INTRODUÇÃO
O objetivo desse Blog é levar você a uma reflexão maior sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio
necessário para uma vida saudável e produtiva.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Prezados irmãos e amigos. Não pretendo com esse Blog modificar o pensamento das pessoas. Não tenho a pretensão de ser dono da verdade, pois acredito que nenhuma religião ou seita detém o privilégio de monopolizá-la. Apenas estou transmitindo informações, demonstrando a minha crença, a minha verdade. Cabe a cada indivíduo a escolha de como quer entender as coisas do mundo em que vive, como quer viver a sua vida, e quais os métodos que quer utilizar para suas colheitas. Como disse Jesus, "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", ou seja, o plantio é opcional, você planta o que quiser, mas vai colher o que plantar. Por isto, muito cuidado com o que semear.
Pense nisso!

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domingo, 25 de setembro de 2022

 


Parábola do Semeador-Reflexões

Afinal, por que Jesus ensinava em parábolas? Jesus usava as parábolas, porque essas comparações eram sempre feitas com coisas concretas do cotidiano dos seus ouvintes. Por exemplo: uma família que morava no campo, pobre e sem instrução, poderia entender perfeitamente: “O Semeador semeia a Palavra”, “O reino de Deus é como um grão de mostarda”, “O reino de Deus é como um fermento”. Essas imagens eram fixadas a tal ponto, que, depois que a pessoa tivesse contato com a semente, com um semeador, um grão de mostarda ou visse sua árvore, lembraria das palavras de Jesus, principalmente, faria essa ligação entre o cotidiano e as verdades reveladas pelo Mestre, e então entenderia seu ensinamento. Precisamos nos lembrar de que, na época de Jesus, ainda não havia o hábito de se tomar nota das palavras d’Ele. Seus ensinamentos eram transmitidos oralmente e repassados às gerações seguintes. Numa cultura em que a oralidade era a forma mais usada para a transmissão do conhecimento, a fixação do ensino por meio de imagens, símbolos e situações era muito importante nesse processo. Dessa forma, a parábola tinha ligação muito concreta com a vida diária dos ouvintes de Jesus. Aprender um pouco mais sobre elas pode nos ajudar a entender melhor esses textos presentes no Evangelho e nos animar a lê-los e a nos instruirmos com eles mais frequentemente. Qual é o significado da parábola do semeador? Jesus contou a parábola do semeador para explicar como pessoas diferentes reagem à mensagem do evangelho. As sementes em diferentes tipos de solo representam o impacto que a mensagem de Cristo tem na vida das pessoas. Apesar de muitas pessoas rejeitarem ou abandonarem o evangelho, aqueles que creem e se mantêm fiéis dão muitos frutos. Uma parábola é uma pequena história inventada para explicar uma verdade complexa. Nas suas parábolas, Jesus usava exemplos do cotidiano para ensinar verdades espirituais. A agricultura era parte da vida de todas as pessoas nessa época, por isso Jesus muitas vezes usava exemplos da natureza em suas parábolas. Para que possamos entender esta parábola, é preciso resgatar uma característica essencial da agricultura na Galileia de 2000 anos atrás. Os camponeses não preparavam o terreno antes do lançamento das sementes. Após a colheita anterior, depois de a terra ter sido pisoteada pelo homem e pelos animais que circulavam pelo campo, de toda sorte de pedras, pedregulhos, de ervas daninhas lançados sobre o terreno, o lavrador lançava as sementes. Nessa parábola nos é dito que o semeador saiu a semear, e como o terreno foi preparado de acordo com a cultura época, uma parte das sementes caiu à beira do caminho, e vieram as aves do céu e as comeram, e outras foram pisadas pelos homens; outras caíram em lugares pedregosos, onde não havia muita terra nem umidade. Logo as sementes germinaram porque a terra não era profunda, mas ao surgir o sol, queimaram-se e, porque não tinham raiz, secaram. Outras caíram entre os espinhos; e os espinhos cresceram e as sufocaram, e não deram fruto algum. Outras, finalmente, caíram em terra boa, fértil e, brotando, cresceram e produziram frutos. Algumas produziram trinta, outras sessenta e outras cem por um. Nas parábolas são contadas histórias com fundo moral. Jesus utilizava muito deste recurso, pois, poucos de sua época tinham a condição de entender o que ele dizia, devido à evolução espiritual deles. Ele mesmo afirma isso em Mateus, Capítulo XIII, versículo 13. Logo, existindo diferentes graus de evolução espiritual e de entendimento, cada um pensa e reage de uma maneira: uns as aceitam, outros acham-nas irreais, complicadas, ou boas para ouvir mas não para praticar. No Evangelho de Mateus, Capítulo XIII, versículos de 1 a 9, no de Marcos, Capítulo IV, versículos de 3 a 9, no de Lucas, Capítulo VIII, versículos de 4 a 8, e no Evangelho apócrifo de Tomé (O Dídimo), Capítulo IX, encontramos o relato de mais um belo e profundo ensinamento de Jesus. Fixemo-nos em Mateus. O apóstolo conta que naquele mesmo dia, tendo saído de casa, Jesus sentou-se à borda do mar. E, entorno dele, logo se reuniu grande multidão. Então, o Mestre entrou numa barca e sentou-se, e todo o povo permaneceu na margem.  