A Parentela
corporal e espiritual
Esse estudo é
baseado na página “A Escola das Almas”, do livro Jesus no Lar, pelo Espírito
Neio Lúcio. Como sempre digo, entendo que essas estórias de Neio Lúcio possam
ser interpretadas como parábolas modernas, devido aos ensinamentos que podemos
extrair delas. A narrativa se passa em reunião na casa de Simão Pedro, onde
Jesus aproveita a ocasião para transmitir lições de sabedoria. Conta-nos,
assim, o autor espiritual: Congregados em torno do Cristo, os domésticos de
Simão ouviram a voz suave e persuasiva do Mestre, comentando os sagrados
textos. Quando a palavra divina terminou a formosa preleção, a sogra de Pedro
indagou, inquieta: - Senhor, afinal de contas, que vem a ser a nossa vida no
lar? Contemplou-a Ele, significativamente, demonstrando a expectativa de mais
amplos esclarecimentos, e a matrona acrescentou: - Iniciamos a tarefa entre
flores para encontrarmos depois pesada colheita de espinhos. No começo, é a
promessa de paz e compreensão; entretanto, logo após, surgem pedras e
dissabores. Reparando que a senhora galileia se sensibilizara até às lágrimas,
deu-se pressa Jesus em responder: -O lar é a escola das almas, o templo onde a
sabedoria divina nos habilita, pouco a pouco, ao grande entendimento da
Humanidade. E, sorrindo, perguntou: -Que fazes inicialmente às lentilhas, antes
de servi-las à refeição? A interpelada respondeu, titubeante: -Naturalmente,
Senhor, cabe-me levá-las ao fogo para que se façam suficientemente cozidas.
Depois, devo temperá-las, tornando-as agradáveis ao sabor. Pretenderias,
também, porventura, servir pão cru à mesa? De modo algum, tornou a velha
humilde; antes de entregá-lo ao consumo caseiro, compete-me guardá-lo ao calor
do forno. O divino amigo então considerou: -Há também um banquete festivo, na
vida celestial, onde nossos sentimentos devem servir à glória do Pai. O lar, na
maioria das vezes, é o cadinho santo ou o forno preparador. O que nos parece
aflição ou sofrimento dentro dele é recurso espiritual. O coração acordado para
a vontade do senhor retira as mais luminosas bênçãos de suas lutas renovadoras,
porque, somente aí, de encontro uns com os outros, examinando aspirações e
tendências que não são nossas, observando defeitos alheios e suportando-os,
aprendemos a desfazer as próprias imperfeições. Nunca notou a rapidez da
existência de um homem? A vida carnal é idêntica à flor da erva. Pela manhã
emite perfume, à noite, desaparece. O lar é um curso ligeiro para a fraternidade
que desfrutaremos na vida eterna. Sofrimento e conflitos naturais, em seu
círculo, são lições. A sogra de Simão escutou,
atenciosa, e ponderou: -Senhor, há criaturas, porém, que lutam e sofrem;
no entanto, jamais aprendem. O Cristo pousou na interlocutora os olhos muito
lúcidos e tornou a indagar: -Que fazes das lentilhas endurecidas não cedem à
ação do fogo? –Ah! Sem dúvida, atiro-as ao monturo, porque feririam a boca do
comensal descuidado e confiante. –Ocorre o mesmo, terminou o Mestre, com a alma
rebelde às sugestões edificantes do lar. A luta comum mantém a fervura
benéfica; todavia, quando chegar a morte, a grande selecionadora do alimento
espiritual para os celeiros de Nosso Pai, os corações que não cederam ao calor
santificante, mantendo-se na mesma dureza, dentro da qual foram conduzidos ao
forno bendito da carne, serão lançados fora, a fim de permanecerem, por tempo
indeterminado, na condição de adubo, entre os detritos da Natureza.
