O objetivo deste
estudo é buscar e manter o equilíbrio espiritual. Para tanto devemos fazer uso
dos verbos no imperativo, que se traduzem por uma ordem na mudança de nossas
atitudes e comportamentos. No Evangelho de Mateus (26:26-46), está escrito que
Jesus, após a última ceia, e sabedor de que seu fim era próximo, dirigiu-se ao
Getsêmani, jardim ou horto situado ao redor de Jerusalém e ao pé do monte das
Oliveiras, levando consigo Pedro, Tiago e João.
Então o Mestre lhes revelou: “Ainda esta noite, todos vós me
abandonareis. Pois assim está escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas do
rebanho serão afugentadas’. Todavia, depois de ressuscitar, seguirei adiante de
vós rumo à Galiléia”. Jesus disse-lhes:
“Assentai-vos por aqui, enquanto vou ali para orar”; e começando a
entristecer-se ficou profundamente angustiado. Então compartilhou com eles
dizendo:
“A minha alma
está sofrendo dor extrema, uma tristeza mortal. Permanecei aqui e vigiai junto
a mim”. Seguindo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra e
orou: “Ó meu Pai, se possível for, passa de mim este cálice! Contudo, não seja
como Eu desejo, mas sim como Tu queres”. Mas, ao retornar à presença dos seus
discípulos os encontrou dormindo e questionou a Pedro: “E então? Não pudestes
vigiar comigo durante uma só hora? Vigiai e orai, para não cairdes em tentação.
O espírito, com certeza, está preparado, mas a carne é fraca”. Jesus, em sua
despedida no Getsêmani, deixou-nos um ensinamento de tamanha importância que
não poderia ficar impreciso na história da humanidade; teria que ser fixado e
ensinado em todos os tempos: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação”.
Vigiai e orai,
porém, nessa ordem, vigiar, em primeiro lugar. Orar é importante para entrarmos
em comunhão com os valores espirituais da existência recebendo os fluidos
nutrientes de amor e luz, entretanto a vigilância é fundamental para o nosso
equilíbrio. Essa é uma das maiores advertências que Jesus faz nos evangelhos:
"Vigiai". Seremos tentados de todos os lados durante nossa caminhada
cristã. Andaremos em um campo minado enquanto habitarmos neste corpo material.
Inclinações da carne e os prazeres deste mundo nos bombardearão, esperando que
tropecemos e cedamos aos seus desejos. Isso é fatal! Isso pode significar morte
e a destruição de nossa comunhão com Deus, caindo em grave transgressão!
Portanto, vigieis, estejais em estado contínuo de alerta. Ao dizer “vigiai e
orai” naquele momento, Jesus estava literalmente dizendo:
“Mantenham-se
alerta e continuem orando, para que não entrem em tentação”. Essa frase
proferida por Jesus tem encoberta uma sabedoria extraordinária, ela não
representa um simples preceito moral ou religioso, mas passa com a Doutrina
Espírita a ser entendida como lei. Por que Jesus disse: vigiai e orai?
Jesus nos disse
para vigiar e orar porque nossa carne é fraca e enfrentamos muitas tentações.
Quando vigiamos e oramos, ficamos mais fortes para resistir à tentação. Aqui, o
Rabi nos adverte ensinando os benefícios da prática do vigiar e orar; por isso,
consolidemos praticando esta máxima no nosso dia a dia. Vigiar e orar sempre;
esse ensinamento nos proporciona uma reflexão para mantermos a sintonia com os
bons Espíritos, elevando os nossos pensamentos.
Vivemos num
mundo de ondas, vibrações e energias, basta um pensamento ou uma palavra
ofensiva, pronunciada impensadamente, para desencadear vibrações que se
estenderão atingindo, com sua ressonância, outros que se encontram em sintonia
com esses padrões de nível mental, gerando a discórdia e a turbulência. É um
fenômeno semelhante à propagação de ondas que se verifica quando atiramos uma
pedra no lago: as ondas que surgem no ponto onde a pedra caiu propagam-se e
chegam até à margem. Podemos dizer que o mundo é um grande “lago mental”. As
ondas mentais de uma pessoa não ficam restritas a uma pequena área em torno
dela; elas se propagam sem parar, estendendo sua influência à mente dos outros,
ao trabalho e ao ambiente geral, alterando de forma invisível, enquanto durar
sua energia.
