REFLEXÕES SOBRE ALLAN
KARDEC
Olá, Amigos! Encerrando
as comemorações do mês de Kardec, vamos explanar mais um ensino espírita.
Trata-se do tema “Reflexões sobre Allan Kardec”. Mais uma vez, revivemos a
emoção da comemoração do aniversário da reencarnação do Codificador da Doutrina
Espírita. Foi no dia 03 de outubro de 1804, em Lion, na França, que voltou ao
mundo terreno um Espírito que recebeu o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail
e que, mais tarde, ficaria conhecido como Allan Kardec, nome adotado por
sugestão do mundo espiritual. A sublime Doutrina Espírita tem sido um farol a
iluminar caminhos de todos quantos dela se aproximam em busca de explicações
para os “problemas do ser, do destino e da dor”, bem como tem servido de
lenitivo para os que buscam os seus ensinamentos nos instantes de sofrimentos
físicos, das contrariedades, ou nos aflitivos momentos de perdas de entes
queridos que nos precedem no retorno à Pátria Espiritual. A predestinação deste
Espírito, plasmado para cumprir a promessa do Cristo em revelar um Consolador para
a humanidade, com o claro objetivo de recuperar os padrões primeiros do
Cristianismo, quando a palavra luminosa de Jesus estabeleceu a Regra Áurea do
relacionamento entre os homens. Que responsabilidade Kardec assumiu! Somente
sua interação secular com a terra gaulesa poderia dar a ele a compreensão do
Espírito de França e cercar-se de um grupo seleto e comprometido com a
restauração cristã. Ele sabia que todos os riscos estariam presentes, mas sabia
também que eminentes cientistas de sua época estariam nas trincheiras do seu
bom combate. Até na companheira de sua vida, Amélie Boudet, Kardec foi
privilegiado porque nela encontrou as condições de paz e serenidade, para
montar a estrutura da codificação espírita.
E, mais do que isto,
Kardec trouxe para o domínio da razão e da ciência os fenômenos que envolvem o
mundo dos espíritos e que até então estavam restritos ao campo das superstições
e do sobrenatural. Foi um homem de ciência, na acepção mais rigorosa do termo,
pois não descartava nem aceitava qualquer dado novo que lhe chegava sem antes
submetê-lo ao crivo da razão e da crítica experimental. Certamente, foi
preparado pela Espiritualidade Superior, ao longo da sua trajetória como
espírito imortal, para a missão que se lhe estava reservada. Ainda nascente, o
Espiritismo já foi alvo das mais pesadas críticas, da mais perversa
intolerância e isso, por parte dos descendentes morais dos algozes do Cristo,
que pediu ao Pai que os perdoasse. A tradição cristã é rica no histórico dos
mártires que pagaram com a vida, a prática de uma fé renovadora e sublime,
superando seus próprios receios e abraçando, sem temor, a causa da felicidade.
Teve que lidar com os mesmos algozes que empalavam os cristãos, que decapitaram
Paulo, que queimaram Joanna D’Arc e Jan Huss, os mesmos e tristes
recalcitrantes que destruíram, saquearam, ensanguentaram o mundo, em nome de
Deus, durante as trevas medievais da inquisição ou na insana peregrinação das
cruzadas. Se para a população parisiense o trabalho de Allan Kardec não mereceu
o destaque devido, para os Espíritos foi seu melhor tradutor e representante
encarnado. Somente alguém com domínio de métodos científicos de investigação e
pesquisa seria capaz de sobrepor as angústias e ansiedades em não saber
organizar um texto ou estruturar um pensamento científico mais complexo, como
fez Allan Kardec.
Como tudo começou?
