INTRODUÇÃO
O objetivo desse Blog é levar você a uma reflexão maior sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio
necessário para uma vida saudável e produtiva.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Prezados irmãos e amigos. Não pretendo com esse Blog modificar o pensamento das pessoas. Não tenho a pretensão de ser dono da verdade, pois acredito que nenhuma religião ou seita detém o privilégio de monopolizá-la. Apenas estou transmitindo informações, demonstrando a minha crença, a minha verdade. Cabe a cada indivíduo a escolha de como quer entender as coisas do mundo em que vive, como quer viver a sua vida, e quais os métodos que quer utilizar para suas colheitas. Como disse Jesus, "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", ou seja, o plantio é opcional, você planta o que quiser, mas vai colher o que plantar. Por isto, muito cuidado com o que semear.
Pense nisso!

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sábado, 24 de dezembro de 2022

 


O Peru Pregador

Durante o tempo que aqueles discípulos estiveram com Jesus, até o presente momento, eles haviam demonstrado que O respeitavam, que O amavam, que tinham criado afeto por Ele e, agora que tinham chegado a conclusão de quem Ele era, o Messias, tinham maior desejo de continuar a segui-lO. Mas depois da reação reprovável dos discípulos encabeçada por Pedro, diante da informação do Mestre sobre a necessidade dos Seus sofrimentos, como Messias, Ele passou a ensinar-lhes a respeito do custo de uma decisão como esta que eles desejavam tomar. O ensino dirigido tanto aos discípulos quanto aos outros ouvintes que ali se encontravam (Mateus, 16:24 a 28), mas também é extensivo a todos quantos tomam ciência destas palavras em todos os tempos. Para ilustrar esta estorinha, fomos buscar no livro Alvorada Cristã, pelo Espírito Neio Lúcio, o conto “O Peru Pregador”. Nos conta assim o autor: Um belo peru, após conviver largo tempo na intimidade duma família que dispunha de vastos conhecimentos evangélicos, aprendeu a transmitir os ensinamentos de Jesus, esperando-lhe também as divinas promessas. Tão versado ficou nas letras sagradas que passou a propagá-las entre as outras aves. De quando em quando, era visto a falar em sua estranha linguagem “gla-gle-gli-glo-glu”. Não era, naturalmente, compreendido pelos homens. Mas os outros perus, as galinhas, os gansos e os marrecos, bem como os patos, entendiam-no perfeitamente. Começava o comentário das lições do Evangelho e o terreiro enchia-se logo. Até os pintainhos se aquietavam sob as asas maternas, a fim de ouvi-lo. O peru, muito confiante, assegurava que Jesus Cristo era o salvador do mundo, que viera alumiar o caminho de todos e que, por base de sua doutrina, colocara o amor das criaturas umas para com as outras, garantindo a fórmula de verdadeira felicidade na Terra. Dizia que todos os seres, para viverem tranquilos e contentes, deveriam perdoar aos inimigos, desculpar os transviados e socorrê-los. As aves passaram a venerar o Evangelho; todavia, chegando o Natal do Mestre Divino, eis que alguns homens vieram aos lagos, galinheiros, currais e, depois de se referirem excessivamente ao amor que dedicavam a Jesus, laçaram frangos, patinhos e perus, matando-os, ali mesmo, ante o assombro geral. Houve muitos gritos e lamentações, mas os perseguidores, alegando a festa do Cristo distribuíram pancadas e golpes à vontade. Até mesmo a esposa do peru pregador foi também morta. Quando o silêncio se fez no terreiro, ao cair da noite, havia em toda parte enorme tristeza e irremediável angústia de coração. As aves aflitas rodearam o doutrinador e crivaram-no de perguntas dolorosas. Como louvar um senhor que aceitava tantas manifestações de sangue na festa de seu natalício? Como explicar tanta maldade por parte dos homens que se declaravam cristãos e operavam tanta matança? Não cantavam eles hinos de homenagem ao Cristo? Não se afirmavam discípulos dEle? Precisavam, então, de tanta morte e tanta lágrima para reverenciarem o Senhor? O pastor alado, muito contrafeito, prometeu responder no dia seguinte. Achava-se igualmente cansado e oprimido. Na manhã imediata, ante o sol rutilante do Natal, esclareceu aos companheiros que a ordem de matar não vinha de Jesus, que preferira a morte no madeiro a ter de justiçar; que deviam todos eles continuar, por isso mesmo, amando o Senhor e servindo-o, acrescentando que lhes cabia perdoar setenta vezes sete. Explicou, por fim, que os homens degoladores estavam anunciados no versículo quinze do capítulo sete, do Apóstolo Mateus, que esclarece: - “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que veem até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores”. Em seguida, o peru recitou o capítulo cinco do mesmo evangelista, comentando as bem-aventuranças prometidas pelo Divino Amigo aos que choram e padecem no mundo. “Vendo as multidões, Jesus subiu ao monte e se assentou. Seus discípulos aproximaram-se dele,  e ele começou a ensiná-los, dizendo: Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é  Reino dos céus.  Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados. Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos. Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês. Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa.  Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus. Verificou-se, então, imenso reconforto na comunidade atormentada e aflita, porque as aves se recordaram de que o próprio Senhor, para alcançar a Ressurreição Gloriosa, aceitara a morte de sacrifício igual à delas.

REFLEXÃO:

Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me; porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma? Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras. O que significa a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me? Essa fala de Jesus aconteceu logo após um problema Dele com o apóstolo Pedro, quando Jesus começou a mostrar mais claramente aos discípulos que sofreria, morreria e ressuscitaria. Mas Pedro reprova essas falas de Cristo, tentando convencer Jesus de que não precisaria acontecer assim. Jesus, então, repreende a Pedro de forma severa, mostrando que Pedro tinha deixado o diabo usá-lo para tentar desviá-lo de Sua missão. E é justamente depois disso que Jesus diz: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Passemos agora a uma explicação detalhada do objetivo de Jesus ao dizer “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”: Vamos começar com o que Jesus não quis dizer. Muitas pessoas interpretam a cruz como um fardo que devem carregar em suas vidas; um relacionamento tenso, um trabalho ingrato, uma doença física. Com um orgulho piedoso, dizem: essa é a minha cruz que tenho que carregar. Tal interpretação não é a que o Mestre nazareno quis dizer quando proferiu: Tome a sua cruz e siga-me. Quando o Cristo carregou a sua cruz até o gólgota para ser crucificado, ninguém estava pensando na cruz como símbolo de um fardo a carregar. Para uma pessoa no primeiro século, a cruz significava uma única coisa: a morte pelo meio mais doloroso e humilhante que os seres humanos poderiam desenvolver. Portanto, "tome a sua cruz e siga-me" significa estar disposto a morrer para seguir Jesus. Isso é chamado de "morrer para si mesmo". É um apelo à rendição absoluta. Se você se pergunta se está pronto para tomar a sua cruz, considere estas questões:

a) Se alguém quer vir após mim: Jesus está claramente identificando aqueles que de alguma forma simpatizam com Sua mensagem, pessoas que O seguiam por algum motivo. Parece-me que Jesus está deixando claro que segui-Lo não é meramente uma decisão simples e sem consequências, antes, é uma decisão que precisa ser tomada de forma racional e com fé. Jesus prepara seus ouvintes para escutar a sequência das exigências de para os que desejavam segui-Lo.

b) A si mesmo se negue: Aqui Jesus tem como foco que aquele que deseja segui-lo precisa estar alinhado com Sua vontade. E a vontade de Deus se choca muitas vezes com nossa própria vontade. Os que seguirem a Cristo precisam ter a capacidade de considerar a vontade de Deus superior à sua própria e terem atitudes claras escolhendo a vontade de Deus e negando a sua própria quando for necessário. Como exemplo, cito o ensino de que devemos amar os inimigos. A vontade natural da carne é de ódio pelos inimigos. Mas o padrão de Jesus é de amá-los. Aqui preciso negar a mim mesmo em apoio à vontade do Pai. Cristo mostrou como isso é feito quando orou pelo perdão dos que O crucificavam. Negar a si mesmo, então, é um conjunto de ações diárias que vamos tomando à medida que esses conflitos de vontades aparecem em nossa vida.

c) Tome a sua cruz: Seguir a Cristo é tomar sobre si alguns sofrimentos que não teríamos se não o tivéssemos seguido. A cruz era um objeto muito famoso entre os judeus. Centenas de crucificações aconteciam, realizadas pelos romanos. E muitas, claro, de forma injusta. A cruz impunha o sofrimento, a dor e a morte. Jesus está deixando claro aos Seus ouvintes que segui-Lo requer uma abnegação tão forte, capaz até mesmo de enfrentar as mais duras perseguições, dores, dificuldades e coisas parecidas por amor a Ele. De forma prática, tomar a sua cruz é viver no dia a dia fazendo as escolhas certas (que agradam a Deus) sem se importar com as consequências negativas (muitas vezes muito difíceis e dolorosas) que podem vir sobre nós, devido à resistência dos inimigos.

d) E siga-me: Toda essa abnegação trazia em si uma grandiosa bênção: estar na presença de Jesus, seguindo-O. Estar em Sua presença, compartilhando de Sua companhia, de Seu cuidado, de Seu ensino, de Sua ação poderosa. Assim, todas as difíceis escolhas de negar a si mesmo e de tomar a cruz trazem alegria ao invés do medo paralisante. Foi exatamente isso que Pedro disse a Jesus em certo momento: “Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna”. Quando Jesus começou a ensinar que Ele iria morrer nas mãos dos líderes judeus e dos seus senhores gentios (Lucas 9:22), a Sua popularidade afundou. Muitos dos seguidores chocados o rejeitaram. Verdadeiramente, eles não foram capazes de matar suas próprias ideias, planos e desejos, e trocá-los pelos do Mestre Galileu. Seguir Jesus é fácil quando a vida corre sem problemas. O nosso verdadeiro compromisso com Ele é revelado durante as provações. Jesus assegurou-nos que as provações viriam a Seus seguidores. O discipulado exige sacrifício, e Jesus nunca escondeu esse custo. Em Lucas 9:57-62, três pessoas pareciam dispostas a seguir Jesus. Quando Jesus questionou-os ainda mais, seu compromisso era, na melhor das hipóteses, apenas meio amado. Eles não conseguiram contar o custo de segui-lo. Nenhum estava disposto a tomar a sua cruz e crucificar nela os seus próprios interesses. Portanto, Jesus parecia dissuadi-los. Quão diferente da apresentação típica do evangelho! Quantas pessoas responderiam a um chamado mais ou menos assim: "Venha seguir Jesus, e você pode enfrentar a perda de amigos, família, reputação, carreira e, possivelmente, até sua vida"? Em alguns lugares do mundo, essas consequências são realidade. Entretanto, observe que as perguntas são formuladas com "Você está disposto?". Seguir Jesus não significa necessariamente que tudo isso acontecerá, mas você está disposto a tomar a sua cruz? Se chegar um ponto em sua vida onde você enfrenta uma escolha - Jesus ou o conforto desta vida - o que você escolherá? O número de falsos convertidos provavelmente diminuiria. Esse chamado é o que Jesus quis dizer quando disse: "Tome sua cruz e siga-me". O compromisso com Cristo significa assumir a sua cruz diariamente, abrindo mão de suas esperanças, sonhos, posses, até mesmo da sua própria vida, se necessário para a causa de Cristo. Somente se você voluntariamente aceitar a sua cruz é que pode então ser chamado de Seu discípulo. A recompensa vale o preço.

