ENSINO ESPÍRITA
Olá, Amigos!
Vamos explanar mais um ensino espírita. Trata-se do tema A Luz que buscamos. Para ilustrar esse
estudo, nós fomos buscar no livro Estante da Vida, o conto Sublime Renovação,
ditado pelo Espírito Irmão X. Conta-nos
assim o autor espiritual: Conta-se que Tiago, filho de Alfeu, o discípulo de
Jesus extremamente ligado à Lei Antiga, alguns meses depois da crucificação
tomou-se de profunda saudade do Redentor e, suspirando por receber-lhe a visita
divina, afastou-se dos companheiros de apostolado, demandando deleitoso retiro,
nas adjacências de Nazaré. Ele, que pretendia conciliar os princípios do Cristo
com os ensinamentos de Moisés, não tolerava os distúrbios da multidão. Não
seria mais justo, pensava, aguardar o Senhor na quietude do campo e na bênção
da prece? Porque misturar-se com os gentios irreverentes? Simão e os demais
cooperadores haviam permanecido em Jerusalém, confundindo-se com meretrizes e
malfeitores. Vira-lhes o sacrifício em favor dos leprosos e dos loucos, das
mães desditosas e das crianças abandonadas, mas não desconhecia que, entre os
sofredores que os cercavam, surgiam oportunistas e ladrões. Conhecera, de
perto, os que iam orar em nome da Boa Nova, com o intuito de roubar e matar.
Acompanhara o martírio de muitos jovens da família apostólica miseravelmente
traídas por homens de má fé que lhes sufocavam os sonhos, copiando textos do
Evangelho renovador. Observara bocas numerosas glorificando o Santo Nome para,
em seguida, extorquirem dinheiro aos necessitados, sem que ninguém lhes punisse
a desfaçatez. Na grande casa em que se propunha continuar a obra do Cristo, entravam alimentos e pipas
de vinho com que se intoxicavam os
doentes, tanto quanto bêbados e vagabundos que fomentavam a balbúrdia e a
perturbação. Desgostoso, queixara-se a Pedro, mas o rijo pescador que lutava na
chefia do santuário nascente rogara-lhe serenidade e abnegação. Poderia,
contudo, sustentar excessos de tolerância, quando o Senhor lhes recomendara
pureza? Em razão disso, crendo guardar-se isento da corrupção, abandonara a
grande cidade e confinara-se em ninho agreste na deliciosa planura que se eleva
acima do burgo alegre em que Jesus passou a infância. Ali, contemplando a
paisagem que se desdobra em perspectiva surpreendente, consolava-se com a visão
dos lugares santos a lhe recordarem as tradições patriarcais. Diante dele
destacavam-se as linhas notáveis do Carmelo, as montanhas do pais de Siquém, o
monte Gelboé e a figura dominante do Tabor. Tiago, habituado ao jejum,
comprazia-se em prece constante. Envergando a veste limpa, erguia-se do leito
alpestre, cada dia, para meditar as revelações divinas e louvar o Celeste
Orientador, aguardando-Lhe a vinda. Extasiava-se, ouvindo as aves canoras que
lhe secundavam as orações, e acariciava, contente, as flores silvestres que lhe
balsamizavam o calmoso refúgio. Por mais de duzentos dias demorava-se em
semelhante adoração, ansiando ouvir o Salvador, quando, em certo crepúsculo
doce e longo, reparou que um ponto minúsculo crescia, em pleno céu. De joelhos,
interrompeu a oração e acompanhou a pequenina esfera luminosa, até que a viu
transformada na figura de um homem, que avançava em sua direção. Daí a minutos,
mal sopitando a emotividade, reconheceu-se à frente do Mestre. Oh! Era Ele! A
mesma túnica simples, os mesmos cabelos fartos a se Lhe derramarem nos ombros,
o mesmo semblante marcado de amor e melancolia. Tiago esperou, mas Jesus, como
se lhe não assinalasse a presença, caminhou adiante, deixando-o à retaguarda. O
discípulo solitário não suportou semelhante silêncio e, erguendo-se, presto,
correu até o Divino Amigo e interpelou-o: Senhor, Senhor! Aonde vais? O Messias
voltou-se e respondeu, generoso: Devo estar ainda hoje em Jerusalém, onde os
nossos companheiros necessitam de meu concurso para o trabalho... E eu, Mestre? Perguntou o apóstolo, aflito. Tiago, disse Jesus, o soldado que se retira
deliberadamente do combate não precisa de suprimento indispensável à extensão
