Ingratidão,
afeições destruídas!
A importância
deste tema está na compreensão de uma das possíveis causas da ingratidão dos
filhos ou de outras pessoas, como efeitos de nossas próprias faltas atuais ou
de vidas passadas e do entendimento da evolução espiritual pelos laços de
família. Muitos ingratos vão aparecer nas nossas vidas? Com certeza! Isso faz
parte. Porém, temos que aprender a lidar com cada um deles, e não deixar que
destruam a nossa capacidade de amar e de acreditar no amor verdadeiro e na
mudança das pessoas. Haverá justificação para a ingratidão? As causas que,
eventualmente, possam estar na origem de atitudes e comportamentos
mal-agradecidos, acredita-se que sejam de natureza diversa e que, quaisquer que
sejam os motivos, não justificam os procedimentos característicos da
ingratidão: insensibilidade para reconhecer valores, sentimentos e atitudes
recebidas, como, por exemplo: amabilidades, consideração, estima, amizade,
solidariedade, lealdade. Falta de humildade, em certo tipo de personalidade?
Esquecimento, puro e simples, de reconhecer um bem recebido? Ausência do hábito
de agradecer àqueles que praticam o bem, em benefício concreto de outros? Falta
de delicadeza para agradecer um simples favor? Vergonha de manifestar
comportamentos suaves e atos de gratidão? Possivelmente outros motivos se
poderiam invocar para os procedimentos e atitudes ingratos, ou pelo menos de
não gratidão, todavia, o fato é que ela, a ingratidão, existe, se manifesta e,
quantas vezes, magoa e ofende justamente quem ficaria feliz em receber o
reconhecimento, um humilde sorriso generoso e sincero, um simples obrigado.
Realmente, a ingratidão tem um “sabor” não muito agradável, mas não devemos
permitir que ela nos abale e venha a ferir nosso caráter. A ingratidão é filha
do egoísmo, pois o egoísta só pensa em si, em seus projetos e não liga para o
esforço de quem o ajudou. A ingratidão é resultado de uma vida centrada em si
mesmo. Muitas vezes, elas não percebem sua própria natureza ingrata. E
continuam sendo ingratas vida afora. São várias as consequências negativas da
ingratidão. Ela causa uma dor emocional e psicológica imensa. Nossa autoestima
fica abalada, ficamos arrasados, como se não tivéssemos valor e significássemos
nada para aquela pessoa. Sentimo-nos usados e tolos; desapoiados e
desrespeitados. A ingratidão é considerada pelos maiores estudiosos do mundo, a
mais terrível, inatural e maléfica atitude de um ser humano. A pessoa ingrata
não reconhece o que fazemos por elas. Pelo contrário, ao conquistar o que
desejava, parece fazer questão de apagar a página da vida onde consta o nosso
auxílio quando mais precisou. E faz de conta que ninguém a ajudou a alcançar o
sucesso. Gente precisa de gente, quem nunca ouviu isso? Nós necessitamos viver
em sociedade, pois ninguém é capaz de viver sozinho. Quando vivemos em sociedade,
colaboramos e temos a colaboração do próximo, é um relacionamento de harmonia.
Os humanos sempre estão em dívida uns com os outros ou apenas agradecidos por
um favor ou benefício que lhe foi dado. Mas saiba que as pessoas ingratas não
percebem a característica da ingratidão, por vergonha ou por característica da
sua personalidade. O ingrato não reconhece que, sem ajuda, não chegaria a lugar
nenhum. Esquece com facilidade as coisas boas que lhe fizeram. Vive no seu
mundo, busca apenas os seus próprios interesses. A ingratidão é falta de bom
senso, de sabedoria, de visão e de humildade. O ingrato não vê o que os outros
veem e nem sente o que os outros sentem, não por que não querem ou não desejam,
mas por incapacidade, por fraqueza e ausência de amor. Há na cabeça do ingrato,
um vazio de amor ao próximo que se manifesta permanentemente. Agora, e a
ingratidão dos filhos, como superar? Dia desses, li um e-mail de uma mãe
alegando sofrer demais com a ingratidão do filho. Estava ela numa cadeira de
rodas, com o pé quebrado, e o rapaz, forte e saudável, recusou-se a ajudá-la.