Muita Paz!


 

domingo, 18 de dezembro de 2022

 


Interpretando a oração Pai Nosso

A oração é uma peça fundamental na vida de qualquer cristão. Orar é falar com Deus, e a comunicação é essencial para que exista intimidade com o Criador. O "Pai Nosso" é a oração mais conhecida do Cristianismo. Encontramos duas versões dela no Novo Testamento. Uma no Evangelho de Mateus (6:9-15) e a outra no Evangelho de Lucas (11:2-4). O interessante é que o Novo Testamento relata Jesus e seus discípulos orando em várias ocasiões; mas nunca os descreve usando essa oração, é incerto o quão importante ela foi originalmente vista e considerada. O objetivo desse trabalho é despertar as criaturas para uma reflexão detalhada sobre cada um dos itens que compõem a Oração Dominical, ditada por Jesus. Diz Jesus, por Mateus: “E, quando orardes, não sereis como os hipócritas, porque gostam de orar em pé nas Sinagogas e nos cantos das Praças para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, quando orardes, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará”. O Pai Nosso nos ensina como devemos orar para Deus. Não é uma fórmula mágica, que precisamos repetir palavra por palavra para funcionar, mas é um guia para aprender a orar. Podemos usar os temas da oração do Pai Nosso para fazer nossas próprias orações: é como uma orientação sobre como orar em vez de aprender algo ou repetir por hábito. Com isso, Jesus nos mostra que a oração é uma conversa íntima com Deus, que é nosso Pai. Este é o melhor modelo de oração que podemos encontrar, pois encontramos elementos fundamentais do cristianismo. Nesta oração encontramos verdades valiosíssimas que observadas seriamente é capaz de nos garantir uma comunhão melhor com Deus. Com certeza este estudo nos ajudará a refletir mais uma vez as lições do mestre, nas quais sua vida será ainda mais enriquecida espiritualmente. O Pai Nosso possui muito em poucas palavras, e requer que estejamos familiarizados com o seu sentido e significado, pois é usada de forma aceitável, como também com entendimento e sem vãs repetições. Em seu contexto, as pessoas estavam acostumadas a chamar Deus de Senhor, Rei, Santo, Justo, Eterno, Soberano. Mas Pai? Com certeza não! Jesus então aproxima, Pai Nosso. E esta foi a principal acusação a Jesus, falta de respeito à Divindade. Chamar Deus de pai. Há uma grande riqueza de princípios espirituais escondidos por trás de cada uma de suas belas palavras. Cada uma delas foi estrategicamente pensada pelo Mestre Jesus para que nós pudéssemos orar a Deus e sermos ouvidos. Essa oração aponta para duas direções: celeste e terrena. Isso pode ser notado na sequência dos pronomes “nosso” e “teu” mostrando os limites do que é nosso por herança e o que é de Deus. Jesus parece utilizar uma forma poética chamada paralelismo muito comum na literatura do Antigo Testamento, onde um verso completa o outro dando sequência ao pensamento anterior. Mas há algumas verdades que precisamos saber sobre ela. É bom conhecer a oração do Pai Nosso, mas não devemos usá-la como uma fórmula mágica. Repetir muito o Pai Nosso sem entender seu significado não vai ajudar. Jesus disse: “E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos”. Devemos dizer o Pai Nosso com convicção. E a partir desse ponto, devemos seguir nossas palavras com confiança. Não estamos conversando com um estranho, alguém que não se interesse por nós. Estamos conversando com o nosso Pai, que é amor e consolação. A oração agradável a Deus é aquela que é feita com fé, humildade e perseverança. A Oração dominical não é somente uma prece, mas também um símbolo. De todas as preces, é a que os Espíritos colocam em primeiro lugar no Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu capítulo XXVIII. Seja porque procede do próprio Jesus, seja porque pode suprir a todas. Essa oração mostra que orar é mais do que pedir algo. É estar em constante comunhão com Deus.

Ela não faz Deus baixar até nós, mas eleva-nos a Ele. O Pai Nosso em algumas igrejas é usado como uma oração introdutória. Vamos fazer uma Análise da Oração dominical, item por item, e respectivos desdobramentos. Jesus começa a oração promovendo uma revolução no nosso relacionamento com Deus. Essa oração pode ser dividida em duas partes. A primeira traz três sentenças que de forma geral dizem respeito a Deus. São elas: santificado seja o teu nome; venha a nós o teu reino; seja feita a tua vontade. Já a segunda, traz três petições que estão ligadas às nossas necessidades, tanto terrenas quanto espirituais: provisão, perdão e proteção. Esta oração nos ensina a priorizar o Reino de Deus e sua Justiça, na esperança de que todas as outras coisas sejam acrescentadas.

Oração do Pai Nosso (Explicação detalhada):

Esse pedido dos apóstolos para que o Mestre os ensinasse a orar (Lucas 11:1-2), provavelmente surgiu da percepção de que Cristo orava continuamente. A vida de Jesus e seu messianato são marcados pela oração. Quando Jesus começou a prece dominical iniciou a rogativa, dizendo assim:

PAI NOSSO: A palavra pai refere-se a Deus, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas que, acima de tudo é nosso Pai carinhoso, e que nos abençoa porque nos ama. Agora, se em minha vida não me comporto como filho de Deus, não reconhecendo as Suas obras, desde um ramo de erva minúscula e o pequenino inseto até os astros que se movem no espaço, e fechando meu coração ao amor, será inútil dizer PAI NOSSO.

QUE ESTAIS NOS CÉUS: A palavra Céu não corresponde a um lugar, mas designa a presença de Deus, significando o Universo, os diversos mundos habitados. Encerra uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão; um pedido das coisas necessárias à vida e o princípio da caridade. Agora, se meus valores são representados pelos bens da Terra, será inútil dizer QUE ESTAIS NOS CÉUS.

SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME: Santificar o nome de Deus significa coloca-lo acima de tudo. Esta frase mostra que devemos crer em Deus, porque tudo revela o Seu poder e Sua bondade. Santificar o nome do Pai é estabelecer, por meio da fé, em nosso coração, o que Deus é para nós. Significa sustentar a fé no meio das contrariedades da vida, quando tudo pretende negar o Criador.

A harmonia do Universo testemunha essa sabedoria. Por isso, todos deveriam reverenciar o seu nome em quaisquer circunstâncias. Agora, se penso apenas em ser cristão por medo, superstição ou comodismo, será inútil dizer SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME.

VENHA A NÓS O VOSSO REINO: Aqui, Jesus usou a palavra reino porque, naquela época, a maioria dos povos só conhecia organizações do tipo “reinado” (um rei e seus súditos). Deus, por intermédio de Jesus, apresentou-nos leis cheias de sabedoria e que fariam a nossa felicidade se as observássemos. Obedecendo a essas leis, faríamos reinar entre nós a paz e a justiça. Nesta parte da oração Jesus nos ensina que precisamos praticar as leis de Deus (Seus mandamentos) para sermos cidadãos do seu reinado.

Agora, se acho tão sedutora a vida aqui na Terra, cheia de supérfluos e futilidades, será inútil dizer VENHA A NÓS O VOSSO REINO.

SEJA FEITA A VOSSA VONTADE: Nesta parte Jesus deixa claro que mesmo nos tornando cidadãos do reino de Deus, temos que nos adaptar aos critérios de Deus e nos conformar com o que Ele nos permitir. Só assim seremos, de fato, bem-aventurados (bem-sucedidos) em tudo o que fizermos. Sabemos que a submissão é um dever do inferior para com o superior. Não haveria uma razão ainda maior de nossa submissão com relação àquele que nos criou? A atitude fundamental da prece deve ser de obediência, de adesão à vontade de Deus. E não enganá-la, orando às avessas, ou seja, fazendo pedidos de ordem inferior.

Agora, se no fundo o que eu quero mesmo é que todos os meus desejos se realizem, será inútil dizer SEJA FEITA A VOSSA VONTADE.

O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE: Este texto mostra a nossa dependência de Deus em suprir o alimento diário; aqui somos encorajados a pedir a Deus pelas coisas que precisamos para sustentar também a nossa carne. Nesta parte Jesus ensina que não adianta pedir a mais com o intuito de estocar, Deus só concede o que necessitamos, cada um recebe sua porção exata! O amanhã é outro dia!

O povo de Israel teve que aprender a dependência em Deus e confiar Nele para seu sustento no deserto por quarenta anos (o Maná – o pão de cada dia!)

É a solicitação do alimento material para a manutenção das forças do corpo; do alimento espiritual para o desenvolvimento do nosso espírito, uma vez que a lei do trabalho é a condição do homem na Terra; dai-nos a coragem e a força para cumpri-la. Agora, se prefiro acumular riquezas materiais, ignorando meus irmãos carentes de alimento material e espiritual, será inútil dizer O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE.

PERDOAI NOSSAS OFENSAS, ASSIM COMO PERDOAMOS ÀQUELES QUE NOS TÊM OFENDIDO: Nesta parte da oração do Pai Nosso Jesus entra num ponto muito importante das relações humanas, ou seja, “ofensor e ofendido”. Nos lembra de confessar nossas faltas a Deus e nos desviarmos delas.

Nesta parte fica evidente que, se estamos em débito com Deus, precisamos pedir o perdão destas dívidas (destas ofensas) para que, estando sem débitos, Deus nos conceda aquilo que desejamos. Note, entretanto, que existe uma pré-condição para que Deus nos perdoe e consequentemente nos atenda. A pré-condição é sermos capazes de perdoar os que estão em débito conosco também (aos que tenham nos ofendido), de modo a alcançarmos o perdão de Deus e recebermos aquilo que desejamos. Quem perdoa conhece Jesus e lembra-se que Deus também já nos perdoou. Cada infração às Leis Divinas é uma dívida contraída que, cedo ou tarde, precisamos pagar. Quando solicitamos o perdão, é com a promessa de não contrair novas dívidas.

