Por que coisas
ruins acontecem às pessoas boas?
Uma pergunta intrigante: Por que Coisas Ruins Acontecem às pessoas Boas?
Quando uma crise se abate repentinamente sobre nós ou sobre aqueles que amamos,
ela desperta em nós uma série de emoções, desde o sentimento de culpa por
aquilo que fizemos ou deixamos de fazer, até a revolta contra Deus por ter
permitido que tal tragédia acontecesse. É fácil, é humano, questionar a bondade
de Deus quando estamos diante de uma criança que está prestes a morrer. É fácil
duvidar do poder divino, da assim chamada "onipotência" de Deus,
nestas horas. Porque, se Deus fosse realmente bom, Ele não faria as pessoas
sofrerem. E se Deus fosse todo-poderoso, Ele impediria tais coisas de
acontecerem. Muitos já fizeram essa pergunta objeto do nosso texto. Só por
curiosidade, entrem no Youtube e digitem: Por que coisas ruins acontecem às
pessoas boas. E vocês vão ver inúmeras respostas dadas a essa pergunta. Rabinos
responderam, padres responderam, ateus responderam. Todos eles responderam de
acordo com as suas convicções. Há, aproximadamente 6300 anos antes de Jesus
nascer aqui na Terra, Moisés questionou Deus. Está em Êxodo, capítulo V,
versículo 22-23. Então, tornando-se Moisés ao Senhor, disse: “Senhor! Por que
fizeste mal a este povo? Por que me enviaste? Por que desde que me apresentei
ao Faraó para falar em teu nome, ele maltratou a este povo; e de nenhuma sorte
livraste o teu povo”. Este é o questionamento feito por Moisés. Bem mais
recente um pouco, 300 anos antes de Jesus nascer aqui na Terra, houve um
filósofo grego chamado Epicuro, que lançou Paradoxo de Epicuro. No qual ele
propõe um trilema, ou seja, são três verdades que não se harmonizam. “Se Deus é
bom, por que o mal existe?”. Esta questão foi fortemente cobrada aos cristãos
dos primeiros séculos da Igreja Católica, entre eles estava Santo Agostinho.
Tal questionamento era alimentado pelo famoso, e até hoje estudado, Paradoxo de
Epicuro, que viria a se tornar uma das maiores problemáticas cristãs. O
Paradoxo de Epicuro é nada mais que uma série de inferências logicas que
demonstrariam a impossibilidade da existência do Mal e de um Deus bondoso,
onipotente e onisciente na mesma realidade. Mas afinal, como funciona o
Paradoxo de Epicuro? O paradoxo de Epicuro se enquadra na retórica e na lógica
como um Trilema, isto é, um problema no qual se possui 3 afirmativas, porém a
existência de 2 delas necessariamente exclui a terceira. As afirmativas em
pauta no Trilema de Epicuro são: Deus é Onibenevolente (absolutamente e
ilimitadamente bondoso). Deus é Onisciente (tem absoluta ciência de tudo, tanto
em objeto quanto em fenômeno). Deus é Onipotente (possui poder absoluto,
irrestrito e ilimitado). Agora, para encontrar o Trilema basta tentar agrupar
em um caso de realidade imaginada, que considere a existência do Mal como
verdadeira, as 3 afirmativas como verdadeiras, e verificar que não é possível.
Observe: Se Deus é Onisciente e Onipotente, então possui conhecimento da
existência do Mal (pela Onisciência) e poder para acabar com ela (pela
Onipotência), logo, se não o faz não
pode ser Onibenevolente, pois não estaria sendo absoluta e ilimitadamente
bondoso ao permitir o Mal. Conclui-se: existindo o Mal, sendo Deus Onisciente e
Onipotente, não pode ser Onibenevolente. Se Deus é Onipotente e Onibenevolente,
então possui poder para acabar com o Mal (pela Onipotência) e desejo de assim
fazer (pela Onibenevolência), logo, se não o faz é porque não tem conhecimento
do Mal, isto é, não possui conhecimento absoluto, assim, não é Onisciente. Conclui-se:
existindo o Mal, sendo Deus Onipotente e Onibenevolente, não pode ser
Onisciente. Se Deus é Onisciente e Onibenevolente, então possui ciência da
existência do Mal (pela Onisciência) e vontade de acabar com o Mal (pela
Onibenevolência), logo, se não o faz é porque não tem poder para tal, isto é,
não possui poder ilimitado, assim, não é Onipotente. Conclui-se: existindo o
Mal, sendo Deus Onisciente e Onibenevolente, não pode ser Onipotente. Desta
maneira o Trilema de Epicuro teria provado que, existindo o Mal, Deus não
poderia possuir suas três mais marcantes habilidades (Onipotência, Onisciência
e Onibenevolência), somente duas delas, o que configura um paradoxo,
enfaticamente para os monoteístas abraâmicos que pregam, como axioma e epílogo
de todo seu sistema religioso, a bondade absoluta, o conhecimento total e o
poder ilimitado de Deus. Qualquer pessoa que clame pela Justiça Divina, e diga
que as coisas que acontecem não são
justas ou não estão ligadas ao merecimento, tem inúmeras justificativas a
respeito da existência de Deus. Então, como podemos falar sobre Justiça Divina
se há dúvida sobre a existência de Deus? Existe a dialética materialista, e
eles afirmam que Deus não existe, e eles justificam a inexistência de Deus com
a injustiça que há no mundo. Se a vida é injusta, Deus não pode existir. Uma
vez com o atributo da divindade nós temos a perfeição, nós temos a sabedoria
Suprema; Onipotente, ou seja, que pode tudo. Então, por que Ele não resolve o
problema? Ele sabe tudo! Então, Ele não sabia que ia dar certo? Por que fez? Se
ele sabia que não ia dar certo e fez assim mesmo, então não é tão ciente assim.
