O Homem de bem e
os bons espíritas
O tema “O Homem
de Bem” é uma obra para ser lida, refletida e disseminada por todos os
cristãos, por resumir as características práticas daquele que deve praticar a
caridade naturalmente, demonstrando em suas ações o cumprimento da Lei de Deus.
No item 2 do capítulo 20 de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, tem uma frase
do Espírito Constantino, que diz o seguinte: “Bons espíritas, meus bem-amados,
sois todos trabalhadores da última hora”. Então, não basta ser espírita; é
preciso ser um bom espírita! Para Kardec, o Homem de Bem, o homem útil, o homem
caridoso, é aquele que é capaz de cumprir a lei de justiça, a lei de amor, e a
lei de caridade, na sua maior pureza. É aquele que interroga sempre a sua
consciência para avaliar se seus atos foram pautados com todo o bem que ele
poderia fazer, com toda utilidade que estivesse ao seu alcance: Fui útil? Estou
sendo útil? O Homem de Bem é aquele que se submete à vontade de Deus, por
compreender que nada mais é do que simples criatura. Tudo que tem, tudo que é,
provém do Criador. O Homem de Bem é aquele que tem fé na vida futura, na vida
espiritual, e compreende que ela só será plena de luz se for capaz de vencer o
combate que trava constantemente consigo mesmo. É aquele que percebe que as
dores do mundo, as decepções, as frustrações, são provas ou expiações
necessárias para o seu burilamento. Que os inimigos são colocados junto dele ,
ao seu lado, a fim de que seja advertido com mais clareza do que faria um
amigo, porquanto, aquele adversário nenhum interesse tem em mascarar a verdade.
O Homem de Bem sabe que o sofrimento que o visita provém da postura que ele
assume diante das dores que, muitas vezes, não consegue suportar com resignação,
com coragem. O Homem de Bem sente satisfação nos benefícios que espalha, nos
serviços que presta, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que proporciona,
fazendo tudo o que pode, servindo. É aquele que o sentimento de caridade o
impulsiona a pensar no semelhante antes de pensar em si próprio. O Homem de Bem
é bom e age sem distinção de pessoas; respeita todas as convicções sinceras e
não lança anátema e nem combate aqueles que não pensam como ele; não compete;
ao contrário, sempre busca agregar valor no que faz, no que diz e no que
exemplifica. O Homem de Bem é aquele que recua diante da possibilidade de
causar alguma dor no seu semelhante, quando pode evitar; é aquele que não
alimenta ódio, nem rancor, e nem desejo de vingança. O Homem de Bem é aquele
que perdoa e esquece as ofensas recebidas, e só lembra dos benefícios
recebidos; é aquele que tem a postura indulgente, compreensiva com as fraquezas
alheias, por saber que ainda aquele ser é carente de indulgência e
misericórdia; vive em contato com o mundo, convivendo pacificamente com todos,
e colabora para o bem-estar comum; não toma para si a ação da justiça; não
julga, não pune, não rotula as pessoas; não é preconcebido; não evidencia
fraquezas, males e imperfeições, apenas ampara, ajuda, suporta e consola; é
aquele que busca identificar e combater suas próprias fraquezas, com
perseverança e determinação; não se deixa abater pelas quedas do caminho. O
Homem de Bem vive neste mundo sem pertencer a ele; não se deixa envolver pelos
vícios e pelas tentações; sabe tirar lições de todas as situações da vida,
entendendo que o uso do livre-arbítrio é a forma mais adequada para o seu
aprendizado e sua evolução; é aquele que não abusa dos bens que lhe é
concedido; cuida do corpo conforme as normas de saúde e higiene de que dispõe,
e cuida do Espírito, segundo o que lhe é dado conhecer; entende que é um
depositário de acréscimo de misericórdia, do qual deverá prestar conta; não se
sente melhor nem diferente de ninguém, respeitando as eventuais diferenças, que
estão nas virtudes que possuímos, pela ótica do amor, da compreensão e da
fraternidade. Todas estas características estão relacionadas ao amor em ação,
que é a caridade. Único caminho pelo qual se chega à meta primordial, que é a
perfeição. Assim, não há como tornar-se um Homem de Bem sem trabalho e sem o
exercício da vida e, nela, a sua boa vontade e disposição para o serviço serão
