INTRODUÇÃO
O objetivo desse Blog é levar você a uma reflexão maior sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio
necessário para uma vida saudável e produtiva.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Prezados irmãos e amigos. Não pretendo com esse Blog modificar o pensamento das pessoas. Não tenho a pretensão de ser dono da verdade, pois acredito que nenhuma religião ou seita detém o privilégio de monopolizá-la. Apenas estou transmitindo informações, demonstrando a minha crença, a minha verdade. Cabe a cada indivíduo a escolha de como quer entender as coisas do mundo em que vive, como quer viver a sua vida, e quais os métodos que quer utilizar para suas colheitas. Como disse Jesus, "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", ou seja, o plantio é opcional, você planta o que quiser, mas vai colher o que plantar. Por isto, muito cuidado com o que semear.
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domingo, 13 de fevereiro de 2022

 


Tomada de consciência

Ensino espírita

Esse nosso estudo tem como base o conto “O Merecimento”, contido no livro A Vida Escreve, ditado pelo Espírito Hilário Silva, que conta a estória de alguém que adotou a “Lei de Talião” para resgate das suas faltas. Conta-nos o autor espiritual: Saturnino Pereira era francamente dos melhores homens. Amoroso mordomo familiar. Companheiro dos humildes. A caridade em pessoa. Onde houvesse a dor a consolar, aí estava de plantão. Não só isso. No trabalho, era o amigo fiel do horário e do otimismo. Nas maiores dificuldades, era um sorriso generoso, parecendo raio de sol dissipando as sombras. Por isso mesmo, quando foi visto de mão a sangrar, junto à máquina de que era condutor, todas as atenções se voltaram para ele, entre o pasmo e a amargura. Saturnino ferido! Logo Saturnino, o amigo de todos... Suas colegas de fábrica rasgaram peças de roupa, a fim de estancar o sangue a correr em bica. O chefe da tecelagem, solícito, conduziu-o ao automóvel, internando-o de pronto em magnífico hospital. Operação feliz. O cirurgião informou, sorrindo: - Felizmente, nosso amigo perderá simplesmente o polegar. Todo o braço direito está ferido, traumatizado, mas será reconstituí do em tempo breve. Longe desse quadro, porém, o caso merecia apontamentos diversos: - Porque um desastre desses com um homem tão bom? – murmurava uma companheira. - Tenho visto tantas mãos criminosas saírem ilesas, até mesmo de aviões projetados ao solo, e justamente Saturnino, que nos ajuda a todos, vem de ser a vítima! – comentava um amigo.- Devemos ajudar Saturnino. - Cotizemo-nos todos para ajuda-lo. Mas também não faltou quem dissesse: - Que adianta a religião, tão bem observada? Saturnino é espírita convicto e leva a sério o seu ideal. Vive para os outros. Na caridade é um herói anônimo. Por que o infausto acontecimento? expressava-se um colega materialista. E à tarde, quando o acidentado apareceu muito pálido, com o braço direito em tipoia, carinho e respeito rodearam-no por todos os lados. Saturnino agradeceu a generosidade de que fora objeto. Sorriu, resignado. Proferiu palavras de agradecimento a Deus. Contudo, estava triste. À noite, em companhia da esposa, compareceu à reunião habitual do templo espírita que frequentava. Sessão íntima. Apenas dez pessoas habituadas ao trato com os sofredores.  Consagrado ao serviço da prece, o operário, em sua cadeira humilde, esperava o encerramento, quando Macário, o orientador espiritual das tarefas, após traçar diretrizes, dirigiu-se a ele, bondoso: - Saturnino, meu filho, não se creia desamparado, nem se entregue a tristeza inútil. O Pai não deseja o sofrimento dos filhos. Todas as dores decretadas pela Justiça Divina são aliviadas pela Divina Misericórdia, toda vez que nos apresentamos em condições para o desagravo. Você hoje demonstra indiscutível abatimento. Entretanto, não tem motivo. Quando você se preparava ao mergulho no berço terrestre, programou a excursão presente. Excursão de trabalho, de reajuste. Acontece, porém, que formulou uma sentença contra você mesmo. Fez uma pausa e prosseguiu: - Há oitenta anos, era você poderoso sitiante no litoral brasileiro e, certo dia, porque pobre empregado enfermo não lhe pudesse obedecer às determinações, você, com as próprias mãos, obrigou-o a triturar o braço direito no engenho rústico. Por muito tempo, no Plano Espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. Por muito tempo, por muito tempo. E continuou: - E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever. Não estamos aqui para elogiar, porque você continua lutando, lutando... e o plantio disso ou daquilo só pode ser avaliado em definitivo por ocasião da colheita. Sei, porém, que hoje, por débito legítimo, alijaria você todo o braço, mas perdeu só um dedo... Regozije-se, meu amigo! Você está pagando, em amor, seu empenho à justiça. De cabeça baixa, Saturnino derramava grossas lágrimas. Lágrimas de conforto, de apaziguamento e alegria. Na manhã seguinte, mostrando no rosto amorável sorriso, compareceu, pontual, ao serviço. E porque o fiscal do relógio lhe estranhasse o procedimento, quando o médico o licenciara por trinta dias, respondeu simplesmente: - O senhor está enganado. Não estou doente. Fui apenas acidentado e posso servir para alguma coisa. E caminhando, fábrica a dentro, falou alto, como se todos devessem ouvi-lo: - Graças a Deus!