da luta. Deixei aos meus discípulos os infortunados da Terra como herança. O
Evangelho é a construção sublime da alegria e do amor. E enquanto houver no
mundo um só coração desfalecente, o descanso ser-me-á de todo impraticável. Mas,
Senhor, dissestes que devíamos conservar a elevação e a pureza. Sim, tornou o Excelso Amigo, e não te
recrimino por guardá-las. Devo apenas dizer-te que é fácil ser santo, à
distância dos pecadores. Não nos classificaste também como sendo a luz do
mundo? Disse Tiago. O Visitante Divino
sorriu e falou: - Entretanto, onde
estará o mérito da luz que foge da sombra? Nas trevas da crueldade e da
calúnia, da mistificação e da ignorância, do sofrimento e do crime, acenderemos
a glória de Deus, na exaltação do Bem Eterno. Tiago desejaria continuar a
sublime conversação, mas a voz extinguiu-se-lhe na garganta, asfixiada de
lágrimas; e como quem tinha pressa de chegar ao destino, Jesus afastou-se, após
afagar-lhe o rosto em pranto. Na mesma noite, porém, o apóstolo renovado desceu
para Nazaré e, durante longas horas, avançou devagar para Jerusalém, parando
aqui e ali para essa ou aquela tarefa de caridade e de reconforto. E na ensolarada manhã do sétimo dia da
jornada de volta, quando Simão Pedro veio à sala modesta de socorro aos
enfermos encontrou Tiago, filho de Alfeu, debruçado sobre velha bacia de barro,
lavando um feridento e conversando, bondoso, ao pé dos infelizes. Reflexão: A
missão básica de todo aquele que já percebe a verdade é iluminar os caminhos
dos que ainda estão cegos pelas trevas interiores. Jesus nos disse que somos o
“sal da terra”. E, portanto, a missão de todo cristão que já percebe as suas
imperfeições é adubar, é arar o terreno para que ele seja capaz de multiplicar
as bênçãos recebidas. E se já percebemos a nossa essência de espíritos livres
em evolução, devemos ajudar os nossos irmãos a também perceberem as suas
verdades. Em outro trecho do Evangelho, Jesus nos concita a colocar a candeia
sobre o velador, onde possa ser vista por todos aqueles que precisam de luz. A
luz, portanto, é necessária para aplacar as trevas e ajudar a descoberta da
verdade, que liberta-nos das nossas próprias imperfeições, que nos ajuda a
verificar as chagas de nossos caminhos, as nossas feridas milenares, e nos
impulsiona a corrigir a própria caminhada, na direção da virtude, que o Cristo
nos ensina. Muitas vezes, a busca dessa luz, com muita intensidade, pode levar
o cristão que começa a se deslumbrar com a ampliação da percepção dessas
verdades, tornando-se insensatos, perdendo a serenidade, a abnegação, fugindo
do trabalho, sob pretexto de evitar a contaminação com aqueles que ainda não
são capazes de ver o que ele vê. Essa história do Irmão X reforça a necessidade
de nós percebermos o impulso que Jesus nos dá no sentido de ajudarmos o nosso
semelhante, sem julgá-lo, e nos colocarmos no trabalho edificante, junto àquele
que precisa, levando a luz aonde ela é necessária, ou seja, junto aos
sofredores. Fugir da presença dos malfeitores, das meretrizes, dos ladrões, de
todo aquele que se torna delinquente frente aos olhos do mundo; fugir da
presenças dessas pessoas, justificando manter a pureza de espírito, não nos
ajuda no crescimento espiritual. Jesus coloca, nessa história, que deixou para
aqueles que já percebem a verdade todos os deserdados do mundo. Cabe a todos
nós portanto, principalmente aos espíritas, a que já foi dado perceber a nossa
essência de Espíritos em evolução, a missão de levar a luz a quem não a
vê. Semeando o solo através do adubo do
“Sal” que somos, e que há de permitir o crescimento das dádivas e multiplicar a
caridade , através da ação da palavra amiga, do conforto, da roupa, mas,
sobretudo, do crescimento daquele companheiro que se encontra à margem da
estrada, ajudando-o a ampliar a percepção da vida, estimulando-o a sair de si
mesmo, em direção ao mundo, crescendo em espiritualidade, ajudando-o a perceber
todo o dom que está dentro de si, pela sua essência divina, de filho de Deus.