sempre alavancadores do progresso espiritual e forças construtivas para um
mundo melhor. Se hoje já compreendemos e aceitamos essas verdades, mas lutamos
ainda com as dificuldades naturais do caminho do aprendizado que, às vezes, não
nos deixa vislumbrar os reais resultados de nossos esforços, e se ainda
convivemos com a incompreensão, com a intolerância, com a calúnia, com a intemperança,
em todo caminho que escolhemos encontramos sempre espinhos, que nos ferem e nos
desanimam. Pensemos nas palavras de Jesus e apresentemo-nos com boa vontade
para a batalha interior com as nossas próprias fraquezas e imperfeições,
extirpando do nosso coração as raízes do egoísmo e do orgulho. Assim,
suportaremos nossas dores, evitando torná-las um sofrimento desnecessário,
problemas que só o são para a nossa ótica, e nunca para a ótica do Pai. A
doutrina da consolação nos conclama para a integração da paz e da compreensão,
para que encontremos o consolo necessário para as nossas lutas que, hoje, nos
parecem inglórias. Vamos procurar agir como o Homem de Bem para que, no futuro,
passemos pelo bem que fizermos hoje; pelo amor que dermos hoje; pelo consolo
que espalharmos hoje e, com certeza, não passaremos por trevas, porque elas se
dissiparam hoje, e não teremos feridas a lamentar porque elas já cicatrizaram
hoje. Aproveitemos bem as oportunidades que nos forem concedidas e não
desperdicemos tempo. Agora, com relação a ser
bom espírita, nós vamos notar que se trata de um tema muito atual. Cada
um de nós gostaria de ser considerado bom naquilo que faz: ser um bom médico,
ser um bom carpinteiro, um bom advogado, etc. Enfim, é uma aspiração de todas
as criaturas, principalmente aquelas que dispõem um pouco de bom senso. É claro
que ninguém quer ser mau nas suas atividades, nem quer ser inferior naquilo que
é. Nós, seguidores da Doutrina Espírita, gostaríamos muito que o trabalho que
executamos em favor do nosso semelhante sempre fosse considerado bom, de boa
qualidade. É o ideal de qualquer ser humano, apresentar um bom trabalho. Mas,
nem sempre é assim. Quantas vezes nós permitimos que as coisas do mundo
interfiram na nossa maneira de ser espírita. Basta num determinado momento das
nossas vidas em que haja acontecido algo, deixamos de lado a atitude do
espírita, interrompemos uma tarefa na seara do Cristo. E, aí, nós chegamos a
uma conclusão um pouco dolorida de que realmente o termo Bons Espíritas não foi
devidamente esmiuçado o bastante para que a gente possa aplicá-lo à maioria das
pessoas que estudam a Doutrina. A Religião Espírita, a Filosofia Espírita e a
Paciência Espírita nos ajudam a pensar melhor, a agir melhor, a raciocinar e a
deliberar melhor, mesmo que o estudioso não seja espírita. O Espiritismo bem
compreendido mas, sobretudo, bem sentido, conduz forçosamente aos resultados já
mencionados nesse estudo que caracteriza o verdadeiro Espírita, o verdadeiro
cristão. O Espiritismo não cria uma nova moral, mas facilita aos homens a
compreensão e a prática da moral do Cristo. O Espiritismo não permite
distorções. O verdadeiro espírita tem o coração aberto às dores do mundo. Tem a
sua mente iluminada para entender o sofrimento, os erros e as dificuldades de
seus irmãos de caminhada, sejam eles quem forem. Não hesita em dar abrigo,
alimento, e o que estiver ao seu alcance ao desconhecido. Com toda certeza,
precisamos disciplinar os nossos hábitos para sermos melhormente espíritas. O
Espiritismo amplia o campo de nossas observações mostrando-nos, como ensinava o
apóstolo Paulo, “Que tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”. Então, o Homem
de Bem é indulgente com as fraquezas alheias; nunca se compraz em rebuscar os
defeitos alheios; estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente
combatendo-as. Já o verdadeiro Espírita é reconhecido pela sua transformação
moral e pelos esforços que faz para dominar as suas más inclinações. Coloca o
Espiritismo a frente de todas as coisas; age como Espírita; procede como
Espírita; tem consciência de que é um ser espiritual eterno; que a morte não
existe, e sim a vida, sempre; no estudo do Evangelho busca o que Jesus espera
de nós. Um dia, todos nós seremos perfeitos.
Muita Paz!
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