Caridade, um reflexo de amor. O Evangelho de Jesus é o grande manual da vida, porque estabelece lições que representam a orientação necessária para a nossa evolução espiritual. Muitos de nós, ao tomarmos conhecimento desses ensinamentos, somos tocados pela verdade. E dentre essas maravilhas ensinadas pelo Cristo está a Caridade. Na questão 893 de O Livro dos Espíritos, Kardec indaga qual a mais meritória das virtudes, obtendo dos Espíritos a resposta de que é a caridade desinteressada. Mas o que é caridade segundo a Doutrina Espírita? Para facilitar a compreensão, podemos dividi-la em caridade material e caridade moral. A caridade material compreende aquilo que tem manifestação no mundo físico, devendo ser exercida com desprendimento e amor, sem humilhar quem recebe. Já a esmola, algumas vezes é útil, mas quase sempre é humilhante para quem recebe. A caridade, pelo contrário, liga o benfeitor ao beneficiado.
A caridade moral, como a
entendia Jesus, é elucidada na questão 886 de O Livro dos Espíritos, como sendo
benevolência, ou seja, boa vontade para com todos; indulgência, que é
tolerância, para com as imperfeições alheias e perdão das ofensas. Esse
conceito de caridade reúne todos os deveres do ser humano para com seu próximo,
podendo ser exercitada através de três situações, a saber: Avaliando o próximo
com indulgência; agir com meu próximo com benevolência; receber toda ação do
próximo com perdão. Então, nós já aprendemos que Caridade é indulgência e benevolência para
com todos os nossos irmãos do caminho. Porém, é aquela Caridade que nos indica
que fora dela não há salvação, e ela não nasce de fora para dentro. É algo mais
profundo. É uma manifestação afetiva de dentro para fora.
Caridade é amor em manifestação
incessante e crescente. Ela exige uma posição moral diante das dificuldades do
outro, ou seja, doar ao seu semelhante carinho, amizade, e o seu tempo. O
amparo, o exemplo, muitas vezes vivifica dentro daquele a quem desejamos
ajudar, e dá a ele a oportunidade de crescimento. Isso é algo muito mais
importante do que apenas darmos o que nos sobra aos carentes. Embora isto
também seja um ato caritativo, não resume a grandiosidade desta virtude. A
esmola é útil, porque alivia os necessitados. Mas, é quase sempre humilhante
para quem recebe. Já, a prática da Caridade vai muito mais além. Ela liga o
benfeitor ao beneficiado. Então, devemos perceber que além daquela Caridade
material, que também nos cabe fazer, de modo a amenizar o sofrimento do nosso
semelhante, nos cabe também procurar exercitar um outro tipo de Caridade, a
Caridade desconhecida. E o que é a Caridade desconhecida? Existem pessoas que
têm o costume de falar com seus pares, tentando diminuir uma pessoa ausente.
Então, toda vez que vierem para nós falar mal de alguém, devemos ouvir com
educação e atenção aquilo que está sendo dito e, na primeira oportunidade,
devemos evidenciar uma virtude daquela vítima ausente. Esta ação é suficiente
para estancar qualquer tentativa de continuidade na maledicência. Essa Caridade
moral que não é conhecida por muitos, todos nós podemos fazer. Jesus, a maior
referência que temos em Caridade, utilizou apenas o seu amor e compaixão para
com todos. Estaremos fazendo
caridade quando, fazendo bom uso de nossas forças mentais, oramos em favor dos
enfermos, sem excluir aqueles que porventura se considerem nossos inimigos.
Estaremos fazendo caridade quando, com sacrifício de nosso valioso tempo, formos
capazes de ouvir, sem enfado, aquele irmão infeliz que nos deseja confiar seus
problemas íntimos, embora sabendo de antemão que nada podemos fazer por ele,
senão dirigir-lhe algumas palavras de carinho e solidariedade, até mesmo dar um
abraço.
Estaremos fazendo caridade quando, embora as
circunstâncias a tal nos induzissem, não suspeitássemos mal de nossos
semelhantes, abstendo-nos de expor qualquer juízo apressado e temerário contra
eles, mesmo entre os familiares. Estaremos fazendo caridade quando, vez por
outra, endereçássemos uma palavra de estímulo às boas causas e não
procurássemos, ao contrário, destruir o entusiasmo e a crença daqueles que
neles se acham empenhados. A caridade moral pode ser: Verbal (palavras que consolam, esclarecem e
edificam; prece que aproxima de Deus; silêncio ou suavidade no falar). Mental
(ondas mentais sob a forma de perdão; prece, emitida em favor de encarnados e
desencarnados). Gestual (afago fraterno, abraço, aperto de mão, sorriso).
Passiva (silêncio diante de uma ofensa, atenção perante um desabafo). Mediúnica
(amparo a encarnados e desencarnados através da faculdade mediúnica). Assim,
sempre há condições e oportunidades para o exercício da caridade, pois não há
quem não possa doar algo, dedicar atenção a um irmão, vibrar positivamente por
alguém; cada indivíduo, porém, procura e encontra meios de realizar o bem de
acordo com a sua evolução espiritual. Mas, à medida que compreende que fora da
caridade não há salvação (evolução), o Espírito esforça-se por praticá-la em
suas diversas manifestações, eliminando assim, gradualmente, o orgulho e o
egoísmo, na exata proporção que se eleva a Deus. “Amemo-nos uns aos outros e
façamos aos outros o que quereríamos que nos fosse feito. Toda religião, toda
moral se encerram nestes dois preceitos, não haveria ódio, nem ressentimentos”.
(Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XIII, item 9).
O importante é que façamos a
caridade, seja ela material ou moral, mas façamos a caridade, pois, à medida
que plantamos a alegria de viver nos corações que nos cercam, a Providência
Divina, que tudo sabe e vê, agirá de forma a improvisar a nossa ventura.
Francisco de Assis, há mais de um milênio, já nos informou “que é dando que se
recebe”. O amor se manifesta na maneira como se dá, não incluindo os que doam
algo apenas para se verem livres de quem pede ou para aliviar a consciência,
mas sim a atitude realizada com real vontade de auxiliar. Já o desinteresse
consiste em não esperar reconhecimento, gratidão ou retorno de qualquer espécie
pela ação realizada, consoante a frase: “que a mão esquerda não saiba o
que dá a mão direita”. Precisamos viver pensando sim em nós, mas sem esquecer
os outros, uma vez que ninguém consegue ser feliz sozinho. Sejamos, então,
caridosos. 19 de julho - Dia nacional da Caridade. “Chamo-me
Caridade, sou o caminho principal que conduz a Deus, segui-me. Eu sou a meta a
que vós todos deveis visar”. ( Cáritas ) A prece de Cáritas foi psicografada na noite de
Natal, 25 de dezembro, do ano de 1873, ditada pela suave Cáritas, e
psicografado pela médium Madame W. Krill, em um círculo espírita de Bordeaux na
França. Ainda do mesmo Espírito temos as comunicações: "Como servir a
religião espiritual“ e "A esmola espiritual".
Prece
Como Moisés sobre a montanha, nós Vos esperamos com os braços abertos, oh
Poder!, oh Bondade!, oh Beleza!, oh Perfeição!, e queremos de alguma sorte
merecer a Vossa Divina Misericórdia. Deus, dai-nos a força para ajudar o
progresso, a fim de subirmos até Vós; dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a
razão; dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas o espelho onde se
refletirá a Vossa Divina Imagem. Que assim Seja.
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