Surgindo, então, a famosa Parábola do Semeador, a primeira contada por Jesus, de um total de 40. É uma das mais populares, com um detalhe: o Mestre a explicou aos discípulos, falando-lhes assim: - “Aquele que semeia saiu a semear a sua semente. E, ao semeá-la, uma parte caiu junto ao caminho e as aves do céu as comeram. Outra parte caiu sobre pedregulhos, onde não havia muita terra; nasceram depressa. Mas, logo que saiu o sol, queimaram-se. E, como não tinham raízes, secaram. Outra parte caiu entre espinheiros, e logo os espinhos que nasceram com elas as sufocaram. Outra parte, finalmente, caiu em boa terra. Vingaram, cresceram, e produziram frutos, dando algumas sementes cem por um, outras sessenta, e outras trinta. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Esta parábola contém três elementos: o semeador, a semente e o solo. O semeador e a semente são constantes. O solo é variável. A semente é indiscutivelmente boa; o semeador é habilidoso e espalha a semente por igual. Mas o trabalho hábil do semeador e a capacidade de germinação da semente dependem, para o seu sucesso, da natureza do solo, e aqui é que está o foco da parábola. O trabalho do semeador é colocar a semente no solo. Uma vez que se a semente for deixada no celeiro, nunca produzirá uma safra. Por isto o seu trabalho é importante, mas a identidade do semeador não é. Ele simplesmente põe a semente em contato com o solo. Feita a sua parte, o semeador sabe que a colheita depende da combinação da semente com o solo. Por isto, muitas sementes poderão se perder. Mas mesmo assim ele semeia, na esperança de encontrar um solo fértil, que favorecerá a germinação, a floração e a frutificação. Quem é o semeador, Jesus não diz. Quem quer que ele possa representar é essencialmente uma função do propósito da parábola. Então, vejamos: se o Seu intento foi ilustrar a resposta variável dos ouvintes à Sua pregação, e forçá-los a um exame sério de si mesmos, então, muito certamente, o Mestre é o semeador. Mas, se, por outro lado, o propósito da parábola foi também fortalecer os corações incertos de seus discípulos, esperando, como estavam, o reino dos céus para levar cada alma diante dele, então, certamente, estes é que semeariam o mundo com o Evangelho. Ficamos, então, a imaginar como seria um semeador. Seria alguém especialmente escolhido? Com certeza, não! Um semeador é alguém que arregaça as mangas, toma as sementes e sai para o plantio. Geralmente, o semeador do evangelho já nasce feito, não por mera graça divina, mas, como resultado de suas experiências anteriores: veio da “beira do caminho” para o “solo dadivoso”, com trânsito pelos “espinhos” e pelos “pedregulhos”. E o que é a semente? A própria parábola está nos dizendo, em linguagem simples, que é a palavra de Deus, representada pelos ensinamentos do Cristo. E o que é que Deus espera de nós? Segundo Jesus, que nos amemos uns aos outros; que façamos ao próximo todo o bem que desejaríamos; que estejamos dispostos ao sacrifício dos interesses pessoais em favor do bem comum. O solo onde caem as sementes divinas é o coração humano. As sementes que caem ao longo do caminho e que são comidas pelos pássaros antes que brotem, simbolizam as pessoas que, mesmo tendo a oportunidade de conhecer a palavra de Deus, não se importam com ela. Estão com o pensamento totalmente voltado para a vida mundana. Tudo que se relaciona ao Criador ou à moral cristã é visto com desprezo. São aquelas criaturas de coração duro. E por quais motivos tais pessoas ouviriam Jesus? Poderíamos dizer que são as que buscam a religião motivadas por vários problemas. A intenção é meramente receber benefícios. Escasso é o interesse quanto às orientações, que exigem atenção e disposição para assimilar seus conceitos. O Evangelho nunca transformará corações como estes, porque eles não lhe permitem entrar. São os indiferentes, isto é, são indivíduos ainda imaturos, não preparados para tal semeadura. Indivíduos cujos corações se mostram insensíveis a qualquer apelo de ordem mais elevada. Jesus compara as aves do céu aos espíritos maus, que aproveitam as más tendências dessas criaturas para atormenta-las e inspirá-las a permanecerem longe do Criador. Já as sementes que caem no solo pedregoso representam as pessoas que ouvem o evangelho e aceitam a mensagem com alegria, germinam logo. Crescem em abundância; os brotos podem parecer interessantes, mas o problema é que abaixo da superfície as raízes não estão se desenvolvendo, devido a pouca profundidade da terra, sobre solo rochoso, sua fé não está firme. Como resultado, quando surge o sol abrasador dos problemas, das desilusões, aparece a sua fraqueza. A planta murcha, seca e morre. Poderíamos dizer que elas lembram os que tomam conhecimento da palavra de Deus e a recebem com euforia. Assimilam algo e, como que num passe de mágica, ficam maravilhados. A mudança de conduta é instantânea, chegando mesmo ao radicalismo. Tudo o que fazem passa a ser voltado para Deus. Na verdade, retratam os seres que creram, mas não compreenderam os ensinos espirituais.  