Paris, rua Grange Batelière, número 18, maio de 1855. Eram oito horas da noite
de uma terça-feira quando a sessão na casa da Sra. De Plainemaison começou. Em
silêncio absoluto, os convidados tomaram seus lugares à mesa, mãos espalmadas
sobre o tampo de carvalho. Entre os mais compenetrados estava o professor
Hippolyte Léon Denizard Rivail, 50 anos. Em poucos minutos, se tudo desse certo,
ele seria testemunha de um fenômeno que causava espanto e polêmica na Europa e
nos Estados Unidos do século XIX: o espetáculo das mesas girantes. Ele já tinha
lido as notícias nos jornais e ouvido os relatos das cenas que se repetiam em
salões nobres de Paris, Londres, Nova York e São Petersburgo, diante de
personalidades tão ilustres quanto perplexas: mesas de todos os pesos e
tamanhos se erguiam do chão e se moviam em todas as direções, sem que ninguém
as levantasse. Algumas chegavam a atingir o forro do teto e a se espatifar lá
embaixo, como se estivessem dominadas por forças ocultas. Outras flutuavam no
ar e pousavam diante das testemunhas, como folhas ao vento. Muitas seguiam as
ordens e contraordens dos comensais. Direita, esquerda, sobe, desce, para.
Assombração? Possessão? Autossugestão? Delírio coletivo? Estudioso, desde os 19
anos, da hipnose, do sonambulismo e do poder curativo dos fluidos magnéticos, o
professor Rivail tinha uma tese científica para explicar o que muitos
celebravam como manifestações do além: A eletricidade dos corpos reunidos em
torno das mesas agiria sobre elas. Era a força magnética dos participantes das
sessões, e não os fantasmas, o combustível das mesas. E essa era a melhor das
hipóteses. Era, portanto, com um misto de curiosidade e desconfiança que Rivail
se preparava para encarar os prováveis fenômenos da noite.
Kardec refletia: A
eletricidade dos corpos reunidos em torno das mesas agiria sobre elas. Era a
força magnética dos participantes das sessões, e não os fantasmas, o
combustível das mesas. E essa era a melhor das hipóteses. Era, portanto, com um
misto de curiosidade e desconfiança que Rivail se preparava para encarar os
prováveis fenômenos da noite. Será que a mesa se moveria? Será que seguiria as
instruções dos anfitriões e convidados, como a obediente mesa do conde,
estadista, escritor e orador Agénor de Gasparin? A presença do professor cético
na sessão da Sra. De Plainemaison aumentava a tensão e a expectativa dos
anfitriões e convidados naquela noite. Quem sabe o professor não encontraria
explicações científicas para o sobe e desce das mesas, caso o fenômeno se
repetisse na casa da Sra. De Plainemaison? Quem sabe não desvendaria truques
secretos por trás de movimentos atribuídos a fantasmas? O professor estava
disposto a dar crédito à anfitriã, considerada respeitável e confiável pelos
velhos conhecidos, mas só decidiu apostar na sua boa-fé depois de inspecionar,
com a devida discrição, o ambiente iluminado por velas e candelabros, em busca
de sinais de traquitanas ocultas. Nenhum ímã ou roldana à vista. Concentrem-se,
por favor. E que Deus nos abençoe nesta noite.” Uma breve prece antecedeu o
longo período de silêncio, só interrompido pela passagem de carruagens do lado
de fora, pelo tique-taque dos relógios de bolso e por tosses esporádicas.
Rivail já pensava em se retirar, para preparar as aulas do dia seguinte, quando
ouviu estalidos sobre os tacos e testemunhou o primeiro movimento da mesa.
Se pudesse erguer as
mãos, anotaria, com o máximo de isenção, suas impressões sobre aquela noite,
sem tomar partido, ainda, de nenhuma das linhas de investigação dos fenômenos
existentes até aquele momento. Ele já conhecia os principais argumentos e
interesses em jogo neste território nebuloso, onde fé e ciência mediam forças
na então capital cultural do mundo, berço de iluministas consagrados. Mas o
palco agora era outro, a sala da Sra. De Plainemaison. E as mesas teriam de
exibir prodígios admiráveis para derrotar as desconfianças do professor Rivail.
