O Progresso
espiritual – Episódio um
Um dos temas
mais complexos sobre a evolução do espírito é a questão da individualização do
princípio espiritual, que se traduz na possibilidade deste princípio, por si só
(sem o auxílio de outros princípios espirituais), gerir um corpo físico através
da reencarnação. Registre-se que os
princípios espirituais são os “espíritos” em seus estágios primitivos,
iniciais, abrangendo o processo evolutivo nos denominados reinos inferiores da
criação (mineral, vegetal e animal). Dessa forma, Deus, que não cessa de
trabalhar, cria incessantemente os princípios espirituais, que iniciam seus
processos evolutivos no reino mineral, submetidos à lei de atração e coesão,
que lhes auxiliará na formação energética inicial; na sequência, dão
continuidade ao processo de evolução no reino dos seres vivos, começando pelos
vírus, bactérias etc., até ingressarem no reino vegetal, onde desenvolverão as
sensações e algumas funções básicas da vida (respiração, alimentação,
sexualidade rudimentar etc.); quando estiverem habilitados, adentrarão o reino
animal, onde estarão em contato com o instinto, que será a base da
inteligência. Espiritismo e evolução. Aristóteles (384-322 a.C.) classificava
os animais em duas categorias: inferiores e superiores. Os animais superiores
(aves, peixes, mamíferos) nascem de seus semelhantes, os inferiores (insetos,
crustáceos, moluscos) surgem por geração espontânea. Mosquitos e sapos
brotariam nos pântanos. De matérias em putrefação apareceriam as larvas. Na
Idade Média, a Bíblia era misturada a teorias fantasiosas que diziam que da
carcaça de um cavalo morto nasciam vespas, de uma mula geravam vespões e os
ratos nasciam do queijo. Havia uma receita que dizia: Tome um vitelo. Mate o
animal e enterre-o, deixando somente os chifres fora da terra. Deixo-o assim
durante um mês. Serre depois os chifres e sairão centenas de abelhas. O
naturalista inglês, Rose, anunciava eruditamente: “Duvidar que as vespas e
abelhas nascem do estrume das vacas, é duvidar da experiência, da razão e do
bom-senso. Mesmo animais complicados, como ratos, não precisam de pai e mãe. Se
alguém tiver dúvidas, vá ao Egito, e lá verá as quantidades de camundongos que
infestam os campos – nascidos da lama do rio Nilo – para grande calamidade dos
habitantes!” Em 1668, o italiano Francesco Redi com dois frascos de vidro, um
pedaço de gaze e alguns pedaços de carne provou o engano da teoria da geração
espontânea, mas, infelizmente foi esquecido. Na questão 46 de “O Livro dos
Espíritos” a chamada geração espontânea é explicada com a existência do gérmen
primitivo que, em estado latente, espera o momento próprio para desabrochar, o
que convenhamos, reforça as experiências científicas realizadas pelo
embriologista alemão Caspar Friedrich Wolff em 1759, que mostrou que embriões
em ovos de galinha não havia nenhuma estrutura pré-formada, mas sim, massa de
matéria viva, o que foi um golpe fatal na teoria da pré-formação, que dizia que
a anatomia estava pré-formada dentro do óvulo (ou do espermatozoide). Diziam
alguns teólogos da douta Igreja que no ovário de Eva havia 200.000.000 gerações
pré-formadas para posteridade. Deus criou todos os Espíritos simples e
ignorantes, isto é, sem nada saber. A cada um deu determinada missão, com o fim
de esclarecê-los e de fazê-los chegar progressivamente à perfeição, pelo
conhecimento da verdade para aproximá-los de si. (LE 115). Através de inúmeras
reencarnações nos mais variados orbes do Universo, os Espíritos caminham para a
própria perfeição. Há duas espécies de progresso; o intelectual e o moral.