O evangelho não desceu profundamente dentro de seu entendimento e vontade. Acreditam que estão isentos de quaisquer dificuldades em suas vidas, justamente por estarem se dedicando ao extremo aos ensinamentos divinos. No entanto, quando as circunstâncias da vida mudam, chegando a adversidade, as provas e expiações necessárias ao nosso aprimoramento, se sentem injustiçados por Deus que, segundo eles, deveria evitar-lhes dores e sofrimentos. Então, abandonam a conduta espiritualista, tornando-se descrentes das coisas do mundo espiritual. Poderíamos dizer que são pessoas de entusiasmo fácil, que ao se lhes falar do evangelho aceitam-no prontamente com alegria. Mas não encontram dentro de si mesmas forças suficientes para empreenderem a reforma de seus hábitos. E, se acontece surgirem dificuldades, esfriam de vez, voltando à mesmice de vida que levavam. Esta é a própria razão pela qual aquele que vem muito rapidamente seguir Jesus precisa parar e pensar sobre o que isso significa. A parte que cai entre os espinheiros representa aqueles que até escutam e entendem a palavra de Deus. Porém, os espinhos, que simbolizam a ilusão das riquezas e as preocupações excessivas com o trabalho material, sufocam suas tentativas de entendimento e prática da caridade, afastando-os do conhecimento espiritual. Aqui é interessante notar que a semente não foi lançada sobre uma já visível infestação de ervas daninhas, mas ao solo adulterado com sementes de plantas inúteis. Quando se permite que ervas daninhas cresçam junto com a semente pura, nenhum fruto pode ser produzido. Os espinhos, que não produzirão nada de bom, simplesmente crescerão para sobrecarregar o solo e enfraquecer a boa semente, até que ela também fique infrutífera. Pois, os espinheiros disputam a água, a luz solar e os nutrientes. Como resultado, sufocam as plantas boas. Poderíamos dizer que são aqueles que aceitam os ensinamentos, e até os admiram, louvam. Todavia, sentem-se demasiadamente presos às coisas materiais, que consideram mais importantes que a formação de uma consciência espiritual. Sentem uma grande tentação a permitir que interesses mundanos dominem tanto suas vidas: vícios arraigados, vantagens e luxuosidade sufocam no nascedouro os sentimentos que implique à renúncia aos seus tesouros terrestres. E, finalmente, há a semente que cai em boa terra, que cresce e frutifica. São aqueles que, compreendendo que a matéria não é tudo, buscam nos ensinamentos espirituais as respostas para suas dúvidas e o consolo para suas dores, fazendo da prática da caridade um meio de aperfeiçoamento. Mas, mesmo entre estes, alerta Jesus, existem diferenças de entendimento, pois alguns produzirão mais do que outros. Caberá a cada um saber se deverá dar trinta, sessenta ou cem por um. A consciência será seu guia. Poderíamos dizer que são aquelas pessoas que personificam os adeptos sinceros, nos quais as lições do Mestre encontram magníficas condições de receptividade. Abraçam o ideal cristão de corpo e alma, e se esforçam no sentido de pô-lo em prática, embora sofram tropeços e fracassem algumas vezes. Essas criaturas logo “arregaçam as mangas” e tornam-se multiplicadoras de sementes. Perseveram, produzindo segundo suas possibilidades, estendendo o bem ao redor de seus passos, para que o reino de Deus se estenda pelo mundo. Quem tiver ouvido de ouvir, ou seja, condição de entender, que assim o faça. Paulo de Tarso lembra que aqueles que têm condições de trabalhar em nome de Jesus, fazendo algo em benefício do próximo, devem fazer de coração e não por obrigação, ou esperando uma troca com Deus. No mundo existem as sementes e os semeadores; há sementes de flores e sementes de espinhos; sementes que produzem bons frutos e sementes que produzem ervas venenosas. Uma vez Jesus disse que o reino de Deus está dentro de nós. Mas ele só entra através da boa semente, colocada num coração receptivo aos ensinamentos espirituais do Mestre.  Deus não faz discriminação de seus filhos. Mas o que vale para Ele não é a quantidade de palavras ou de obras, mas a qualidade do que é feito. E a qualidade está diretamente relacionada com a vontade verdadeira de servir ao próximo. Portanto, seja um jardineiro especial! Faça do nosso orbe um maravilhoso jardim, espalhando sementes de amizade, de esperança, de ternura e carinho, para florescerem no solo dos corações que ainda estão duros, apinhados. É preciso tão somente usar a enxada da vontade; revolver a terra da indiferença e aplicar o adubo do trabalho. Amplie o bem que existe em você!