Por mais que lesse os relatos do conde de Gasparin e de Eugène Nus e estudasse
os pareceres de Faraday e Chevreul, ele precisava “ver com os próprios olhos e
sentir com os próprios dedos” para descartar uma série de suspeitas e
possibilidades. Não bastava que as mesas se movessem, esses movimentos poderiam
ser provocados, segundo Rivail, pela eletricidade dos corpos reunidos na
sessão: Na casa da distinta Sra. Plainemaison, ninguém cobrava ingresso nem
pedia doações. O espetáculo era gratuito e estava prestes a começar. Chegou a
hora. As mesas giraram na casa da rua Grange Batelière e a cabeça de Rivail
girou junto. Os registros sobre o que ele viu naquela noite são bastante
concisos: “As mesas giravam, saltavam e corriam em tais condições que não
deixavam lugar para qualquer dúvida.” Rivail testemunhou também o que definiu
como “alguns ensaios, ainda muito imperfeitos, de escrita mediúnica numa
ardósia, com o auxílio de uma cesta”. Amparada nas bordas pelas mãos da Sra.
Plainemaison, a cesta de vime moveu-se, aos solavancos, sobre uma placa de
ardósia, rocha acinzentada usada como lousa na época. Encaixado no fundo do
cesto, com a ponta voltada para baixo, um ponteiro da mesma pedra inscreveu
frases esparsas na lousa.
Eram respostas a
perguntas lançadas ao invisível, escritas, ao que parecia, sem qualquer
participação, ou consciência, da anfitriã.
Foi o bastante. Rivail voltou para casa atordoado. Entrevi, naquelas
aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer
coisa de sério, como a revelação de uma nova lei, que tomei a mim investigar a
fundo. Havia um fato que necessariamente decorria de uma causa. Qual seria a
causa daqueles movimentos inexplicáveis? O que, ou quem, estaria por trás dos
giros das mesas e dos ditados do além? Há ou não uma força inteligente? Eis a
questão. Se esta força existe, o que é? Qual será sua natureza e sua origem?
Está além da humanidade? Rival decidiu buscar respostas, com os devidos
cuidados, de acordo com métodos científicos adotados por ele desde os tempos de
estudante. A vida de Rivail estava prestes a se transformar radicalmente. O
professor, que conciliava a educação com o ofício de contador para sobreviver,
passou a dar atenção cada vez maior ao invisível. O professor sentiu na pele,
ou melhor, nos próprios olhos, os efeitos do sonambulismo ao enfrentar um
problema grave entre 1852 e 1853: a perda de visão, a ponto de já não conseguir
ler nem escrever. Após uma série de exames, o médico especialista deu o
diagnóstico: amaurose, com comprometimento irreversível do nervo óptico. O paciente
deveria se preparar para o pior: a cegueira iminente. Na dúvida, Rivail decidiu
ouvir uma segunda opinião. Em vez de recorrer a outro médico, o velho estudioso
do magnetismo bateu na porta de uma sonâmbula conhecida em Paris por promover
curas milagrosas.