Agora, se não me importo em ferir, violar os direitos, oprimir e magoar aos que atravessam o meu caminho, será inútil dizer PERDOAI NOSSAS OFENSAS, ASSIM COMO PERDOAMOS ÀQUELES QUE NOS TÊM OFENDIDO.

NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO: Aqui, Jesus comenta que o mal e as tentações existem de verdade. A melhor maneira de nos proteger é seguir os ensinamentos de Deus pedindo a Ele frequentemente que nos proteja e nos salve do “predador” da humanidade. Somos tentados o tempo todo e ninguém que seja humano está isento de tentação. Cada imperfeição nossa é uma porta aberta à influência de espíritos menos felizes. Por isso, pedimos força para resistir às sugestões desses espíritos de nos desviar do caminho do bem.

Agora, se escolho sempre o caminho mais fácil, mais tentador, que nem sempre é o caminho certo, o caminho que nos leva a Jesus, será inútil dizer NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO.

LIVRAI-NOS DO MAL: é o ato de rogar forças para eliminar de nós mesmos as imperfeições, os pensamentos levianos, que atraem para junto de nós os maus espíritos, nos desviando do caminho do bem. Agora, se por minha vontade procuro os prazeres materiais, e tudo o que é proibido me seduz, me fazendo caminhar em direção à “Porta Larga”, da qual o Cristo falou, será inútil dizer LIVRAI-NOS DO MAL.

QUE ASSIM SEJA: é a nossa resignação diante da sabedoria divina. Aceitando que seja feito segundo a vontade do Pai e não segundo a nossa.

Porque Ele sabe melhor do que nós o que nos é útil. Agora, se sempre espero que os meus desejos sejam cumpridos, nada faço para aceitar as coisas que não me é dado compreender, e nada faço para me modificar, será inútil dizer QUE ASSIM SEJA. Assim termina a oração, reafirmando e reconhecendo a grandeza, o poder de Deus.

REFLEXÃO:

As mãos abertas estão prontas para entregar e também para receber. É isso que fazemos na oração. Um ato de entrega a Deus e também de abertura para aceitar o que Ele tem para nós. A Oração do Pai Nosso abrange a totalidade das necessidades humanas tanto físicas como espirituais. Não existe nada que não possa ser conquistado em oração. Quando orar, receba o que Deus te deu, mas também entregue o que Ele merece. Oração não é somente pedir, porque Deus não é nosso servo para ter que fazer tudo que pedimos, mas nós é que devemos servir a Ele, nos dispondo para ser e receber o que tem nos dado. Ainda nos falta algo para compreender a atuação de Deus sobre nós. Contudo, conforme formos depurando o nosso Espírito do jugo da matéria, iremos também aumentando a nossa capacidade de conhecer os atributos da divindade. Outro detalhe é que quando Jesus ensinou a oração, Ele instituiu um modelo, um exemplo e não uma regra! A oração do Pai Nosso é um modelo de petição, não é para ficar sendo repetida (rezando) várias vezes de forma seguida. O modelo de oração do “Pai Nosso”, é como um formulário a ser preenchido com as nossas próprias palavras para nos relacionarmos com Deus. Ela nos ensina a como orar. Ela nos dá os “ingredientes” que devem fazer parte da oração. E em cada parte podemos orar intensamente. É importante notar também, que o Pai nosso é um ponto de partida. Não é difícil supor que as incessantes horas de oração de Jesus não eram baseadas apenas na repetição desta oração. Se observarmos apenas um desses momentos, como a oração de Jesus no Getsêmani, ele apresenta ao Pai uma petição diferente. Enquanto oramos, temos a oportunidade de dizer ao nosso Pai, tudo quanto Ele é. Isto gera em nós fé, confiança e, além disso, temos o privilégio de nos unir ao grande número de seres celestiais. A oração de Jesus mostra que orar é mais do que pedir algo. É estar em constante comunhão com Deus. A primeira petição refere-se ao nosso desejo de que Deus seja exaltado em nossas vidas e através dela. Deve haver em nós o anelo sincero de que outras pessoas o conheçam; conheçam a Sua complacência e sejam transformados por Sua bondade. Pois, à medida que o tempo passa a humanidade se torna cada vez mais egoísta, egocêntrica. Cada vez mais elas gostam deste mundo e das “coisas” dele. O ser humano está cada vez mais distante de seu Criador. Cada um de nós temos demandas e necessidades diferentes. Deus conhece cada uma delas. Portanto, se você tem muitas ou poucas necessidades diárias, o Criador cuida de todas elas, desde que sejam necessárias. Porém, há algo muito maior no Reino de Deus preparado para nós. É certo que há paz infinita, alegria eterna, não haverá mais dor, nem tristeza. Mas não é só isso, há muito mais, quando abrimos nosso coração em oração, num desejo sincero. Como seres humanos, somos falhos, pecadores. Trazemos o erro de milênios e com isso, a fragilidade das faltas. Jesus nos incentiva a demonstrar arrependimento de forma constante, diante de Deus. Assim, nossas palavras devem seguir este caminho: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores”. É uma via de mão dupla. Devemos pedir perdão a Deus todos os dias, e também devemos liberar perdão todos os dias para quem nos magoar. Não haverá perdão para nós, se não perdoarmos. Com essa prática, desenvolvemos parte do caráter de Deus: perdoador. Este deve ser um dos nossos objetivos. A vida é muito curta. Não há tempo para nutrir rancor, ódio, mágoa ou ressentimentos. Através da oração, devemos pedir que Deus gere em nós um coração perdoador. Como já vimos, somos frágeis. Isto é, a tentação encontra em nós grandes oportunidades. Pois bem, devemos reconhecer em oração, a nossa fragilidade e suplicar a força de Deus. Vimos neste estudo que a oração do pai nosso é um modelo ensinado por Jesus, para que apliquemos os princípios dela a nossa oração diária e assim sejamos agradáveis a Deus. Somos embaixadores de Jesus. Isso nos torna responsáveis pela expansão e conhecimento do Reino dos Céus. Precisamos orar pelas nações. Por seus problemas. Pela pobreza. Pelos governantes. Devemos pedir a Deus que tão logo, Seu Reino se manifeste entre nós. Pois bem, eu gostaria de “ouvir você”. Deixe seu comentário no meu Blog. Gostaria de acrescentar algo? Além disso, abençoe vidas! Compartilhe este estudo com o maior número possível de pessoas.

Muita Paz!

A serviço da Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio necessário para uma vida feliz.

Leia Kardec! Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!

O amanhã é sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!

domingo, 11 de dezembro de 2022

 


Espíritas! Amai-vos e instrui-vos!

Com base no livro O Evangelho segundo o Espiritismo - Capítulo VI - O Cristo consolador - Instruções dos Espíritos - Advento do Espírito de Verdade, item 5. Vamos fazer um estudo sobre esse texto, com o objetivo de refletir sobre a frase “amai-vos e instrui-vos”, no sentido de entender porque ela é constantemente repetida no meio espírita. Para tanto, discutiremos sobre o amor, a instrução e a relação entre esses dois termos e qual o seu alcance? No quinto parágrafo dessas instruções, há os seguintes dizeres: “Espíritas! amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana, e eis que, além do túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: Irmãos! nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade"  Sócrates, com a sua maiêutica (método socrático: que induz o interlocutor a descobrir suas próprias verdades), foi o primeiro ser humano a nos dar uma imagem desse tipo de amor. Por desobedecer aos deuses gregos e querer abrir a mente dos jovens, foi obrigado a beber cicuta. Mesmo assim, não arredou pé de suas convicções na busca do bem comum. Valia-se da persuasão e da razão para conseguir alguma coisa. Ghandi, na mesma linha de raciocínio, afrontou o poderio britânico sem usar nenhuma arma. Martir Luter King, outro herói do apelo à não-violência, seguindo os ditames da razão, queria conseguir as coisas com as suas ideias de justiça e de liberdade, em que todos deveriam ser beneficiados com a política do estado e não o estado espoliar as pessoas mais pobres. Antes de realizar essa difícil tarefa, necessário se faz definir o objetivo. O objetivo da instrução é divulgar os princípios doutrinários do Espiritismo, para que mais pessoas possam entrar em contato com esses ensinamentos de libertação de consciência. Sem isso, podemos simplesmente divulgar histórias e opiniões pessoais, sem a formação real de adeptos conscientes, aptos a caminharem com Jesus, apesar das dificuldades e ciladas postas em seus caminhos.  Para que possamos instruir com perfeição, devemos nos debruçar sobre as obras básicas do Espiritismo, que estão consubstanciadas em: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. Sem o pleno conhecimento desse conteúdo doutrinal, todo o nosso esforço de divulgação do Espiritismo cai por terra, pois estaremos nos assemelhando aos falsos profetas, mais preocupados com a forma do que com a essência dos ensinamentos de Cristo.  Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, ensina-nos que o amor resume inteiramente a doutrina de Jesus. Diz-nos que "no início o homem não tem senão instintos; mais elevado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado tem sentimentos; e o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas". Espíritas! Amai-vos e instruí-vos! Isto é, tenham caridade para com o próximo, tratando-o como irmão mais necessitado. Podemos colocar a nossa Doutrina na sagrada bitola destas duas dinâmicas: Amor e Instrução. O primeiro ensinamento é ponto pacífico e básico de todo cristão, e que independente de definição, em estrita ligação com o também estabelecido: “Fora da caridade não há salvação”. Em seguida, o Espírito de Verdade comenta que aquilo que Jesus ensinou é a verdade, mas que os homens deturparam tais conceitos, tendo como resultado o que vimos ao longo de nossa própria história; ou seja, devido à falta de amor e de estudo, o cristão adulterou o Cristianismo, causando imensos prejuízos à Humanidade. Como se pode ver, o trecho acima reproduzido contém duas instruções de grandíssima importância: os espíritas devem se amar e se instruir. Nada obstante a recomendação tenha sido dirigida aos espíritas de modo específico, por estar contida em uma das obras basilares da veneranda Doutrina, aplica-se a todas as pessoas, sem nenhuma dúvida e a toda evidência. Com efeito, já sabemos firmemente que o amor é a lei maior da vida, uma vez que o ensino máximo de Jesus foi lançado na célebre, milenar e sintética sentença: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, sabendo-se que quem ama ao próximo como a si mesmo estará, exatamente por esse motivo, amando a Deus sobre todas as coisas. Amar ao próximo como a si mesmo é, em outras palavras, fazer a ele o que gostaríamos que ele nos fizesse. Com esta sentença, Jesus, o Cristo, Modelo e Guia da Humanidade, nosso Mestre, irmão e amigo de todas as horas, resumiu toda a lei e os profetas. A base do amor doação encontra-se em Jesus Cristo, que veio da esfera crística para nos dar o exemplo de como amar corretamente. Obedeceu a Deus, a José (seu pai terrestre) e deixou-se batizar por João Batista. Santo Agostinho também deu seu contributo para a compreensão do amor incondicional: "Ama, e faze o que queres". Se calas, cala por amor; se falas, fala por amor; se corriges, corrige por amor; se perdoas, perdoa por amor. O amor deve estar no centro de todas as nossas ações. O que isso quer dizer? Que quando nos relacionarmos com o nosso próximo, devemos fazê-lo dentro de um clima de respeito e de auxílio mútuo, cooperando com tudo o que nos rodeia. Sabemos, também, que o amor é a força de Deus que equilibra o Universo e os seres. O amor é fruto da nossa conquista espiritual. O Espírito evolui, hoje, em nossos dias, ninguém mais contesta a lei da evolução. Nos primeiros degraus da nossa longa jornada, o amor manifesta-se bruxuleante, como um pequenino ponto de luz. Depois, essa luz vai aumentando e quanto mais crescemos moralmente, o amor resplandece inundando a nossa Alma. “O Amor é o laço de luz eterna que une todos os mundos e todos os Seres da imensidade; sem ele, a própria criação infinita não tem razão de ser, porque Deus é a sua expressão suprema”. Amor e Instrução, duas asas magníficas que nos ajudarão a nos elevarmos dos pântanos poluídos, deste plano de provas, para alcançarmos esferas mais diáfanas, para a perfeição infinita. Instrução é o ato ou o efeito de instruir. E instruir é adquirir conhecimento. E só adquirimos conhecimentos através de nossos estudos e, acima de tudo, através das boas leituras dos bons livros. Através do amor, valorizamo-nos para a vida; através da instrução (sabedoria), somos, pela vida valorizados, daí o imperativo de marcharem juntas, para conduzirem o homem às esferas superiores da vida. A instrução é de enorme importância. Em geral, começamos pela leitura, passamos ao estudo em busca do aprendizado [a melhor maneira de aprender é a da repetição], do conhecimento e de sua consolidação, da reflexão e de sua aplicação prática. Sim, também é importante amarmos para nos unir no sentimento que funde os corações, e nos instruir para que conheçamos a verdade, e conhecendo a verdade nos unamos ainda mais no amor que instrumentaliza o conhecimento, e afasta o orgulho e o egoísmo. A instrução dissipa o erro e nos mostra objetivo da provação humana.  Como é público e notório, os ensinamentos do Rabi da Galileia permanecem absolutamente atuais, sem sofrer qualquer modificação, a despeito de muitos séculos decorridos. E, que não se perca de vista, a própria História foi dividida entre Antes e Depois de Cristo. Por isso, independentemente de crença, cor, raça, condição social, no dia em que os seres humanos tiverem mais amor na mente e no coração a vida no planeta Terra será melhor, muito melhor. Um ótimo começo será cada um procurar fazer a sua parte do melhor modo possível, com zelo, com dedicação, com qualidade, com respeito e, naturalmente, com amor. O estudo é a fonte perene da nossa emancipação moral e espiritual. Pelo estudo, abrimos os nossos olhos e aprendemos a separar o joio do trigo. A boa leitura liberta-nos das preocupações vulgares e nos faz esquecer das atribulações da vida. “O livro edificante é o templo do Espírito, onde os Grandes Instrutores do Passado se comunicam com os aprendizes do presente, para que se façam os mestres do futuro”. Portanto, é preciso não somente ler, mas apreender realmente o conteúdo da leitura. Isso demanda tempo, paciência, horas de dedicação. O verdadeiro espírita tem a obrigação de ter o mínimo de conhecimento da Doutrina Espírita. Por outro lado, o espírita, verdadeiro privilegiado pela obtenção de tantos conhecimentos, não deve guardá-los somente para si, mas levá-los até o semelhante. E deve colocar em prática esses ensinamentos, cujo teor moral nos conduz ao exercício da caridade e do amor ao próximo. "A fé sem obras, é igual às obras sem fé", ou "a fé sem obras é morta"; ou, como advertiu Paulo, se falarmos as línguas dos homens e dos anjos, se tivermos o dom da profecia, se tivermos toda a fé e não tivermos caridade, seremos como o metal que soa e o sino que tine.