Se Ele fez assim mesmo, pode ser onipotente, pode ser onisciente, mas não é
muito bom. E, continuando esse raciocínio, a dúvida só faz aumentar. Então
onipotente, pode tudo; onisciente, sabe tudo; onipresente, está em toda parte.
Agora, o mal existe? Se a resposta for sim, foi criada uma impossibilidade
lógica, porque uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Deus é bom ou
não é bom. Quando respondemos que o mal existe, ele ocupa algum lugar, e nesse
lugar Deus não está. Mas Deus não está em toda parte? Se Ele está em toda
parte, não há um lugar onde Ele não esteja. Olha a confusão. Então, nós temos
que escolher: ou o mal existe, ou Deus existe, porque os dois não podem ocupar
o mesmo espaço, porque onde o mal está Deus não estaria. Mas, se nós dissermos
que Deus não está nesse momento, Ele deixou de ser onipresente, Se Ele não sabe
o que está acontecendo não pode interferir, ou como os materialistas costumam
dizer, Deus não existe. Não devemos esquecer que a nossa estadia na Terra
inclui experiências desagradáveis como doenças, solidão, acidentes,
calamidades, injustiça e morte. A vida nem sempre parecerá “justa”. A maioria
de nós já perguntou num ou outro momento por que Deus permite que aconteçam
coisas más a pessoas inocentes. Por isso, temos dificuldade de entender por que
as pessoas boas sofrem tanto? Por que ocorrem coisas ruins a pessoas boas? Por
que uma pessoa tão boa e tão especial, morreu tão cedo, morreu tão jovem? Essas
perguntas todas podem ser sintetizadas da seguinte forma: Afinal, como funciona
a justiça de Deus? De uma maneira geral, achamos que as pessoas boas deveriam
ser agraciadas com coisas boas e as pessoas ruins deveriam sofrer os reveses da
vida. Para estas pessoas, a Justiça deveria funcionar assim. Entretanto, o que
parece ocorrer é justamente o contrário. Quantas vezes não ouvimos a seguinte
frase: “Se fosse um homem de bem, teria morrido. Mas, como é um marginal,
conseguiu escapar da tragédia.” Ou ainda: “Fulano é uma pessoa tão boa, mas
nunca vi alguém sofrer tanto!” Então, a quem que eu vou culpar por esses
infortúnios, diz o vulgo popular? Vamos culpar a Deus? Estaria Deus alheio ao
que se passa na Terra? Será que a Justiça de Deus tem falhas? Não! Isso não é
possível. Quero deixar bem claro que não concordo com as teses materialistas.
Eu sou espírita. E, como tal, apresento argumentos que expliquem as causas do
sofrimento na Terra. Na Revista Espírita de dezembro de 1864, Kardec publicou a
seguinte comunicação que recebeu: “Um novo livro acaba de aparecer. É uma luz
brilhante que vem clarear a nossa marcha. Sou o grande médico das almas, e
venho trazer-vos o remédio que vos há de curar” (Espírito de Verdade). Aqui, no
caso, trata-se do Evangelho segundo o Espiritismo. E nesse livro, no Capítulo V
– Bem-aventurados os aflitos, Kardec aborda o tema da dor, o tema do
sofrimento. E nos dá as causas do sofrimento da Terra. E ele diz: As causas dos
sofrimentos da Terra são três. Três motivos temos. A primeira: Causas Atuais
das Aflições. Quando o sofrimento é na vida presente. São as consequências
naturais do caráter e da conduta daqueles que os sofrem. Quantos homens caem
por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho
e de sua ambição! Por exemplo: uma criança começa a fumar por brincadeira aos
treze anos; aos quinze já tinha adquirido o vício; aos cinquenta e cinco
começou a ter um problema nos pulmões, e aos cinquenta e sete desencarnou por
causa de um câncer nos pulmões. Foi ele que arranjou o problema para si
próprio. Ninguém o obrigou a fumar. Não pode culpar ninguém, não. Então, seria
interessante nós examinarmos a nossa aflição; quantos por cento somos
responsáveis por aquilo que estamos passando agora? A quem, portanto, devem
todas essas aflições, senão a si mesmos? O homem é, assim, num grande número de
casos o autor de seus próprios infortúnios. Mas, em vez de reconhecê-lo, acha
mais simples, e menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a
Providência, a falta de oportunidade, sua má estrela, enquanto, na verdade, sua
má estrela é a sua própria incúria. Os males dessa espécie constituem,
seguramente, um número considerável das vicissitudes da vida. O homem os
evitará, quando trabalhar para o seu adiantamento moral e intelectual. Mas a
experiência chega, algumas vezes, um pouco tarde; e quando a vida já foi
desperdiçada e perturbada, gastas as forças, e o mal é irremediável, então o
homem se surpreende a dizer: Se no começo da vida eu soubesse o que hoje sei,
