O Progresso
espiritual – Episódio dois (final)
Por hora, o
estado moral do nosso planeta admite a heterogeneidade, que‚ é útil às lutas
evolutivas. O progresso do espírito processa-se pela assimilação de
experiências vividas e conhecimentos adquiridos. Esse material, em cada
existência, é absorvido e manipulado pela mente consciente; mas, a sua
integração no acervo acumulado no espírito dá-se pela transferência para o
inconsciente (subconsciente), onde fica armazenado. Contudo, isso não o anula,
porquanto, sempre que preciso, renasce como aptidão e vocação. A evolução
espiritual consiste na transferência dos novos elementos de progresso do
consciente para o inconsciente e, nesta passagem, na transformação deles
(conhecimentos e experiências) em faculdades – donde as aptidões e vocações,
não raro bem manifestas em crianças. A reencarnação atende à evolução, pois,
sendo múltiplas as experiências e variados os conhecimentos, uma só vida
material pouco representa na eternidade do espírito imortal! E os erros, os
crimes, os vícios, a ignorância? Como repará-los, se o faltoso morre em falta?
Vê-se logo que a reencarnação ‚ noção que se impõe tão pronto a mente se
desembarace de certos entraves íntimos. A assimilação de experiências vividas,
acima explicada exige ampla cota de tempo e, daí, a volta à carne muitas vezes.
Em inúmeras de suas vidas terrenas, o espírito comete erros naturais e
violações intencionais, adquirindo dívidas perante a Lei de Deus, cuja justiça
‚ infalível e minuciosamente exata. Numa vida subsequente, terá de viver de
modo a reparar ou diminuir tais débitos. E isto‚ feito por meio da expiação
(resgate) e da reparação. O princípio que assegura a continuidade das vidas de
um Espírito unindo logicamente os fatos de uma aos da seguinte, é a chamada
“Lei de Causa e Efeito”, que declara o homem livre para agir, mas sujeito às
consequências da ação: ele pode lançar causas, mas terá de reabsorver os
efeitos danosos. Se numa vida espoliei outro e aproveitei o produto do furto,
noutra passarei privações; se fiz alguém perder um braço, perderei um braço
mais tarde em circunstâncias equivalentes. Estas experiências, assimiladas,
darão ao Espírito esclarecimento para libertá-lo mais cedo ou mais tarde, do
mau impulso levando-o a ser correto, e afastar-se do mal como meio de obter
vantagem agora (e dores depois). A reencarnação fornece a única explicação
lógica e natural acerca das desigualdades sociais, que as pessoas consideram
como injustiças, donde as lutas pela decantada “justiça social”. Afirmar ao
contrario seria dizer que Deus é injusto. Dentro de cada um de nós existe um
ser que precisamos conhecer. Esse conhecimento é elemento essencial para a
ascensão espiritual, e é conquistado através do reconhecimento e pleno domínio
de nossas qualidades e, principalmente, de nossos defeitos. Todos nós, seres
humanos encarnados aqui na Terra, nos encontramos em constante aprendizado.
Todos nós nascemos com nossa parcela de ignorância, ganância, futilidade,
intolerância, ira, ambição e tantos outros adjetivos que definem tão bem nosso
lado sombrio. Porém, o estado de “perfeição” pessoal ao qual aspiramos não deve
incluir apenas os aspectos “bons” ou “luminosos” da natureza humana,
descartando de nossa personalidade os aspectos “maus” ou “sombrios”, fazendo de
conta que eles não existem. Pelo contrário, muitas vezes as características
negativas que deixamos de reconhecer em nós, são aquelas que inconscientemente
irão controlar nossos atos e pensamentos. Por isso é tão importante reconhecer
e aceitar o nosso lado sombrio, trabalhando na reformulação de nossos
autoconceitos e atitudes. O estado de perfeição humana deve integrar o ser
“total”, através do equilíbrio de forças, onde cada qualidade, positiva ou
negativa, tem seu lugar e está harmonicamente contida dentro de um todo. A
natureza do conceito “Luz” e “Trevas” não é boa nem má; é necessária ao
desenvolvimento, pois é através dela que conseguimos, eventualmente, ampliar e
integrar nosso “eu” total. A dualidade humana é muito perturbadora no sentido
de que aparentamos não perceber que tudo aquilo que se encontra na luz, projeta
uma sombra escura. O Bem e o Mal, quer ou não existam objetivamente, são
impulsos exteriores do pensamento humano consciente e inconsciente, ambos vivem
dentro do indivíduo e não no mundo fora dele; e antes de serem dois inimigos
eternos, devem ser encarados e definidos como duas faces de um único indivíduo.