Conclusão:

A Doutrina Espírita propõe dois mandamentos: amai-vos e instruí-vos. A Doutrina não é doutrina de um livro só. Ela aconselha como Paulo: ler tudo e reter o bem. Em nenhum momento o Espiritismo nos proíbe de ler os livros das outras religiões, até para que saibamos como os nossos irmãos pensam em outros contextos de fé. Mas a proposta central do Espiritismo é a vivência do bem. E a caridade é o amor dinâmico. No Espiritismo sabemos dizer sim e sabemos dizer não. Fica claro, então, que estudar o Espiritismo na sua limpidez cristalina é dever que não nos é lícito postergar, seja qual for a justificativa. A educação encontra na doutrina as respostas precisas para melhor compreensão do educando e maior eficiência do educador no labor produtivo de ensinar a viver, oferecendo os instrumentos do conhecimento e da serenidade, da cultura e da experiência aos que estão começando no sublime caminho redentor. Meditemos mais, pois, nesta exortação: Espíritas! Amai-vos e instruí-vos! Num primeiro momento, nos é pedido que nos amemos. Podemos concluir, portanto, que precisamos aprender a nos suportar uns aos outros, nos compreender, e, acima de tudo, nos ajudar mutuamente, com verdadeiro espírito fraternal. Parece-nos que, embora ainda não tenhamos conseguido colocar em prática esta parte da proposta em toda a sua pujança, já compreendemos a sua necessidade e temos nos esforçado neste sentido. Entretanto, quando analisamos a prática da segunda parte, proposta na mesma frase, percebemos que nem sempre existe uma consciência sobre tal necessidade. Com o amor e a instrução alcançamos o avanço moral e adiantamento intelectual, ambos são imprescindíveis ao nosso progresso, sendo importante, contudo, ponderar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto o aspecto intelectual sem a moral pode oferecer numerosa perspectiva de queda, na repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será excessivo, representando o núcleo mais importante das energias evolutivas. Amar, sim, amar incondicionalmente; instruir, sim, e sempre, ou, fundamentalmente amar e em seguida instruir, aprender! Conforme proclama a Lei; é um princípio Divino; é uma regra universal! Logicamente, se assim aprendemos como teoria, assim também deverá ser feito no exercício do bem maior. Senão, estaremos propagando ilusões e isso não é Cristianismo e muito menos Espiritismo. O verdadeiro discípulo do Evangelho deve instruir amorosamente os seus adeptos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas. Essas instruções permitem-nos aceitar de forma resignada as circunstâncias adversas, entendendo-as como necessárias ao nosso progresso moral e espiritual. Como espírita que somos, procuremos dedicar toda a nossa atenção aos ensinamentos da Doutrina Espírita, com a intenção de externar nossa própria interpretação sobre os diversos temas abordados por ela, perfeitamente fundamentados nos conceitos contidos na codificação de Kardec, visto que, encontramos vários assuntos, que são comentados por muitos dos nossos confrades de maneira a nos deixar, perplexos, sem compreender o que dizem, pois, por mais que pesquisemos, não conseguimos encontrar respaldo na codificação elaborada pelos imortais da vida maior e tão bem explicitada no Pentateuco espírita, para justificar tais interpretações. Muito embora a conhecida, e extremamente citada, mensagem do Espírito de Verdade, “Espíritas, amai-vos! Espíritas, instruí-vos!”, percebemos que a busca pelo estudo ainda é pequena diante do enorme conteúdo que precisa ser devidamente compreendido e assimilado. Note-se especialmente a posição dos verbos nessa mensagem: Amar e Instruir. Amar significa doação incondicional ao nosso próximo, podendo estar ele em todos os ambientes que frequentamos. Em casa, no trabalho, e em nossas atividades corriqueiras do dia a dia, onde encontramos irmãos a nos pedir atenção, respeito e consideração. O segundo verbo - instruir - indica a necessidade de desenvolvimento do Espírito através do conhecimento, também responsável pela nossa ascensão na escala evolutiva. Parece clara, assim, a necessidade de aumentarmos os níveis de instrução, de estudo, de reflexão, de conhecimento, de modo continuado e permanente. Ler, estudar, refletir, aprender, aplicar. Hábitos que todos podemos e devemos cultivar sempre, visto que, como bem o sabemos, somos imortais e indestrutíveis, isto é, viveremos para sempre, ora no corpo físico ora fora dele, daí a grandíssima importância da instrução e do amor. O amor e a sabedoria são as duas asas do Espírito. O ideal seria que marchassem juntas. Porém, a evolução do homem se faz de maneira muito lenta. Por isso, o progresso científico e o progresso intelectual do homem estão sempre à frente e o progresso moral, bem atrás. Amando e estudando conseguiremos nos autoavaliar, averiguando quem somos, donde viemos e para onde iremos após a desencarnação, a fim de nos convencer do valor da nossa própria personalidade e à nossa própria elevação nos dediquemos. E o meio prático mais eficaz que temos de nos melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal, há milênios um sábio da antiguidade nos ensinou: “Conhece-te a ti mesmo”. Se não realizarmos um mergulho em nosso mundo íntimo, para superar as paixões, harmonizar com os adversários, perder-nos-emos no tumulto externo que nos cerca. O Evangelho nos fala do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Este autoamor é essencial para compreendermos a família, para termos paciência. Para não impor, tão-somente expor; instruir pelo exemplo e compreender que não poucas vezes a família é um desafio no mapa da reencarnação. Estamos diante de uma proposta que devemos dignificar pelo exemplo. A serenidade somente nos virá quando conseguirmos um autoconhecimento. Está no Evangelho: de que nos adianta saber muito, conquistar todo o mundo e arruinar a alma? A nossa inquietação de modificar os outros, fazer os outros “felizes”, sem estar feliz, é ficção, é inútil. É bom que reflitamos melhor no Ensinamento “AMAI-VOS e INSTRUÍ-VOS”, a fim de que ambos sejam usados com homogeneidade, por todos nós, na hora certa e no lugar certo, pois, só assim, viveremos em paz com Deus, com o nosso próximo e com a nossa própria consciência! Amar, sim, na hora de amar; instruir, sim, na hora de instruir, ou, primeiro amar e depois instruir! Tal é a Lei; é um princípio Divino; é uma regra geral! Evidente, se assim aprendemos como teoria, assim também deverá ser feito na prática. Ao contrário, é um engodo, é pura demagogia; não é também cristianismo, é falso Espiritismo. Reforçando o que já foi dito, a evolução é feita por duas asas, a primeira e mais importante, sem a menor dúvida, é a asa da moralidade, baseando-se no Amor maior, e essa é a mais difícil de conquistar, pois é o motivo maior de nossas existências vencer os sentimentos negativos, sair do círculo vicioso e ir para um círculo virtuoso em nossas vidas. A segunda é o conhecimento de si e do meio em que vivemos. Esse exige de nós vontade, persistência, muito suor para aprender. O importante é que o conhecimento sem o Amor se torna algo frio e não é isso que o Espírito de Verdade está nos ensinando no texto do Evangelho. Podemos alcançar o amor, no seu sentido mais amplo, podemos nos instruir, através das nossas lutas íntimas, através do nosso trabalho na Seara do Bem e através da nossa boa vontade. Lembremo-nos sempre, que temos na obra viga mestra, verdadeiro tratado filosófico que recebeu o nome de O Livro dos Espíritos, uma programação, um planejamento da Espiritualidade Superior. Jesus desejou que recebêssemos tais informações e estas nos chegaram, límpidas, claras, objetivas e lógicas. Como estamos cuidando desses dois verbos (amar e instruir) em nossas atividades? Será que se está dando a devida atenção aos mesmos?

