Como atingir a
perfeição, Sendo imperfeito?
Olá, Amigos! Que tal
começar mais uma semana com uma boa reflexão? Para isso, vamos explanar mais um
ensino espírita, que trata de um tema que versa sobre a perfeição humana.
Nesse estudo, encontramos mais uma passagem do Evangelho de Jesus que,
se entendida ao pé da letra, será tomada como um absurdo. “Sede vós, pois,
perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial” (Mateus, cap. V, vv. 48). De
certa forma, esta exortação do Mestre nos causa estranheza, pois, como pode
alguém ser perfeito como o Criador o é? Deus é que possui a perfeição infinita
em todas as coisas. Esta proposição tomada sem uma análise bem feita
pressuporia a possibilidade de atingir-se a perfeição absoluta. Afinal, o que é
“ser perfeito”? Não errar? Ter sucesso? Agradar a todos? Ser sempre gentil,
humilde? Não falar da vida alheia? Não julgar? Não sentir raiva? Quem consegue
estar permanentemente em um estado quase que de “santidade”? No mundo, há uma
busca de perfeição. O atleta quer ser perfeito, quer bater todos os recordes, o
cientista quer fazer com perfeição as suas descobertas e pesquisas científicas.
Ser “perfeito”, no entanto, não quer dizer sem defeito, pois perfeito quer
dizer fazer bem feito aquilo que sabemos fazer. Precisamos ser cristãos que
buscam a perfeição ou procuram fazer o melhor que podemos naquilo que
realizamos. A perfeição constitui a meta de todo ser humano. Como proceder para
alcançá-la, segundo Jesus, consiste: “Em amarmos os nossos inimigos, em
fazermos o bem aos que nos odeiam, em orarmos pelos que nos perseguem. Mostra
Ele, desse modo, que a essência da perfeição é a caridade na sua mais ampla
acepção, porque implica a prática de todas as outras virtudes.” Perfeição
caracteriza um ser ideal que reúne todas as qualidades e não tem nenhum
defeito, e designa uma circunstância que não possa ser melhorada. Historicamente
o termo perpassa pelo conceito de entelecheia (que se poder traduzir por
"realização") cunhado por Aristóteles, ou seja, é a realização plena
e completa, concluindo um processo transformativo de todo e qualquer ser. E o
nosso destino é a perfeição relativa, pois a absoluta é exclusiva de Deus. Pelo
conhecimento proporcionado pela Doutrina Espírita, sabemos que esse
distanciamento que temos da perfeição diminui à medida que nos esforçamos para
nosso auto aperfeiçoamento. E como o progresso é uma fatalidade, ainda que
estacionemos, será por pouquíssimo tempo, considerando que temos uma eternidade
pela frente. Esse convite de Jesus traduz a confiança, a paciência, que Deus
deposita nas suas criaturas, independente da condição evolutiva de cada um. Ele
não se dirige ao homem imperfeito e falível, mas ao homem do futuro, na sua
condição de perfectibilidade. O tempo e o trabalho vão oportunizando a todos o
processo transformador, qual ocorre com a pedra bruta. E do cascalho pesado
emerge o diamante. Deus não tem pressa, pois tudo se ajusta com sabedoria,
justiça e misericórdia, com o passar do tempo. Portanto, ofertemos ao próximo o
que necessita para promover a sua mudança, mas aguardemos a ação do tempo, que
constrói e reconstrói, num trabalho contínuo e permanente. E que mudemos em nós
o que reprovamos no outro. A evolução é lenta, porque a natureza não dá saltos.
Trazemos ainda muitas sombras do passado, com repetições no presente, o que nos
exige muito esforço de superação, com serenidade, persistência, vigilância e
oração. E que sejamos bondosos no trato com o próximo, pois é pela bondade que conquistamos
a simpatia das pessoas e conseguimos abrir as portas que possam estar fechadas
para nós. “Sede, pois, vós outros, perfeitos, como vosso Pai Celestial é
perfeito” – disse-nos Jesus Cristo. Entretanto, não nos conclama com essa
assertiva a que tomemos ‘ares’ de perfeição presunçosa, e sim a que nos
esforcemos para um crescimento gradual, com o qual o processo da vida vai nos
dando habilidades cada vez maiores e melhores. O que é válido é a vontade de
melhorar. Aquilo que nossa consciência determina por imperfeição podemos
transformar em força que impulsiona para o desejo de nos sentirmos melhor, em
paz e sem culpas por não alcançarmos o impossível. O que é específico de um ser
cristão? Ele é um ser que vive o Cristo na sua vida, pois o Mestre Jesus é para
nós amor divino, por isso o amor é a prática primeira e fundamental da vida
cristã. O que torna um cristão perfeito não é a quantidade de orações que ele
faz. O que o torna semelhante a Cristo não são as penitências que ele realiza.
