Pedir e Obter
Esta reflexão
apoia-se no Capítulo XXVII de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que tem como
título: “Pedi e obtereis”. O Evangelho nos ensina: Pedi e obtereis. Aos mais
crentes, porém desavisados, esse ensinamento poderia significar que para
alcançarmos qualquer objetivo desejado nos bastaria pedi-lo com bastante fé e
aguardar que ele nos fosse concedido. Porém, não é assim que funciona a
misericórdia de Deus. Há quem conteste a eficácia da prece supondo que, Deus
conhecendo as nossas necessidades, inúteis seriam expô-las. Acrescentam que,
achando-se tudo no Universo encadeado por leis eternas, não podem as nossas
súplicas mudar os decretos de Deus. Assim sendo, por que orar pedindo, pois,
como o próprio Evangelho nos diz, na passagem de Marcos, Cap. VI: 5 a 8: vosso
Pai sabe do que necessitais antes de o pedirdes. O ato de pedir, que num
primeiro momento pode até parecer um ato de falta de fé na Providência Divina,
também pode demonstrar que acreditamos Nele e nas Suas Potencialidades, pois
entendemos que essa atitude denota uma posição de humildade da criatura para
com o Criador. Na nossa súplica a Deus mostramos nossa fraqueza e o
reconhecimento das nossas limitações frente à vida. Quando o Mestre Maior,
Jesus, nos convida à prece para pedir e nos afirma que iremos obter aquilo que
pedimos, não está dizendo que vamos obter da forma que pedimos, mas sim nos
serão dadas as condições para a correção, nos serão apresentados, ao longo de
nossa vida, caminhos para a solução. É costume ouvirmos de certas pessoas
afirmações do tipo: Deus há de me conceder esta graça; tenho fé de que o que eu
pedir me será dado, pois o Pai não desampara a Seus filhos. É verdade, Deus não
desampara. Mas não no sentido falso que costumamos aplicar. Deus abre sempre as
portas para aquele que bate, isto é, para aquele que procura, que se movimenta,
que trabalha, que constrói. As oportunidades são sempre renovadas. Mas sem o
trabalho justo, dificilmente elas serão concretizadas em resultados. Há que se
ter dedicação ao que se pretende para, construindo o caminho, sermos capazes de
atingir nossos objetivos. No entanto, vale destacar que, para alcançarmos a
graça divina, não basta tão somente a apresentação de petitórios se
permanecermos de braços cruzados, aguardando que a Divindade resolva, por si,
os nossos problemas. Jesus prometeu alívio e não solução para as questões que
nos atormentam. Sem o mérito da ação nada se consegue; sob a inércia da
preguiça nada se faz nesse mundo; nada se modifica ou se transforma. Segundo
Bezerra de Menezes, o grande benfeitor espiritual, para que algo seja
concedido, há a necessidade primária da dedicação. Demonstrada a dedicação com
a obra desejada, o recurso será providenciado; as oportunidades serão
apresentadas. Os recursos de Deus não são desperdiçados com aqueles que, apesar
de terem grandes intenções, não são capazes de utilizar os talentos de forma a
multiplicá-los pela ação adequada. Pedir forças, inspiração, proteção,
orientação, é a melhor maneira de iniciarmos a caminhada na direção daquilo que
pretendemos. O Espírito da Verdade diz, apenas pedir não basta, será
indispensável a ação. Do “céu” nada cairá de graça, será imperiosa a iniciativa
mediante a movimentação de atitudes e decisões capazes de nos assegurar o
sucesso desejado. “Ajuda-te e o céu te ajudará”, ensina o conceito evangélico,
portanto, pouco vale implorar se os nossos braços permanecerem cruzados. O
pedir direciona a ação para o objetivo, reforça a concentração no caminho a ser
seguido até ele, e sua obtenção nos será concedida a partir do momento em que,
por mérito da ação, proporcionarmos as condições para que isso ocorra. Pedi e
obtereis, buscai e achareis, batei e se vos abrirá, são variações do mesmo tema
que relaciona o querer, o desejar e o agir para obter. Em muitas circunstâncias
de nossas vidas, oramos com fervor, pedindo a Deus a concessão de benesses, mas
nada fazemos para caminhar em direção ao que queremos. As preces feitas a Deus
escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de suas vontades. As que se
dirigem aos bons Espíritos são reportadas a Deus. Quando alguém ora a outros
seres que não a Deus, o faz recorrendo a intermediários e intercessores,
porquanto nada sucede sem a vontade do Pai. Pela prece, obtém o homem o
concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e
a inspirar-lhe ideias sãs. Ele adquire a força moral necessária para vencer as
dificuldades e a retomar ao caminho certo, se deste se afastou. Por esse meio,
pode também desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas. A
prece é invocação mediante a qual o homem entra, pela transmissão do
pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige. Todos os seres
encarnados e desencarnados estão mergulhados no fluido cósmico universal que
ocupa o espaço. O pedir direciona a ação para o objetivo, reforça a