Muita Paz!

A serviço da Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio necessário para uma vida feliz.

Leia Kardec! Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!

O amanhã é sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!

 

 

domingo, 4 de dezembro de 2022

 


Ingratidão, afeições destruídas!

A importância deste tema está na compreensão de uma das possíveis causas da ingratidão dos filhos ou de outras pessoas, como efeitos de nossas próprias faltas atuais ou de vidas passadas e do entendimento da evolução espiritual pelos laços de família. Muitos ingratos vão aparecer nas nossas vidas? Com certeza! Isso faz parte. Porém, temos que aprender a lidar com cada um deles, e não deixar que destruam a nossa capacidade de amar e de acreditar no amor verdadeiro e na mudança das pessoas. Haverá justificação para a ingratidão? As causas que, eventualmente, possam estar na origem de atitudes e comportamentos mal-agradecidos, acredita-se que sejam de natureza diversa e que, quaisquer que sejam os motivos, não justificam os procedimentos característicos da ingratidão: insensibilidade para reconhecer valores, sentimentos e atitudes recebidas, como, por exemplo: amabilidades, consideração, estima, amizade, solidariedade, lealdade. Falta de humildade, em certo tipo de personalidade? Esquecimento, puro e simples, de reconhecer um bem recebido? Ausência do hábito de agradecer àqueles que praticam o bem, em benefício concreto de outros? Falta de delicadeza para agradecer um simples favor? Vergonha de manifestar comportamentos suaves e atos de gratidão? Possivelmente outros motivos se poderiam invocar para os procedimentos e atitudes ingratos, ou pelo menos de não gratidão, todavia, o fato é que ela, a ingratidão, existe, se manifesta e, quantas vezes, magoa e ofende justamente quem ficaria feliz em receber o reconhecimento, um humilde sorriso generoso e sincero, um simples obrigado. Realmente, a ingratidão tem um “sabor” não muito agradável, mas não devemos permitir que ela nos abale e venha a ferir nosso caráter. A ingratidão é filha do egoísmo, pois o egoísta só pensa em si, em seus projetos e não liga para o esforço de quem o ajudou. A ingratidão é resultado de uma vida centrada em si mesmo. Muitas vezes, elas não percebem sua própria natureza ingrata. E continuam sendo ingratas vida afora. São várias as consequências negativas da ingratidão. Ela causa uma dor emocional e psicológica imensa. Nossa autoestima fica abalada, ficamos arrasados, como se não tivéssemos valor e significássemos nada para aquela pessoa. Sentimo-nos usados e tolos; desapoiados e desrespeitados. A ingratidão é considerada pelos maiores estudiosos do mundo, a mais terrível, inatural e maléfica atitude de um ser humano. A pessoa ingrata não reconhece o que fazemos por elas. Pelo contrário, ao conquistar o que desejava, parece fazer questão de apagar a página da vida onde consta o nosso auxílio quando mais precisou. E faz de conta que ninguém a ajudou a alcançar o sucesso. Gente precisa de gente, quem nunca ouviu isso? Nós necessitamos viver em sociedade, pois ninguém é capaz de viver sozinho. Quando vivemos em sociedade, colaboramos e temos a colaboração do próximo, é um relacionamento de harmonia. Os humanos sempre estão em dívida uns com os outros ou apenas agradecidos por um favor ou benefício que lhe foi dado. Mas saiba que as pessoas ingratas não percebem a característica da ingratidão, por vergonha ou por característica da sua personalidade. O ingrato não reconhece que, sem ajuda, não chegaria a lugar nenhum. Esquece com facilidade as coisas boas que lhe fizeram. Vive no seu mundo, busca apenas os seus próprios interesses. A ingratidão é falta de bom senso, de sabedoria, de visão e de humildade. O ingrato não vê o que os outros veem e nem sente o que os outros sentem, não por que não querem ou não desejam, mas por incapacidade, por fraqueza e ausência de amor. Há na cabeça do ingrato, um vazio de amor ao próximo que se manifesta permanentemente. Agora, e a ingratidão dos filhos, como superar? Dia desses, li um e-mail de uma mãe alegando sofrer demais com a ingratidão do filho. Estava ela numa cadeira de rodas, com o pé quebrado, e o rapaz, forte e saudável, recusou-se a ajudá-la. Naturalmente que, como mãe e ser humano que é, ficou chateada e começou a indagar: que fiz eu, meu Deus, para merecer filho tão ingrato, que em nada ajuda a mãe, mesmo quando ela necessita? Na visão Espírita, a ingratidão é uma prova para a nossa perseverança na prática do bem. Não nos cabe julgar os ingratos, porquanto eles serão submetidos à justiça divina. Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec pergunta na Questão 937: Para o homem de coração, as decepções oriundas da ingratidão e da fragilidade dos laços da amizade não são também uma fonte de amarguras? Os Espíritos responderam: “São; porém, deveis lastimar os ingratos e os infiéis; serão muito mais infelizes do que vós. A ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta topará mais tarde com corações insensíveis, como o seu próprio o foi. Lembrai-vos de todos os que hão feito mais bem do que vós, que valeram muito mais do que vós e que tiveram por paga a ingratidão. Lembrai-vos de que o próprio Jesus foi, quando no mundo, injuriado e menosprezado, tratado de velhaco e impostor, e não vos admireis de que o mesmo vos suceda. Seja o bem que houverdes feito a vossa recompensa na Terra e não atenteis no que dizem os que hão recebido os vossos benefícios. E ingratidão é uma prova para a vossa perseverança na prática do bem; ser-vos-á levada em conta e os que vos forem ingratos serão tanto mais punidos, quanto maior lhes tenha sido a ingratidão”. Aqui, os Espíritos nos dizem que a ingratidão em nossos caminhos será sempre um modo de testar o nosso coração na confiança em Deus. Compete à alma não fugir do problema surgido à sua frente, mas resolvê-lo. Certamente que a ingratidão fere, por vezes até aos Espíritos de ideias nobres, no entanto, eles buscam no coração e na caridade os meios de se livrarem desse magnetismo inferior lançado pelos ingratos. Por estes, deve-se orar com sinceridade, pois, são mais sofredores e precisam da nossa compreensão. Jesus já disse antes que eles não sabem o que fazem. Verdadeiramente, a ingratidão é um teste para os nossos sentimentos de amor e somente o trabalho no bem comum, o amor e a caridade podem e têm o poder de desfazê-lo, transformando-o em alegria e desejando que o ingrato conheça a verdade. Ninguém resiste ao amor; ele é a força que transmuta o ferro em ouro, que transforma o coração que odeia, em músculo divino que ama verdadeiramente. A ingratidão vem do egoísmo, como filha de tal desvio e sai por aí ofendendo corações despreparados. Mas, quando ela encontra o amor, se desfaz pelas bênçãos de Deus, cedendo lugar ao desprendimento, filho da fraternidade, e a alma reconhece que somente Jesus tem o poder de guiar Seu rebanho para o ambiente de Deus. Não devemos desejar, mas o egoísta encontrará nos seus caminhos a percorrer corações endurecidos, pela justiça não imposta por ele, porém, pela natureza. É lei colhermos o que semearmos. Lembremo-nos dos grandes personagens que estiveram ou estão na Terra, sofrendo as calúnias dos ingratos e que, no entanto, continuam amando a todos eles. São felizes, por postarem-se acima do mal, das injúrias e da maldade. Devemos, então, copiar os seus procedimentos; essas almas se encontram em todas as religiões, nas ciências e filosofias espiritualistas. São cidadãos universais, que já não usam como capas nenhuma das condições humanas, mas somente o amor, a caridade. As suas vidas são o Evangelho aberto, qual a natureza a nos dizer, para tudo e para todos, da paz de Deus. São como a chuva e o sol, o ar e a água. Não escolhem por onde passam para fazerem o bem, sendo eles o próprio bem circulando pelos canais do Cristo. Para consolo dos que são apedrejados, é bom nos lembrarmos de que Jesus, quando andando na Terra, amando, foi injuriado, apedrejado, cuspido, interpretado como salteador e inimigo, mas que nunca se desviou do Seu roteiro, e para provar a certeza que Ele tinha de amar, cedeu Sua vida na cruz, eternizando o bem e ainda perdoando a todos sem julgá-los como malfeitores, entendendo que aqueles que O agridem não sabem o que fazem. Portanto, não devemos nos admirar que aconteça o mesmo conosco; são testes por que devemos passar, dando-nos segurança por dentro, para nossa missão