quantas faltas teria evitado. Mas, às vezes, nós procuramos e não encontramos
uma explicação lógica. Aí, vem a segunda causa. Causa anterior das aflições é
quando não há nada que justifique aquilo que está acontecendo, como por
exemplo, crianças com enfermidade de nascença, que morrem em tenra idade, e da
vida só conheceram sofrimentos. Realmente, o sofrimento delas só pode ter
origem em vidas anteriores. Assim também os acidentes que nenhuma previdência
pode evitar; os revezes da fortuna, que frustram todas as medidas de prudência;
os flagelos naturais. Daí, nós concluirmos que: Para a Doutrina Espírita, o Mal
é fruto da ignorância. É compreensível que muitas pessoas não concordem com
isso. Os espíritos ainda esclarecem que o mal depende, sobretudo, da vontade que se tenha em fazê-lo e que o homem
é tanto mais culpado quanto melhor sabe o que faz. O mal surge quando o homem
se coloca a frente de Deus. Deus nos criou para que fossemos atrás de nossas
próprias batalhas, aprendermos com elas e sermos felizes. Agora como nós
lidamos com essas provas é uma questão nossa, se vamos pelo caminho mais
difícil é uma escolha que nós mesmos vamos acarretar. Sabemos também que
existem as leis divinas, uma delas é a lei de destruição, onde nos é ensinado
que para vir o novo tem que acabar com o velho. Podemos dizer então que para
sermos felizes temos que compreender a infelicidade. Por isso Deus permite que
exista o mal, para vivermos as provas nas encarnações. Além disso, se não
pudéssemos errar, seríamos apenas robôs da criação divina e não é isso que Deus
quer para nós. Muito pelo contrário, ele quer que compreendamos os males e
aprendamos a lidar com ele. Pois, sem compreender e viver o mal não teríamos
como ter coragem, resignação, fé, amor, benevolência e as demais virtudes que
vamos adquirindo com o tempo. O Espiritismo nos ensina que não existem dois
senhores no Universo, o bem e o mal. O bem está em toda parte, pois mesmo
quando pensamos que está tudo perdido, estamos tendo uma visão limitada das
coisas. Estamos enxergando apenas aquilo que a nossa dor nos permite ver, e
muitas vezes o ódio, rancor, maledicência e outros sentimentos menores não permitem
que vejamos algo mais sublime que existe à nossa volta. O mal é apenas um
estágio ou um momento em nossa evolução. Ao vencermos as barreiras dos nossos
desequilíbrios, vencendo nossa pobre visão do mundo, unilateral e baseada
muitas vezes apenas nos nossos conhecimentos precários de certo e errado, vamos
poder perceber um horizonte sem-fim que nos aguarda. Vamos constatando novas
alegrias, perspectivas, vivências e um caminho de luz para seguir. Vamos
percebendo que a vida é muito mais do que imaginamos, pois não conseguíamos
enxergar antes, naquele momento de dor e confusão mental, toda a beleza da
vida, mas somente a escuridão momentânea. Condicionados à estreita visão da
vida material e suas dificuldades, perdemos muitas vezes a capacidade de ver
além dos problemas. Ir passo a passo ampliando nosso campo mental no estudo e
na prática do bem para podermos enfim buscar por novos horizontes de
conhecimento, vivências, amor, paz, perdão; e tudo o que vem nos trazer
felicidade real e vida perene precisa ser o nosso objetivo maior. Sufocando
assim o mal que tenta nos aprisionar em sentimentos menores. O mal é breve,
enquanto o bem é eterno. O mal é resultado dos nossos desequilíbrios, enquanto
o bem é conquista a ser adquirida para uma vida plena e feliz. O mal é a
escuridão da nossa pequena visão de Deus, enquanto o bem é a expressão maior da
divindade em nós. O mal é obsessão, enquanto que o bem é libertação. Precisamos
praticar e viver o bem, mesmo que estejamos nos sentindo feridos,
incompreendidos, e sem perspectivas de melhoria, pois em verdade, podemos estar
passando por uma prova momentânea, mas Deus está ao nosso lado. Assim podemos
perceber que a origem do mal está na escuridão dos nossos atos, com estreitos
sentimentos de ódio, vingança, egoísmo e orgulho. O despertar do bem vai
ocorrer quando buscarmos dentro de nós o Cristo que vive em nós, pedindo que
sejamos amor e caridade para conosco e com o próximo.
Muita Paz!
A serviço da Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é
levar as pessoas a uma reflexão sobre a vida.
Leia Kardec! Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!
O amanhã é sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!
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