INTRODUÇÃO
O objetivo desse Blog é levar você a uma reflexão maior sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio
necessário para uma vida saudável e produtiva.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Prezados irmãos e amigos. Não pretendo com esse Blog modificar o pensamento das pessoas. Não tenho a pretensão de ser dono da verdade, pois acredito que nenhuma religião ou seita detém o privilégio de monopolizá-la. Apenas estou transmitindo informações, demonstrando a minha crença, a minha verdade. Cabe a cada indivíduo a escolha de como quer entender as coisas do mundo em que vive, como quer viver a sua vida, e quais os métodos que quer utilizar para suas colheitas. Como disse Jesus, "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", ou seja, o plantio é opcional, você planta o que quiser, mas vai colher o que plantar. Por isto, muito cuidado com o que semear.
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domingo, 20 de novembro de 2022

 


Viver para Deus

Ainda nos dias de hoje temos ordens religiosas inteiramente divorciadas do mundo, em completo isolamento, com a justificativa de que seus membros “vivem para Deus”, e assim trabalham para retirar de si qualquer resquício de paixões e vícios. Ficam em meditação, trabalhos manuais, orações, jejuns, cantos e silêncio, isolados da convivência social. Segundo essas ordens religiosas, as mais diversas, seus adeptos candidatam-se ao reino dos céus pelo virtuosismo que demonstram, mortificando o corpo, não se contaminando com as impurezas humanas e, assim, alcançando pureza espiritual. Perguntamos: será que esse é o caminho para sublimação espiritual e conquista da felicidade após a morte? Será que o isolamento da vida social é sinônimo de autoconhecimento em plenitude? Para ilustrar o tema, fomos buscar no livro “Contos e Apólogos”, o conto A Divina Visão, pelo Espírito Irmão X. Com a palavra o autor: Muitos anos orara certa devota, implorando uma visão do Senhor. Mortificava-se. Aflitivas penitências alquebraram-lhe o corpo e a alma. Exercitava não somente rigorosos jejuns. Confiava-se a difícil adestramento espiritual e entesourara no íntimo preciosas virtudes cristãs. Em verdade, a adoração impelira-a ao afastamento do mundo. Vivia segregada, quase sozinha. Mas, a humildade pura lhe constituía cristalina fonte de piedade. A oração convertera-se-lhe na vida em luz acesa. Renunciara às posses humanas. Mal se alimentava. Da janela ampla de seu alto aposento, convertido em genuflexório, fitava a amplidão azul, entre preces e evocações. Muitas vezes notava que largo rumor de vozes vinha de baixo, da via pública. Não se detinha, porém, nas tricas dos homens. Aprazia-lhe cultivar a fé sem mácula, faminta de integração com o Divino Amor. Em muitas ocasiões, olhos lavados em lágrimas, inquiria, súplice, ao Alto: - Mestre, quando virás? Findo o colóquio sublime, voltava aos afazeres domésticos. Sabia consagrar-se ao bem das pessoas que lhe eram queridas. Carinhosamente distribuía a água e o pão à mesa. Em seguida, entregava-se a edificante leitura de páginas seráficas (relativo aos Serafins). Mentalizava o exemplo dos santos e pedia-lhes força para conduzir a própria alma ao Divino Amigo. Milhares de dias alongaram-lhe a expectação. Rugas enormes marcavam-lhe, agora, o rosto. A cabeleira, dantes basta e negra, começava e encanecer. De olhos pousados no firmamento, meditava sempre, aguardando a visita Celestial. Certa manhã ensolarada, sopitando a emoção, viu que um ponto luminoso se formara no espaço, crescendo...  crescendo...  até que se transformou na excelsa figura do Benfeitor Eterno. O inesquecível amado como que lhe vinha ao encontro. Que preciosa mercê lhe faria o Salvador? Arrebatá-la-ia ao paraíso? Enriquecê-la-ía com o milagre de santas revelações? Estática, balbuciando comovedora súplica, reparou, no entanto, que o Mestre passou junto dela, como se lhe não percebesse a presença. Entre o desapontamento e a admiração, viu que Jesus parara mais adiante, na intimidade com os pedestres distraídos. Incontinente, contando a custo o coração no peito, desceu até à rua e, deslumbrada, abeirou-se dele e rogou, genuflexa; - Senhor, digna-te receber-me por escrava fiel! Mostra-me a tua vontade! Manda e obedecerei! O Embaixador Divino afagou-lhe os cabelos e respondeu: - Ajuda-me aqui e agora! Passará, dentro em pouco, pobre menino recém-nascido. Não tem pai que o ame na Terra e nem lar que o reconforte. Na aparência, é um rebento infeliz de apagada mulher. Entretanto, é valioso trabalhador do Reino de Deus, cujo futuro nos cabe prevenir. Ajudemo-lo, bem como a tantos outros irmãos necessitados, aos quais devemos amparar com nosso amor e dedicação. Logo após, por mais se esforçasse, ela nada mais viu. O Mestre como que se fundira na neblina esvoaçante. De alma renovada, porém, aguardou o momento de servir. E, quando infortunada mãe apareceu, abraçando um anjinho enfermo, a serva do Cristo socorreu-a, de pronto, com alimentação adequada e roupa agasalhante. Desde então, a devota transformada não mais esperou por Jesus, imóvel e zelosa, na janela de seu alto aposento. Depois da prece curta, descia para o trabalho à multidão desconhecida, na execução de tarefas aparentemente sem importância, fosse para lavar a ferida de um transeunte, para socorrer uma criancinha doente, ou para levar uma palavra de ânimo ou consolo.