REFLEXÃO:
Nessa arena de
aprendizado que é a Terra, o homem recebeu a missão de evoluir em
espiritualidade, pois, foi criado simples e ignorante. Simples porque nada
tinha, e ignorante porque nada sabia, além das experiências registradas em seu
instinto. Foi dotado de inteligência e livre-arbítrio para que pudesse aprender
na vida de relação com seu semelhante. De degrau em degrau, de experiência em
experiência, de encarnação em encarnação, o homem oportuniza o exercício da
relação com seu semelhante e amplia sua percepção para o significado do amor
incondicional. Jesus ao vir à Terra orientar seus irmãos em Deus, falou
diversas vezes por parábolas para que, ao longo do tempo, cada um pudesse tirar
delas a compreensão necessária. Mas, só falou por parábolas sobre assuntos mais
ou menos abstratos de Sua doutrina de amor. Na parte básica, na parte
fundamental, foi sempre direto, principalmente no estabelecimento da lei maior,
da lei de justiça, amor e caridade. Não usou meias palavras e buscou
exemplificar o seu cumprimento. Entretanto, mesmo tendo recebido a mensagem de
amor de forma direta, sem rodeios, nem historinhas, o homem não foi capaz de
entendê-la, de incorporá-la à sua existência. Daí os conflitos, os
desentendimentos, a luta por interesses particulares. Muitos são os cenários
nos quais o homem gravita e desempenha o seu papel em todos eles. No entanto,
deve tirar lições necessárias para a sua evolução espiritual. Como disse, o
homem gravita em cenários diversos: na família, na sociedade, no trabalho, na
religião. E, em todos eles, busca representar o papel adequado. Porém, é
importante ressaltar que o cenário doméstico, o cenário da família, é o mais
repleto de experiências, e constitui-se na primeira oficina de burilamento
espiritual. Na família, encontramos os afetos e os desafetos de outras eras, de
outras experiências que, assim como nós, necessitam vencer a si próprios e
aprender a conviver com irmandade e amor. Deus nos concede a misericórdia do
esquecimento do passado para que consigamos manter relações equilibradas com o
mundo em seus diferentes cenários. Se assim não fosse, tornar-se-ia muito
difícil refazer caminhos, retomar experiências passadas, equilibrar o que foi
desequilibrado, convivendo uns com os outros, credores e devedores. É na
família, portanto, que estão nossas maiores provas e nossas maiores
oportunidades. Assim, sendo, devemos abraçá-las com todo esforço, com toda
determinação e resignação para conseguirmos através da ajuda mútua e da
compreensão adquirirmos valores do amor incondicional. Como já vivemos muitas
vezes a prova da matéria, já tivemos relações com muitos irmãos, muitos pais,
muitas mães, muitos filhos. Muitos irmãos do caminho compartilharam conosco as
experiências da vida na carne. Portanto, podemos concluir que nossa parentela
espiritual é imensa, ultrapassando mesmo os limites de nossa percepção. Poderíamos
até dizer que o mundo em si é uma grande família, embora ainda não se comporte
como tal. Alguns de nós percebem e aproveitam as oportunidades concedidas e
adiantam-se. Outros, tornam-se rebeldes renitentes e teimam em se manterem nas
posições da incompreensão, da dureza de coração e, por conseguinte, não
conseguem se desprenderem das algemas do orgulho, do egoísmo, da intemperança,
da cupidez, da ilusão material. Costumo dizer que ninguém pode percorrer o
caminho por ninguém. Ninguém pode ser considerado responsável pelo insucesso do
outro uma vez que, a todos compete viver suas próprias experiências. O
livre-arbítrio induz à responsabilidade individual, apesar de vivermos relações
coletivas, interagindo uns com os outros. A cada um será dado conforme o que
tiver edificado. Assim, caro irmão, cara irmã, observa a sua conduta dentro da
família. Por mais singela que ela possa ser, procure desenvolver a paciência e
a tolerância com seus companheiros de jornada familiar. Se você lida com
parente difícil, prova que lhe parece insuportável, percebe que ela é
necessária e que, por escolha ou por imperativo, ela lhe foi concedida para o
desenvolvimento da sua luz espiritual. Ore, e peça ao Pai misericordioso forças
para superar as próprias imperfeições que lhe impede de identificar no parente
difícil ao seu lado um irmão de caminhada. Veja pelos olhos do Espírito, para
que você possa ser útil ao irmão do caminho, que foi colocado em sua vida. Perdoa
e concede a misericórdia, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes para
cada falta. Se hoje já conseguimos perceber uma tênue luz espiritual a nos
apontar o caminho, devemos exercitar a tolerância, a humildade, e estender a
mão àqueles que ainda teimam em se manterem à margem da estrada. Todos que aqui
estamos, neste planeta de expiações e provas, somos carentes de afeto, carentes
de misericórdia, carentes de indulgência para nossas faltas. Colhemos hoje o
que semeamos no passado. Somos pecadores contumazes, e esse fato por si só já
não nos autoriza a julgarmos quem quer que seja. Assim, se hoje nos sentimos
ofendidos, devemos expandir nossos sentimentos e aprender a perdoar. Se hoje
sofremos as consequências dos conflitos humanos, e somos bafejados pela
ingratidão daqueles que nos são caros, devemos agradecer a experiência
concedida, e tirar dela a oportunidade de amparar e suportar nossas dores com
resignação. A família terrestre é a grande oficina de aprendizado. É a escola
das almas, que permitirá o nosso acesso aos planos sublimes ou a permanência
nos planos de sofrimento e dor. Aproveitemos, pois, as oportunidades de
conviver e aprender com os irmãos difíceis da jornada terrestre.
Muita Paz!
A serviço da
Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a
uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o
equilíbrio necessário para uma vida feliz.
Leia Kardec!
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sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!
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