Muita Paz!

A serviço da Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio necessário para uma vida feliz.

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domingo, 18 de setembro de 2022

 


Retificação de rumo

A dor é o grande agente de retificação de rumos, atuando de forma implacável como um verdugo que cobra reajustes e abate o ímpeto dos mais recalcitrantes, forçando-os a meditarem e a buscarem o apoio dos valores do espírito. Dentro  deste princípio, fomos buscar no livro “Contos e Apólogos”, do Espírito Irmão X, uma história que bem ilustra o que queremos dizer. Intitula-se “O Caçador Providencial”. Conta-nos assim o autor: Conversávamos acerca do sofrimento, quando o orientador hindu que nos acompanhava contou com simplicidade infantil: -O Anjo da Libertação desceu do Paraiso a este mundo, pousando num cômoro verdejante, a reduzida distância do mar. Aproximaram-se dele um melro, um abutre, uma tartaruga e uma borboleta. Reconhecendo que essa era a assembleia de que podia dispor para a revelação que trazia, o iluminado peregrino começou, ali mesmo, a exalçar as virtudes do Alto, convidando-os à vida superior. Com frases convincentes, esclareceu que o melro, guindado aos cimos de luz, transformar-se-ia num pombo alvo, que o abutre seria metamorfoseado numa ave celestial, que a tartaruga receberia nova forma, suave e leve, em que lhe seria possível planar na imensidão azul e que a borboleta converter-se-ia em estrela luminescente...Os ouvintes assinalaram as promessas com emoção; no entanto, assim que o silêncio voltou a reinar, o melro alegou: -Anjo bom, escusai-me! Um ninho espera-me no arvoredo... Meus filhotes não me entenderiam a ausência... E afastou-se, apressado. O abutre confessou em tom enigmático: - Comovente é a vossa descrição do Plano Divino, entretanto, possuo interesses valiosos no mundo. Preciso voar. E partiu, batendo as asas, a fim de arrojar-se sobre uma carniça.  A tartaruga moveu-se lentamente e explicou: - Quisera seguir-vos, abandonando o cárcere sob o qual me arrasto no solo, contudo, tenho meus ovos na praia... E regressou, pachorrenta, à habitação que lhe era própria. A borboleta chegou-se ao pregador da bem-aventurança e disse, delicada: -Santo, não posso viajar convosco. Moro num tronco florido e meus parentes não me desculpariam a fuga. E tornou à frescura do bosque. O Anjo, que não podia violentá-los, marchou, sozinho, para diante. A  borboleta, porém, apenas avançara alguns metros, na volta à casa, viu-se defrontada por hábil caçador que lhe cobiçava as asas brilhantes. Após longa resistência, tentou alcançar a árvore em que residia, mas, perseguida, presenciou a morte de alguns dos familiares que repousavam. Chorosa, buscou refugiar-se em velha furna, sendo facilmente desalojada pelo implacável verdugo. Ensaiou, debalde, esconder-se entre velhos barcos esquecidos na areia. Tudo em vão, porque o homem tenaz era astucioso e sabia frustrar-lhe todas as tentativas de defesa, armando-lhe ciladas cada vez mais inquietantes. Quando a pobre vítima se sentia fraquejar, lembrou-se do Anjo da Libertação e voou ao encontro dele. O mensageiro divino recebeu-a, contente, e, oferecendo-lhe asilo nos próprios braços, garantiu-lhe a salvação. O narrador fez pequena pausa e considerou: -O sofrimento é assim como um caçador providencial em nossas experiências. Sem ele, a Humanidade não se elevaria à renovação e ao progresso. Quem se acomoda com os planos inferiores, dificilmente consegue descortinar a Vida Mais Alta, sem o concurso da dor. Saibamos, assim, tolerar a aflição e aproveitá-la. Quando a criatura se vê na condição da borboleta aflita e desajustada, aprende a receber na Terra o socorro do céu. Calou-se o mentor sábio, e, porque ninguém comentasse o formoso apólogo, passamos todos a refletir. Irmão X

REFLEXÃO:

O homem terá que superar as tendências inferiores que ainda carrega, aprendendo a expandir sua própria percepção sobre a Criação. As limitações do corpo que carrega, impede, muitas vezes, que perceba sua natureza divina, fazendo com que se mantenha ligado ao imediatismo das coisas do mundo, valorizando apenas aquilo que lhe proporciona condições de viver na matéria. A acomodação é a maior inimiga que o homem pode ter na escalada evolutiva e, quase sempre, se origina da inércia a que ele se entrega diante das suas limitações físicas, intelectuais e morais. A falta de constância, a ausência de espírito de luta, a preguiça, a desculpa, a desilusão, são posturas comuns no homem encarnado, mas inadequada ao progresso e a evolução. Quando encarnado, submetido ao pesado fardo da matéria, apesar de dotado da capacidade de pensar, discernir, escolher o seu caminho, o homem se vê preso às necessidades imediatas e a compromissos do mundo, que acabam por acomodá-lo, impedindo-o de realizar voos mais altos na direção de sua espiritualidade. Muitos, não se preocupam ainda em pensar ou buscar entender o significado de suas vidas: o que somos? Qual a nossa destinação?;  Por que esse ciclo contínuo entre a vida e a morte? Por que somos tão diferentes uns dos outros? O homem, em geral, só se lembra de buscar o Criador quando a vicissitude lhe abate o ânimo, quando se sente impotente para resolver seus próprios problemas. A dor lhe obriga a questionar os porquês da vida, e o induz a retificar seu caminho pela mudança de postura. Mas, em geral, diante dessas circunstâncias, o homem não consegue se livrar da bagagem imprópria que traz consigo, cheia de paixões inferiores, de apegos, de ilusões, de orgulho. Quanto maior o apego aos valores errados, quanto mais pesada a bagagem de ilusões, maior seu sofrimento diante das dores do caminho, e menos preparado ele se encontra para os embates da vida, para as lições da evolução. Todos os dias somos submetidos a essas lições, e temos a oportunidade de aprendermos num processo continuado de ensaios e erros.A aflição e a vicissitude são instrumentos retificadores de postura diante das necessidades de aprendizado espiritual. A revolta, a desesperança, a queixa, a reclamação, não são formas adequadas de se enfrentar a realidade das coisas. Além de não ajudarem a resolver os problemas, ainda agravam os débitos, aprisionando as pessoas em atitudes negativas e improdutivas. Os mensageiros da boa vontade, os trabalhadores de Jesus, esforçam-se incessantemente para colocar nos corações endurecidos a resignação, a esperança, e fazem um convite constante para colocarmos nossa visão num futuro espiritual. Alguns, compreendem e aceitam o convite com mais facilidade. Outros, reagem e se negam a aceitá-lo, achando-se donos da verdade; existem também aqueles que, apesar de já compreenderem, mantem-se ligados aos afazeres do mundo, único campo que valorizam, e em que gravitam, não encontrando tempo para a religação com o Criador. Para os que reagem, a dor atua como caçador implacável, forçando-os a refazerem seus caminhos. Diante da dor, evidencia-se a impotência do homem. Aí, aparece a busca de um abrigo, de um consolo, e a necessidade de ampliação dos sentimentos. Diante da dor sobrevive a verdade, impulsionando as criaturas a se tornarem mais úteis umas com as outras, e a diminuírem, cada vez mais, a influência que ainda sofrem dos valores da matéria. Nossa crença afirma que a acomodação é a maior inimiga do progresso, e nos lembra da necessidade de buscarmos a luz da sabedoria nas menores ações do dia a dia. Desse modo, é preciso compreender que nada é definitivo no homem. Tudo muda. Tudo evolui. Tudo se modifica sob o influxo da vontade da Criação. Portanto, temos que melhorar todos os dias, por menor que seja essa melhoria. Francisco de Assis pela sua perseverança, pela constância na busca de seus objetivos, dizia ser necessário que, a cada dia se colocasse um tijolo na construção de nossas vidas. Em pouco tempo, poderíamos observar a igreja que fomos capazes de construir com nosso esforço continuado.