Reflexão:

O ser humano, por natureza, é um ser relacional, assim, a vida social é-lhe natural, pois com os outros ele tem a possibilidade de realizar aprendizados e de se desenvolver, enquanto que, sozinho, isolado, ele não encontrará oportunidades de desenvolver seu potencial divino, seja no campo intelectual quanto no campo afetivo. O homem, inquestionavelmente, é um ser gregário, organizado pela emoção para a vida em sociedade. O seu insulamento, a pretexto de servir a Deus, constitui uma violência à lei natural, caracterizando-se por uma fuga injustificável às responsabilidades do dia a dia. Tratando desse tema, Allan Kardec, ao tratar da encarnação como necessária para o Espírito realizar seu progresso intelectual e moral, afirma: “O progresso intelectual é realizado pela atividade que é obrigado a desenvolver nos seus trabalhos. O progresso moral, pela necessidade das relações mútuas entre os homens. A vida social é a pedra de toque das boas e das más qualidades”. Sem a vida social, sem o relacionamento com outros Espíritos encarnados, como haveremos de nos desenvolver? Não é possível explorar a natureza, criar técnicas e ampliar conhecimentos vivendo isoladamente, sem contato com outro ser vivente. O trabalho ficará restrito ao necessário para a sobrevivência e o progresso se arrastará indefinidamente, o que não condiz com a grandeza e perfeição de Deus. Do ponto de vista moral, somente provaremos nossas virtudes e combateremos nossos vícios na relação com os outros. As qualidades morais que enobrecem o caráter não surgem sem esforços e sem as provas necessárias que somente podem acontecer na vida social, vivendo com os outros. Sabemos que a oração é o ato de louvar e agradecer a Deus e aos Espíritos superiores. A oração sincera, sentida, além de gerar ondas que atravessam o Universo pode ser recebida nos mais diferentes planos espirituais. O que impulsiona a oração é o sentimento sincero, é o desejo firme daquilo que nos move a orar. Não existe oração sem sentimento. Além disto, a oração fecunda predispõe aquele que a utiliza a agir no sentido de melhorar-se, de evoluir seu estado, afim de obter aquilo que deseja. É o sentido pleno do pedi e obtereis, movimentar-se para atingi-lo. Todos nós conhecemos pessoas que dedicam sua vida à devoção a Deus e a Jesus, nosso Mestre e guia maior que se constitui no caminho, na verdade e na vida. Mas é preciso observar que a fé, por mais fervorosa que seja, não será capaz de substituir as obras na evolução e na iluminação do ser. Passar a vida em adoração ou louvação é perder a oportunidade de exercitar o que a vida nos impõe, a experiência na doação de si mesmo e na construção de um mundo melhor. Aqueles que se retiram da vida no intuito de purificar o coração e o espírito, impedindo que o contato com o mundo possa maculá-lo, enganam-se quanto ao caminho da elevação. Jesus, nosso guia maior, exemplificou com o contato com as pessoas, vivendo entre todos: ricos e pobres; doentes e sãos; poderosos e pequenos, aproveitando as oportunidades para levar a todos sua verdade e seu exemplo de fé. Falava de um Pai compassivo, amoroso, misericordioso, justo, e que trabalha incessantemente