Naturalmente que, como mãe e ser humano que é, ficou chateada e começou a
indagar: que fiz eu, meu Deus, para merecer filho tão ingrato, que em nada
ajuda a mãe, mesmo quando ela necessita? Na visão Espírita, a ingratidão é uma
prova para a nossa perseverança na prática do bem. Não nos cabe julgar os
ingratos, porquanto eles serão submetidos à justiça divina. Em “O Livro dos
Espíritos”, Allan Kardec pergunta na Questão 937: Para o homem de coração,
as decepções oriundas da ingratidão e da fragilidade dos laços da amizade não
são também uma fonte de amarguras? Os Espíritos responderam: “São; porém, deveis lastimar os ingratos e
os infiéis; serão muito mais infelizes do que vós. A ingratidão é filha do
egoísmo e o egoísta topará mais tarde com corações insensíveis, como o seu
próprio o foi. Lembrai-vos de todos os que hão feito mais bem do que vós, que
valeram muito mais do que vós e que tiveram por paga a ingratidão. Lembrai-vos
de que o próprio Jesus foi, quando no mundo, injuriado e menosprezado, tratado
de velhaco e impostor, e não vos admireis de que o mesmo vos suceda. Seja o bem
que houverdes feito a vossa recompensa na Terra e não atenteis no que dizem os
que hão recebido os vossos benefícios. E ingratidão é uma prova para a vossa
perseverança na prática do bem; ser-vos-á levada em conta e os que vos forem
ingratos serão tanto mais punidos, quanto maior lhes tenha sido a ingratidão”. Aqui, os Espíritos nos dizem que a
ingratidão em nossos caminhos será sempre um modo de testar o nosso coração na
confiança em Deus. Compete à alma não fugir do problema surgido à sua frente,
mas resolvê-lo. Certamente que a ingratidão fere, por vezes até aos Espíritos
de ideias nobres, no entanto, eles buscam no coração e na caridade os meios de
se livrarem desse magnetismo inferior lançado pelos ingratos. Por estes,
deve-se orar com sinceridade, pois, são mais sofredores e precisam da nossa
compreensão. Jesus já disse antes que eles não sabem o que fazem. Verdadeiramente,
a ingratidão é um teste para os nossos sentimentos de amor e somente o trabalho
no bem comum, o amor e a caridade podem e têm o poder de desfazê-lo,
transformando-o em alegria e desejando que o ingrato conheça a verdade. Ninguém
resiste ao amor; ele é a força que transmuta o ferro em ouro, que transforma o
coração que odeia, em músculo divino que ama verdadeiramente. A ingratidão vem
do egoísmo, como filha de tal desvio e sai por aí ofendendo corações
despreparados. Mas, quando ela encontra o amor, se desfaz pelas bênçãos de
Deus, cedendo lugar ao desprendimento, filho da fraternidade, e a alma
reconhece que somente Jesus tem o poder de guiar Seu rebanho para o ambiente de
Deus. Não devemos desejar, mas o egoísta encontrará nos seus caminhos a
percorrer corações endurecidos, pela justiça não imposta por ele, porém, pela
natureza. É lei colhermos o que semearmos. Lembremo-nos dos grandes personagens
que estiveram ou estão na Terra, sofrendo as calúnias dos ingratos e que, no
entanto, continuam amando a todos eles. São felizes, por postarem-se acima do
mal, das injúrias e da maldade. Devemos, então, copiar os seus procedimentos;
essas almas se encontram em todas as religiões, nas ciências e filosofias
espiritualistas. São cidadãos universais, que já não usam como capas nenhuma
das condições humanas, mas somente o amor, a caridade. As suas vidas são o
Evangelho aberto, qual a natureza a nos dizer, para tudo e para todos, da paz
de Deus. São como a chuva e o sol, o ar e a água. Não escolhem por onde passam
para fazerem o bem, sendo eles o próprio bem circulando pelos canais do Cristo.