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domingo, 11 de setembro de 2022

 


O Suicídio não resolve o seu problema

O suicídio continua em alta. Infelizmente. Apresenta-se das formas mais diversas. Desde o ser que, voluntariamente, agride sua integridade física ao que deixa de cuidar da saúde, no intuito de apressar o fenômeno da morte. O Setembro Amarelo chegou. E, com ele, a missão de conscientizar a população sobre o suicídio, de modo a tentar evitar esse problema (prevenível em até 90% dos casos). O suicídio não é solução. Ele não resolve nenhum problema, nenhuma dificuldade, muito pelo contrário, ele só agrava qualquer situação. O mês de setembro é marcado pela campanha de valorização da vida. É uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção. Há momentos na vida em que muitas criaturas perdem a coragem de seguir em frente. Essa situação é mais frequente do que se imagina. Em casos extremos, o desânimo, a melancolia ou a depressão podem precipitar a ideia do suicídio. O silêncio em torno do assunto, o torna reconhecidamente um abominável tabu, e só agrava a situação. O dicionário diz que tabu significa um tema, um assunto sobre o qual preferimos não falar, e o suicídio é um tabu. É um assunto que achamos desagradável comentar. Entretanto, nunca foi tão importante falar sobre esse tema, com a intenção de reduzir os números das estatísticas divulgadas no mundo e no Brasil. Dez de setembro é o dia mundial da prevenção ao suicídio. Os especialistas no assunto afirmam que é preciso falar mais sobre o tema. No entendimento dos técnicos do Ministério da Saúde, o suicídio já é considerado um problema de saúde pública e tem como principal causa a depressão. Dificuldades financeiras, doenças, drogas lícitas ou não, desenganos da vida e, também, a ausência de religiosidade do ser humano fazem com que essa incidência se torne cada vez mais preocupante. O suicida não quer deixar de viver, ele quer “livrar-se” daquilo que o aflige. A fragilidade humana decorrente dos sentimentos e emoções mal vivenciados oportuniza esse ato de desespero, e para quem acredita que a vida não se resume do berço ao túmulo, sabe que aumentamos em grau elevadíssimo nossas aflições do amanhã, ou seja, o Espírito segue além-túmulo com tudo que aqui construiu de bom ou não. Lembremo-nos sempre de que a vida é um ciclo de desafios que são provas para o nosso processo evolutivo. O suicídio acontece e com pessoas que sequer imaginávamos. Uma pessoa contente não necessariamente é uma pessoa feliz. Ser sorridente não é ser feliz, ser sociável também não. Como a pessoa se sente por dentro é totalmente diferente. Muitos fatores podem aumentar os riscos de alguém cometer suicídio. Essas criaturas, por não se sentirem com forças para suportarem tais situações, acabam desistindo de suas jornadas terrenas, acreditando mesmo que, se tirar a própria vida, o sofrimento acabará. Mas será que acaba mesmo? Ledo engano. O sofrimento continua lá no outro lado da vida. E a grande frustração do suicida é saber que não morreu e que ainda ficou com um agravante. O Espírito encarnado que desiste de sua existência terrena, atentando contra a própria vida, cria um ambiente turvo, onde suas lembranças e agonias criam uma atmosfera desagradável. Logo, o suicídio é o maior, o mais trágico e lamentável equívoco que o ser humano pode cometer. Vamos procurar mostrar como se origina esse sofrimento do suicida. Nós sabemos que o espírito está ligado ao corpo físico pelo perispírito, e o  Fluido Vital é que mantém essa ligação. O Fluido Vital é uma energia que nós recebemos por ocasião da nossa reencarnação. E quanto de Fluido Vital o Espírito recebe para realizar o seu aperfeiçoamento espiritual? Cada espírito tem um tempo determinado para viver; 5, 20, 40, 70, 80, 90 anos, por exemplo, e, consequentemente, recebe uma carga de Fluido Vital compatível. O suicida, ao sair da vida física antes do tempo determinado, quebra todo o processo estabelecido para a sua jornada terrena, causando problemas sérios no seu perispírito, pois, a criatura está no mundo espiritual com o tanque cheio do Fluido Vital. Mas, por que o tanque está cheio? Simplesmente porque ela saiu do palco da vida antes do tempo que havia programado. Se existe algo que não faz parte da programação do Espírito, esse algo é o suicídio. Claro que ela usou o seu livre-arbítrio, mas isso não estava previsto. Não é o Fluido Vital que mantém o Espírito ligado à matéria? Ora, se o suicida está com tanto Fluido Vital assim, o que vai acontecer? Ele vai se sentir ligado à matéria. Esse Fluido Vital vai continuar mantendo essa estreita ligação entre o Espírito e a matéria. Mas a matéria não vai entrar em decomposição? Vai! E o Espírito vai sentir isso. Ele vai sentir a decomposição como se fosse nele mesmo. Ele vai sentir os odores fétidos? Vai! Ele agora tem a lei da repercussão. É a lei das consequências. É a lei de causa e efeito, por isso ele experimenta esse sofrimento. Finalizando, a observação mostra que as consequências do suicídio realmente não são sempre as mesmas. Porém, algumas dessas consequências são comuns a todos os casos de morte violenta, isto é, aquela em que acontece a interrupção brusca da vida. As consequências advindas desse estado de coisas são o prolongamento da perturbação do espírito, seguida da ilusão que o faz acreditar, por um tempo mais ou menos longo, que ele ainda faz parte do mundo dos vivos. Informam as pessoas que se suicidaram, através de médiuns espíritas pelos quais se comunicam, que não existem palavras para descrever os sofrimentos (inenarráveis, portanto) por que passa um suicida no mundo espiritual, não por castigo divino, mas por frustração, sentimento de culpa, colhendo o que semeou. Sofrem pelo constrangimento em que se encontram por verem verdadeiro