SETEMBRO AMARELO
Suicídio: Tudo o que deve saber sobre o assunto que
ninguém fala. Setembro Amarelo é o mês (de 1 a 30 de setembro) dedicado à
prevenção do suicídio. Trata-se de uma campanha, que teve início no Brasil em
2015, e que visa conscientizar as pessoas sobre o suicídio, bem como evitar o
seu acontecimento. No dia 10 se comemora o dia mundial de prevenção do
suicídio. Vamos conversar sobre suicídio e comportamento suicida? O que é o
suicídio? A princípio, o suicídio é um fenômeno multifatorial e
multideterminado. Ou seja, as causas são diversas, podendo envolver fatores
genéticos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais, dentre outros. Um dos
maiores estudiosos sobre suicídio, Émile Durkheim
(psicólogo e sociólogo francês,
considerado o fundador da sociologia) diz que o suicídio é um ato de
desespero de um indivíduo. Logo, este indivíduo não quer mais viver e analisar
esse ato não é apenas analisar o indivíduo, mas também a sociedade. Para ilustrar
o nosso trabalho, fomos buscar no livro Ideias e Ilustrações, o conto “Por
cinco dias”, pelo Espírito Hilário Silva. Conta-nos assim o autor espiritual:
Mais de seis lustros passaram. Francisco Teodoro, o industrial suicida,
experimentava pavorosos suplícios nas trevas. Defrontado por crise financeira
esmagadora, havia aniquilado a existência. Tivera vida próspera. À custa de
ingente esforço, construíra uma fábrica. Importando fios, conseguira tecer
casimiras notáveis. E o trabalho se desdobrava, promissor. Operários e máquinas
eficientes, armazéns e lucros firmes. Surgira, porém, a retração dos negócios.
Humilhavam-no cobranças e advertências, a lhe invadirem a casa. Frases
vexatórias espancavam-lhe os ouvidos. Coronel Francisco, trago-lhe as promissórias
vencidas. Sr. Francisco, nossa firma não pode esperar. O capitão do serviço
pedia mais tempo; apresentava desculpas; falava de novas esperanças e comentava
as dificuldades de todos. Meses passaram pesadamente. Cartas vinagrosas
chegavam-lhe à caixa postal. Devia aos credores diversos o montante de
oitocentos contos de réis. A produção, abundante, descansava no depósito, sem
compradores. Procurava consolo na fé religiosa. Por toda parte, lia e ouvia
referências à Divina Bondade. Deus não desampara as criaturas – pensava. Ainda
assim, tentava a oração, sem abandonar a tensão. E porque alguém o ameaçava de
escândalos na imprensa, com protestos públicos, em que seria indicado por
negociante desonesto, escreveu pequena carta, anunciando-se insolvável, e disparou
um tiro no crânio. Com imenso pesar, descobriu que a vida continuava
carregando, em zonas sombrias de purgação, a cabeça em frangalhos. Palavra
alguma na Terra conseguiria descrever-lhe o martírio. Sentia-se um louco
encarcerado na gaiola do sofrimento. Depois de trinta anos, pode recuperar-se,
internando-se em casa de reajuste, reavendo afeições e reconhecendo amigos. E
agora que retornava à cidade que lhe fora ribalta ao desespero, notava,
surpreendido, o progresso enorme da fábrica que lhe saíra das mãos. Embora invisível aos olhos físicos dos velhos
companheiros de luta, abraçou, chorando de alegria, os filhos e os netos
reunidos no trabalho vitorioso. E após reconhecer o seu próprio retrato,
reverenciado pelos descendentes no grande escritório, veio, a saber, que
acontecimento importante sucedera cinco dias depois dos funerais em que a
família lhe pranteara o gesto terrível. À face de alteração na balança
comercial do País, ante a grande guerra de 1.914, o estoque de casimiras, que
acumulara zelosamente, produziu importância que superou de muito a quatro mil
contos de reis. Mostrando melancólico sorriso, o visitante espiritual
compreendeu, então, que a Bondade de Deus não falhara. Ele apenas não soubera
esperar.