junto aos que ignoram a paz. Não precisamos mais de recompensa, a não ser o bem que fazemos aos outros. A nossa consciência responderá pelo que semeamos. Se o céu, como diz Jesus, está dentro da alma, devemos buscar esse céu do modo que a lei determina, e sentiremos a felicidade penetrar em nosso coração. A ingratidão, de certa maneira, é uma prova para a perseverança no bem e oportunidade para o perdão, esquecendo as ofensas. Sejamos fortes em Deus e brandos em Cristo, que o resto vem por acréscimo de misericórdia, e quando a luz acender em nosso coração, por muito amarmos, estaremos livres de todas as investidas daqueles que nos respondem pelo bem que fazemos pelas ingratidões. Novamente falamos: Eles não sabem o que fazem. O Espírito Santo Agostinho trata no tópico “A Ingratidão dos filhos e os laços de família”, em O Evangelho segundo o Espiritismo, e dá-nos sábias lições. Destaca que a ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Diz-nos o Espírito Agostinho que Deus não faz provas superiores às nossas forças, e que podemos vencer o complicado desafio da ingratidão dos filhos. Ele Indica para deixarmos de olhar apenas o presente e voltarmos os olhos ao passado para, com a ideia das múltiplas existências, encontrarmos um consolo e forças para prosseguir. Pois bem, não é tarefa fácil deixar de esperar reconhecimento, ainda mais de alguém tão ligado a nós pelos laços do coração e do sangue, como os filhos. O próprio Agostinho reconhece como são complicados os assuntos pertinentes ao coração. Muito mais difícil enfrentar a ingratidão do que a mesa escassa. Seria mesmo grande ingenuidade considerar que não brotará um mínimo de decepção no indivíduo que recebe a indiferença, quando não a aversão de alguém tão querido. Entretanto, vale lembrar que estamos no Planeta Terra, orbe de provas e expiações, e, portanto, o impossível é Deus errar. Logo, ingratidão, venha de quem vier é sempre algo possível e até comum de acontecer. Aliás, eis a vida mostrando isto em todos os instantes. O grande ponto é aprendermos a lidar com ela, a ingratidão, principalmente dos mais caros a nós. Ou, melhor, iniciarmos o processo de não esperar nada, absolutamente nada de quem quer que seja. Como fazer isto? É um trabalho íntimo que requer muito esforço, porém, é possível realizá-lo. Evoluir de tal modo que nosso agir seja sempre no bem, independentemente do que outras pessoas irão pensar ou falar, até porque isto não nos diz respeito. Treinar o desapego do reconhecimento, pois será isto que nos dará a independência do “Obrigado”. E buscar modificar a visão de caridade. A caridade que praticamos, o amor que doamos, as provas de renúncia e abnegação, o suor que vertemos em benefício alheio, em realidade, ajuda muito mais a nós do que ao outro, pois somos sempre os primeiros beneficiados pela caridade praticada. É como consta em O Evangelho segundo o Espiritismo, na mensagem de Lázaro denominada “O dever”. O dever, em primeiro lugar, é para comigo, depois com o outro. Ora, se o dever é para comigo, então, vou estender minha mão ao outro, pois será assim que trabalharei pela minha própria evolução. Quem acende em si a luz da caridade ilumina quem está ao redor e jamais ficará imerso nas trevas. Portanto, agradecer é dever de quem recebe, mas nem todos cumprem o dever. Entretanto, não esperar gratidão, reconhecimento ou mesmo um mero obrigado é o antídoto para livrar-se da decepção. Tornar a prática do bem um hábito, de tal modo que dia chegará em que agiremos no bem sem perceber, e de forma tão espontânea que agradeceremos quando recebermos e não cobraremos quando beneficiarmos. Assim, livres de nos sentirmos vítimas da ingratidão alheia, seguiremos nosso caminho sempre fazendo o bem, não por recompensa, mas porque é um hábito que adquirimos com muito treino e vontade de gozar um pouco de liberdade que só o bem nos concede. É, em particular, desse ponto de vista que a vamos considerar, para lhe analisar as causas e os efeitos. Também nesse caso, como em todos os outros, o Espiritismo projeta luz sobre um dos grandes problemas do coração humano. Kardec, em “O que é o Espiritismo”, expressa: “Se admitirmos a Justiça de Deus, não podemos deixar de admitir que esse efeito tem uma causa; e se esta causa não se encontra na vida presente, deve achar-se antes desta, porque em todas as coisas a causa deve preceder ao efeito; é, pois, necessário que a alma já tenha vivido, para que possa merecer uma expiação”.  Nada é por acaso! Pelos ensinos dos Espíritos Superiores, sabemos que as vicissitudes da vida corpórea constituem expiação das faltas do passado e provas para o futuro, embora o ser não conheça os atos praticados em existências anteriores. Se suportarmos com resignação as expiações e provações depuramo-nos e elevamo-nos. As naturezas das vicissitudes e das provas podem indicar o que fomos e fizemos, do mesmo modo que julgamos os atos de um culpado pela falta que lhe infligimos. Nesse sentido, o Espiritismo esclarece uma das possíveis causas da ingratidão dos filhos. Depois de uma existência, o Espírito leva consigo as paixões e as virtudes inerentes à sua natureza e aperfeiçoa-se no Espaço, ou permanece estacionário, até que deseje receber a luz. O Espírito cheio de ódio e desejoso de vingança revolta-se com a ideia do perdão. Contudo, este ser infeliz, após anos de meditações e preces, aproveita a oportunidade de um novo corpo em preparo na família daquele a quem detestou, e pede aos Espíritos incumbidos pelo seu planejamento reencarnatório permissão para lá viver uma nova chance de progresso. Pelo planejamento reencarnatório, se retornar como pai ou mãe, pedirá para reparar a sua falta perante o filho, a fim de ter melhor cuidado com ele. Entretanto, mergulhados na vida corpórea, os Espíritos perdem as lembranças do passado, das faltas e dos erros, mas trarão os traços dos sentimentos inferiores de forma instintiva. Os ressentimentos de existências anteriores provocam certos ódios e repulsas instintivas de filhos, dos pais, aparentemente injustificáveis. Por outro lado, como pais, temos a missão de cuidar e educar os filhos, corrigindo os possíveis desvios ou as más tendências, inclusive corrigindo a nós mesmos. Se não cumprir a sua responsabilidade de pai ou mãe, conduzindo seu filho para o caminho do bem, por sua culpa, o terá entre os Espíritos sofredores. Por isso, não condene o filho ingrato, pois um ou outro já odiou muito, ou foi muito ofendido. Um ou outro veio para perdoar ou expiar. A ingratidão do filho será para os pais, nesta vida, o começo de uma prova. Se não tiver êxito, Deus dará o consolo, pois um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor. A bondade de Deus nunca fecha a porta. Agradeça a Deus, sem queixas e com paciência, a oportunidade dada para vencer a prova, suportando a ingratidão do filho. Pelos laços de família, que constitui uma lei da Natureza, tem-se a oportunidade de aprendizado e evolução, tendo por fundamento o amor e a união, congregando ideais, sonhos, árduas tarefas, sofrimentos e valores. Arraigada em vidas passadas, a família é formada por agentes diversos, que se reencontram afetos e desafetos, amigos e inimigos, para os ajustes, os reajustes e os resgates indispensáveis. A família pelos laços espirituais fortalece-se pela purificação e se perpetua no mundo espiritual através das várias migrações da alma, porquanto na reencarnação o Espírito vem do espaço para progredir e as associações familiares na Terra têm as suas funções educadora e regenerativa. A proposta da evolução não é gerar apego, mas promover e ampliar a família no sentido do amor fraterno universal. A semente a ser plantada é a do amor incondicional, sem nada esperar em troca. A recompensa será a satisfação de ver os filhos trilhando o caminho do bem. Quem ama de verdade já está recompensado. Por tudo isso, acolha e auxilia os filhos. Não julgue o filho ingrato. Depois, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará por haver salvo alguns náufragos que poderão salvar outros. Faça o bem conscientemente, para qualquer pessoa, mesmo para quem lhe trata mal, pois isto será um tapa na maldade e pode curar, no mínimo você mesmo. Ajude sem esperar que as pessoas lhe agradeçam, sem contar com gratidão. Às vezes ela virá. Mas muitas vezes não. O que importa é que você ajudou a aliviar o sofrimento de alguém e sabe disto, tem consciência de que o que você fez realmente tem um valor de ajuda. Pensemos nisto!

