Onde está Jesus nesse Natal? - (Para uma profunda reflexão) – Ensino espírita
“Glória a Deus
nas Alturas. Paz na Terra, boa vontade para com os homens” (Lucas, 2:14).
Mais um ano se
passou e estamos novamente diante do Natal, festividade que comemora o
nascimento de Jesus, em nosso planeta. Como acontece normalmente, neste período
que antecede as festas natalinas, há grandes movimentações quanto aos
preparativos. As vitrines enfeitadas convidam as pessoas a se lembrarem da
época dos presentes. A figura do Papai Noel, o bom velhinho, é um atrativo
maior para as crianças. O consumismo sob pretexto de que esta época é de se
presentear os parentes e amigos é estimulado. Nas famílias, nas organizações,
nas escolas e em tantos outros lugares, inicia-se uma aproximação mais festiva,
com brincadeiras como a do amigo oculto. Desejos de felicidade e prosperidade
acontecem em grande quantidade nos locais que frequentamos, muito embora grande
parte desses “Boas-Festas” e “Feliz Natal” ocorram mais por determinações da
educação e dos costumes adquiridos, sendo expressos mais mecânica do que
intencionalmente. As crianças, estimuladas pelos adultos, correm a escrever
suas cartinhas pedindo os brinquedos de sua preferência para o “bom velhinho”,
que é suposto entregar todos os presentes na noite de Natal, lenda que é
reforçada junto aos pequeninos, ainda com a imaginação infantil aguçada,
desviando sua atenção daquele que realmente é o centro de todas essas
festividades: Jesus! Será o Natal uma festa puramente material? Certamente que
não! O nascimento de Jesus, sem dúvida, é motivo de júbilo e deve ser
comemorado pelos cristãos, inclusive com as festas tradicionais. Todavia, é
importante que o caráter espiritual da data não seja relegado a um segundo
plano. Não podemos esquecer o ensinamento deixado pelo Mestre, que fez do amor
a Deus e ao próximo o mandamento maior. E, esse amor que o Cristo ensinou e
exemplificou deve estar presente não apenas na noite de Natal, mas no nosso dia
a dia, durante todo o ano. Jesus, quando indagado pelo doutor da lei sobre o
que fazer para ganhar a vida eterna, Ele não apontou o caminho do formalismo
religioso nem o conhecimento dos textos sagrados como a condição essencial para
esse fim. Recomendou, isto sim, a vivência do amor ao próximo. Deixou claro que
a prática desse amor não é prerrogativa de religiosos, mas de espíritos nobres,
compassivos, que se apiedam do semelhante. O samaritano da parábola contada na
ocasião era renegado pelos outros segmentos daquele povo. Porém, sabia amar. As
comemorações do Natal são um momento oportuno para que façamos uma avaliação
dos sentimentos que estamos praticando. Com toda certeza, se nos avaliarmos com
sinceridade, constataremos que ainda enfrentamos dificuldades internas para
atendermos integralmente a orientação de Jesus. No entanto, havemos que
preservar, como fez o aniversariante do dia, até vencer o mundo e tornar-se um
espírito puro. A reunião familiar nesse dia é muito importante, a alegria
manifestada é válida, a mesa farta e os presentes também, desde que façamos de
tudo isso um marco para nos tornarmos mais solidários, fraternos e amorosos com
o próximo. Que valorizemos mais as verdadeiras conquistas, que são as do
espírito. Aquelas que se constituem os verdadeiros tesouros de que falou Jesus,
que a traça e a ferrugem não consomem nem os ladrões roubam. No entanto,
devemos nos questionar se será esse o verdadeiro espírito do Natal. Qual, de
fato, o significado do Natal para aquele que assimilou a luz do Evangelho,
pelas portas da doutrina consoladora – o Espiritismo – codificada por Allan
Kardec. Em primeiro lugar, Natal é a celebração do nascimento de Jesus Cristo,
o enviado de Deus para disseminar, junto à humanidade, o código de luz e de
amor: o Evangelho. Mas você poderá pensar neste momento que esse é o
entendimento geral. Todos comemoram o nascimento de Jesus no Natal. Isso é um