REFLEXÃO:
Há momentos na vida em que muitas criaturas perdem a
coragem de seguir em frente. Essa situação é mais frequente do que se imagina.
Em casos extremos, o desânimo, a melancolia ou a depressão podem precipitar a
ideia do suicídio. O silêncio em torno do assunto, o torna reconhecidamente um
abominável tabu, e só agrava a situação. O dicionário diz que tabu significa um
tema, um assunto sobre o qual preferimos não falar, e o suicídio é um tabu. É
um assunto que achamos desagradável comentar. Entretanto, nunca foi tão
importante falar sobre esse tema, com a intenção de reduzir os números das
estatísticas divulgadas no mundo e no Brasil. Segundo dados de 2015 da
Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio mata mais jovens entre 15 e 29
anos que o HIV. Fica atrás apenas dos acidentes de trânsito. São dados alarmantes. Infelizmente, a cada 40
segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo. Desta forma, aproximadamente um
milhão de mortes por este motivo, acontecem por ano. Logo, a cada ano, as
mortes por suicídio, constituem 50% das mortes violentas entre homens e 71%
entre mulheres. Em síntese, os índices mais altos estão nos países da Europa
Oriental, América Central e América do Sul. No entanto, é importante analisar
também as tentativas deste ato. Estas têm um intervalo de tempo ainda menor, a
cada três segundos alguém tenta se matar. Apesar dessa estimativa, ressalta-se
que as tentativas de suicídio podem ser de 10 a 20 vezes mais frequentes que o
suicídio. Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde, entre 15% a 25%
das pessoas que tentam suicídio, irão repetir.
Estatísticas no Brasil
No Brasil, em um intervalo de 45 minutos, acontece um
suicídio. A taxa é de 6,1 por 100 mil habitantes, totalizando cerca de 13 467
suicídios por ano. Isso faz com que o Brasil seja o oitavo país com mais
suicídio em todo o mundo. No entendimento dos técnicos do Ministério da Saúde,
o suicídio já é considerado um problema de saúde pública epidemiologicamente
relevante e complexo, para o qual não existe uma única causa ou uma única
razão. O suicídio acontece e com pessoas que sequer imaginávamos. O mundo
interno de uma pessoa é um mundo a ser explorado. Muitos fatores podem aumentar
os riscos de alguém cometer suicídio, como problemas de relacionamento,
financeiros ou profissionais. O abuso de substâncias químicas (drogas, bebidas,
medicamentos), declínio da saúde física ou mental, como a depressão, também
podem estar associados. Entre os jovens, perda da autoestima. As razões podem
ser bem diferentes, porém muito mais gente do que se imagina já teve uma
intenção em comum. Na maioria das vezes, no entanto, é possível evitar que
esses pensamentos suicidas virem realidade. A primeira medida preventiva é a
educação: é preciso deixar de ter medo de falar sobre o assunto, derrubar tabus
e compartilhar informações ligadas ao tema. Como já aconteceu no passado, por
exemplo, com doenças sexualmente transmissíveis ou câncer, a prevenção
tornou-se realmente bem-sucedida quando as pessoas passaram a conhecer melhor
esses problemas. Saber quais as principais causas e as formas de ajudar pode
ser o primeiro passo para reduzir as taxas de suicídio no Brasil, onde hoje 32
pessoas por dia tiram a própria vida. Por isso, é essencial deixar os
preconceitos de lado e conferir alguns dados básicos sobre o assunto
1 - COMO PODEMOS DEFINIR O SUICÍDIO? Suicídio é um gesto
de autodestruição, realização do desejo de morrer ou de dar fim à própria vida.
É uma escolha ou ação que tem graves implicações sociais. Pessoas de todas as
idades e classes sociais cometem suicídio.
2.- O QUE LEVA UMA PESSOA A SE MATAR? Vários motivos
podem levar alguém ao suicídio. Normalmente, a pessoa tem necessidade de
aliviar pressões externas como cobranças sociais, culpa, remorso, depressão,
ansiedade, medo, fracasso, humilhação etc.