tudo aquilo que negavam. Outros se sentem como num braseiro, terrivelmente atormentados. Essa expressão como num braseiro, aqui usada, não nos remete à fantasias medievais das chamas do inferno, mas exprime bem o estado de angústia e dores do suicida. Afirmam ainda que a fome, a desilusão, a pobreza, a desonra, a doença, a cegueira, qualquer situação, por mais angustiosa que seja, sobre a Terra, ainda seria excelente condição comparada ao que de melhor se possa atingir pelos desvios do suicídio. O homem não tem o direito de dispor da própria vida, somente Deus tem este direito. Por isso, o suicídio é uma transgressão da lei natural. Portanto, é importante que saibamos que tirar a própria vida é sempre um ato condenável. A Doutrina Espírita é um dos maiores preservativos contra o suicídio. A sua compreensão e estudo têm contribuído para evitar muitas mortes. As provas da imortalidade do Espírito tiram, de vez, a intenção de quem pretende fugir dos problemas por esta via. Os bons Espíritos ensinam que vale a pena viver, por mais difícil que o transe existencial afigure, na certeza de que nenhum de nós se encontra sozinho no palco da vida. Compreender a imortalidade da alma e a reencarnação como leis naturais oferece um novo entendimento da vida, demonstrando que o suicídio não resolve coisa alguma. É nosso dever evitá-lo e dele afastar os incautos, prestes a cair num abismo de dores, recorrendo à prece, ao tratamento espiritual nos Centros Espíritas, ao tratamento médico, ao trabalho em benefício do próximo, onde, doando de nós mesmos aos mais necessitados, afastamos Espíritos obsessores e higienizamos a mente. Somos Espíritos imortais, criados por Deus para a plenitude de nossas expressões e inteligência e emotividade.  Vivemos transitoriamente encarnados em um corpo físico. Ao deixarmos de viver neste mundo, atravessaremos a fronteira, tênue, que nos separa do outro mundo, o espiritual, que é a nossa pátria de origem. As diversas experiências pelas quais passamos fazem parte do nosso aprendizado e das correções de rumo necessárias. Daí, a ideia de um Deus justo e misericordioso, que sempre nos fornece oportunidades para prosseguirmos em novas tentativas de superação dos nossos equívocos; o corpo físico não nos pertence, como um objeto de que podemos dispor a nosso bel-prazer, mas antes é uma concessão temporária de que deveremos prestar contas; A vida é uma sucessão de desafios que, uma vez enfrentados, nos amadurecem, promovendo-nos a novas etapas de aprendizado; A dor, o sofrimento são elementos naturais que nos alertam e convidam a nos corrigirmos, portanto, podemos abandonar o hábito de culparmos a Deus por nossos infortúnios.  Baseado nesses ensinamentos trazidos pelos Espíritos Superiores, Kardec chama a atenção para o efeito nocivo das ideias materialistas e da incredulidade, geradoras da frouxidão moral que aconselha, por sua vez, a desistência da luta diante dos problemas e dificuldades, conduzindo ao ato suicida. Se você está a ponto de cometer a loucura do suicídio, pare! Pense! Espere! O problema pode parecer muito amargo ao coração. A sombra interior é tamanha que você tem a ideia de haver perdido o próprio rumo. Mas, não se mate! Deus não nos abandona. Faça silêncio e ore. O socorro chegará. Por meios que você desconhece, Deus permanece agindo. Há grupos espíritas que se dedicam exclusivamente ao trabalho de assistência aos suicidas, seja por meio de reuniões mediúnicas destinadas a atendê-los, seja por meio de preces em seu favor e de todos aqueles que podem ser afetados por este ato. O tratamento de desobsessão, quando essa causa estiver envolvida, é uma terapêutica eficaz e fundamental para afastar os efeitos da ação invisível do Espírito obsessor. Pensar que acabaremos com nossos problemas, os quais nos parecem sem solução, constitui pura ingenuidade de nossa parte, além de demonstrar falta de fé e confiança no Criador que sempre está junto de nós. Por piores que sejam os nossos problemas, devemos sempre agradecer a Deus a oportunidade que nos é concedida de resgatar os débitos do pretérito. CONCLUSÃO: Todo problema tem solução. Se a sua vida está difícil, vale a pena acabar com ela? Claro que não! Afinal, quem hoje em dia não sofre ou não tem problemas sérios a resolver? Ora, se tanta gente que carrega uma cruz pesada consegue vencer suas dificuldades, por que você não vai conseguir também? Por isso, nem pensar em desertar da vida pela porta falsa do suicídio. Aliás, o melhor a fazer é parar para pensar. Guardando a certeza de que todos os problemas da vida têm solução. Então, se você está se sentindo fraco ou deprimido, levante a cabeça erga os olhos para o céu e, com humildade, peça a ajuda de Deus, pois Ele nunca deixará você na rua da amargura e do desespero. A morte buscada intencionalmente não é a solução, e nunca será, pois, na verdade, a vida prossegue e continua após a morte. É exatamente por essa razão que o Espírito do suicida se defronta com a dura realidade, isto é, de que continua vivo, levando consigo todos os seus problemas, aumentados pelas lembranças das cenas trágicas da destruição do próprio corpo. Você já imaginou como sofrem a família e os amigos de um suicida? Portanto, reflita. Você que já aguentou muita coisa, por que não vai aguentar mais decepções. Faça uma prece a Deus pedindo ajuda, e siga em frente para a luta. Deus não abandona nenhum de Seus filhos, por mais pecador que ele seja. Falar de suicídio, portanto, pode salvar vidas. E, é isso que desejamos. Nenhum sofrimento é eterno e todo esforço será recompensado, portanto, meditemos nessas reflexões. OBS: O Ministério da Saúde celebrou uma parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV), uma organização que oferece apoio emocional, pelo telefone 188, à pessoas com pensamentos suicidas.

