Parábola do
Semeador-Reflexões
Afinal, por que
Jesus ensinava em parábolas? Jesus usava as parábolas, porque essas comparações
eram sempre feitas com coisas concretas do cotidiano dos seus ouvintes. Por
exemplo: uma família que morava no campo, pobre e sem instrução, poderia
entender perfeitamente: “O Semeador semeia a Palavra”, “O reino de Deus é como
um grão de mostarda”, “O reino de Deus é como um fermento”. Essas imagens eram
fixadas a tal ponto, que, depois que a pessoa tivesse contato com a semente,
com um semeador, um grão de mostarda ou visse sua árvore, lembraria das
palavras de Jesus, principalmente, faria essa ligação entre o cotidiano e as
verdades reveladas pelo Mestre, e então entenderia seu ensinamento. Precisamos
nos lembrar de que, na época de Jesus, ainda não havia o hábito de se tomar
nota das palavras d’Ele. Seus ensinamentos eram transmitidos oralmente e
repassados às gerações seguintes. Numa cultura em que a oralidade era a forma
mais usada para a transmissão do conhecimento, a fixação do ensino por meio de
imagens, símbolos e situações era muito importante nesse processo. Dessa forma,
a parábola tinha ligação muito concreta com a vida diária dos ouvintes de
Jesus. Aprender um pouco mais sobre elas pode nos ajudar a entender melhor
esses textos presentes no Evangelho e nos animar a lê-los e a nos instruirmos
com eles mais frequentemente. Qual é o significado da parábola do semeador?
Jesus contou a parábola do semeador para explicar como pessoas diferentes
reagem à mensagem do evangelho. As sementes em diferentes tipos de solo
representam o impacto que a mensagem de Cristo tem na vida das pessoas. Apesar
de muitas pessoas rejeitarem ou abandonarem o evangelho, aqueles que creem e se
mantêm fiéis dão muitos frutos. Uma parábola é uma pequena história inventada
para explicar uma verdade complexa. Nas suas parábolas, Jesus usava exemplos do
cotidiano para ensinar verdades espirituais. A agricultura era parte da vida de
todas as pessoas nessa época, por isso Jesus muitas vezes usava exemplos da
natureza em suas parábolas. Para que possamos entender esta parábola, é preciso
resgatar uma característica essencial da agricultura na Galileia de 2000 anos
atrás. Os camponeses não preparavam o terreno antes do lançamento das sementes.
Após a colheita anterior, depois de a terra ter sido pisoteada pelo homem e
pelos animais que circulavam pelo campo, de toda sorte de pedras, pedregulhos,
de ervas daninhas lançados sobre o terreno, o lavrador lançava as sementes. Nessa
parábola nos é dito que o semeador saiu a semear, e como o terreno foi
preparado de acordo com a cultura época, uma parte das sementes caiu à beira do
caminho, e vieram as aves do céu e as comeram, e outras foram pisadas pelos
homens; outras caíram em lugares pedregosos, onde não havia muita terra nem
umidade. Logo as sementes germinaram porque a terra não era profunda, mas ao
surgir o sol, queimaram-se e, porque não tinham raiz, secaram. Outras caíram
entre os espinhos; e os espinhos cresceram e as sufocaram, e não deram fruto
algum. Outras, finalmente, caíram em terra boa, fértil e, brotando, cresceram e
produziram frutos. Algumas produziram trinta, outras sessenta e outras cem por
um. Nas parábolas são contadas histórias com fundo moral. Jesus utilizava muito
deste recurso, pois, poucos de sua época tinham a condição de entender o que
ele dizia, devido à evolução espiritual deles. Ele mesmo afirma isso em Mateus,
Capítulo XIII, versículo 13. Logo, existindo diferentes graus de evolução
espiritual e de entendimento, cada um pensa e reage de uma maneira: uns as
aceitam, outros acham-nas irreais, complicadas, ou boas para ouvir mas não para
praticar. No Evangelho de Mateus, Capítulo XIII, versículos de 1 a 9, no de
Marcos, Capítulo IV, versículos de 3 a 9, no de Lucas, Capítulo VIII,
versículos de 4 a 8, e no Evangelho apócrifo de Tomé (O Dídimo), Capítulo IX,
encontramos o relato de mais um belo e profundo ensinamento de Jesus.
Fixemo-nos em Mateus. O apóstolo conta que naquele mesmo dia, tendo saído de
casa, Jesus sentou-se à borda do mar. E, entorno dele, logo se reuniu grande
multidão. Então, o Mestre entrou numa barca e sentou-se, e todo o povo
permaneceu na margem. Surgindo, então, a
famosa Parábola do Semeador, a primeira contada por Jesus, de um total de 40. É
uma das mais populares, com um detalhe: o Mestre a explicou aos discípulos,
falando-lhes assim: - “Aquele que semeia saiu a semear a sua semente. E,
ao semeá-la, uma parte caiu junto ao caminho e as aves do céu as comeram. Outra
parte caiu sobre pedregulhos, onde não havia muita terra; nasceram depressa.