3 - COMO SE SENTE QUEM QUER SE MATAR? No momento em que
tem ideias suicidas, a pessoa combina dois ou mais sentimentos ou ideias
conflituosos. É um estado interior chamado de ambivalência. Ela busca atenção
por se sentir esquecida ou ignorada e tem a sensação de estar só. Outras
pessoas sentem vontade de desaparecer, fugir ou de ir para um lugar ou situação
melhor. Quase sempre, sentem uma necessidade de alcançar paz, descanso ou um
final imediato aos tormentos que não terminam.
4 - O SENTIMENTO E O IMPULSO SUICIDAS SÃO NORMAIS? Pensar
em suicídio é uma coisa que faz parte da natureza humana, e é estimulada pela
possibilidade de escolha. O impulso também é uma reação natural, porém é mais
comum nas pessoas que estão exaustas por dentro e emocionalmente fragilizadas
diante de situações que despertam possibilidade de suicídio.
5 - QUEM SE MATA MAIS: MENINOS OU MENINAS? Os meninos
normalmente se matam mais, embora elas tentem mais vezes do que os meninos.
Essa tendência também acompanha os adultos, por causas culturais relacionadas a
costumes e preconceitos sociais.
6 - O SUICÍDIO ESTÁ VINCULADO A ALGUMA DOENÇA MENTAL? O
suicídio resulta de uma crise de duração maior ou menor, que varia de pessoa
para pessoa. Não está necessariamente ligado a uma doença mental, mas sim a um
momento crítico que pode ser superado. As pessoas correm menos risco de se
matar quando aceitam ajuda.
7 - PESSOAS QUE AMEAÇAM SE MATAR PODEM DESISTIR DA IDEIA?
Sim, podem. Ao receber ajuda preventiva ou oferta de socorro diante de uma
crise, elas podem reverter a situação ao colocar para fora seus sentimentos,
ideias e valores, alterando, assim, seu estado interior. Essa ajuda pode vir de
pessoas comuns, ligadas a organizações voluntárias como o CVV, que se dedicam à
prevenção do suicídio – são voluntários que têm um papel importante ao ouvir
quem estiver passando por um momento de desespero. O apoio pode vir também de
profissionais, contribuição muitas vezes indispensável, especialmente nos casos
de descontrole. Essas duas possibilidades de ajuda são reconhecidas no mundo
inteiro, pois apresentam bons resultados.
8 - AS PESSOAS QUE TENTAM SUICÍDIO PEDEM SOCORRO? Sim, é
frequente pedir ajuda em momentos críticos, quando o suicídio parece uma saída.
A vontade de viver aparece sempre, resistindo ao desejo de se autodestruir. De
forma inesperada, as pessoas se veem diante de sentimentos opostos, o que faz
com que considerem a possibilidade de lutar para continuar vivendo. Encontrar
alguém que tenha disponibilidade para ouvir e compreender os sentimentos
suicidas fortalece as intenções de viver.
9 - QUEM ESTÁ POR PERTO PODE AJUDAR? COMO? É preciso
perder o medo de se aproximar das pessoas e oferecer ajuda. A pessoa que está
numa crise suicida se percebe sozinha e isolada. Se um amigo se aproximar e perguntar
“tem algo que eu possa fazer para te ajudar?”, a pessoa pode sentir abertura
para desabafar. Nessa hora, ter alguém para ouvi-la pode fazer toda a
diferença. E qualquer um pode ser esse “ombro amigo”, que ouve sem fazer
críticas ou dar conselhos. Quem decide ajudar não deve se preocupar com o que
vai falar. O importante é estar preparado para ouvir.
