Espíritas!
Amai-vos e instrui-vos!
Com base no
livro O Evangelho segundo o Espiritismo - Capítulo VI - O Cristo consolador -
Instruções dos Espíritos - Advento do Espírito de Verdade, item 5. Vamos fazer
um estudo sobre esse texto, com o objetivo de refletir sobre a frase “amai-vos
e instrui-vos”, no sentido de entender porque ela é constantemente repetida no
meio espírita. Para tanto, discutiremos sobre o amor, a instrução e a relação
entre esses dois termos e qual o seu alcance? No quinto parágrafo dessas
instruções, há os seguintes dizeres: “Espíritas! amai-vos, eis o primeiro
ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no
Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana, e eis que,
além do túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: Irmãos! nada perece.
Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade" Sócrates, com a sua maiêutica (método socrático:
que induz o interlocutor a descobrir suas próprias verdades), foi o primeiro
ser humano a nos dar uma imagem desse tipo de amor. Por desobedecer aos deuses
gregos e querer abrir a mente dos jovens, foi obrigado a beber cicuta. Mesmo
assim, não arredou pé de suas convicções na busca do bem comum. Valia-se da
persuasão e da razão para conseguir alguma coisa. Ghandi, na mesma linha de
raciocínio, afrontou o poderio britânico sem usar nenhuma arma. Martir Luter
King, outro herói do apelo à não-violência, seguindo os ditames da razão,
queria conseguir as coisas com as suas ideias de justiça e de liberdade, em que
todos deveriam ser beneficiados com a política do estado e não o estado
espoliar as pessoas mais pobres. Antes de realizar essa difícil tarefa,
necessário se faz definir o objetivo. O objetivo da instrução é divulgar os
princípios doutrinários do Espiritismo, para que mais pessoas possam entrar em
contato com esses ensinamentos de libertação de consciência. Sem isso, podemos
simplesmente divulgar histórias e opiniões pessoais, sem a formação real de
adeptos conscientes, aptos a caminharem com Jesus, apesar das dificuldades e
ciladas postas em seus caminhos. Para
que possamos instruir com perfeição, devemos nos debruçar sobre as obras
básicas do Espiritismo, que estão consubstanciadas em: O Livro dos Espíritos, O
Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A
Gênese. Sem o pleno conhecimento desse conteúdo doutrinal, todo o nosso esforço
de divulgação do Espiritismo cai por terra, pois estaremos nos assemelhando aos
falsos profetas, mais preocupados com a forma do que com a essência dos
ensinamentos de Cristo. Allan Kardec, em
O Evangelho Segundo o Espiritismo, ensina-nos que o amor resume inteiramente a
doutrina de Jesus. Diz-nos que "no início o homem não tem senão instintos;
mais elevado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado tem
sentimentos; e o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido
vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu foco ardente
todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas". Espíritas!
Amai-vos e instruí-vos! Isto é, tenham caridade para com o próximo, tratando-o
como irmão mais necessitado. Podemos colocar a nossa Doutrina na sagrada bitola
destas duas dinâmicas: Amor e Instrução. O primeiro ensinamento é ponto
pacífico e básico de todo cristão, e que independente de definição, em estrita
ligação com o também estabelecido: “Fora da caridade não há salvação”. Em
seguida, o Espírito de Verdade comenta que aquilo que Jesus ensinou é a
verdade, mas que os homens deturparam tais conceitos, tendo como resultado o
que vimos ao longo de nossa própria história; ou seja, devido à falta de amor e
de estudo, o cristão adulterou o Cristianismo, causando imensos prejuízos à
Humanidade. Como se pode ver, o trecho acima reproduzido contém duas instruções
de grandíssima importância: os espíritas devem se amar e se instruir. Nada
obstante a recomendação tenha sido dirigida aos espíritas de modo específico,
por estar contida em uma das obras basilares da veneranda Doutrina, aplica-se a
todas as pessoas, sem nenhuma dúvida e a toda evidência. Com efeito, já sabemos
firmemente que o amor é a lei maior da vida, uma vez que o ensino máximo de
Jesus foi lançado na célebre, milenar e sintética sentença: Amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, sabendo-se que quem ama ao
próximo como a si mesmo estará, exatamente por esse motivo, amando a Deus sobre
todas as coisas. Amar ao próximo como a si mesmo é, em outras palavras, fazer a
