus". Paulo em sua primeira epístola aos Coríntios (Cap. XII) dá-lhes orientações acerca do intercâmbio com os espíritos. O Apocalipse, de João, é um repositório de revelações mediúnicas. Outras citações de fatos espíritas são ainda encontradas no Antigo e no Novo Testamento.
O conhecimento das práticas mediúnicas durante a Idade Média é demonstrado nas muitas lendas e histórias da época, plenas de narrativas de evocações de Espíritos, de encantamentos, sortilégios e coisas parecidas. Na Idade Média foi de tal modo dominante a convicção do intercâmbio humano com os Espíritos, que, precisamente por essa convicção, se condenavam impiedosamente à morte qualquer suspeito de ser feiticeiro, encantador, bruxo ou nigromante. No decurso do século XI, os Pontífices Romanos Benedito IX (1033 - 1044), Gregório VI (1045) e Gregório VII (1073 - 1085) que, pela "Crônica Uspergense" (1076), é chamado o maior mago de todos, foram acusados de necromancia por seus malévolos contemporâneos, quiça por motivo de sua doutrina.
Entre os séculos XII e XIII houve, entre as práticas mediúnicas, um culto que do qual participava do filósofo ao religioso. Todo astrólogo ou alquimista, refere Césare Cantú, se gabava de ter um espírito familiar obediente aos seus acenos. Cecco Stabilli di Ascoli (1251 - 1328) deveu, em grande parte às suas doutrinas espiritistas, a pira sobre a qual lhe mandaram findar os seus dias.
Diz o Dr. José Lapponi na sua obra "Hipnotismo e Espiritismo", onde também se encontram as informações acima, que em toda a Idade Média tanto se falou e discutiu sobre feiticeiros, magos e nigromantes..., tantos processos jurídicos se instauraram contra eles..., que se deve ter por firme verdade: em nenhuma outra época tiveram as práticas do Espiritismo mais culto do que em todo esse período. Entretanto, a figura mais notável que se ergue nesse período é, sem dúvida alguma, a de Joana D'Arc, a donzela de Domrémy. É Léon Denis, na sua obra "Depois da Morte" que nos afirma: "Desde os primeiros séculos da nossa era, Joana D'Arc fora anunciada por uma profecia do Bardo Myrdwin (mago Merlin). É debaixo do carvalho das fadas, perto da mesa de pedra, que ela ouve muitas vezes "suas vozes". Nenhum testemunho da intervenção dos Espíritos na vida dos povos é comparável à história tocante da Virgem de Domrémy. Em fins do século XV, agonizava a França sob o jugo férreo dos ingleses. Com o auxílio de uma jovem, uma criança de 18 anos, as potências invisíveis reanimam um povo desmoralizado, despertam o patriotismo extinto, inflamam a resistência e salvam a França da morte. Joana jamais procedeu sem consultar "suas vozes" e, quer nos campos de batalha, quer perante os juízes, elas sempre lhe inspiraram palavras e atos sublimes. Julgada e condenada pela Igreja, por "ouvir vozes", Joana morre na fogueira deixando imorredoura lição para a Humanidade.

(Na continuação do tomo: Os Precursores da Doutrina Espírita)
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