10.- COMO O SUICÍDIO É VISTO PELA SOCIEDADE? O suicídio
foi e continua sendo um tabu entre a maioria das pessoas. É um assunto proibido
e que agride várias crenças religiosas. O tabu também se sustenta porque muitos
veem o suicida como um fracassado. Por outro lado, os homens, por natureza, não
se sentem confortáveis para falar da morte, pois isso expõe seus limites e suas
fraquezas. Esse tabu piora a situação de muitos. Muitas vezes, mesmo aqueles
que seguem religiões que condenam o suicídio não conseguem respeitar suas
crenças e acabam dando fim à própria vida.
11 - O MUNDO ATUAL TEM INFLUÊNCIA NO NÚMERO DE SUICÍDIOS?
As estatísticas mostram que o suicídio cresce não somente por questões
demográficas e populacionais, mas também por problemas sociais que prejudicam o
bem-estar de cada um e que estimulam a autodestruição. Nossa sociedade vive com
diversas situações de agressão, competição e insensibilidade. Campo fértil para
que transtornos emocionais se desenvolvam. O antídoto para combater essa
situação limita-se, no momento, ao sentimento humanitário que algumas pessoas
têm.
12 - QUAIS AS ESTATÍSTICAS SOBRE SUICÍDIO NO BRASIL? A
média brasileira é de 6 a 7 mortes por 100 mil habitantes, bem abaixo da média
mundial – entre 13 e 14 mortes por 100 mil pessoas. Mas o que preocupa é que,
enquanto a média mundial permanece estável, esse número tem crescido no Brasil.
E a maior porcentagem de suicídios é registrada entre jovens.
13- O SUICÍDIO PODE SER PREVENIDO? Sim. Segundo a OMS –
Organização Mundial de Saúde, 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos,
desde que existam condições mínimas para oferta de ajuda voluntária ou
profissional. No Brasil, o CVV – rede voluntária de prevenção, atua nesse
sentido há mais de 50 anos. Recentemente, foi iniciado um movimento de
políticas públicas para traçar planos integrados de prevenção.
14- QUEM OFERECE AJUDA PARA PESSOAS COM INTENÇÃO DE SE
MATAR? As pessoas que precisam de ajuda podem recorrer ao CVV, grupo de
voluntários que oferecem apoio emocional gratuito. E já existem programas de
saúde pública que oferecem esse serviço em algumas regiões do país. Há,
portanto, uma ampla rede de apoio voluntário por meio de telefonia, internet e
atendimento presencial. O CVV atende por telefone, chat, Skype, e-mail e
pessoalmente, além de realizar atendimentos especiais em casos de eventos e
catástrofes. É um grupo de 2.200 voluntários treinados para ouvir e compreender
pessoas que estão abaladas emocionalmente e que correm sério risco de vida.
Alerta aos pais. Jogos perigosos que tem levado jovens ao
suicídio. Baleia Azul é o nome atribuído a um conjunto de 50 desafios diários e
autodestrutivos. Ganhou repercussão midiática ao fazer vítimas fatais. Em todo
o mundo, jovens e adolescentes se envolveram com o sinistro convite ao suicídio
(última etapa do “jogo”). Toda a dinâmica de participação envolvia o uso de
redes sociais, como o Facebook, onde grupos secretos determinavam as ações e
cobravam provas de que os desafios haviam sido cumpridos. Twitter e WhatsApp
também foram usados com esse intuito, disseminando a prática macabra e
“selecionando” novos participantes. Empregamos o termo “selecionar” porque,
para integrar o desafio, era preciso que um curador ou administrador, como se
denominavam os instrutores do jogo, escolhesse a quem dirigiria o convite. E,
uma vez que o jovem aceitasse o chamado, não poderia voltar atrás, sofrendo
ameaças, caso insinuasse desistência. Aparentemente, o Baleia Azul saiu de
“moda”. Mas outros jogos, com características similares, similares, continuam
sendo notícias. Você já notou como, de tempos em tempos, uma brincadeira
viraliza nas redes sociais? Por vezes, elas usam o lúdico como forma de apoio a
causas nobres, como ocorreu com o desafio do Balde de Gelo. O desafio da Baleia
Azul Baleia Azul foi mais um dos desafios que viralizaram. Hoje sabemos que não
se tratava de um jogo inocente e sem consequências. Porém, por falta de
informação adequada, quantos pais deixaram de perceber indícios de que seus
filhos estavam correndo riscos? Portanto, mantenha-se alerta. Entenda que a
convivência não se restringe aos amigos e conhecidos “reais”. Por meio de
diversos aplicativos, conversas e vínculos com estranhos podem, e tendem, a
ocorrer. Em certos casos, inclusive, as redes virtuais são os principais meios
de socialização de adolescentes. Assim como você busca se atualizar sobre o que
acontece no mundo, consuma notícias que falem sobre o que se passa na internet.