Muitos desses nossos irmãos não conhecem a sua essência, nem acreditam naquilo
que virá em sua vida futura, pois colocam o seu ponto de vista aqui na Terra,
onde os prazeres e a vantagem sobre o semelhante é o único caminho que entendem.
Aqueles que pensam que não serão capazes de conviver com vasos sujos, e que
acham que a sujeira do mundo há de contaminar-lhes a própria vida, estão
enganados. Estão perdendo a oportunidade de se iluminarem, cada vez mais,
através da ação e do exemplo que Jesus nos deixou. Assim, também, nesse final
de estudo, coloco um convite que Maria Dolores (Espírito) nos faz, renovando a
necessidade de olharmos para todos aqueles que sofrem, a esquecer-nos de nós
mesmos, voltando a nossa atenção para aquele que necessita de luz, de amparo e
de caridade. Se te vês nesta noite, / De alma desencantada e dolorida, /
Concentrando a atenção na angústia que te invade, / Medita coração nos outros
companheiros que se vão / Nos caminhos da vida, / Sob as pressões da prova e da
necessidade. / Regresso agora de estirado giro, / Para buscar-te aqui, em teu
doce retiro, / A calma da oração, / Entretanto, alma irmã, se me permites, /
Comentarei as dores sem limites, / Da multidão agoniada / Que encontrei na
jornada. / Com certeza já viste / As trevas e aflições de tanto quadro triste,
/ Mas peço ainda o teu consentimento / A fim de relembrar-te / O vasto
espinheiral do sofrimento / Que nos roga socorro a toda parte. / Deixa enfim
que eu te diga, / Alma fraterna e amiga, / Quanta amargura vi por onde andei...
/ Vi mães em catres de doença e luta, / Lançando petições que a Terra não
escuta, / Pedindo, em vão, a xícara de leite / Para o filhinho semimorto /
Agonizando à mingua de conforto... / Vi outras nas calçadas, / Carregando no
colo os anjos de ninguém, / Pobres irmãs abandonadas / Aspirando a escalar as
alturas do bem. / Acompanhei velhinhos, / Outrora moços de bonito porte, / Tão
fatigados, tão sozinhos / Que pediam a Deus a compaixão da morte. / Achei
muitos irmãos enfermos e cansados / Em desespero manifesto, / Sem pensar nas
terríveis consequências / Que nascem desse gesto. / Vi crianças, ao léu, com
febre e sono, / Relegadas à noite em penoso abandono... / Visitei tanto lar
vazio de esperança, / Tantas mansões em lágrimas ocultas, / E tanta dor nas
choças das favelas, / Que, de fato, não sei explicar, a contento, / Onde há
mais solidão e onde há mais sofrimento / Se nas casa mais ricas e mais altas, /
Ou nas outras mais tristes, mais singelas... / Por isso venho aqui, alma
querida e boa, / Para pedir qualquer migalha, / Em favor de quem chora... /
Ama, ensina, trabalha, / Sofre, ajuda, perdoa... / Lá fora, um mundo novo nos espera
/ Por nossa fé sincera / Traduzida em serviço... / Olvida a própria dor... /
Lembra-te disso: / Temos nós com Jesus a obrigação / De esquecer-nos e agir /
Para que a paz do bem seja a paz do porvir. Não te percas em lágrimas vazias. /
Pensa na força que irradias / Pela fé que Jesus já te consente / Deixa as
tribulações e os pesadelos / Que te fazem chorar, / Reflitamos no amor
sinceramente, / Anota as provações de tanta gente, / Sai de ti mesmo e vamos
trabalhar! Maria Dolores
(Livro: Maria Dolores)
Muita Paz!
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