A DESIGUALDADE
DAS RIQUEZAS
A proposta da nossa reflexão de hoje, é muito desafiadora
devido ao nosso estágio evolutivo. Como preâmbulo, é interessante observar que
a aquisição das riquezas materiais tem sido a meta da esmagadora maioria dos
homens. Neste estudo, vamos abordar importantes questões. A primeira questão
que se apresenta é esta: Por que não são igualmente ricos todos os homens? Por
que uns são ricos e outros são pobres? Por que uns ganham muito dinheiro enquanto
outros ganham pouco? Por que a sorte sorri para uns e fecha a cara para os
outros? Por que uns nascem em berço de ouro e outros numa choupana? Estas são
algumas, das muitas questões, que ainda não encontramos uma resposta
satisfatória. Nosso propósito é, pois, refletir sobre estas questões,
analisando-as sob a ótica espírita. Então, de que maneira a Doutrina Espírita
pode auxiliar-nos na compreensão da desigualdade de renda apontada acima? O
princípio da reencarnação, adotado pelo Espiritismo, é um forte argumento, que
pode oferecer-nos alguma pista. É possível que os Espíritos que ora estão
encarnados neste país já tenham vivido nos outros países mais desenvolvidos.
Como não souberam utilizar a riqueza em favor do próximo, foram enviados para
esta região para se reequilibrarem na lei do amor, passando pela prova da
pobreza. A desigualdade das riquezas é um dos problemas que preocupa muita
gente. E, inutilmente se procurará resolvê-lo levando em conta apenas a vida
atual. A desigualdade das riquezas é vista pela Doutrina Espírita como
experiência necessária ao crescimento do espírito. Em O Evangelho segundo o
Espiritismo, capítulo XVI, Kardec apresenta belas ideias em torno das
desigualdades das riquezas, elencando três causas fundamentais para esse
fenômeno social tão lamentável. A primeira delas encontra-se nas próprias
diferenças existentes entre os indivíduos: nem todos são igualmente
inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para
conservar, afirma o codificador. E acrescenta que se toda a riqueza da Terra
fosse dividida igualmente para todas as pessoas, feita essa divisão, o
equilíbrio estaria desfeito em pouco tempo, pela diversidade dos caracteres e
aptidões. E ele continua afirmando que se a riqueza da Terra fosse distribuída
por igual a cada homem, cada um receberia uma parte mínima e insuficiente.
Supondo-se que isso pudesse ser feito, em pouco tempo essa igualdade deixaria
de existir, em virtude das diferenças individuais: uns a aumentariam, outros,
talvez a maioria, a gastariam na satisfação de seus desejos, das suas
necessidades materiais, e em pouco tempo a desigualdade de dinheiro retornaria
entre os homens. Ele continua supondo que se cada um recebesse somente o
necessário para viver, haveria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos
que ocasionam o progresso e o bem-estar da humanidade, pois desapareceria o
estímulo que impulsiona as grandes descobertas e os empreendimentos úteis. Assim,
conclui que Deus concentra a riqueza em alguns, para que esses a expandam em
benefício de muitos, nas diversas maneiras, atendendo as diferentes
necessidades. A fortuna é, pois um meio de evolução moral e “um meio de ação
para o progresso”. Todos a experienciam, no decorrer das reencarnações, ora
uns, ora outros, a fim de aprender a usá-la com inteligência e sabedoria. Se
todos a tivessem ao mesmo tempo, ninguém trabalharia e a Terra não progrediria.
Assim, todos a possuem, por sua vez e, segundo as revelações dos Espíritos, muitos
temem tê-la, pelas consequências já sofridas, pelo mau uso que dela fizeram. A
necessidade de os Espíritos viverem experiências corpóreas diferentes e
conseguirem as coisas pelo próprio esforço seria uma segunda causa. Lembra
Kardec que são necessárias as provas da pobreza e da riqueza para que os seres
espirituais desenvolvam habilidades diferentes: resignação, perseverança,
desprendimento, compaixão etc. são virtudes que serão construídas
paulatinamente nas diferentes experiências, ora na abundância, ora na escassez.
E, finalmente, a terceira causa das desigualdades: o egoísmo e a ganância
humana, levando os homens a cometerem toda sorte de abusos, em detrimento
daqueles que, por limitações intelectuais, familiares e culturais, não possuam
os mesmos recursos para terem acesso aos bens da Terra. Na questão 806 de o
Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta à Espiritualidade se a desigualdade
das condições sociais é uma Lei Natural? Responderam os Espíritos: Não; é obra
do homem e não de Deus. Kardec ainda insiste: Algum dia essa desigualdade
desaparecerá? E obteve a seguinte resposta: Eternas somente as leis de Deus o
são. Não vês que dia a dia ela gradualmente se apaga? Desaparecerá quando o
egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Restará apenas a desigualdade do
merecimento. Dia virá em que os membros da grande família dos filhos de Deus
deixarão de considerar-se como de sangue mais ou menos puro. Só o Espírito é
mais ou menos puro e isso não depende da posição social. Deus criou o homem
simples e ignorante. Simples porque nada tinha, e ignorante porque nada sabia
além das experiências registradas em seu instinto. Daí a diversidade de graus
evolutivos, tendo em vista as desigualdades, criadas pelo próprio homem: na
inteligência, na atividade e no trabalho. A reencarnação mostra a justiça
divina. No que tange à riqueza, todos passaremos por ela, quer seja nesta vida
ou em outras. Portanto, aos que nascem sob a Desigualdade das Riquezas em
condições desfavoráveis ou até mesmo na miséria, a prova de fé e perseverança
devem ser reafirmada todos os dias. É difícil, e até mesmo desnecessária,
buscar as questões pregressas a esta vida, mas devemos ter a ciência de que nós
escolhemos ou aceitamos as provas as quais passamos. Assim, um que não a tem
hoje, já a teve ou terá noutra existência. Outro, que agora a tem, talvez não a
tenha amanhã. Dessa forma, se há ricos e pobres é porque, sendo Deus justo,
como é, a cada um prescreve trabalhar a seu turno. O uso das riquezas materiais
deve ser moderado com a sabedoria e a caridade para que não caia em impulsos
primitivos o levando ao mau uso dos recursos. Jesus nos ensinou que deveríamos
nos preocupar em ajuntar os tesouros que a traça não corrói, a ferrugem não
consome e o ladrão não rouba. Isto é, os tesouros que nos cumulam o espírito
com a riqueza que levaremos para a eternidade e que nos abrirão as portas para
o Reino de Deus, que é, na verdade, o reino dos valores espirituais. Tenhamos
cuidado com o excessivo desejo de posse; reflitamos, primeiro, sobre os
pressupostos espíritas. Eles foram codificados para auxiliar o pensamento do
homem, a fim de que este se liberte das paixões materiais, conduzindo-o à
conquista dos bens espirituais, os únicos que poderá levar ao partir para a
vida dos Espíritos. Por isso, Se nos encontramos privados de riquezas, cuidemos
de armazenar tesouros de paciência e resignação, buscando no trabalho e na
prece a superação de nossas dificuldades, sem deixar de lutar com ânimo firme
por melhorias e progressos em nossas vidas.
Muita Paz!
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