para manutenção do Universo. Assim, a devoção de Jesus não deve fazer com que o devoto ou o candidato à elevação afaste-se da luta. A devoção a Jesus requer a construção de um mundo melhor; requer a doação de si para amenizar dores e sofrimentos; fechar feridas e chagas; harmonizar e reequilibrar o que está em desequilíbrio. Amor requer ação; amor em ação é o que chamamos caridade. Muitas pessoas que se dedicam à religião, não importando qual seja, pois, todas têm o mesmo objetivo moral de elevar o homem, preocupam-se em não fazer o mal, em manter-se ligados em oração com Jesus ou com Deus. Oram sempre que podem; comparecem à casa religiosa com frequência; praticam, muitas vezes, abstinência e jejuns, como recomendado por algumas seitas, mas vivem voltados para si mesmos, buscando iluminar-se apenas pelo contato com a espiritualidade superior. A Lei de Deus, entretanto, é uma lei de justiça e de caridade. É imutável e se aplica a todas as criaturas. Ninguém há de se tornar santo por manter-se ligado em oração com a divindade, dando graças, louvores, e pedindo a oportunidade de iluminação. Cada qual deverá seguir o seu próprio caminho, vivendo suas provas e expiações, aprendendo e crescendo com o exercício da vida. A oração, para aquele que vive, será sempre um instrumento de apoio e de iluminação dos seres que ajuda a suportar as condições e adversidades que lhes são próprias. Mas ela em si nada fará, se não houver o mérito da ação e da lição aprendida. Louvar, agradecer e pedir são práticas habituais de todos nós. Mas a elas devemos acrescentar servir, doar de si, trabalhar, viver, experimentar. Muitas são as dores desse mundo de provas e de expiações, e o devoto que deseja habilitar-se à elevação, deve estar pronto para agir. Esta é a maior das orações, o exemplo do serviço. Dependendo dos nossos sentimentos sinceros de servir, seremos instrumento da misericórdia do Pai para com aquele que sofre, e que nos bate à porta ou que cruza nosso caminho. O poder do exemplo de Jesus está aí há mais de dois mil anos a nos convidar. Do mesmo jeito que elevamos os pensamentos para pedir, Ele também nos convida ao trabalho fraterno produtivo, construtivo de um mundo melhor. Convida-nos à reforma interior; a aquisição de valores e ao trabalho que engrandece e ensina. Convida-nos a abandonar os velhos hábitos e costumes e a viver no poder de Seu amor, deixando nascer um homem novo, sincero, verdadeiro, que luta para combater suas fraquezas e suas imperfeições. Não devemos aguardar que Jesus venha até nós; não devemos invocar a companhia dos Espíritos superiores, ao contrário, devemos atender ao seu convite e trilhar o caminho do serviço ao próximo e da humildade. O devoto de Jesus deve aprender com a dedicação e a caridade, tornando-se um médium do Cristo, e, aí então, candidatar-se à elevação e a pureza. Só os puros verão a Deus.

Muita Paz!

Prestando serviço à Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio necessário para uma vida feliz.

Leia Kardec! Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!

O amanhã é sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!

 

 

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