Olá, Amigos! Que
tal começar a semana com uma boa reflexão? Para isso, vamos explanar mais um
ensino espírita.
A Volta do
Espírito à vida corporal
Estudo com base
no Capítulo VII de O Livro dos Espíritos, “Da volta do Espírito à vida
corporal”, no qual Kardec trata, dentre outros, o tópico Prelúdio da volta. E o
nosso objetivo com essa análise é ampliarmos os nossos conhecimentos a respeito
de como se dá o processo do retorno do Espírito ao mundo material. A ideia das
vidas sucessivas, ou seja, o retorno periódico da individualidade à vida
material, com esquecimento temporário das experiências anteriores, é muito
antiga. Os povos da Ásia (como os hindus), da África (como os egípcios) e da
Europa (gregos, romanos e os celtas) acreditavam que o Espírito do homem
poderia voltar a viver na Terra em uma nova existência. Alguns deles
acreditavam que pudesse vir a animar um corpo de um animal e vice-versa, teoria
esta denominada de Metempsicose.
Hoje, sabemos
pelo Espiritismo, que essa volta em corpo animal é impossível, pois o Espírito
nunca retrocede no grau de evolução alcançado, podendo apenas estacionar. A
Doutrina Espírita, doutrina cristã, assenta suas bases na crença da
reencarnação. E, através dessa crença, a justiça divina começa a fazer sentido
para seus adeptos, sem aquele ponto de vista de céu e inferno, que algumas
religiões se baseiam. Aceitando e concordando que somos em Espírito criados à
semelhança de Deus, e, que, em Espírito, estamos destinados à perfeição pela
evolução gradativa do entendimento e da vivência do amor, passamos a perceber
que a dádiva da reencarnação é a misericórdia de Deus para com suas criaturas.
O princípio espiritual, centelha divina, evolui desde o momento obscuro de sua
criação, sem deter-se um só instante.
O Espírito
evolui, conquistando com suas experiências os valores divinos do amor em todas
as suas manifestações. Mas para isto, precisa do mergulho na carne, onde vivencia,
experimenta, aprende, e interioriza esses valores, purificando-se, para
candidatar-se aos planos sublimes da existência. Somos hoje a conquista de
milhares de anos em evolução. E como seres na forma de homens, fomos agraciados
além do instinto que nos é próprio pela nossa herança animal, com a
inteligência e com o livre-arbítrio, que nos permite discernir entre o bem e o
mal, e a escolher os rumos que desejamos dar à nossa existência. O Espírito
reencarna muitas vezes (seu progresso é lento) num mesmo mundo, apropriado ao
seu grau de evolução, ou em mundos semelhantes (há muitas moradas na casa do
Pai).
Então, vamos
entender como se dá a partida do Espírito do mudo espiritual para o mundo
material; vamos entender quantas coisas estão envolvidas nessa viagem, desde a
preparação até o momento da partida, rumo ao desconhecido. Os Espíritos que
integram o que chamamos de erraticidade, segundo os mentores espirituais,
formam a imensa fila da reencarnação.
Enquanto aguardam, vivem a vida normal de Espíritos. Estudam e
trabalham. Por isso, vamos refletir sobre o que Kardec nos trás de ensinos
ditados pela Espiritualidade superior acerca do Prelúdio da volta. Dos
questionamentos que o Codificador fez aos Espíritos que supervisionaram o
trabalho de codificação da Doutrina, podemos retirar o seguinte: Os Espíritos
sabem em que momento voltarão a reencarnar?
Em regra geral,
não sabem quando irão passar por nova experiência na Terra. Apenas pressentem o
instante, como sucede ao cego que se aproxima do fogo. Os Espíritos, já com
algum esclarecimento, sabem que um dia terão que retornar a um corpo, para
retomar, pelo estudo e pelo trabalho, a lenta, mas progressiva escalada da
evolução. E é natural que seja assim, porque, afinal, reencarnar não depende só
deles. Há inúmeros fatores envolvidos no processo. Os outros, isto é, os não
esclarecidos, nem desconfiam que isso possa acontecer. Entre eles, há os que não sabem que já
morreram; e há os que, já estando conscientes disso, não sabem ou não acreditam
em reencarnação; outros ainda há que não acreditam, até mesmo, na sobrevivência
da alma, de que eles próprios são a prova mais definitiva, como não acreditam
em Deus, nem em justiça divina.