Mas, logo que saiu o sol, queimaram-se. E, como não tinham raízes, secaram.
Outra parte caiu entre espinheiros, e logo os espinhos que nasceram com elas as
sufocaram. Outra parte, finalmente, caiu em boa terra. Vingaram, cresceram, e
produziram frutos, dando algumas sementes cem por um, outras sessenta, e outras
trinta. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Esta parábola contém três
elementos: o semeador, a semente e o solo. O semeador e a semente são
constantes. O solo é variável. A semente é indiscutivelmente boa; o semeador é
habilidoso e espalha a semente por igual. Mas o trabalho hábil do semeador e a capacidade
de germinação da semente dependem, para o seu sucesso, da natureza do solo, e
aqui é que está o foco da parábola. O trabalho do semeador é colocar a semente
no solo. Uma vez que se a semente for deixada no celeiro, nunca produzirá uma
safra. Por isto o seu trabalho é importante, mas a identidade do semeador não
é. Ele simplesmente põe a semente em contato com o solo. Feita a sua parte, o
semeador sabe que a colheita depende da combinação da semente com o solo. Por
isto, muitas sementes poderão se perder. Mas mesmo assim ele semeia, na
esperança de encontrar um solo fértil, que favorecerá a germinação, a floração
e a frutificação. Quem é o semeador, Jesus não diz. Quem quer que ele possa
representar é essencialmente uma função do propósito da parábola. Então,
vejamos: se o Seu intento foi ilustrar a resposta variável dos ouvintes à Sua
pregação, e forçá-los a um exame sério de si mesmos, então, muito certamente, o
Mestre é o semeador. Mas, se, por outro lado, o propósito da parábola foi
também fortalecer os corações incertos de seus discípulos, esperando, como
estavam, o reino dos céus para levar cada alma diante dele, então, certamente,
estes é que semeariam o mundo com o Evangelho. Ficamos, então, a imaginar como
seria um semeador. Seria alguém especialmente escolhido? Com certeza, não! Um
semeador é alguém que arregaça as mangas, toma as sementes e sai para o
plantio. Geralmente, o semeador do evangelho já nasce feito, não por mera graça
divina, mas, como resultado de suas experiências anteriores: veio da “beira do
caminho” para o “solo dadivoso”, com trânsito pelos “espinhos” e pelos
“pedregulhos”. E o que é a semente? A própria parábola está nos dizendo, em
linguagem simples, que é a palavra de Deus, representada pelos ensinamentos do
Cristo. E o que é que Deus espera de nós? Segundo Jesus, que nos amemos uns aos
outros; que façamos ao próximo todo o bem que desejaríamos; que estejamos
dispostos ao sacrifício dos interesses pessoais em favor do bem comum. O solo
onde caem as sementes divinas é o coração humano. As sementes que caem ao longo
do caminho e que são comidas pelos pássaros antes que brotem, simbolizam as
pessoas que, mesmo tendo a oportunidade de conhecer a palavra de Deus, não se
importam com ela. Estão com o pensamento totalmente voltado para a vida
mundana. Tudo que se relaciona ao Criador ou à moral cristã é visto com
desprezo. São aquelas criaturas de coração duro. E por quais motivos tais
pessoas ouviriam Jesus? Poderíamos dizer que são as que buscam a religião
motivadas por vários problemas. A intenção é meramente receber benefícios.
Escasso é o interesse quanto às orientações, que exigem atenção e disposição
para assimilar seus conceitos. O Evangelho nunca transformará corações como
estes, porque eles não lhe permitem entrar. São os indiferentes, isto é, são
indivíduos ainda imaturos, não preparados para tal semeadura. Indivíduos cujos
corações se mostram insensíveis a qualquer apelo de ordem mais elevada. Jesus
compara as aves do céu aos espíritos maus, que aproveitam as más tendências
dessas criaturas para atormenta-las e inspirá-las a permanecerem longe do
Criador. Já as sementes que caem no solo pedregoso representam as pessoas que
ouvem o evangelho e aceitam a mensagem com alegria, germinam logo. Crescem em
abundância; os brotos podem parecer interessantes, mas o problema é que abaixo
da superfície as raízes não estão se desenvolvendo, devido a pouca profundidade
da terra, sobre solo rochoso, sua fé não está firme. Como resultado, quando
surge o sol abrasador dos problemas, das desilusões, aparece a sua fraqueza. A
planta murcha, seca e morre. Poderíamos dizer que elas lembram os que tomam
conhecimento da palavra de Deus e a recebem com euforia. Assimilam algo e, como
que num passe de mágica, ficam maravilhados. A mudança de conduta é
instantânea, chegando mesmo ao radicalismo. Tudo o que fazem passa a ser
voltado para Deus. Na verdade, retratam os seres que creram, mas não
compreenderam os ensinos espirituais. O
evangelho não desceu profundamente dentro de seu entendimento e vontade.