ele o que gostaríamos que ele nos fizesse. Com esta sentença, Jesus, o Cristo,
Modelo e Guia da Humanidade, nosso Mestre, irmão e amigo de todas as horas,
resumiu toda a lei e os profetas. A base do amor doação encontra-se em Jesus
Cristo, que veio da esfera crística para nos dar o exemplo de como amar
corretamente. Obedeceu a Deus, a José (seu pai terrestre) e deixou-se batizar
por João Batista. Santo Agostinho também deu seu contributo para a compreensão
do amor incondicional: "Ama, e faze o que queres". Se calas, cala por
amor; se falas, fala por amor; se corriges, corrige por amor; se perdoas,
perdoa por amor. O amor deve estar no centro de todas as nossas ações. O que
isso quer dizer? Que quando nos relacionarmos com o nosso próximo, devemos
fazê-lo dentro de um clima de respeito e de auxílio mútuo, cooperando com tudo
o que nos rodeia. Sabemos, também, que o amor é a força de Deus que equilibra o
Universo e os seres. O amor é fruto da nossa conquista espiritual. O Espírito
evolui, hoje, em nossos dias, ninguém mais contesta a lei da evolução. Nos
primeiros degraus da nossa longa jornada, o amor manifesta-se bruxuleante, como
um pequenino ponto de luz. Depois, essa luz vai aumentando e quanto mais
crescemos moralmente, o amor resplandece inundando a nossa Alma. “O Amor
é o laço de luz eterna que une todos os mundos e todos os Seres da imensidade;
sem ele, a própria criação infinita não tem razão de ser, porque Deus é a sua
expressão suprema”. Amor e Instrução, duas asas magníficas que nos
ajudarão a nos elevarmos dos pântanos poluídos, deste plano de provas, para
alcançarmos esferas mais diáfanas, para a perfeição infinita. Instrução é o ato
ou o efeito de instruir. E instruir é adquirir conhecimento. E só adquirimos
conhecimentos através de nossos estudos e, acima de tudo, através das boas
leituras dos bons livros. Através do amor, valorizamo-nos para a vida; através
da instrução (sabedoria), somos, pela vida valorizados, daí o imperativo de
marcharem juntas, para conduzirem o homem às esferas superiores da vida. A
instrução é de enorme importância. Em geral, começamos pela leitura, passamos
ao estudo em busca do aprendizado [a melhor maneira de aprender é a da
repetição], do conhecimento e de sua consolidação, da reflexão e de sua
aplicação prática. Sim, também é importante amarmos para nos unir no sentimento
que funde os corações, e nos instruir para que conheçamos a verdade, e
conhecendo a verdade nos unamos ainda mais no amor que instrumentaliza o
conhecimento, e afasta o orgulho e o egoísmo. A instrução dissipa o erro e nos
mostra objetivo da provação humana. Como
é público e notório, os ensinamentos do Rabi da Galileia permanecem
absolutamente atuais, sem sofrer qualquer modificação, a despeito de muitos
séculos decorridos. E, que não se perca de vista, a própria História foi
dividida entre Antes e Depois de Cristo. Por isso, independentemente de crença,
cor, raça, condição social, no dia em que os seres humanos tiverem mais amor na
mente e no coração a vida no planeta Terra será melhor, muito melhor. Um ótimo
começo será cada um procurar fazer a sua parte do melhor modo possível, com
zelo, com dedicação, com qualidade, com respeito e, naturalmente, com amor. O
estudo é a fonte perene da nossa emancipação moral e espiritual. Pelo estudo,
abrimos os nossos olhos e aprendemos a separar o joio do trigo. A boa leitura
liberta-nos das preocupações vulgares e nos faz esquecer das atribulações da
vida. “O livro edificante é o templo do Espírito, onde os Grandes
Instrutores do Passado se comunicam com os aprendizes do presente, para que se
façam os mestres do futuro”. Portanto, é preciso não somente ler, mas
apreender realmente o conteúdo da leitura. Isso demanda tempo, paciência, horas
de dedicação. O verdadeiro espírita tem a obrigação de ter o mínimo de
conhecimento da Doutrina Espírita. Por outro lado, o espírita, verdadeiro
privilegiado pela obtenção de tantos conhecimentos, não deve guardá-los somente
para si, mas levá-los até o semelhante. E deve colocar em prática esses
ensinamentos, cujo teor moral nos conduz ao exercício da caridade e do amor ao
próximo. "A fé sem obras, é igual às obras sem fé", ou "a fé sem
obras é morta"; ou, como advertiu Paulo, se falarmos as línguas dos homens
e dos anjos, se tivermos o dom da profecia, se tivermos toda a fé e não
tivermos caridade, seremos como o metal que soa e o sino que tine.