concentração no caminho a ser seguido até ele, e sua obtenção nos será
concedida a partir do momento em que, por mérito da ação, proporcionarmos as
condições para que isso ocorra. Por
exercer a prece uma ação magnética, poder-se-ia supor que o seu efeito depende
da força fluídica. Entretanto, não é assim. Exercendo sobre os homens essa
ação, os Espíritos, sendo preciso, suprem a insuficiência daquele que ora,
agindo diretamente em seu nome, dando-lhe momentaneamente uma força excepcional
quando o julgam digno dessa graça, ou que ela lhe pode ser proveitosa. Assim,
dirigido o pensamento para um ser qualquer na Terra ou no espaço, de encarnado
para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece entre um
e outro, transmitindo o pensamento. É assim que os Espíritos se comunicam,
transmitem suas inspirações e ouvem a prece que lhes é dirigida. O homem que
não se considere suficientemente bom para exercer salutar influência, não deve
por isso abster-se de orar a bem de outrem, com a ideia de que não é digno de
ser escutado. A consciência da sua inferioridade constitui prova de humildade,
grata sempre a Deus, que leva em conta a intenção caridosa que o anima. Seu
fervor e sua confiança são um primeiro passo para a sua conversão ao bem,
conversão que os Espíritos bons se sentem ditosos em incentivar. Renunciar
alguém à prece é negar a bondade de Deus, recusando a sua assistência e abrir
mão do bem que lhes pode fazer. Acedendo ao pedido que se lhe faz, Deus muitas
vezes objetiva recompensar a intenção, o devotamento e a fé daquele que ora. Daí
decorre que a prece do homem de bem tem mais merecimento aos olhos de Deus e
sempre mais eficácia, porquanto o homem vicioso e mau não pode orar com o
fervor e a confiança que somente nascem do sentimento da verdadeira piedade. Do
coração do egoísta, daquele que apenas de lábios ora, unicamente saem palavras,
nunca os ímpetos de caridade que dão à prece todo o seu poder. Está no
pensamento o poder da prece, que por nada depende nem das palavras, nem do
lugar, nem do momento em que seja feita. Pode-se orar em toda parte e a
qualquer hora, a sós ou em comum. A prece em comum tem ação mais poderosa,
quando todos os que oram se associam de coração a um mesmo pensamento e colimam
o mesmo objetivo, porquanto é como se muitos clamassem juntos e em uníssono. Não
há fórmulas para a prece. Ore segundo suas convicções. Use o vocabulário do seu
dia a dia, sem qualquer ritual, sem qualquer formulário, em verdadeira conversa
informal a quem se dirige (Deus, Jesus, entidade espiritual). Ela deve ser
simples, concisa e sem fraseologia rebuscada. Cada palavra deve ter o seu valor
e a sua ideia, tocar a alma. Disciplina e paciência são duas virtudes
necessárias que, unidas, transformam-se em persistência, perseverança, que nos
impede de desistir do caminho quando os resultados nos parecem impossíveis ou
inatingíveis. Saber o que querer e buscar o que se quer com persistência, são
fatores que contam na obtenção dos resultados desejados. Na obra da caridade
como em outras atividades, muitas vezes, somos levados a desistir, a paralisar,
quando os primeiros resultados não são animadores. Permanecer olhando para o
futuro, medir a distância que nos mantém afastados do ponto que desejamos
atingir, pode nos levar a concluir que nunca conseguiremos o nosso intento, nos
fazendo desistir da caminhada. Sempre que assim nos for induzido pensar,
olhemos para trás, e veremos então que, apesar do ponto futuro parecer
distante, já caminhamos bastante; já vencemos outros obstáculos, construindo o
caminhar que nos leva ao topo, em uma sucessão de pequenas etapas. A felicidade
do homem, neste mundo de provas e expiações, não está nos resultados obtidos.
Pois, sempre haverá o que se fazer, e sempre existirá necessidade de ir além. A
felicidade relativa que podemos sentir está nas oportunidades de aprender e
crescer com experiência, vencendo obstáculos e adversidades, construindo o
caminho que nos é próprio. É sempre bom pensar que a felicidade para nós,
espíritos em evolução contínua, é o próprio caminho que construímos e
percorremos. Como Deus está em nós, Deus nos acompanha passo a passo na busca
daquilo que precisamos e nos concede, fruto do mérito adquirido, aquilo que nos
é justo conceder. Deus nos deu razão e inteligência, sendo o ser humano livre
para agir em uma ou noutra direção, cujos atos acarretam consequências do que
fez ou não. Alguns sucessos escapam à fatalidade e não quebram a harmonia das
leis universais. Nesse sentido, é possível que Deus atenda a certos pedidos sem
perturbar a imutabilidade das leis.
Muita Paz!
A serviço da
Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a
uma reflexão sobre a vida.
Leia Kardec!
Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!
O amanhã é
sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!
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