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domingo, 10 de outubro de 2021

 


AUTO DE FÉ DE BARCELONA

Há 160 anos a Inquisição tentou conter a marcha do Espiritismo

Auto de Fé foi o nome dado às cerimônias em que eram proclamadas e executadas as sentenças do Tribunal de Inquisição da Igreja Católica, também conhecido como Tribunal do Santo Ofício. Ele foi instituído no começo do século XIII, pelo Papa Gregório IX, a pretexto de caçar e julgar os réus acusados de heresia (crime contra a fé cristã).  Nas nações que proclamavam o catolicismo como a religião oficial do Estado, autoridades eclesiásticas detinham o poder de abrir processos, julgar (muitas vezes sumariamente, sem defesa nem apelação) e expedir sentenças, a serem executadas pelo Estado, contra os condenados. Mas, o que foi o Auto de Fé de Barcelona? O Auto de fé de Barcelona foi uma expressão notabilizada por Allan Kardec para se referir à queima, em praça pública, de trezentos livros espíritas, realizada no dia 9 de outubro de 1861, em Barcelona, Espanha. Ela foi utilizada pela primeira vez no subtítulo do artigo “O resto da Idade Média”, publicado em novembro daquele ano na “Revue Spirite”.

A Espanha viu apagarem-se as últimas fogueiras da Inquisição, ou seja, do antigo tribunal eclesiástico instituído pela Igreja Católica. Porém, os últimos baluartes da Inquisição permaneceram nesse país. Os espanhóis tiveram alguma dificuldade para travar contato com o Espiritismo.

A história do Auto de fé de Barcelona

No início de 1861, Allan Kardec lançava O Livro dos Médiuns – guia dos médiuns e dos evocadores. Maurice Lachâtre, Intelectual e editor francês, achava-se estabelecido em Barcelona com uma livraria, quando solicitou a Kardec, seu compatriota, em Paris, uma partida de livros espíritas, para vendê-los na Espanha. Encomendou uma quantidade de O Livro dos Espíritos, O livro dos Médiuns, as Coleções da Revista Espírita, e exemplares de diversas obras doutrinárias e afins; livros, folhetos  e diversas obras e brochuras espíritas, formando um total em torno de trezentos volumes. Lachâtre só não contava com a intolerância do bispo da cidade. O material chegou à Espanha através de tramitação legal, com impostos e taxas devidamente pagos e com a documentação correta. O destinatário pagou direitos de entrada dos volumes.  Quando os livros chegaram ao país, e passavam pela alfândega espanhola, a remessa foi confiscada pela Igreja local, por ordem do Bispo de Barcelona, pois, a liberação de livros e ou sua censura, competia à autoridade eclesiástica. Se as referidas obras tivessem sido introduzidas clandestinamente ou em fraude, nada poderia ser feito, mas foram expedidas e apresentadas na alfândega de modo correto. Argumentando que aquelas obras eram contrárias à fé católica, o bispo de Barcelona então sentenciou que fossem queimados, sem qualquer tipo de indenização aos seus proprietários. Ficou sem resposta a inquirição do cônsul francês em Barcelona, onde afirmava que, se as obras não fossem convenientes aos espanhóis, que se dignasse ao menos a devolvê-las. O mesmo eclesiástico recusou-se a reexportar as obras apreendidas, condenando-as à destruição pelo fogo em praça pública pela mão do carrasco. E o espetáculo, só assim pode-se classificar tal ato de intolerância e intransigência, foi marcado para o dia 09 de outubro de 1861 às 10h30min, sob alegação de que a Igreja Católica sendo universal, e os livros, em contradição à fé católica, o governo não podia consentir que eles pervertessem a moral e a religião de outros países. Faz então entrar em cena um sacerdote encapuçado, com roupas sacerdotais, levando em uma das mãos a cruz e, na outra, uma tocha acesa. Seguem-no um escriba encarregado de lavrar a ata do Auto de fé; o escrevente do notário; um funcionário superior da administração; três serventes da alfândega, encarregados de manter o fogo; um agente da alfândega representando o proprietário das obras condenadas pelo bispo, e uma e uma multidão inumerável encobria os passeios e cobria a imensa esplanada onde se elevava a fogueira. E os volumes foram queimados como se fossem réus da Inquisição. Quando o fogo consumiu os volumes, o padre e seus ajudantes se retiraram, cobertos pelas vaias e as maldições dos numerosos assistentes que gritavam: “Abaixo a inquisição”. Quando as cinzas dessa fogueira foram resfriadas, notou-se que um grande número de pessoas que estavam presentes, ou que passavam por perto, sabedoras do fato, se dirigiam para o lugar do auto de fé, e recolhiam uma parte das cinzas para conservá-las. O ato causou grande polêmica, com manifestações favoráveis e desfavoráveis através de jornais, inclusive de outros países, ensejando, a contragosto dos protagonistas da Inquisição, larga propaganda para a Doutrina nascente e já perseguida, desconhecida da grande maioria das pessoas. O efeito que produziu sobre os assistentes foi a estupefação em uns, o riso em outros, e a indignação entre a maioria, à medida que se dava conta do que se passava. Os principais jornais da Espanha noticiaram o fato, digno da “Idade das Trevas”, e a procura pelas obras espíritas, como previu o mentor espiritual, se tornou intensa.