Conclusão:
A Doutrina
Espírita propõe dois mandamentos: amai-vos e instruí-vos. A Doutrina não é
doutrina de um livro só. Ela aconselha como Paulo: ler tudo e reter o bem. Em
nenhum momento o Espiritismo nos proíbe de ler os livros das outras religiões,
até para que saibamos como os nossos irmãos pensam em outros contextos de fé.
Mas a proposta central do Espiritismo é a vivência do bem. E a caridade é o
amor dinâmico. No Espiritismo sabemos dizer sim e sabemos dizer não. Fica
claro, então, que estudar o Espiritismo na sua limpidez cristalina é dever que
não nos é lícito postergar, seja qual for a justificativa. A educação encontra
na doutrina as respostas precisas para melhor compreensão do educando e maior
eficiência do educador no labor produtivo de ensinar a viver, oferecendo os
instrumentos do conhecimento e da serenidade, da cultura e da experiência aos
que estão começando no sublime caminho redentor. Meditemos mais, pois, nesta
exortação: Espíritas! Amai-vos e instruí-vos! Num primeiro momento, nos é
pedido que nos amemos. Podemos concluir, portanto, que precisamos aprender a
nos suportar uns aos outros, nos compreender, e, acima de tudo, nos ajudar mutuamente,
com verdadeiro espírito fraternal. Parece-nos que, embora ainda não tenhamos
conseguido colocar em prática esta parte da proposta em toda a sua pujança, já
compreendemos a sua necessidade e temos nos esforçado neste sentido.
Entretanto, quando analisamos a prática da segunda parte, proposta na mesma
frase, percebemos que nem sempre existe uma consciência sobre tal necessidade.
Com o amor e a instrução alcançamos o avanço moral e adiantamento intelectual,
ambos são imprescindíveis ao nosso progresso, sendo importante, contudo,
ponderar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto o aspecto
intelectual sem a moral pode oferecer numerosa perspectiva de queda, na
repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será excessivo,
representando o núcleo mais importante das energias evolutivas. Amar, sim, amar
incondicionalmente; instruir, sim, e sempre, ou, fundamentalmente amar e em
seguida instruir, aprender! Conforme proclama a Lei; é um princípio Divino; é
uma regra universal! Logicamente, se assim aprendemos como teoria, assim também
deverá ser feito no exercício do bem maior. Senão, estaremos propagando ilusões
e isso não é Cristianismo e muito menos Espiritismo. O verdadeiro discípulo do
Evangelho deve instruir amorosamente os seus adeptos na preciosa doutrina que
dissipa o erro das revoltas. Essas instruções permitem-nos aceitar de forma
resignada as circunstâncias adversas, entendendo-as como necessárias ao nosso
progresso moral e espiritual. Como espírita que somos, procuremos dedicar toda
a nossa atenção aos ensinamentos da Doutrina Espírita, com a intenção de
externar nossa própria interpretação sobre os diversos temas abordados por ela,
perfeitamente fundamentados nos conceitos contidos na codificação de Kardec,
visto que, encontramos vários assuntos, que são comentados por muitos dos
nossos confrades de maneira a nos deixar, perplexos, sem compreender o que
dizem, pois, por mais que pesquisemos, não conseguimos encontrar respaldo na
codificação elaborada pelos imortais da vida maior e tão bem explicitada no
Pentateuco espírita, para justificar tais interpretações. Muito embora a
conhecida, e extremamente citada, mensagem do Espírito de Verdade, “Espíritas,
amai-vos! Espíritas, instruí-vos!”, percebemos que a busca pelo estudo ainda é
pequena diante do enorme conteúdo que precisa ser devidamente compreendido e
assimilado. Note-se especialmente a posição dos verbos nessa mensagem: Amar e
Instruir. Amar significa doação incondicional ao nosso próximo, podendo estar
ele em todos os ambientes que frequentamos. Em casa, no trabalho, e em nossas
atividades corriqueiras do dia a dia, onde encontramos irmãos a nos pedir
atenção, respeito e consideração. O segundo verbo - instruir - indica a
necessidade de desenvolvimento do Espírito através do conhecimento, também
responsável pela nossa ascensão na escala evolutiva. Parece clara, assim, a