Percebemos o progresso físico, no meio em que vivemos, e o progresso
espiritual, no íntimo de cada um. À medida que a criatura vai adquirindo
conhecimento, necessita usar todos os seus recursos na realização do Bem e na
construção de um futuro melhor. Para
essa evolução, é preciso abraçar o serviço de renovação interior, nos alicerces
da disciplina, empreendendo assim sua evolução consciente. Pela evolução
externa o homem domina o ambiente que o cerca, mas é pela evolução interna que
adquire as virtudes, tais como a bondade, a paciência, a humildade, a
tolerância, a sinceridade, a honestidade, etc., sem as quais não encontraríamos
os caminhos de paz e entendimento que nos garantem a alegria e nos ajudam na
ascensão espiritual. A volta do Espírito
ao mundo corpóreo, ou seja, a reencarnação é conhecida desde tempos remotos. Os
Hindus, os Egípcios e os Gregos sabiam que a alma poderia voltar à Terra,
usando um novo corpo. Esses povos acreditavam que, por efeito de determinada
punição, essa volta à vida física poderia dar-se até num corpo animal. Também
os Judeus sabiam da volta do Espírito ao mundo corpóreo, mas não há referências
que pudesse esse retorno dar-se num corpo que não fosse humano. A reencarnação,
para eles, ocorria em algumas situações um tanto especiais: ou para concluir o
que não tivessem conseguido terminar numa vida, ou para serem punidos, face a
males praticados. Coube ao Espiritismo trazer o conhecimento da reencarnação ao
mundo ocidental, e o fez dando uma visão muito mais ampla e profunda,
demonstrando que todos os Espíritos reencarnam, não apenas para a solução de
equívocos de uma vida passada, ou para o cumprimento de determinada missão, mas
pela necessidade inerente a toda a Criação: o imperativo do progresso, da
evolução. Em verdade, ainda que não houvesse nenhuma afirmação a respeito da
pluralidade das existências, ela seria depreendida como necessidade absoluta,
face à amplitude do programa de aperfeiçoamento da alma apresentado por Jesus,
através do Evangelho. De quantos milênios vamos necessitar para pormos em
prática, integralmente, um ensinamento como esse: Eu, porém, vos digo: Amai os
vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos perseguem
e caluniam? De quantos milênios vamos necessitar, Espíritos ainda vacilantes
entre o bem e o mal, que não sabemos amar plenamente nem os amigos? A respeito
do assunto, Kardec inquire os Espíritos: Como pode a alma, que não alcançou a
perfeição durante a vida corpórea, acabar de depurar-se? A reencarnação –
opondo-se frontalmente à salvação gratuita pela fé – dignifica o Espírito
imortal, que vai galgando os degraus do aperfeiçoamento, ao longo dos milênios
sucessivos, crescendo em sentimento e intelectualidade, num trabalhoso processo
de exteriorização da herança Divina, concedida igualmente a todos os Espíritos.
No nascedouro, todos são absolutamente iguais. As diferenças individuais,
portanto, não decorrem de capricho Divino, mas sim do empenho de cada Espírito,
no sentido de promover o seu próprio progresso. Nesse caminhar, vai recebendo,
por justiça, os frutos de todo o bem semeado e, em função dessa mesma justiça,
é compelido a reparar os males praticados, mas não em igual medida, graças à
misericórdia Divina que, invariavelmente, defere amparo ao Espírito faltoso,
ajudando-o a remover de sua consciência o peso da culpa. Aquilo que algumas
religiões veem como castigo, o Espiritismo ensina-nos a ver como a simples
consequência de equívocos do passado. Em O Livro dos Espíritos, na questão 132,
Allan Kardec pergunta: “Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?”. A
resposta, pronta e objetiva: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de
fazê-los chegar à perfeição...”, a qual corresponde ao estado dos Espíritos
puros, passível de ser alcançado por todas as criaturas que trilham vitoriosas
os caminhos das provas e expiações na dimensão da matéria, adquirindo o
progresso moral e intelectual. É ressaltada a importância de todos os seres
espirituais passarem por todas as vicissitudes da existência física, enquanto
no item seguinte, questão 133, os instrutores do além corroboram que “todos os
Espíritos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e
tribulações da vida corporal”.
Reencarnar é, como o nome diz, voltar à dimensão física – A repelente
tese é reforçada com a informação malsinada de que, além de ser compulsória a
encarnação para todos os Espíritos que não conseguiram evoluir na dimensão
extrafísica, A vida do Espírito, considerada do ponto de vista do progresso,
apresenta três períodos principais, a saber: 1º - O período material: Onde a
influência da matéria domina a do Espírito; é o estado dos homens dados às
paixões brutais e carnais, à sensualidade; cujas aspirações são exclusivamente
terrestres, que são apegados aos bens temporais, ou refratários às ideias
espiritualistas. 2º - O período de equilíbrio: Aquele em que as influências da
matéria e do Espírito se exercem simultaneamente; onde o homem, embora
submetido às necessidades materiais, pressente e compreende o estado
espiritual; onde ele trabalha para sair do estado corpóreo. Nesses dois
períodos o Espírito está submetido à reencarnação, que se cumpre nos mundos
inferiores e medianos. 3º - O período espiritual: Aquele em que o Espírito,
tendo dominado completamente a matéria, não tem mais necessidade da encarnação
nem do trabalho material, seu trabalho é todo espiritual; é o estado dos
Espíritos nos mundos superiores. A facilidade com a qual certas pessoas aceitam
as ideias espíritas, das quais parecem ter a intuição, indica que pertencem ao
segundo período; mas entre estas e as outras há uma multidão de graus que o Espírito
atravessa tanto mais rapidamente quanto mais próximo estiver do período
espiritual; é assim que, de um mundo material como a Terra, ele pode ir habitar
um mundo superior. A escola espírita tem a evolução espiritual não somente como
provada, mas também como necessidade lógica. O princípio espiritual, criado por
Deus, desenvolve-se ao longo do tempo, aprimorando-se paulatinamente. Por isso
são desiguais as idades dos espíritos e o curso da evolução (pelo respeito ao
livre-arbítrio quando surge), há homens em todos os níveis de adiantamento,
desde o selvagem até Einstein e Gandhi. (Continua no próximo episódio)
Muita Paz!
A serviço da
Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a
uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o
equilíbrio necessário para uma vida feliz.
Leia Kardec!
Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!
O amanhã é
sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!
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