O diagnóstico dela foi
bem menos dramático: não era amaurose, mas, sim, uma inflamação nos olhos: “Em
quinze dias experimentareis ligeira melhora; em um mês começareis a ver, e, em
dois ou três meses, estareis curado.” Em seguida, receitou a aplicação de uma
mistura de água e ervas. O cronograma foi cumprido à risca. Era preciso
estudar, e Rivail encontrou um campo de estudos mais fértil para suas pesquisas
quando foi apresentado a duas meninas na casa da Sra. Plainemaison: Caroline e
Julie Baudin, então com 16 e 14 anos, filhas de Emile-Charles e Clementine
Baudin. Consolar, essa foi a missão que ele recebeu. Dizer aos homens que nada
está perdido, que tudo se reconstrói através da regeneradora engenharia da
reencarnação e que somos perfectíveis, que podemos, sim, construir a paz e o
amor, com nosso esforço e nossa luta. Desempenhou-se da missão com a altivez e
a humildade dos sábios, sempre defendendo, perante aqueles que o combatiam, de
forma elegante e respeitosa, as novas ideias de que se fizera propagador. Numa
época em que ainda ressoavam os ecos da Inquisição e as doutrinas positivistas
e materialistas mostravam-se ao mundo, ante um pensamento religioso que já não
atendia aos anseios do homem, coube a Kardec a tarefa de contê-las, não através
de um proselitismo fácil, mas de um corpo doutrinário vindo do Alto e para o
qual contribuiu com o ordenamento de seus ensinamentos e com toda a parte
experimental. Demonstrou a certeza da vida futura, acenando com uma nova era de
progresso e esperança. A missão de Allan Kardec começa na sua condição de
educador. Síntese das obras espíritas que Kardec publicou:
Livro dos Espíritos em
sua primeira edição em 1857 e a segunda edição em 1860 – O segundo livro, pouco
conhecido por muitos de nós, Ilustrações práticas sobre as manifestações
espíritas editado em 1858. É um opúsculo muito interessante porque faz uma
exposição completa das condições necessárias para a comunicação com os
Espíritos – O que é o Espiritismo 1859 –
Carta sobre o Espiritismo 1860 – Espiritismo experimental O Livro dos Médiuns
1861 – O Espiritismo na sua expressão mais simples 1862 – Viagem espírita 1862
que traz informações sobre o espiritismo na França – Resposta à mensagem dos
espíritas lioneses por ocasião do ano novo em 1862 – Resumo da lei dos
fenômenos espíritas em 1864 – Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo em
1864, depois em 1865 a expressão imitação é retirada e o opúsculo fica com o
nome que conhecemos hoje, O Evangelho segundo o Espiritismo – Coleção de
composições inéditas; são extrações do próprio Evangelho segundo o Espiritismo
1865 – Não menos importante, O Céu e o inferno 1865 – Coleção de preces espíritas
1865 – Estudo acerca da poesia medianímica 1867 - Caracteres da revelação espírita 1868 – A
Gênese, os milagres e a predições segundo o Espiritismo 1868 – Obras póstumas
1890, lançada após o desencarne de Allan Kardec – Revista espírita, que nasce
no ano de 1858 e ela se finda no ano de 1869, que é o ano em que Allan Kardec
desencarna. sempre é tempo de lembrarmos Kardec e segui-lo nesta moderna e
promissora imitação do Cristo, a doutrina Espírita. Dizer-se espírita não
basta. Necessário é tornar-se espírita, o que lhe exigirá a conscientização
daqueles princípios e não apenas o conhecimento deles. Esquecido o ensinamento
espírita, condena-se a Doutrina Espírita à estagnação.
Lamentável: A biografia
de Allan Kardec no seu dia a dia, na sua labuta cotidiana para o
estabelecimento das balizas do Espiritismo é praticamente desconhecida. Foi
preciso Kardec fazer duzentos anos de nascido para que fosse disponibilizado
aos espíritas uma versão em português de todos os tomos da Revista Espírita,
onde está a história da Doutrina Espírita; onde está o dia a dia de Kardec;
onde estão as orientações do Codificador; onde está estabelecido o seu critério
ao longo do tempo. Em virtude disso, muitos espíritas não conhecem a obra total
do Mestre de Lion e, assim, se equivocam em seus julgamentos, ou, então, não
fazem caso do que disseram ou deixaram de dizer o Codificador e seus excelsos
orientadores espirituais. A simples leitura da Revista Espírita mostra, com riqueza
de detalhes, a força dos argumentos do Codificador para desfazer as críticas,
afastar as intrigas, num incessante trabalho de esclarecimentos, estudos e
quebra de um paradigma estratificado na imperfeição humana. Pode-se imaginar o
que Kardec passou na cética Paris, quando anunciou o Espiritismo. A obra de
Kardec é fonte inesgotável; orienta o contato com os desencarnados, porém, o
melhor é que ensina, sobretudo, a viver entre os encarnados. Estudemos Kardec
sob todos os ângulos e Pensemos nisso!
Eu fico por
aqui.
Muita paz!
Aguardem na
próxima semana, um novo estudo sobre ensino espírita.
Leia Kardec!
Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!
E não se
esqueça: O Amanhã é sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!
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