Muita Paz!

A serviço da Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio necessário para uma vida feliz.

Leia Kardec! Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!

O amanhã é sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!

 

 

 

 

 

domingo, 27 de novembro de 2022

 


Hipocrisia, a máscara social!

Para ilustrar o presente texto, reproduzo uma estorinha popular: O Vendedor de queijos. Certa vez, em uma cidade do interior, um padeiro foi ao delegado e deu queixa do vendedor de queijos que, segundo ele, estava roubando, pois vendia 800 gramas de queijo e dizia estar vendendo um quilo. O delegado pegou o queijo de 1 quilo e constatou que só pesava 800 gramas e mandou então prender o vendedor de queijos, sob a acusação de estar fraudando a balança. O vendedor de queijos, ao ser notificado da acusação, confessou ao delegado que não tinha peso em casa, e por isso todos os dias comprava dois pães de meio quilo cada, colocava os pães em um prato da balança e o queijo em outro, e quando o fiel da balança se equilibrava ele então sabia que tinha um quilo de queijo. O delegado, para tirar a prova, mandou comprar dois pães na padaria do acusador e pôde constatar que dois pães de meio quilo se equivaliam a um quilo de queijo. Concluiu o delegado que quem estava fraudando a balança era o mesmo que estava acusando o vendedor de queijos. O juiz também é réu. Temos vícios e erros. Mas muitas vezes julgamos os outros sem antes olharmos para dentro de nós mesmos. Julgamos os vícios dos outros, sem perceber que temos vícios iguais ou piores. Assim, com a mesma voracidade que nós julgamos um dia seremos julgados. No décimo capítulo de O Evangelho segundo o Espiritismo, item 10, lê-se: Um dos defeitos da Humanidade é ver o mal de outrem antes de vê-lo em nós. Para julgar-se a si mesmo, seria preciso poder olhar-se num espelho, transportando-se de alguma forma, para fora de si, e se considerar como uma outra pessoa, perguntando-se: o que pensaria eu se visse alguém fazer o que faço?”, comentou Kardec. Existe uma regra básica para ser obedecida ao formularmos uma censura a alguém: é dirigi-la a nós próprios em primeiro lugar, procurando avaliar se não a teremos merecido também. Ou seja, deveríamos olhar demoradamente para nós próprios antes de pensarmos em julgar os outros (Molière). Hipocrisia é uma palavra originalmente usada para qualificar atores que ocultavam a realidade por trás das máscaras. Deriva do latim hypocrisis e do grego hypokrisía, ambos significando a representação de um ator, atuação, fingimento (no sentido artístico), qualificação dos artistas de teatro com habilidade para imitar a fala, fingir gestos e modos de outra pessoa. Atualmente, hipocrisia é o ato de forjar sentimentos, comportamentos e virtudes que não se possui. Ocorre quando uma pessoa, incapaz de ser verdadeira, simula condutas e exige do outro aquilo que nem ela mesma possui. Aos poucos esse comportamento se torna um padrão, chegando num nível onde a máscara vira rosto, ficando praticamente impossível separá-los. Um exemplo clássico de ato hipócrita é denunciar alguém por realizar alguma ação enquanto realiza ou realizava a mesma ação. Os hipócritas mostram-se, em geral, afáveis, com voz macia, parecendo evoluídos, capazes de transmitir grandes ensinamentos de púlpito para os seus iludidos circunstantes. São adeptos daquele conhecido princípio: “Faze o que eu mando, mas não faças o que eu faço”, quer dizer, perdão, fraternidade, igualdade, caridade, humildade e decência são somente para outros. Sim, suas pretensões os enceguecem de uma forma tal que, no momento em que levantam a voz, transformam-se em talentosos atores ou atrizes, a ponto de representarem um personagem imaculado, de uma impressionante e comovente dramaticidade. Dividamos agora os hipócritas em duas categorias. Dividamo-los em duas categorias distintas: (a) hipócritas-egoístas; (b) hipócritas-vaidosos. Os da categoria a, os egoístas, são uma espécie de impostor que “gosta de levar vantagem em tudo”, aproveitam-se da sua farsa para satisfazer seus egoísticos interesses mundanos. Os da categoria b, isto é, os vaidosos, são aqueles que desejam mais, a qualquer custo, merecer a admiração de todos; o destaque, o brilho, tendo todo o cuidado de aparentar desinteresse, modéstia. Não é fácil desmascarar estes últimos. Diferentes dos da categoria (a) que, se descobertos, não dão a mínima para o que pensem deles, estes últimos, ocultos atrás da máscara da pseudomodéstia, fazem-se de vítima. Vale ressaltar, no entanto, que tais qualidades podem até se resumir em uma ou em outra categoria, sendo ambas as espécies de hipócritas por demais parecidas. Esforçando-se por realizar obras benemerentes, eles têm boas palavras, frases que impressionam para que os outros pensem que são realmente bonzinhos, caridosos, justos e acima de qualquer suspeita. No íntimo, num ou noutro caso, eles sempre ambicionam algo. Os hipócritas não passam de pessoas sem nenhuma seriedade e, de contínuo, não têm palavra, é claro, como todo bom impostor que se preze. Ainda que ajudem asilos, hospitais, os pobres com a cesta básica, o agasalho, a cadeira de rodas, o enxoval de bebê da mãe solteira etc., no fundo, vivem de uma impostura. Só pessoas de uma certa maturidade do senso moral é que têm mais facilidade de entender-lhes os propósitos, de divisar-lhes a arrogância maquiada de simplicidade. Pois é, os dessa categoria são os hipócritas dos hipócritas, os mais difíceis de acusar o fundo das intenções. Ao contrário dos da categoria (a), se revelados, não poupam esforços para o revertério de um quadro desfavorável como se o destino os tivesse feito sucumbir a uma grande e injusta tragédia. (Esta categoria, de algum modo, tem muito a ver com os antigos escribas e fariseus). Uma das dificuldades daqueles que dizem viver de uma realidade e vivem outra completamente diferente é que passam a não enxergar as suas próprias falhas e enganos. Eles veem a todo tempo os erros alheios, os problemas e o que os “outros” fazem de mal, mas nunca reconhecem que eles próprios precisam e podem melhorar em vários sentidos. Não querem enxergar nem retirar as suas próprias falhas antes de poder alertar os outros. Os hipócritas também desconfiam de tudo e todos. Na verdade agem assim porque eles próprios são capazes de fazer todo o mal que sugerem que outros estão fazendo. Li um pensamento atribuído ao filósofo da linguagem norte-americano Noam Chomsky: “Os hipócritas são aqueles que aplicam aos outros os padrões que se recusam a aceitar para si mesmos”. O Mestre Jesus não transigiu em tempo algum com a hipocrisia. A prova é tanta que usou de todo o rigor com os escribas e fariseus, considerando-os modelo de hipócritas. Apesar disso, Jesus foi indulgente com as “pessoas de má vida”, com o “bom ladrão”, especialmente com aqueles que O insultaram, condenaram na cruz, dando a entender que ser hipócrita é pior que ser criminoso, que ser adúltero. Será que devemos nos omitir ante o erro da hipocrisia? Será que neste mundo, por não ser perfeito, o homem não pode se queixar de alguém? O que dizem os Espíritos a esse respeito, à luz da sua Doutrina, sabedores de que Jesus recomendara o “não julgueis a fim de que não sejais julgados”? Disse ainda aos escribas e fariseus: “Aquele que não tiver pecado, que atire a primeira pedra”. Graças aos Espíritos, podemos entender o que quis dizer Jesus nas mencionadas frases, do seguinte modo: ao nos queixarmos do próximo, ao difundir suas falhas, impomos a nós próprios o dever de nos mostrarmos e nos mantermos condignos do mérito que julgamos possuir. Quem aponta os defeitos de alguém tem de necessariamente possuir mais virtudes que ele, embora neste mundo seja difícil alguém possuir todas as qualidades morais no mais alto grau da escala de valores espirituais. Mas, às vezes, temos mesmo obrigação de apontar a falta alheia. Consultando este guia seguro, O Evangelho segundo o Espiritismo, encontramos uma mensagem do Espírito São Luís, no capítulo X, item 19. Diz ele que todos temos o direito de repreender o próximo, uma vez que cada um deve trabalhar para o progresso coletivo; no entanto, afirma: “Repreender com moderação, com um fim útil, e não como se faz, geralmente, pelo gosto de denegrir”. Conforme o Mentor de Kardec, deve-se corrigir o mal no próximo, mas com bastante prudência, objetivando ajudar para não acarretar prejuízos a terceiros. Devemos repreender, mas com moderação, de acordo com o dizer do Espírito. Então é um dever desmascarar o hipócrita antes que possa causar danos a muitos? Sim! O espírita sincero jamais contemporizará com a manifestação das falsas virtudes, exercendo ele próprio o decoro em quaisquer momentos da sua vida, honrando compromissos com os seus irmãos e, principalmente, com aqueles mais próximos, consoante ensinamentos de Jesus. Olhar a outra pessoa com o coração. Essa frase parece estranha, pois nós olhamos com os olhos e não com o coração. Mas estou utilizando essa expressão um tanto poética para dizer que o nosso olhar deve ter sempre uma fonte de julgamento: o coração. Isso porque, sempre que olhamos para alguém, acontece naturalmente um julgamento, uma análise. Vemos o seu exterior, a situação que se nos apresenta. Quantas vezes olhamos para uma pessoa e a realidade dela, naquele momento, é reprovável ou triste! Outras vezes, olhamos a atitude errada de alguém e logo  julgamos e  condenamos somente com o olhar. Noutro momento, a situação é bela e grandiosa: alguém fazendo o bem, outra sendo generosa, e o aprovamos de imediato. A reflexão que estou partilhando com você é esta: o julgamento que exprimo com meu olhar reflete a realidade interior que estou vivendo. A Bíblia diz que o olho é o espelho da alma. Por isso, muitas vezes, quando não estamos bem, quando nosso interior está machucado pelas agressões que a vida nos proporciona, quando perdemos o sentido para fazer algumas coisas, ou estamos precisando ser amados, normalmente vemos e julgamos de forma negativa as situações e as pessoas. Para olharmos o mundo com afeto, isto é, transformarmos este olhar em um olhar positivo, é preciso curar o próprio coração. Muitos dão nome a isso de cura interior. Todos precisamos de cura interior. E esse é um processo que começa quando temos a coragem de apresentar a Deus as nossas feridas, fraquezas, pecados e imperfeições, também os sofrimentos que a vida nos proporcionou, as pessoas que nos feriram, e pedir que a força redentora de Cristo atinja tudo isso e restaure, com o Seu supremo Amor, os sentimentos do nosso coração. Somente um coração curado poderá fazer com que você e eu possamos ver o mundo e as pessoas com um olhar generoso, capaz de obscurecer os erros e elevar as suas qualidades. Eu quero chamar isso de “olhar a pessoa com o coração”, mas com um coração renovado e curado. Então, a dica que eu deixo para você é: procure curar o seu coração, reze nesse sentido e peça a Jesus a sua cura interior. De tudo o que foi exposto depreendemos que, temos de combater o mal, sim, sem, contudo, oprimir, esmagar quem o pratica, caso contrário estaremos automaticamente a incorrer em contradição. O bom senso manda admoestar sem difamar para não expandir sentimentos de vingança, mesmo que alguém tenha feito por onde. Hipócritas de qualquer setor humano, sobretudo o religioso, podem iludir os homens; todavia, jamais a Deus que tudo vê e sabe o que se passa no fundo do coração de cada um de nós. É pela árvore que se conhece os frutos. Se você busca a melhoria de algum fato que faz parte de sua vida, faça uma autocrítica antes de criticar os demais. Quais são os pontos que você pode melhorar? Quais são seus erros e como pode consertá-los? Feito isso, você terá melhor capacidade e argumento mais fundamental. Concluo este texto com uma mensagem de Dufêtre, bispo de Nevers, constante em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. X, item 18. Caros amigos, sede severos convosco, indulgentes para as fraquezas dos outros. É esta uma prática da santa caridade, que bem poucas pessoas observam. Todos vós tendes maus pendores a vencer, defeitos a corrigir, hábitos a modificar; todos tendes um fardo mais ou menos pesado a alijar, para poderdes galgar o cume da montanha do progresso. Por que, então, haveis de mostrar-vos tão clarividentes com relação ao próximo e tão cegos com relação a vós mesmos? Quando deixareis de perceber, nos olhos de vossos irmãos, o pequenino argueiro que os incomoda, sem atentardes na trave que, nos vossos olhos, vos cega, fazendo-vos ir de queda em queda? Crede nos vossos irmãos, os Espíritos. Todo homem, bastante orgulhoso para se julgar superior, em virtude e mérito, aos seus irmãos encarnados, é insensato e culpado: Deus o castigará no dia da sua justiça. O verdadeiro caráter da caridade é a modéstia e a humildade, que consistem em ver cada um apenas superficialmente os defeitos de outrem e esforçar-se por fazer que prevaleça o que há nele de bom e virtuoso, porquanto, embora o coração humano seja um abismo de corrupção, sempre há, nalgumas de suas dobras mais ocultas, o gérmen de bons sentimentos, centelha vivaz da essência espiritual. Espiritismo! Doutrina consoladora e bendita! Felizes dos que te conhecem e tiram proveito dos salutares ensinamentos dos Espíritos do Senhor! Para esses, iluminado está o caminho, ao longo do qual podem ler estas palavras que lhes indicam o meio de chegarem ao termo da jornada: caridade prática, caridade do coração, caridade para com o próximo, como para si mesmo; numa palavra: caridade para com todos e amor a Deus acima de todas as coisas, porque o amor a Deus resume todos os deveres e porque impossível é amar realmente a Deus, sem praticar a caridade, da qual fez ele uma lei para todas as criaturas. Assim sendo, preciso se faz ter a perfeita medida das nossas obrigações, mudando nossa atitude de fiscais do serviço dos outros e nos dedicando, com alegria e discernimento, ao trabalho de transformação do homem velho que habita em nós há tantos séculos, para dar oportunidade ao nascimento e crescimento do homem novo que jaz esquecido no imo do nosso ser.

Muita Paz!

A serviço da Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio necessário para uma vida feliz.

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O amanhã é sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!