É uma forma de prevenção. Não pense que
tudo é bobagem; e, muito menos, tenha essa postura com seu filho. Mantenha o
interesse e o diálogo sobre o conteúdo online. Quanto mais natural e legítima
for essa conversa, mais o adolescente irá revelar, pois se sentirá confortável
para partilhar suas descobertas. A prevenção do suicídio requer o esforço de
todos: família, amigos, colegas de trabalho, membros da comunidade, educadores,
líderes religiosos, profissionais de saúde, funcionários políticos e governos e
requer estratégias integrativas que englobem o trabalho no nível individual, de
sistemas e da comunidade. O comportamento suicida é universal, não conhece
fronteiras e por isso afeta a todos. Suas experiências são inestimáveis para
basear as medidas de prevenção do suicídio e o fornecimento de suporte para
pessoas suicidas e aqueles ao seu redor. O envolvimento de pessoas com
experiência nessa temática, em pesquisas, avaliação e intervenção, deve ser
central para o trabalho de todas as organizações que abordam o comportamento
suicida. As tentativas de suicídio ou sua prática efetiva envolvem sempre uma
grande dose de sofrimento, tensão, angústia e desespero. Essas criaturas, por
não se sentirem com força e coragem para suportarem tais situações, acabam
desistindo de suas jornadas terrenas, acreditando mesmo que, se tirar a própria
vida, o sofrimento acabará. Mas será que acaba mesmo? Ledo engano. O sofrimento
continua lá no outro lado da vida. E a grande frustração do suicida é saber que
não morreu e que ainda ficou com um agravante. O Espírito encarnado que desiste
de sua existência terrena, atentando contra a própria vida, cria um ambiente
turvo, onde suas lembranças e agonias criam uma atmosfera desagradável. Logo, o
suicídio é o maior, o mais trágico e lamentável equívoco que o ser humano pode
cometer. Vamos procurar mostrar como se origina esse sofrimento do suicida. Nós
sabemos que o espírito está ligado ao corpo físico pelo perispírito, e o Fluido
Vital é que mantém essa ligação. O Fluido Vital é uma energia que nós recebemos
por ocasião da nossa reencarnação. E quanto de Fluido Vital o Espírito recebe
para realizar o seu aperfeiçoamento espiritual? Cada espírito tem um tempo
determinado para viver; 5, 20, 40, 70, 80, 90 anos, por exemplo, e,
consequentemente, recebe uma carga de Fluido Vital compatível. O suicida, ao
sair da vida física antes do tempo determinado, quebra todo o processo
estabelecido para a sua jornada terrena, causando problemas sérios no seu
perispírito. Até aqui, eu falei de suicídio direto. Agora, vou falar do
indireto. Fazendo uma analogia, vou dar um exemplo: a criatura programa uma
viagem de férias. Então, ela abastece o carro de acordo com a quilometragem que
vai percorrer, certo? Agora, se ela começar a desviar do caminho traçado,
gastando mais combustível, não vai conseguir atingir o seu objetivo, e isso
acontece com muitas pessoas. Quando a criatura queima o Fluido Vital com outras
coisas, ela diminui o seu tempo de permanência aqui na Terra; e, isso é
denominado de suicídio indireto. Isto ocorre quando ela é desregrada, quando
perde noites de sono, quando faz extravagâncias das mais variadas, ou seja, ela
está utilizando o seu Fluido Vital de maneira equivocada. Já, no suicídio direto,
a criatura está no mundo espiritual com o tanque cheio do Fluido Vital. Mas,
por que o tanque está cheio? Simplesmente porque ela saiu do palco da vida
antes do tempo que havia programado. Se existe algo que não faz parte da
programação do Espírito, esse algo é o suicídio. Claro que ela usou o seu
livre-arbítrio, mas isso não estava previsto. Não é o Fluido Vital que mantém o
Espírito ligado à matéria? Ora, se o suicida está com tanto Fluido Vital assim,
o que vai acontecer? Ele vai se sentir ligado à matéria. Esse Fluido Vital vai
continuar mantendo essa estreita ligação entre o Espírito e a matéria. Mas a
matéria não vai entrar em decomposição? Vai! E o Espírito vai sentir isso. Ele
vai sentir a decomposição como se fosse nele mesmo. Ele vai sentir os odores