Tudo isso ajuda, aperfeiçoa, estimula, molda o nosso coração para vivermos a
prática do amor. Sem amor não somos
nada! Por isso, se existe a busca da perfeição em tudo que os homens realizam,
existe a perfeição do amor, e é a perfeição do amor que estamos buscando. A perfeição
do amor consiste em aprender a amar os nossos inimigos. E quem são os nossos
inimigos? São pessoas que não nos querem bem, que nos querem mal, que nos têm
em conta de inimizade. Temos uma resposta para dar a elas: o nosso amor
cristão; o querer bem a elas, rezar por elas. “Rezai por aqueles que vos perseguem, por
aqueles que vos fazem o mal, por aqueles que não vos querem bem”, é a resposta
cristã. A nossa resposta não pode ser vingança mental, não podemos querer o mal
daquela pessoa, desejar o mal para ninguém, isso não é perfeição do amor; pelo
contrário, é o desvirtuamento da força do Evangelho em nós. Busquemos a
perfeição, busquemos aperfeiçoar o amor de Deus em nós. Caprichamos em amar
quem já é próximo de nós, quem já tem muita afeição por nós. Isso todos fazem,
até os pagãos realizam melhor do que nós. A perfeição do amor cristão é saber
amar quem não nos quer bem, é saber fazer o bem para quem nos fez o mal, é
rezar por aqueles que não nos têm em conta e nos levam em conta de inimigos.
Esse é o amor cristão, não é o amor do mundo. É muito importante nós
analisarmos a colocação do verbo, que está no imperativo afirmativo, nos
recomendando para que o ato seja realizado de imediato. “Sede perfeitos”! Jesus
não disse para sermos perfeitos amanhã. A determinação do Mestre nos indica
para agirmos hoje, no presente momento. O conceito de perfeição designa um
estado plenamente realizado, ou seja, aquilo que é bem acabado em todos os
detalhes; aquilo que não apresenta defeito; aquilo que é belo. Em Teologia, é a
plena realização sob o ponto de vista moral realizado no bem, que compete a
cada um possuir e atuar. Nestas condições, como alguém aqui na Terra poderá
atingir esse patamar? Então, há que se
perguntar: Por que, sabendo da nossa fraqueza e das nossas imperfeições, Jesus
pode dar essa ordem expressa? Acontece que essa perfeição que o Cristo nos
ordena é aquela contida nos Seus ensinamentos, que nos conclama a amarmos os
nossos semelhantes e a fazermos o bem sem exceção. Daí, nós podemos concluir que,
o que é ordenado é uma perfeição a que a Humanidade é capaz de atingir, a que
mais se aproxima de Deus. Isto quer dizer que, nós podemos ser perfeitos em
alguns aspectos e noutros não. E, diante dessa verdade, devemos prestar contas
ao Pai, dentro do melhor nível de evolução que pudermos alcançar. Todos nós
temos o direito de buscar essa perfeição, mesmo aqueles espíritos mais
rebeldes, que estão agarrados aos erros e aos vícios. Mas, para isso é preciso
que nos despertemos para a necessidade desse momento e que tenhamos boa vontade
para iniciar aquele bom combate de que Paulo de Tarso nos falou para
desenvolvermos em nós, de forma gradativa e paciente, as mudanças para
atingirmos essa evolução. Quando Jesus nos conta a Parábola do Bom Samaritano,
por exemplo, faz-nos uma apologia do amor ao próximo, isento de preconceitos e
de segundas intenções. Para Jesus, o primor espiritual resume-se na prática
integral da caridade, aconselhando-nos, especialmente, a amar os que nos querem
mal e nos prejudicam na trajetória existencial. O perdão das faltas alheias,
mormente daqueles que nos perseguem, torna-se ação indispensável,
infundindo-nos sentimentos nobres e facultando-nos a aquisição das demais virtudes
que alicerçam os verdadeiros sentimentos fraternos que são: a benevolência, a
abnegação e o devotamento. Se estivermos cumprindo tudo isso, temos a senha
para aceitarmos o Convite à Perfeição. Sendo assim, podemos concluir que Jesus,
ao fazer uma associação da perfeição com o amor – inclusive aos inimigos –,
desejava caracterizá-la como sendo a benevolência extremada e, por isso mesmo,
incondicional. E esse conceito de incondicionalidade é essencial no
entendimento do que seja o perfeccionismo. Daí, nós concluirmos
que, somos todos convocados pelo Mestre ao exercício do aperfeiçoamento, mas
contemos com o tempo e a prática como fatores essenciais, e nunca com a
perfeição como sendo ‘uma determinação martirizante e desgastante’, que faz a
criatura dispender uma enorme carga energética para manter uma aparência
irrepreensível. Repensemos o texto cristão, refletindo se estamos buscando o
crescimento rumo à perfeição, ou se representamos possuir uma santidade oca,
que não suporta sequer o toque da menor contrariedade. O Sede perfeitos
constitui o apelo do divino Mestre para o nosso esforço permanente de evolução,
como assinala a questão 115, de O Livro dos Espíritos, a obra basilar da
Doutrina Espírita: “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes”, ou seja,
sem conhecimento.
Muita Paz!
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