Continuam ateus
e materialistas. Isso acontece, porque a morte não transforma as pessoas. Elas
continuam lá como eram aqui: com suas dúvidas, suas crenças e seus
preconceitos. Por outro lado, o corpo de que se servem, o corpo espiritual ou
perispírito, é tão igual ao que deixaram, aqui, que elas não percebem, no
primeiro momento, que já estejam entre os chamados mortos. Alguns já aprenderam
que a reencarnação é uma necessidade da vida espiritual, como a morte o é da
vida corpórea. Nascer, viver, morrer, renascer são inevitáveis no processo
evolutivo. Não há evolução sem reencarnação. Não adianta fugir. É lei natural
emanada do Poder Maior. Logo, os que querem evoluir mais rapidamente
preocupam-se com a sua reencarnação. Outros, como dissemos, nem sabem que ela
existe.
E essa incerteza
quanto ao futuro acaba por constituir-se numa espécie de punição. Alguns deles,
quando a ignorância os domina, dando nascimento à revolta, são forçados a
voltar ao corpo ainda que na inconsciência. Outros aceitam a volta, diante dos
conselhos dos benfeitores da espiritualidade, mas depois se arrependem e, em
muitos casos não chegam a nascer. Dai, advém o aborto espontâneo, mesmo com
todos os cuidados que a futura mãe tem com seu estado de gravidez. Muitos
imploraram a volta ao corpo e sentem prazer em tal viagem, sabendo que é pelas
vidas sucessivas que se melhora espiritualmente. As variações são muitas, no
quadro das vidas múltiplas. Outros são ainda mais cuidadosos: pedem um preparo
alongado, de maneira a não servirem de motivo de escândalo no decorrer da vida
na Terra.
O livre-arbítrio
faculta ao Espírito apressar ou retardar a sua volta. Apressa-a, quando, motivado por um desejo
muito forte, adquire, através do trabalho edificante, créditos que avalizem seu
desejo. Retarda-a quando se acovarda diante das provas. Mas os que adiam o
enfrentamento da prova sofrem por isso, à semelhança do doente que recusa o
remédio que pode curá-lo. De qualquer forma o adiamento não pode ser
indefinido. Mesmo os que se sentem felizes no estágio em que se encontram, não
podem nele permanecer indefinidamente, adiando sempre o momento de reencarnar.
Cedo ou tarde sentirão a necessidade de progredir. Todos têm que se elevar:
esse o destino de todos. Costuma-se perguntar se a alma que irá animar um corpo
que está sendo formado no seio da mãe está a ele predestinada ou se é escolhida
à última hora.
É evidente que o
Espírito é, sempre, de antemão designado. Mesmo porque, conforme esclarece a
Doutrina, é no momento da concepção que se estabelece a ligação entre o
Espírito, que está vindo, e o corpo que começa a formar-se. E é o corpo
espiritual do reencarnante que vai servir de modelo à formação do feto,
conforme programação pré-estabelecida. Tudo nos exatos termos em que se
projetou a nova experiência, respeitadas a lei de causa e efeito que direciona
os resgates e as provas escolhidas pelo próprio reencarnante. Nada de
improvisações ou acasos, absolutamente, fora de qualquer fase do processo. Em
geral, cabe ao Espírito apenas a escolha das provas. O projeto do corpo está
afeto a Espíritos com conhecimento especializado.
Eles é que
cuidam disso, levando em consideração o perispírito do reencarnante que
forçosamente, como modelo biológico organizador que é, irá influenciar no corpo
material que surgirá. Pode, entretanto,
o interessado solicitar certas imperfeições que visem a ajudá-lo a se sair bem
das provas que auxiliarão o seu progresso. A união de um Espírito a determinado
corpo pode, sim, ser imposta por Deus. Isso acontece nas chamadas reencarnações
compulsórias, sempre objetivando a melhoria e proteção do Espírito obrigado a
ela. Seja nos casos de rebeldia
irrefreável, com graves perturbações na harmonia geral, quando se aproveita a
oportunidade para resgates e reconstruções perispirituais, seja nos casos em
que se precisa esconder o reencarnado de seus inimigos e algozes que tornariam
impossível sua vida no plano espiritual.