fétidos? Vai! Ele agora tem a lei da repercussão. É a lei das consequências. É
a lei de causa e efeito, por isso ele experimenta esse sofrimento. Finalizando,
a observação mostra que as consequências do suicídio realmente não são sempre
as mesmas. Porém, algumas dessas consequências são comuns a todos os casos de
morte violenta, isto é, aquela em que acontece a interrupção brusca da vida. De
início observa-se a persistência mais prolongada e firme do laço que une o
espírito ao corpo. Isto acontece porque este laço está, quase sempre, na
plenitude de sua força no momento em que se parte, ao passo que, quando se
trata de morte natural, ele se enfraquece gradualmente e, às vezes, chega até a
se desfazer antes de a vida se extinguir totalmente no corpo. As consequências
advindas desse estado de coisas são o prolongamento da perturbação do espírito,
seguida da ilusão que o faz acreditar, por um tempo mais ou menos longo, que
ele ainda faz parte do mundo dos vivos. Informam as pessoas que se suicidaram,
através de médiuns espíritas pelos quais se comunicam, que não existem palavras
para descrever os sofrimentos (inenarráveis) por que passa um suicida no mundo
espiritual, não por castigo divino, mas por frustração, sentimento de culpa,
colhendo o que semeou. Sofrem pelo constrangimento em que se encontram por
verem verdadeiro tudo aquilo que negava. Outros se sentem como num braseiro,
terrivelmente atormentados. Essa expressão como num braseiro, aqui usada, não
nos remete à fantasias medievais das chamas do inferno, mas exprime bem o
estado de angústia e dores do suicida. Afirmam ainda que a fome, a desilusão, a
pobreza, a desonra, a doença, a cegueira, qualquer situação, por mais
angustiosa que seja, sobre a Terra, ainda seria excelente condição comparada ao
que de melhor se possa atingir pelos desvios do suicídio. O homem não tem o
direito de dispor da própria vida, somente Deus tem este direito. Por isso, o
suicídio é uma transgressão da lei natural. Portanto, é importante que saibamos
que tirar a própria vida é sempre um ato condenável. Em O Livro dos Espíritos,
nas questões 944, 945, 950 e 957, Kardec nos esclarece sobre o suicídio. A
Doutrina Espírita é um dos maiores preservativos contra o suicídio. A sua
compreensão e estudo têm contribuído para evitar muitas mortes. As provas da
imortalidade do Espírito tiram, de vez, a intenção de quem pretende fugir dos
problemas por esta via. Os bons Espíritos ensinam que vale a pena viver, por
mais difícil que o transe existencial afigure, na certeza de que nenhum de nós
se encontra sozinho no palco da vida. Compreender a imortalidade da alma e a
reencarnação como leis naturais oferece um novo entendimento da vida,
demonstrando que o suicídio não resolve coisa alguma. É nosso dever evitá-lo e
dele afastar os incautos, prestes a cair num abismo de dores, recorrendo à
prece, ao tratamento espiritual nos Centros Espíritas, ao tratamento médico, ao
trabalho em benefício do próximo, onde, doando de nós mesmos aos mais
necessitados, afastamos Espíritos obsessores e higienizamos a mente. Somos
Espíritos imortais, criados por Deus para a plenitude de nossas expressões e
inteligência e emotividade. Vivemos
transitoriamente encarnados em um corpo físico. Ao deixarmos de viver neste
mundo, atravessaremos a fronteira, tênue, que nos separa do outro mundo, o
espiritual, que é a nossa pátria de origem. As diversas experiências pelas
quais passamos fazem parte do nosso aprendizado e das correções de rumo
necessárias. Daí, a ideia de um Deus justo e misericordioso, que sempre nos
fornece oportunidades para prosseguirmos em novas tentativas de superação dos
nossos equívocos; o corpo físico não nos pertence, como um objeto de que podemos
dispor a nosso bel-prazer, mas antes é uma concessão temporária de que
deveremos prestar contas; A vida é uma
sucessão de desafios que, uma vez enfrentados, nos amadurecem, promovendo-nos a
novas etapas de aprendizado; A dor, o sofrimento são elementos naturais que nos
alertam e convidam a nos corrigirmos, portanto, podemos abandonar o hábito de
culparmos a Deus por nossos infortúnios.