Na verdade, aquilo que consideramos ser o “Mal” não é senão a nossa ignorância
acerca dos valores do nosso “ser total “, e de nossa frequente tendência em nos
retalharmos em pedacinhos, a maioria dos quais jogamos fora e acreditamos que
estamos livres deles porque não os aprovamos. Por isso é tão necessário o
autodescobrimento, para que possamos aprender a enquadrar construtivamente
nossas qualidades negativas dentro de nós mesmos. Boa parte deste aprendizado é
obtida através dos diversos relacionamentos pelos quais passamos, sejam eles
amorosos, familiares, profissionais ou amigáveis; desde o nosso nascimento, e
mesmo antes dele, em nossas inúmeras vidas pregressas. Através dos
relacionamentos, aprendemos a compartilhar nossas diferenças e nossas
amenidades. Cada um de nós é um ser único e especial, crescemos de maneira
diferente, em culturas e padrões sociais diferentes, embora possamos
compartilhar e dividir o mesmo espaço. Fazemos parte de um delicado equilíbrio
universal, que poderia ser afetado pelo simples fato de nossa não existência. Por
isso, o primeiro passo para o autoconhecimento é compreender que somos
responsáveis por nossas ações. Tudo aquilo que acontece em nossas vidas, de bom
ou de ruim, somos nós mesmos que criamos. Nada acontece sem que tenha sido
idealizado e posto em movimento pelo pensamento. Durante toda a nossa vida
criamos o nosso mundo de acordo com nossos padrões de pensamento, que por sua
vez produzem uma realidade exterior. Misteriosamente, as experiências que
enfrentamos são atraídas para nós pelo poder de nosso próprio pensamento e,
embora não saibamos ao certo de que forma o interior e o exterior podem se
refletir mutuamente, sabemos que isso acontece na vida de todas as pessoas.
Essa é a primeira grande lição: aprender a nos tornarmos responsáveis por
nossos próprios atos e por aquilo que eles criam. Precisamos acabar com essa
tendência de tirarmos de nossos próprios ombros a responsabilidade de nos
encararmos, e de ter que condenar e corrigir nossas próprias falhas. Por isso,
a melhor forma de iniciar o autoconhecimento é refletir sobre as nossas
dificuldades em nos relacionar. Quando as outras pessoas se tornarem negativas
em contraposição à você, pergunte-se: Porque isso acontece? Porque você
necessitou estar com essa determinada pessoa naquele exato momento da sua vida?
E esta pessoa, ela pode crescer através de você? Será que você não poderia
ensinar a essa pessoa um caminho melhor? Encare as circunstâncias da vida como
um desafio. O que pode ser aprendido através desse processo de espelho após
espelho? Isso é necessário para que possamos aprender a “ver” ao invés de
apenas “olhar”, para que enxerguemos a nós mesmos. Pode ser muito cômodo, mas
não é nada honesto responsabilizarmos e criticarmos os outros por aquilo que
nós mesmos criamos e nos negamos a enxergar. Tudo o que é externo é sombra.
Toda a verdadeira vida e realidade são internas. Por isto é imprescindível se
conhecer e reconhecer, deixando de lado a necessidade de projetar nosso lado
sombrio através da busca de alguém ou algo que nos complete. O autoconhecimento
nos torna senhores de nossas próprias ações. Somos transformados em seres
inteiros, completos em nós mesmos, e vamos aos poucos nos distanciando da
ilusão do Ego para a verdade do Eu. A cada passo mais próximos da perfeição
Muita Paz!
A serviço da
Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a
uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o
equilíbrio necessário para uma vida feliz.
Leia Kardec!
Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!
O amanhã é
sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!
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