REFLEXÃO: Deus nos criou espíritos ignorantes, com a missão de evoluirmos em sua direção. Todos trazem em si características instintivas, provenientes de seu estado animal. Apesar de necessitarem viver em sociedade, de um modo geral, isolam-se dentro de si mesmos, em atitudes egocêntricas, o que parece ser um contrassenso: como precisar de nosso irmão para sobreviver, mas desprezá-lo diante dos próprios interesses. A evolução do homem é um impulso natural, que Deus, inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, plantou nos espíritos de Seus filhos. Para isto, deu-lhes a reencarnação e o esquecimento do passado, como oportunidade de fazerem e refazerem seus caminhos. Dotou-os também da capacidade de pensar e, através do livre-arbítrio, têm o poder de decidir os seus próprios caminhos, sendo constantemente impulsionados para o autoaprimoramento, e para a melhoria do mundo em que vive. A evolução é uma necessidade do espírito do homem, e o aprimoramento do homem, como espírito livre, requer seu amadurecimento constante, e a busca de si próprio como ser consciente de sua natureza e de sua importância. Se queres evoluir, conhece-te a ti mesmo. O ser consciente de si próprio, de seu estado, de sua natureza, é capaz de conhecer, entender, aceitar, admitir e amar sua missão evolutiva eterna. Para isso deve passar por estágios evolutivos, caracterizados pelo amadurecimento afetivo, intelectual, moral e social. Ao conhecer-se, desprende-se de si mesmo para o mundo que o envolve, tendo a noção exata de sua essência de espírito livre, purificando-se e adquirindo a condição de ver a Deus. O ser consciente ama a si próprio tanto quanto ama seus semelhantes. Cuida de si tanto quanto cuida dos outros. É humilde diante de Deus, sentindo-se pequeno diante da Criação. Reflete a caridade em seu espírito de forma espontânea e natural. Irradia luz, paz e sabedoria na relação com o mundo em que vive. Deus delegou a todos as mesmas oportunidades e o direito da livre escolha, mas indicou sua natureza evolutiva através de uma única lei apresentada por Jesus: ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Deus está na consciência de todos, permitido discernir entre o bem e o mal. Somente o bem agrega valor na evolução do homem, porque representa a conformidade com a lei de Deus e seu cumprimento na sua forma mais pura. Todo desvio do caminho que foi previamente apontado, gera aquela relação de causa e efeito: a necessidade de refazimento. A dor serve como indicador para reajuste do rumo que cada um escolheu, e o amor serve como terapia e bálsamo para todas as dores. Esta é a lei. Os desajustes morais, provenientes do descuido no cumprimento da lei, trazem sofrimentos muito mais intensos e muito mais difíceis de serem superados do que as dores físicas, porque se estabelecem na essência do ser, em seu espírito imortal. Essas dores desequilibram o homem, turvando sua visão em relação ao caminho a ser seguido. O início da tomada de consciência está na aceitação de que vivemos num mundo de provas e expiações. Todos temos problemas, e a solução deles está dentro de cada um de nós. A harmonia com o mundo e a busca da paz interior são os objetivos inconscientes de todo ser que sofre. Assim, a qualidade de vida para cada um de nós está fortemente relacionada com a capacidade que adquirimos em lidar com a dor e nos harmonizarmos com o Universo. A paz que Jesus tanto nos oferece é proveniente da harmonia plena com a lei de Deus. Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração, e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. Quando atingimos  certo grau de esclarecimento e já podemos, conscientemente, separar o bem do mal, Deus nos concede a misericórdia de escolher nossas provas, a fim de satisfazer nossas necessidades de aprendizado e de permitir resgatar pela vivência as dores que fomos capazes de causar no passado. O Espírito livre entre o espaço de duas encarnações, afastado da influência da matéria, é capaz de vislumbrar melhor a natureza de seus atos, e sofre profundamente quando sua consciência lhe mostra e lhe acusa de faltas para com a lei de Deus. Como somos juízes de nós mesmos, escolhemos nessas oportunidades as provas que desejamos ser submetidos para melhor valorizar o respeito ao nosso semelhante. Nessas ocasiões, costumamos adotar a lei de Talião, aquela do olho por olho e do dente por dente, como forma de resgate das faltas do pretérito. A justiça de Deus atua em nossa consciência e nos concita a fazer experiências e a ampliar o nosso conhecimento. A dor, proveniente da lei de causa e efeito, é o instrumento de reparação das faltas. Mas a misericórdia do Pai é maior do que podemos imaginar, e se distribui em função do merecimento que tenhamos obtido, como fruto de um trabalho de amor e na caridade. O que importa a Deus é a certeza da superação das fraquezas e das paixões interiores que ainda habitam o ser humano. Deus não nos criou para a dor, mas para o amor, e sempre provê misericórdia de acréscimo para aquele que sofre. É como se abríssemos uma conta corrente no céu. Para cada falta, um débito correspondente à gravidade. A cada ação meritória, um crédito proporcional ao seu efeito, mesmo que tenhamos escolhido vivenciar Provas e sofrer Expiações e dificuldades. Deus reavalia e atualiza a cada instante a nossa conta corrente, e permite amenizar ou agravar as nossas vicissitudes, em função daquilo que se faz necessário para o nosso aprendizado. Se tornarmos a falhar, agravaremos a nossa Prova. Demonstrarmos ter aprendido a lição e superarmos as Provas com resignação e coragem, entendimento, amor e caridade, amenizaremos os nossos sofrimentos. A lei do olho por olho é a lei dos homens, que muitas vezes percebem que só com a sua aplicação podem resgatar dívidas do pretérito. A lei de Deus é a lei do amor, e Ele exemplifica a aplicação desta lei provendo a misericórdia no cumprimento da justiça. Saturnino era um homem de bem, e a pesar da dor moral que carregava em sua consciência, vivia exemplificando tolerância, amor e caridade. Dava demonstrações claras de ter superado suas tendências egocêntricas e orgulhosas de outros tempos. Assim, apesar de ter escolhido perder o braço como reparação de suas faltas, Deus quitou seu débito com consequências bem mais amenas, demonstrando com Sua misericórdia o reconhecimento do mérito adquirido por aquele homem. Aquele que põe sua visão no plano da matéria, nem sempre percebe o porquê das coisas que ocorrem com pessoas que nesta vida só fizeram o bem. O ponto de vista no plano espiritual, entretanto, nos ajuda a perceber melhor as causas anteriores de nossas aflições. Aos olhos de Deus, todas as coisas estão certas, e só o amor é capaz de cobrir a multidão dos nossos pecados.

 

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