 

 

domingo, 20 de novembro de 2022

 


Viver para Deus

Ainda nos dias de hoje temos ordens religiosas inteiramente divorciadas do mundo, em completo isolamento, com a justificativa de que seus membros “vivem para Deus”, e assim trabalham para retirar de si qualquer resquício de paixões e vícios. Ficam em meditação, trabalhos manuais, orações, jejuns, cantos e silêncio, isolados da convivência social. Segundo essas ordens religiosas, as mais diversas, seus adeptos candidatam-se ao reino dos céus pelo virtuosismo que demonstram, mortificando o corpo, não se contaminando com as impurezas humanas e, assim, alcançando pureza espiritual. Perguntamos: será que esse é o caminho para sublimação espiritual e conquista da felicidade após a morte? Será que o isolamento da vida social é sinônimo de autoconhecimento em plenitude? Para ilustrar o tema, fomos buscar no livro “Contos e Apólogos”, o conto A Divina Visão, pelo Espírito Irmão X. Com a palavra o autor: Muitos anos orara certa devota, implorando uma visão do Senhor. Mortificava-se. Aflitivas penitências alquebraram-lhe o corpo e a alma. Exercitava não somente rigorosos jejuns. Confiava-se a difícil adestramento espiritual e entesourara no íntimo preciosas virtudes cristãs. Em verdade, a adoração impelira-a ao afastamento do mundo. Vivia segregada, quase sozinha. Mas, a humildade pura lhe constituía cristalina fonte de piedade. A oração convertera-se-lhe na vida em luz acesa. Renunciara às posses humanas. Mal se alimentava. Da janela ampla de seu alto aposento, convertido em genuflexório, fitava a amplidão azul, entre preces e evocações. Muitas vezes notava que largo rumor de vozes vinha de baixo, da via pública. Não se detinha, porém, nas tricas dos homens. Aprazia-lhe cultivar a fé sem mácula, faminta de integração com o Divino Amor. Em muitas ocasiões, olhos lavados em lágrimas, inquiria, súplice, ao Alto: - Mestre, quando virás? Findo o colóquio sublime, voltava aos afazeres domésticos. Sabia consagrar-se ao bem das pessoas que lhe eram queridas. Carinhosamente distribuía a água e o pão à mesa. Em seguida, entregava-se a edificante leitura de páginas seráficas (relativo aos Serafins). Mentalizava o exemplo dos santos e pedia-lhes força para conduzir a própria alma ao Divino Amigo. Milhares de dias alongaram-lhe a expectação. Rugas enormes marcavam-lhe, agora, o rosto. A cabeleira, dantes basta e negra, começava e encanecer. De olhos pousados no firmamento, meditava sempre, aguardando a visita Celestial. Certa manhã ensolarada, sopitando a emoção, viu que um ponto luminoso se formara no espaço, crescendo...  crescendo...  até que se transformou na excelsa figura do Benfeitor Eterno. O inesquecível amado como que lhe vinha ao encontro. Que preciosa mercê lhe faria o Salvador? Arrebatá-la-ia ao paraíso? Enriquecê-la-ía com o milagre de santas revelações? Estática, balbuciando comovedora súplica, reparou, no entanto, que o Mestre passou junto dela, como se lhe não percebesse a presença. Entre o desapontamento e a admiração, viu que Jesus parara mais adiante, na intimidade com os pedestres distraídos. Incontinente, contando a custo o coração no peito, desceu até à rua e, deslumbrada, abeirou-se dele e rogou, genuflexa; - Senhor, digna-te receber-me por escrava fiel! Mostra-me a tua vontade! Manda e obedecerei! O Embaixador Divino afagou-lhe os cabelos e respondeu: - Ajuda-me aqui e agora! Passará, dentro em pouco, pobre menino recém-nascido. Não tem pai que o ame na Terra e nem lar que o reconforte. Na aparência, é um rebento infeliz de apagada mulher. Entretanto, é valioso trabalhador do Reino de Deus, cujo futuro nos cabe prevenir. Ajudemo-lo, bem como a tantos outros irmãos necessitados, aos quais devemos amparar com nosso amor e dedicação. Logo após, por mais se esforçasse, ela nada mais viu. O Mestre como que se fundira na neblina esvoaçante. De alma renovada, porém, aguardou o momento de servir. E, quando infortunada mãe apareceu, abraçando um anjinho enfermo, a serva do Cristo socorreu-a, de pronto, com alimentação adequada e roupa agasalhante. Desde então, a devota transformada não mais esperou por Jesus, imóvel e zelosa, na janela de seu alto aposento. Depois da prece curta, descia para o trabalho à multidão desconhecida, na execução de tarefas aparentemente sem importância, fosse para lavar a ferida de um transeunte, para socorrer uma criancinha doente, ou para levar uma palavra de ânimo ou consolo.

Reflexão:

O ser humano, por natureza, é um ser relacional, assim, a vida social é-lhe natural, pois com os outros ele tem a possibilidade de realizar aprendizados e de se desenvolver, enquanto que, sozinho, isolado, ele não encontrará oportunidades de desenvolver seu potencial divino, seja no campo intelectual quanto no campo afetivo. O homem, inquestionavelmente, é um ser gregário, organizado pela emoção para a vida em sociedade. O seu insulamento, a pretexto de servir a Deus, constitui uma violência à lei natural, caracterizando-se por uma fuga injustificável às responsabilidades do dia a dia. Tratando desse tema, Allan Kardec, ao tratar da encarnação como necessária para o Espírito realizar seu progresso intelectual e moral, afirma: “O progresso intelectual é realizado pela atividade que é obrigado a desenvolver nos seus trabalhos. O progresso moral, pela necessidade das relações mútuas entre os homens. A vida social é a pedra de toque das boas e das más qualidades”. Sem a vida social, sem o relacionamento com outros Espíritos encarnados, como haveremos de nos desenvolver? Não é possível explorar a natureza, criar técnicas e ampliar conhecimentos vivendo isoladamente, sem contato com outro ser vivente. O trabalho ficará restrito ao necessário para a sobrevivência e o progresso se arrastará indefinidamente, o que não condiz com a grandeza e perfeição de Deus. Do ponto de vista moral, somente provaremos nossas virtudes e combateremos nossos vícios na relação com os outros. As qualidades morais que enobrecem o caráter não surgem sem esforços e sem as provas necessárias que somente podem acontecer na vida social, vivendo com os outros. Sabemos que a oração é o ato de louvar e agradecer a Deus e aos Espíritos superiores. A oração sincera, sentida, além de gerar ondas que atravessam o Universo pode ser recebida nos mais diferentes planos espirituais. O que impulsiona a oração é o sentimento sincero, é o desejo firme daquilo que nos move a orar. Não existe oração sem sentimento. Além disto, a oração fecunda predispõe aquele que a utiliza a agir no sentido de melhorar-se, de evoluir seu estado, afim de obter aquilo que deseja. É o sentido pleno do pedi e obtereis, movimentar-se para atingi-lo. Todos nós conhecemos pessoas que dedicam sua vida à devoção a Deus e a Jesus, nosso Mestre e guia maior que se constitui no caminho, na verdade e na vida. Mas é preciso observar que a fé, por mais fervorosa que seja, não será capaz de substituir as obras na evolução e na iluminação do ser. Passar a vida em adoração ou louvação é perder a oportunidade de exercitar o que a vida nos impõe, a experiência na doação de si mesmo e na construção de um mundo melhor. Aqueles que se retiram da vida no intuito de purificar o coração e o espírito, impedindo que o contato com o mundo possa maculá-lo, enganam-se quanto ao caminho da elevação. Jesus, nosso guia maior, exemplificou com o contato com as pessoas, vivendo entre todos: ricos e pobres; doentes e sãos; poderosos e pequenos, aproveitando as oportunidades para levar a todos sua verdade e seu exemplo de fé. Falava de um Pai compassivo, amoroso, misericordioso, justo, e que trabalha incessantemente para manutenção do Universo. Assim, a devoção de Jesus não deve fazer com que o devoto ou o candidato à elevação afaste-se da luta. A devoção a Jesus requer a construção de um mundo melhor; requer a doação de si para amenizar dores e sofrimentos; fechar feridas e chagas; harmonizar e reequilibrar o que está em desequilíbrio. Amor requer ação; amor em ação é o que chamamos caridade. Muitas pessoas que se dedicam à religião, não importando qual seja, pois, todas têm o mesmo objetivo moral de elevar o homem, preocupam-se em não fazer o mal, em manter-se ligados em oração com Jesus ou com Deus. Oram sempre que podem; comparecem à casa religiosa com frequência; praticam, muitas vezes, abstinência e jejuns, como recomendado por algumas seitas, mas vivem voltados para si mesmos, buscando iluminar-se apenas pelo contato com a espiritualidade superior. A Lei de Deus, entretanto, é uma lei de justiça e de caridade. É imutável e se aplica a todas as criaturas. Ninguém há de se tornar santo por manter-se ligado em oração com a divindade, dando graças, louvores, e pedindo a oportunidade de iluminação. Cada qual deverá seguir o seu próprio caminho, vivendo suas provas e expiações, aprendendo e crescendo com o exercício da vida. A oração, para aquele que vive, será sempre um instrumento de apoio e de iluminação dos seres que ajuda a suportar as condições e adversidades que lhes são próprias. Mas ela em si nada fará, se não houver o mérito da ação e da lição aprendida. Louvar, agradecer e pedir são práticas habituais de todos nós. Mas a elas devemos acrescentar servir, doar de si, trabalhar, viver, experimentar. Muitas são as dores desse mundo de provas e de expiações, e o devoto que deseja habilitar-se à elevação, deve estar pronto para agir. Esta é a maior das orações, o exemplo do serviço. Dependendo dos nossos sentimentos sinceros de servir, seremos instrumento da misericórdia do Pai para com aquele que sofre, e que nos bate à porta ou que cruza nosso caminho. O poder do exemplo de Jesus está aí há mais de dois mil anos a nos convidar. Do mesmo jeito que elevamos os pensamentos para pedir, Ele também nos convida ao trabalho fraterno produtivo, construtivo de um mundo melhor. Convida-nos à reforma interior; a aquisição de valores e ao trabalho que engrandece e ensina. Convida-nos a abandonar os velhos hábitos e costumes e a viver no poder de Seu amor, deixando nascer um homem novo, sincero, verdadeiro, que luta para combater suas fraquezas e suas imperfeições. Não devemos aguardar que Jesus venha até nós; não devemos invocar a companhia dos Espíritos superiores, ao contrário, devemos atender ao seu convite e trilhar o caminho do serviço ao próximo e da humildade. O devoto de Jesus deve aprender com a dedicação e a caridade, tornando-se um médium do Cristo, e, aí então, candidatar-se à elevação e a pureza. Só os puros verão a Deus.

Muita Paz!

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