Para consolo dos que são apedrejados, é bom nos lembrarmos de que Jesus, quando
andando na Terra, amando, foi injuriado, apedrejado, cuspido, interpretado como
salteador e inimigo, mas que nunca se desviou do Seu roteiro, e para provar a
certeza que Ele tinha de amar, cedeu Sua vida na cruz, eternizando o bem e
ainda perdoando a todos sem julgá-los como malfeitores, entendendo que aqueles
que O agridem não sabem o que fazem. Portanto, não devemos nos admirar que
aconteça o mesmo conosco; são testes por que devemos passar, dando-nos
segurança por dentro, para nossa missão junto aos que ignoram a paz. Não
precisamos mais de recompensa, a não ser o bem que fazemos aos outros. A nossa
consciência responderá pelo que semeamos. Se o céu, como diz Jesus, está dentro
da alma, devemos buscar esse céu do modo que a lei determina, e sentiremos a
felicidade penetrar em nosso coração. A ingratidão, de certa maneira, é uma
prova para a perseverança no bem e oportunidade para o perdão, esquecendo as
ofensas. Sejamos fortes em Deus e brandos em Cristo, que o resto vem por
acréscimo de misericórdia, e quando a luz acender em nosso coração, por muito
amarmos, estaremos livres de todas as investidas daqueles que nos respondem
pelo bem que fazemos pelas ingratidões. Novamente falamos: Eles não sabem o que
fazem. O Espírito Santo Agostinho trata no tópico “A Ingratidão dos filhos e os
laços de família”, em O Evangelho segundo o Espiritismo, e dá-nos sábias
lições. Destaca que a ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo.
Diz-nos o Espírito Agostinho que Deus não faz provas superiores às nossas
forças, e que podemos vencer o complicado desafio da ingratidão dos filhos. Ele
Indica para deixarmos de olhar apenas o presente e voltarmos os olhos ao
passado para, com a ideia das múltiplas existências, encontrarmos um consolo e
forças para prosseguir. Pois bem, não é tarefa fácil deixar de esperar
reconhecimento, ainda mais de alguém tão ligado a nós pelos laços do coração e
do sangue, como os filhos. O próprio Agostinho reconhece como são complicados
os assuntos pertinentes ao coração. Muito mais difícil enfrentar a ingratidão
do que a mesa escassa. Seria mesmo grande ingenuidade considerar que não
brotará um mínimo de decepção no indivíduo que recebe a indiferença, quando não
a aversão de alguém tão querido. Entretanto, vale lembrar que estamos no
Planeta Terra, orbe de provas e expiações, e, portanto, o impossível é Deus
errar. Logo, ingratidão, venha de quem vier é sempre algo possível e até comum
de acontecer. Aliás, eis a vida mostrando isto em todos os instantes. O grande
ponto é aprendermos a lidar com ela, a ingratidão, principalmente dos mais
caros a nós. Ou, melhor, iniciarmos o processo de não esperar nada,
absolutamente nada de quem quer que seja. Como fazer isto? É um trabalho íntimo
que requer muito esforço, porém, é possível realizá-lo. Evoluir de tal modo que
nosso agir seja sempre no bem, independentemente do que outras pessoas irão
pensar ou falar, até porque isto não nos diz respeito. Treinar o desapego do
reconhecimento, pois será isto que nos dará a independência do “Obrigado”. E
buscar modificar a visão de caridade. A caridade que praticamos, o amor que
doamos, as provas de renúncia e abnegação, o suor que vertemos em benefício
alheio, em realidade, ajuda muito mais a nós do que ao outro, pois somos sempre
os primeiros beneficiados pela caridade praticada. É como consta em O Evangelho
segundo o Espiritismo, na mensagem de Lázaro denominada “O dever”. O dever, em
primeiro lugar, é para comigo, depois com o outro. Ora, se o dever é para
comigo, então, vou estender minha mão ao outro, pois será assim que trabalharei
pela minha própria evolução. Quem acende em si a luz da caridade ilumina quem
está ao redor e jamais ficará imerso nas trevas. Portanto, agradecer é dever de
quem recebe, mas nem todos cumprem o dever. Entretanto, não esperar gratidão,
reconhecimento ou mesmo um mero obrigado é o antídoto para livrar-se da
decepção. Tornar a prática do bem um hábito, de tal modo que dia chegará em que
agiremos no bem sem perceber, e de forma tão espontânea que agradeceremos
quando recebermos e não cobraremos quando beneficiarmos. Assim, livres de nos
sentirmos vítimas da ingratidão alheia, seguiremos nosso caminho sempre fazendo
o bem, não por recompensa, mas porque é um hábito que adquirimos com muito
treino e vontade de gozar um pouco de liberdade que só o bem nos concede. É, em
particular, desse ponto de vista que a vamos considerar, para lhe analisar as
causas e os efeitos. Também nesse caso, como em todos os outros, o Espiritismo
projeta luz sobre um dos grandes problemas do coração humano. Kardec, em “O que
é o Espiritismo”, expressa: “Se admitirmos a Justiça de Deus, não podemos
deixar de admitir que esse efeito tem uma causa; e se esta causa não se
encontra na vida presente, deve achar-se antes desta, porque em todas as coisas
a causa deve preceder ao efeito; é, pois, necessário que a alma já tenha
vivido, para que possa merecer uma expiação”.