O espírito e a
carne:
Jesus disse “vigiai
e orai” porque todos nós enfrentamos uma luta entre a carne e o espírito
(Gálatas 5:16-17). Nosso espírito quer as coisas de Deus e se alegra com a
justiça e o bem. Mas nossa carne ainda sofre tentações e se inclina para o mal.
A carne significa nossa natureza humana, que ainda é influenciada para alguma
coisa não recomendável e suas consequências. Em nosso espírito, estamos prontos
para servir a Deus e obedecer a Seus mandamentos. Mas nossa carne é fraca e, se
não tomarmos cuidado, pode cair na tentação. Enquanto não chegamos à vida
eterna, sempre teremos uma luta com a carne. Por isso, Jesus nos disse: Vigiai.
Vigiar significa ficar atento. Precisamos estar vigilantes porque as tentações
estão sempre procurando maneiras de nos destruir.
As tentações
podem surgir quando e de onde menos esperamos. Quando baixamos a guarda,
ficamos mais vulneráveis. Corremos o risco de orar, mas não viver a vigilância.
Por isso que o Cristo disse: “Vigiai e orai”. Ao nos dar estas orientações,
Jesus nos pedia para mantermo-nos em comunhão com Deus através das preces,
buscando sempre orientação do Pai, ligando-nos à espiritualidade superior que
fala diretamente conosco por boas sugestões no momento em que oramos. Além
disso, o Mestre nos pede para que vigiemos nossas palavras, ações, pensamentos
e até mesmo o modo como olhamos para a vida e para nosso próximo. Cristo nos
orienta a vigiarmos aquilo que trazemos dentro de nós mesmos e que nos afasta
dos caminhos de Deus. Ao usar a palavra “vigiai”, Ele não queria que
vigiássemos a vida de outras pessoas, mas nossas próprias atitudes.
Vigilância, na
sua expressão correta, como nos ensina Jesus com o “vigiai e orai”, não é
fiscalizarmos as atitudes alheias, mas objetiva, acima de tudo, nos prevenir
acerca de nossas próprias imperfeições e falhas. As nossas fraquezas nos
prendem à retaguarda espiritual, induzindo-nos a ações menos edificantes que
nos dificultam a marcha evolutiva. Como espíritas, conhecedores do Evangelho à
luz da Terceira Revelação, grande é a nossa responsabilidade e, por isso,
precisamos estar vigilantes com relação aos nossos próprios atos, palavras e
pensamentos, para que externem sempre o que de melhor temos aprendido na
doutrina que nos felicita o entendimento. Vigiar os pensamentos quer dizer
mentalizar sempre o bem para todos os que nos cercam e para toda a humanidade,
evitando assim colaborar para o acréscimo das ansiedades que envolvem tantas
pessoas nos dias atuais.
Vigiar as
palavras, não só evitando tudo o que possa desdobrar o mal, prejudicar o
próximo ou exagerar os acontecimentos menos felizes, como também disseminando,
sempre que possível, palavras de carinho, entendimento, ânimo, esperança e
conforto. Vigiar ações, afim de que sejamos sempre instrumentos úteis nas mãos
da espiritualidade maior, no auxílio aos necessitados. Vigiar será finalmente
estarmos atentos para que não venhamos a ser escravos de ilusões e
imperfeições, transformando-nos em verdadeiros espíritas que veem na existência
terrena uma oportunidade gloriosa de aprender, amar, ajudar e servir sempre, em
nome de Jesus, em favor de nossa própria felicidade espiritual. Entre idas e
vindas, nos deparamos com situações muito inusitadas. Muitas vezes
sorrateiramente fazemos algo, que achamos só nós estamos sabendo.
Esquecemos que
ao nosso redor, existem inúmeros seres invisíveis aos nossos olhos que a tudo
vê. Nunca devemos nos esquecer que a invisibilidade não significa ausência.