Há grupos espíritas que se dedicam exclusivamente ao trabalho de
assistência aos suicidas, seja por meio de reuniões mediúnicas destinadas a
atendê-los, seja por meio de preces em seu favor e de todos aqueles que podem
ser afetados por este ato. O tratamento de desobsessão, quando essa causa
estiver envolvida, é uma terapêutica eficaz e fundamental para afastar os efeitos
da ação invisível do Espírito obsessor. Kardec orienta essa prática com detalhe
e clareza em O Livro dos Médiuns. Esse singelo trabalho tem a intenção de
chamar a atenção daqueles que passam por difíceis provações no plano físico e
que porventura pensam ou pensaram em algum momento atentar contra a própria
vida. A vida terrena deve ser compreendida como o bem mais valioso conquistado
pelo Espírito errante, pois é através dela que temos a oportunidade de
adiantamento moral e intelectual. Pensar que acabaremos com nossos problemas,
os quais nos parecem sem solução, constitui pura ingenuidade de nossa parte,
além de demonstrar falta de fé e confiança no Criador que sempre está junto de
nós. Por piores que sejam os nossos problemas, devemos sempre agradecer a Deus
a oportunidade que nos é concedida de resgatar os débitos do pretérito. Se a
sua vida está difícil, vale a pena acabar com ela? Claro que não! Afinal, quem
hoje em dia não sofre ou não tem problemas sérios a resolver? Ora, se tanta
gente que carrega uma cruz pesada consegue vencer suas dificuldades, por que
você não vai conseguir também? Por isso, nem pensar em desertar da vida pela
porta falsa do suicídio. Aliás, o melhor a fazer é parar para pensar. Guardando
a certeza de que todos os problemas da vida têm solução. Finalizando o estudo,
repito: A morte buscada intencionalmente não é a solução, e nunca será, pois,
na verdade, a vida prossegue e continua após a morte. É exatamente por essa
razão que o Espírito do suicida se defronta com a dura realidade, isto é, de
que continua vivo, levando consigo todos os seus problemas, aumentados pelas
lembranças das cenas trágicas da destruição do próprio corpo. Você já imaginou
como sofrem a família e os amigos de um suicida? Portanto, reflita. Você que já
aguentou muita coisa, por que não vai aguentar mais decepções. Faça uma prece a
Deus pedindo ajuda, e siga em frente para a luta. Deus não abandona nenhum de
Seus filhos, por mais pecador que ele seja. Falar de suicídio, portanto, pode
salvar vidas. E, é isso que desejamos. Nenhum sofrimento é eterno e todo
esforço será recompensado, portanto, meditemos nessas reflexões. O suicídio não
resolve o problema de ninguém. Portanto, valorize a vida. OBS: O Ministério da Saúde celebrou uma
parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV), uma organização que oferece
apoio emocional, pelo telefone 188, à pessoas com pensamentos suicidas.
Muita Paz!