Muita Paz!

A serviço da Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a uma reflexão sobre a vida.

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domingo, 4 de setembro de 2022

 


Marta e Maria. A Escolha da melhor parte.

O texto fala a respeito da visita de Jesus à casa de uma mulher cujo nome era Marta. É um episódio da vida do Mestre Galileu, que aparece apenas no Evangelho de Lucas. Dentre tantas mulheres citadas na Bíblia e que nos servem de exemplo, vamos conhecer mais duas que viveram no tempo de Jesus e que foram amadas por Ele. Marta e Maria viviam em um povoado chamado Betânia, distante a cerca de uma hora de Jerusalém, e cercado por imensos campos de cevada e de pequenos bosques de oliveiras e figueiras, que sombreavam a estrada para Jericó. Este povoado ficava no sopé do Monte das Oliveiras, cenário de algumas passagens evangélicas. Também na casa morava Lázaro, irmão de Marta e Maria. O Evangelista não menciona o nome dele, porque a sua intenção foi somente descrever a atitude de Jesus neste caso e o Lucas não se preocupou em nos “apresentar a família” da anfitriã do Rabi.

A história: Quando Jesus ia para Jerusalém, ele às vezes passava por Betânia e visitava as irmãs e Lázaro. Elas eram mais que seguidoras de Jesus; eram suas amigas. Numa dessas visitas, Jesus levou alguns discípulos. Ali era o único lugar onde Jesus podia gozar de algumas horas de sossego, de intimidade familiar, era como se estivesse em casa. E Marta, a irmã mais velha de Lázaro, era a primeira a recebê-Lo. Nessa visita, aconteceu o célebre episódio em que o Mestre enfatiza a escolha da melhor parte. No acontecimento, Marta convida o Mestre para jantar e pernoitar. Assim, ela se esmerou para apresentar-lhe uma calorosa recepção. Enquanto realizava um serviço, pensava em mais outro, mais outro, e foi ficando desanimada, inquieta, irritada, e começou a murmurar. O seu trabalho de amor estava se tornando uma tarefa pesada demais. Enquanto Marta se fadigava na labuta caseira, Maria, sem deveres de hospitalidade a desempenhar, está sentada no chão junto aos pés de Jesus, indiferente ao serviço da casa, ouvindo o Seu ensino, provavelmente, desejando beber avidamente de tudo o que saía daqueles lábios, e O ouvia atentamente, embevecida com Sua palavra suave e envolvente. Marta, entretanto, estava atarefada com muito serviço. Ia e vinha, preocupada em deixar a casa em ordem e à altura de tão ilustre visitante. Exercia as rotineiras tarefas domésticas; preocupava-se com a refeição a ser preparada, dispor a mesa, arrumar os leitos. Desejava oferecer ao Mestre e a seus acompanhantes o melhor. Marta não podia saborear os ensinos de Jesus, pois estava muito preocupada com pormenores e coisas secundárias. Ela estava atarefada, inquieta, por estar trabalhando sozinha e perder o ensino do Rabi (O sentido da obrigação de dona-de-casa foi mais forte que o desejo de aprender). Então, Marta começou a se considerar vítima, e passou a acusar a irmã diante do hóspede amado e dos apóstolos dele. Aproveitando-se de uma aproximação junto a Jesus, Marta decidiu reclamar com Ele sobre a despreocupação da irmã, e pede-Lhe que diga à Maria que vá ajudá-la nas tarefas. Mas o Mestre não fez Maria ajudar sua irmã. Ele explicou a Marta que não era necessário ficar preocupado com tantas coisas. Exercitando o dom de converter as situações mais delicadas e difíceis, e aproveitando a oportunidade para transmitir valiosas lições, Jesus fitou compassivo a sua hospedeira e respondeu serenamente: “Marta, Marta! Estás ansiosa e preocupada com muitas coisas; entretanto, poucas são necessárias, ou melhor, uma só, e Maria escolheu a melhor parte, a qual não lhe será tirada”. A resposta do Mestre é clara; condena as preocupações de Marta, e louva a preferência de Maria. Ambas tinham personalidades diferentes, mas, cada uma a seu modo, amava Jesus. Marta é a imagem do discípulo ativo, que quer servir ao Mestre da melhor maneira possível. E Maria é a representação do discípulo que ouve a palavra de Jesus, deixando-se atingir totalmente por ela. As duas maneiras de ser discípulo devem se conjugar, pois ambas as atitudes são necessárias: escutar e servir. Assim seguimos nós na vida: muitas vezes Marta, poucas vezes Maria. Marta e Maria são exemplos de posturas e escolhas que fazemos em nossa vida diária. Variados problemas que enfrentamos nascem de excessivo envolvimento com