fato! E, diante desse fato, perguntamos: Será mesmo? Relembrando a vida do
Mestre e suas atitudes, quando aqui esteve entre nós, pôde-se perceber que esta
foi simples e humilde, tendo como maior exemplo dessa humildade as próprias
condições de seu nascimento, ocorrido numa estrebaria, onde teve seu corpinho envolto
em panos simples e colocado numa manjedoura, que nada mais era do que uma
estrutura feita de madeira, em que se depositava o alimento dado aos animais,
conhecida também pelo nome de cocho. Sim, um cocho! Diferente da visão da
manjedoura que estamos acostumados a ver, transmitida pelo imaginário de
artistas ao longo desses dois milênios, Jesus ficou deitado num monte de feno
que foi colocado nesse local onde os animais se alimentavam. A simbologia da
manjedoura transcende o nosso entendimento ainda diminuto, em relação à
grandiosidade de Jesus expressa na mais pura humildade. Era ele ali colocado
como que a dizer: “Eu trago o verdadeiro alimento para todos aqueles que se
encontram infelizes, cansados e abatidos. Eu trago a esperança e a fé que aliviará
todo o peso do fardo pesado sobre seus ombros”.Cresceu humilde, tornando-se
aprendiz de carpintaria, ofício exercido por seu pai, José, com o qual supria
as necessidades de sustento e subsistência de sua família. Conviveu com a gente
simples do caminho e, quando iniciava sua missão de levar à humanidade sua
mensagem de amor e perdão, não prescindiu de convocar pescadores humildes e
ignorantes para seus discípulos, bem como aqueles que viviam em padrões não
aceitos à época, sendo considerados como a escória, como o publicano Mateus.
Foi nesses corações simples que Jesus iniciou seu trabalho de construção do
Reino de Deus na Terra, distante do luxo, da pompa dos amplos salões da nobreza
do poder da época. Com o passar do tempo, diante das necessidades artificialmente
criadas pelas novas demandas da civilização moderna, fomos nos concentrando
mais nesses aspectos exteriores do que na real celebração do nascimento do
Mestre, o que nos desviou do real sentido do Natal. Natal, na visão do
espírita, não deve ser de exclusão, mas sim de inclusão. Não estamos impedidos
de estender ao nosso grupo familiar e de amigos as benesses do conforto que
lhes possamos ofertar. Devemos viver no mundo como aqueles que atendem as
condições de vida do mundo, porém que isso não nos impeça de vivenciar o Natal
como um momento de iluminação do Espírito imortal e, também, de elevação do
sentimento de gratidão ao Mestre Divino, pelo seu amor que empenhou em nosso
favor, vindo pessoalmente trazer-nos a “Boa-Nova”. Que tenhamos a consciência
de que a festa de Natal é a celebração do aniversário de Jesus, que, como em
toda festa de aniversário, deve ser ele o alvo principal de todas as atenções.
No Natal de Jesus, o presente que Ele mais espera de nós todos é que apliquemos
aqueles ensinos que nos trouxe, em nossas ações no dia a dia. Que possamos
abraçar a todos e, perdoando sinceramente aqueles que nos ofenderam, elevemos
uma prece de reconhecimento, gratidão e júbilo por termos a iluminação de nosso
entendimento, através do registro em nossas almas da palavra esclarecedora do
Mestre dos mestres. “Natal é qualquer dia em que uma pessoa busca outra,
para chamá-la de irmão e tratá-la assim”.
“Para quem busca
o Cristo sempre é Natal”. A cada dia, a cada hora, a cada momento
Jesus renasce em nós, quando seguimos os seus ensinamentos. Guardemo-Lo em
nossos corações. Que esse estado de espírito se conserve em todos os dias de
nossas existências e saibamos sempre estender mãos amigas ao próximo.
Natal! Boa Nova!
Boa vontade!
Estendamos a
simpatia para com todos e comecemos a viver realmente com Jesus, sob os
esplendores de um novo dia.
O Natal com
Jesus é espalhar o amor, é espalhar a paz, a misericórdia e o perdão! Que o
perdão e a compreensão, superem as amarguras e as desavenças.
Muita Paz!
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