Nada é por acaso! Pelos ensinos dos Espíritos Superiores, sabemos que as
vicissitudes da vida corpórea constituem expiação das faltas do passado e
provas para o futuro, embora o ser não conheça os atos praticados em existências
anteriores. Se suportarmos com resignação as expiações e provações depuramo-nos
e elevamo-nos. As naturezas das vicissitudes e das provas podem indicar o que
fomos e fizemos, do mesmo modo que julgamos os atos de um culpado pela falta
que lhe infligimos. Nesse sentido, o Espiritismo esclarece uma das possíveis
causas da ingratidão dos filhos. Depois de uma existência, o Espírito leva
consigo as paixões e as virtudes inerentes à sua natureza e aperfeiçoa-se no
Espaço, ou permanece estacionário, até que deseje receber a luz. O Espírito
cheio de ódio e desejoso de vingança revolta-se com a ideia do perdão. Contudo,
este ser infeliz, após anos de meditações e preces, aproveita a oportunidade de
um novo corpo em preparo na família daquele a quem detestou, e pede aos
Espíritos incumbidos pelo seu planejamento reencarnatório permissão para lá
viver uma nova chance de progresso. Pelo planejamento reencarnatório, se
retornar como pai ou mãe, pedirá para reparar a sua falta perante o filho, a
fim de ter melhor cuidado com ele. Entretanto, mergulhados na vida corpórea, os
Espíritos perdem as lembranças do passado, das faltas e dos erros, mas trarão
os traços dos sentimentos inferiores de forma instintiva. Os ressentimentos de
existências anteriores provocam certos ódios e repulsas instintivas de filhos, dos
pais, aparentemente injustificáveis. Por outro lado, como pais, temos a missão
de cuidar e educar os filhos, corrigindo os possíveis desvios ou as más
tendências, inclusive corrigindo a nós mesmos. Se não cumprir a sua
responsabilidade de pai ou mãe, conduzindo seu filho para o caminho do bem, por
sua culpa, o terá entre os Espíritos sofredores. Por isso, não condene o filho
ingrato, pois um ou outro já odiou muito, ou foi muito ofendido. Um ou outro
veio para perdoar ou expiar. A ingratidão do filho será para os pais, nesta
vida, o começo de uma prova. Se não tiver êxito, Deus dará o consolo, pois um
dia o filho ingrato os recompensará com seu amor. A bondade de Deus nunca fecha
a porta. Agradeça a Deus, sem queixas e com paciência, a oportunidade dada para
vencer a prova, suportando a ingratidão do filho. Pelos laços de família, que
constitui uma lei da Natureza, tem-se a oportunidade de aprendizado e evolução,
tendo por fundamento o amor e a união, congregando ideais, sonhos, árduas
tarefas, sofrimentos e valores. Arraigada em vidas passadas, a família é
formada por agentes diversos, que se reencontram afetos e desafetos, amigos e
inimigos, para os ajustes, os reajustes e os resgates indispensáveis. A família
pelos laços espirituais fortalece-se pela purificação e se perpetua no mundo
espiritual através das várias migrações da alma, porquanto na reencarnação o
Espírito vem do espaço para progredir e as associações familiares na Terra têm
as suas funções educadora e regenerativa. A proposta da evolução não é gerar
apego, mas promover e ampliar a família no sentido do amor fraterno universal. A
semente a ser plantada é a do amor incondicional, sem nada esperar em troca. A
recompensa será a satisfação de ver os filhos trilhando o caminho do bem. Quem
ama de verdade já está recompensado. Por tudo isso, acolha e auxilia os filhos.
Não julgue o filho ingrato. Depois, no mundo dos Espíritos, a família se
felicitará por haver salvo alguns náufragos que poderão salvar outros. Faça o
bem conscientemente, para qualquer pessoa, mesmo para quem lhe trata mal, pois
isto será um tapa na maldade e pode curar, no mínimo você mesmo. Ajude sem
esperar que as pessoas lhe agradeçam, sem contar com gratidão. Às vezes ela
virá. Mas muitas vezes não. O que importa é que você ajudou a aliviar o
sofrimento de alguém e sabe disto, tem consciência de que o que você fez
realmente tem um valor de ajuda. Pensemos nisto!
Muita Paz!
A serviço da
Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a
uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o
equilíbrio necessário para uma vida feliz.
Leia Kardec!
Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!
O amanhã é
sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!
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