necessidade de aumentarmos os níveis de instrução, de estudo, de reflexão, de
conhecimento, de modo continuado e permanente. Ler, estudar, refletir,
aprender, aplicar. Hábitos que todos podemos e devemos cultivar sempre, visto
que, como bem o sabemos, somos imortais e indestrutíveis, isto é, viveremos
para sempre, ora no corpo físico ora fora dele, daí a grandíssima importância
da instrução e do amor. O amor e a sabedoria são as duas asas do Espírito. O
ideal seria que marchassem juntas. Porém, a evolução do homem se faz de maneira
muito lenta. Por isso, o progresso científico e o progresso intelectual do
homem estão sempre à frente e o progresso moral, bem atrás. Amando e estudando
conseguiremos nos autoavaliar, averiguando quem somos, donde viemos e para onde
iremos após a desencarnação, a fim de nos convencer do valor da nossa própria
personalidade e à nossa própria elevação nos dediquemos. E o meio prático mais
eficaz que temos de nos melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal, há
milênios um sábio da antiguidade nos ensinou: “Conhece-te a ti mesmo”. Se não
realizarmos um mergulho em nosso mundo íntimo, para superar as paixões,
harmonizar com os adversários, perder-nos-emos no tumulto externo que nos
cerca. O Evangelho nos fala do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a si mesmo. Este autoamor é essencial para compreendermos a família, para
termos paciência. Para não impor, tão-somente expor; instruir pelo exemplo e
compreender que não poucas vezes a família é um desafio no mapa da
reencarnação. Estamos diante de uma proposta que devemos dignificar pelo
exemplo. A serenidade somente nos virá quando conseguirmos um autoconhecimento.
Está no Evangelho: de que nos adianta saber muito, conquistar todo o mundo e
arruinar a alma? A nossa inquietação de modificar os outros, fazer os outros
“felizes”, sem estar feliz, é ficção, é inútil. É bom que reflitamos melhor no
Ensinamento “AMAI-VOS e INSTRUÍ-VOS”, a fim de que ambos sejam usados com
homogeneidade, por todos nós, na hora certa e no lugar certo, pois, só assim,
viveremos em paz com Deus, com o nosso próximo e com a nossa própria
consciência! Amar, sim, na hora de amar; instruir, sim, na hora de instruir,
ou, primeiro amar e depois instruir! Tal é a Lei; é um princípio Divino; é uma
regra geral! Evidente, se assim aprendemos como teoria, assim também deverá ser
feito na prática. Ao contrário, é um engodo, é pura demagogia; não é também
cristianismo, é falso Espiritismo. Reforçando o que já foi dito, a evolução é
feita por duas asas, a primeira e mais importante, sem a menor dúvida, é a asa
da moralidade, baseando-se no Amor maior, e essa é a mais difícil de
conquistar, pois é o motivo maior de nossas existências vencer os sentimentos
negativos, sair do círculo vicioso e ir para um círculo virtuoso em nossas
vidas. A segunda é o conhecimento de si e do meio em que vivemos. Esse exige de
nós vontade, persistência, muito suor para aprender. O importante é que o
conhecimento sem o Amor se torna algo frio e não é isso que o Espírito de
Verdade está nos ensinando no texto do Evangelho. Podemos alcançar o amor, no
seu sentido mais amplo, podemos nos instruir, através das nossas lutas íntimas,
através do nosso trabalho na Seara do Bem e através da nossa boa vontade.
Lembremo-nos sempre, que temos na obra viga mestra, verdadeiro tratado
filosófico que recebeu o nome de O Livro dos Espíritos, uma programação, um
planejamento da Espiritualidade Superior. Jesus desejou que recebêssemos tais
informações e estas nos chegaram, límpidas, claras, objetivas e lógicas. Como
estamos cuidando desses dois verbos (amar e instruir) em nossas atividades?
Será que se está dando a devida atenção aos mesmos?
Muita Paz!
A serviço da
Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a
uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o
equilíbrio necessário para uma vida feliz.
Leia Kardec!
Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!
O amanhã é
sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!
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