Acreditam que estão isentos de quaisquer dificuldades em suas vidas, justamente
por estarem se dedicando ao extremo aos ensinamentos divinos. No entanto,
quando as circunstâncias da vida mudam, chegando a adversidade, as provas e
expiações necessárias ao nosso aprimoramento, se sentem injustiçados por Deus
que, segundo eles, deveria evitar-lhes dores e sofrimentos. Então, abandonam a
conduta espiritualista, tornando-se descrentes das coisas do mundo espiritual. Poderíamos
dizer que são pessoas de entusiasmo fácil, que ao se lhes falar do evangelho
aceitam-no prontamente com alegria. Mas não encontram dentro de si mesmas
forças suficientes para empreenderem a reforma de seus hábitos. E, se acontece
surgirem dificuldades, esfriam de vez, voltando à mesmice de vida que levavam.
Esta é a própria razão pela qual aquele que vem muito rapidamente seguir Jesus
precisa parar e pensar sobre o que isso significa. A parte que cai entre os
espinheiros representa aqueles que até escutam e entendem a palavra de Deus.
Porém, os espinhos, que simbolizam a ilusão das riquezas e as preocupações
excessivas com o trabalho material, sufocam suas tentativas de entendimento e
prática da caridade, afastando-os do conhecimento espiritual. Aqui é
interessante notar que a semente não foi lançada sobre uma já visível
infestação de ervas daninhas, mas ao solo adulterado com sementes de plantas
inúteis. Quando se permite que ervas daninhas cresçam junto com a semente pura,
nenhum fruto pode ser produzido. Os espinhos, que não produzirão nada de bom,
simplesmente crescerão para sobrecarregar o solo e enfraquecer a boa semente,
até que ela também fique infrutífera. Pois, os espinheiros disputam a água, a
luz solar e os nutrientes. Como resultado, sufocam as plantas boas. Poderíamos
dizer que são aqueles que aceitam os ensinamentos, e até os admiram, louvam.
Todavia, sentem-se demasiadamente presos às coisas materiais, que consideram
mais importantes que a formação de uma consciência espiritual. Sentem uma
grande tentação a permitir que interesses mundanos dominem tanto suas vidas:
vícios arraigados, vantagens e luxuosidade sufocam no nascedouro os sentimentos
que implique à renúncia aos seus tesouros terrestres. E, finalmente, há a
semente que cai em boa terra, que cresce e frutifica. São aqueles que,
compreendendo que a matéria não é tudo, buscam nos ensinamentos espirituais as
respostas para suas dúvidas e o consolo para suas dores, fazendo da prática da
caridade um meio de aperfeiçoamento. Mas, mesmo entre estes, alerta Jesus,
existem diferenças de entendimento, pois alguns produzirão mais do que outros.
Caberá a cada um saber se deverá dar trinta, sessenta ou cem por um. A
consciência será seu guia. Poderíamos dizer que são aquelas pessoas que
personificam os adeptos sinceros, nos quais as lições do Mestre encontram
magníficas condições de receptividade. Abraçam o ideal cristão de corpo e alma,
e se esforçam no sentido de pô-lo em prática, embora sofram tropeços e
fracassem algumas vezes. Essas criaturas logo “arregaçam as mangas” e tornam-se
multiplicadoras de sementes. Perseveram, produzindo segundo suas
possibilidades, estendendo o bem ao redor de seus passos, para que o reino de
Deus se estenda pelo mundo. Quem tiver ouvido de ouvir, ou seja, condição de
entender, que assim o faça. Paulo de Tarso lembra que aqueles que têm
condições de trabalhar em nome de Jesus, fazendo algo em benefício do próximo,
devem fazer de coração e não por obrigação, ou esperando uma troca com Deus. No
mundo existem as sementes e os semeadores; há sementes de flores e sementes de
espinhos; sementes que produzem bons frutos e sementes que produzem ervas venenosas.
Uma vez Jesus disse que o reino de Deus está dentro de nós. Mas ele só entra
através da boa semente, colocada num coração receptivo aos ensinamentos
espirituais do Mestre. Deus não faz
discriminação de seus filhos. Mas o que vale para Ele não é a quantidade de
palavras ou de obras, mas a qualidade do que é feito. E a qualidade está
diretamente relacionada com a vontade verdadeira de servir ao próximo.
Portanto, seja um jardineiro especial! Faça do nosso orbe um maravilhoso
jardim, espalhando sementes de amizade, de esperança, de ternura e carinho,
para florescerem no solo dos corações que ainda estão duros, apinhados. É
preciso tão somente usar a enxada da vontade; revolver a terra da indiferença e
aplicar o adubo do trabalho. Amplie o bem que existe em você!
Muita Paz!
A serviço da
Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a
uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o
equilíbrio necessário para uma vida feliz.
Leia Kardec!
Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!
O amanhã é
sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!