situações transitórias, preocupação com a vida material. Muitas pessoas são excessivamente preocupadas com a subsistência, com a limpeza da casa, com os negócios. Apegam-se a situações efêmeras e bens transitórios; vivem estressadas, inquietas, irritadas, abrindo campo a desajustes físicos e psíquicos. Começam a confundir causa com consequência, realidade com ilusão, necessário com supérfluo. E, aí, vem o alerta de Jesus: “Marta, Marta! Estás preocupada com muitas coisas”. Este turbilhão interior, que perturba Marta e nos perturba, é consequência do afastamento da realidade espiritual de nossa existência, dos valores maiores que são o alimento para nosso espírito. Maria simplesmente se posta aos pés do Rabi. E ouve. Bebe suas palavras, sacia seu espírito sedento por sabedoria. Jesus aconselha Marta a pensar nas coisas espirituais que são eternas, e a colocar as prioridades em seu lugar certo. Tudo tem seu tempo certo; tempo de cozinhar, tempo de descansar, tempo de aproveitar a presença do Mestre em sua casa e ouvir Dele lições preciosas para sua vida. Isto Maria fez e foi elogiada por Jesus. Acredito que não tenha sido fácil para Marta, perturbada com tanto trabalho, incomodada de ver a irmã sentada sem fazer nada, ouvir do Mestre que era ela que se perturbava em excesso com coisas de menos importância, e que Maria havia escolhido de fato a melhor parte. Só que esta não era ficar sentada sem fazer nada enquanto Marta trabalhava; era dedicar-se ao trabalho de autoaprimoramento na escuta de Jesus, aproveitando a oportunidade que lhe estava sendo oferecida. Então, qual a melhor parte? Qual a nossa escolha? Marta ou Maria? Não é fácil responder à pergunta que nos é colocada. Depois de pensar no assunto, julgo que, tanto Marta como Maria, eram muito dedicadas e comprometidas com o Reino de Deus. Jesus não disse que Marta tivesse procedido mal. Ela era bem intencionada, mas com a sua preocupação com as coisas materiais, ela descurava, esquecia-se do seu próprio alimento espiritual. Se quisermos ser somente Marta, cairemos num ativismo sem fim, trabalhando tanto para a Seara do Senhor, que nos esqueceremos do Senhor da Seara. Se optarmos por ser somente Maria, viveremos num mundo distante do mundo real, sempre esperando a vida em outro mundo; acabaremos nos alienando da realidade humana que é tão cara a Jesus. O Espiritismo revela que estamos aqui como alunos num educandário, convocados ao aprendizado das leis divinas. Isto envolve o aprimoramento espiritual, a aquisição de valores e de virtudes, o desenvolvimento de nossas potencialidades criadoras. As complicações e complexidades são criadas pelos desejos do próprio homem, não pela necessidade. Não há razão para preocupações desnecessárias. O essencial é pouca coisa; aliás, o essencial é apenas uma coisa: estar apto para o reino de Deus. Acordemos, pois, nossa “parte Maria”. Aquela que escolhe e acolhe Jesus em sua vida interior, que escolhe a parte que não lhe será tirada, o tesouro que não será roubado nem comido pelos vermes da terra. Encontremos, em nosso dia a dia, momentos onde possamos nos colocar aos pés do Mestre, onde possamos nos dedicar a estar em sintonia com Seus ensinamentos, com o Seu Evangelho de amor. Por isso, irmãs e irmãos, sejamos discípulos Marta e Maria. Pessoas que trabalham sem cansar para a construção do Reino, alimentando-se diariamente da palavra do Cristo. Os ensinamentos de Jesus são as nossas regras de vida, sigamo-los! Variados problemas que enfrentamos nascem de excessivo envolvimento com situações transitórias, o excesso de preocupação com a vida material. Escolhem a melhor parte as pessoas que orientam suas ações em direção a esses objetivos, desapegando-se dos interesses do mundo. Daí, podemos concluir que, de bem pouco precisa o homem na Terra para seu sustento. Não há razão para preocupações desnecessárias. Assim sendo, Maria é que estava com a razão. Escolheu o que é bom, a parte boa, e esta jamais lhe será tirada. Este estudo é uma lição curta em seus termos, mas profunda em seus significados e nos ajuda a refletir sobre nossas escolhas nas atividades do dia-a-dia. Trata-se da conquista do Espírito que, à medida de sua evolução, aprende a selecionar o essencial do supérfluo.

Muita Paz!

A serviço da Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio necessário para uma vida feliz.

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