É comum
aparecerem vários Espíritos como candidatos a tarefas importantes a serem
executadas. Desejam enfrentar certos
trabalhos para colherem maiores frutos em seu aprendizado e evolução. Muitos
podem pedir isso. No entanto, Deus é quem julga qual o mais capaz de
desempenhar a missão a que a criança se destina. Mas, como dissemos acima, o Espírito é
designado antes que soe o instante em que haja de unir-se ao corpo. É muito
solene para o Espírito o instante da sua encarnação. Não só pela bênção que
isso representa, mas pela carga de responsabilidade que traz nos ombros, certo
de que não só ele, mas muitas outras pessoas que estarão à sua volta, dele
dependerão. Muita ansiedade envolve o Espírito prestes a encarnar. Por mais
preparado que esteja, há sempre a incerteza quanto à eventualidade do seu
triunfo nas provas que vai suportar na vida.
Há sempre riscos
muito fortes envolvendo o nosso mergulho na carne. Daí a ansiedade e o medo.
Dependendo da esfera a que pertença; se já reina a afeição, os amigos e
parentes desencarnados costumam acompanhar o reencarnante no momento de sua
despedida, tal como ocorre na sua volta, ao fim da existência terrena. A
reencarnação assinala um grande momento na vida de todos nós. Pela oportunidade
maior de avançarmos um pouco mais na estrada da evolução. O invólucro fluídico
é que liga o Espírito ao gérmen. Essa união vai-se adensando e tornando-se mais
íntima, de momento a momento, até que se completa quando a criança vem à luz.
No período
intercorrente, da concepção ao nascimento, a ação da força vital faz com que
diminua o movimento vibratório do perispírito, até o momento em que, não
atingindo o mínimo perceptível, o Espírito fica quase totalmente inconsciente.
É dessa diminuição de amplitude do movimento fluídico, diz Gabriel Delanne, que
resulta o esquecimento. Quando o Espírito vai encarnar num corpo humano em via
de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu
perispírito, o liga ao gérmen, que o atrai por uma força irresistível desde o
instante da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, esse laço se
encurta. Sob a influência do princípio vital presente no gérmen, o perispírito
se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, como se o Espírito,
valendo-se do seu perispírito, se enraizasse no gérmen, a exemplo da planta que
se enraíza no solo.
Quando o gérmen
chega ao seu pleno desenvolvimento, está completa a união, e o ser nasce então
para a vida exterior. A reencarnação é um choque biológico. A partir do momento
em que o Espírito é colhido no laço fluídico que o prende ao gérmen, ele entra
em estado de perturbação que aumenta à medida que o laço se aperta, perdendo o
Espírito, nos últimos momentos, toda a consciência de si próprio, de modo que
jamais presencia o seu nascimento. Quando a criança respira, ele começa a
recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e
consolidam os órgãos que hão de lhes servir às manifestações. Aqueles que
trazem para o mundo físico um acervo de qualidades despertadas têm a vantagem
de se livrarem de muitas tentações, saindo ilesos das emboscadas das trevas,
que sempre acontecem.
A reencarnação é
uma necessidade da alma, como força que a impulsiona para o alto e para Deus.
Os processos da reencarnação são engenhosos; no entanto, os benfeitores
espirituais cuidam dessa ciência com todo o amor que podem dar aos que vão
ingressar nos fluidos da carne. Nós já reencarnamos muitas vezes, e poderemos
voltar muito mais, herdando a Terra como promessa da Luz. O prelúdio da volta
pode ser a intuição que temos no fundo d'alma e a necessidade de crescimento
espiritual. Concluindo: O estado corporal é transitório e passageiro. É no
estado espiritual, sobretudo que o Espírito colhe os frutos do progresso
realizado pelo trabalho da encarnação; é também nesse estado que se prepara
para novas lutas e toma as resoluções que há de pôr em prática na sua volta à
Humanidade.
Muita Paz!
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