 

 

Tão logo soube da apreensão dos livros, mas antes da execução da sentença, Kardec consulta seu guia espiritual — Espírito Verdade — se seria favorável reclamar a restituição das obras e se deveria publicar os fatos relacionados na Revista Espírita. Eis a resposta: "Por direito, pode reclamá-las e conseguiria que te fossem restituídas, se te dirigisse ao Ministro de Estrangeiros da França. Mas, ao meu parecer, resultará desse auto-de-fé maior bem do que o que viria da leitura de alguns volumes. A perda material não é nada em comparação da repercussão que semelhante fato produzirá em favor da Doutrina. Deve compreender quanto uma perseguição tão ridícula e atrasada poderá fazer a bem do progresso do Espiritismo na Espanha. A queima dos livros determinará uma grande expansão das ideias espíritas e uma procura febricitante das obras dessa doutrina. As ideias se disseminarão lá com maior rapidez e as obras serão procuradas com maior avidez, desde que as tenham queimado. Tudo vai bem”. O Auto de Fé de Barcelona foi um importante episódio para a História do Espiritismo, apesar de se tratar de uma ofensiva da Inquisição Católica contra a Doutrina Espírita.

Kardec, em decorrência deste episódio, comentou: “Graças a esse zelo imprudente, todo o mundo, na Espanha, vai ouvir falar do Espiritismo e quererá saber o que é; é tudo o que desejamos. Podem-se queimar as ideias; as chamas das fogueiras as superexcitam em lugar de abafá-las. As ideias, aliás, estão no ar, e não há Pirineus bastante para detê-las; e quando uma ideia é grande e generosa, ela encontra milhares de peitos prontos para aspirá-las”.

Diante desse fato, Kardec, pela Revista Espírita, que já tinha assinantes em quase todo o mundo, proclamou: “Espíritas de todos os países! Não esqueçais a data de 09 de outubro de 1861. Será marcada nos anais do Espiritismo. Que ela seja para vós um dia de festa e não de luta, porque é o penhor de vosso próximo triunfo”. Um dos últimos Autos de Fé de nossa história, ao queimar os livros espíritas, não conseguiu destruir as ideias e o ideal. Ao contrário, o fogo resultou a fumaça que subiu alto e se esparziu… As ideias, o ideal e a difusão se fortificaram com o ato inquisitorial.

Podem-se queimar os livros, mas não se queimam as ideias; as chamas das fogueiras as superexcitam em lugar de abafá-las. As ideias, aliás, estão no ar, e não há Pirenéus bastante altos para detê-las; e quando uma ideia é grande e generosa, ela encontra milhares de peitos prontos para aspirá-la.“

Allan Kardec

De Barcelona enviaram a Kardec uma aquarela feita in loco por um artista distinto, representando a cena do auto de fé. Kardec mandou fazer do quadro uma redução fotográfica. Um exemplar de O Livro dos Espíritos, carbonizado pela metade. Um punhado de cinzas apanhado na fogueira, alguns fragmentos legíveis de folhas queimadas foram colocados em uma urna de cristal. Lamentavelmente, a intransigência que ainda perdurou na primeira metade do século XX, fez com os nazistas durante a 2a. Grande Guerra destruíssem a urna. Estamos no século XXI e ainda constatamos discriminações, preconceitos, perseguições a pessoas, a religiões, a minorias, às mulheres, a nacionalidades, a etnias, inclusive com destruição de templos, agressões e até morte de religiosos, em decorrência da intolerância ideológica, do fanatismo.

Muita Paz!

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