Imperioso, portanto, saber lidar com estas situações, pois ao acharmos que
estamos escondidos, na verdade, estamos sendo mais vistos do que nunca. Convém
salientar que estes seres invisíveis que a tudo presenciam, raramente
interferem em nós, por respeito ao nosso livre-arbítrio. Quanto mais achamos
que estamos sós e isolados do contexto, mais nosso engano se torna maior.
Deixando atuarmos como se nada está acontecendo, não significa que estão
conivente, ou que deixam acontecer para sofrermos mais tarde. Importante na
verdade é atentarmos para tudo que estamos fazendo, falando e praticando, afim
de que mais tarde, não venhamos a ser cobrados por tais fatos.
A transparência
é vital e fundamental, para que possamos conviver coletivamente com nossos
semelhantes. Incitações e discórdias nos remetem a areias movediças do
retrocesso, que arrebatarão a nós mesmos em primeiro lugar. Nestas horas é
preciso estar atento e lembrar das orientações de Jesus, que nos sugere vigiai e Orai. Somos constantemente
influenciados em nossa vida de relação. Paulo de Tarso, o apóstolo dos gentios,
como ficou conhecido por sua missão junto aos povos pagãos, afirmou em carta ao
povo hebreu: “temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas”. Mantermo-nos
despertos, e em sintonia elevada, permite estarmos atentos e bem inspirados a
toda oportunidade de fazer o Bem, a nosso semelhante e, por decorrência, a nós
próprios. “Os espíritos ficam à espreita de um momento propício, como o gato
que tocaia o rato”.
É imprescindível
vigiar sempre nossos pensamentos, nossas palavras e nossas ações, praticar a
humildade, reconhecendo nossa pequenez diante do Universo e treinar a
paciência, compreendendo e amando as coisas e as pessoas, olhar para todos com
os olhos cheios de amor, a fim de que o bem cresça em nós, porque seremos,
invariavelmente, traídos pelos defeitos que possuímos, que funcionam como
antenas poderosas a captar as energias, numa perfeita sintonia de atração às
energias semelhantes. Ao vigiar nossos pensamentos, estamos evitando desgastes
pessoais e mágoas desnecessárias; ao vigiar nossas ações estamos nos
resguardando de ações contrárias ao Evangelho e protegendo-nos de nós mesmos;
ao vigiar nossas palavras, cuidamos para não apedrejar quem julgamos. Vigiemos,
portanto, ações e palavras.
Vigiai e orai,
aparente alvitre singelo, encerra conteúdo de cunho eminente. Por estarmos com
frequência, a cada passo diário, sujeitos a disposições de ânimo para a prática
de coisas diversas ou censuráveis (caindo em tentação), esse oportuno aviso do
Mestre indica prudência, bom senso. No entanto, a interpretação evangélica para
o termo vigiar também diz respeito à necessidade de tomarmos as devidas
precauções, sustentando, assim, o indispensável equilíbrio e lucidez, para
perceber além das aparências e, com isso, escolher o que verdadeiramente será o
melhor para nós, nas várias situações de nosso cotidiano. Com isso, o “vigiai e
orai” consiste em um alerta sempre oportuno a envolver a razão e a emoção de
cada um de nós. A razão, porque é através de sua observação atenta e constante
que nos conscientizamos de nossas negativas predisposições íntimas.
O alerta do
Cristo há milênios ainda hoje ecoa de maneira atualíssima em nossa caminhada.
Realmente, necessitamos vigiar e, então, depois, orar. Precisamos estar atentos
a essas situações que nos desequilibram, e que nos levam, muitas vezes, a ter
atitudes que irão nos comprometer em várias existências, por muitas
encarnações. Existem dois tipos de
situações: a de ordem material e a de ordem espiritual. Com relação à
material, devemos procurar identificar as nossas tendências no sentido de
eliminarmos o que há em nós de instintos inferiores que acalentamos em nosso
íntimo (orgulho, egoísmo, ira, mágoa, culpa, vingança, etc.). Pois devemos ter
presente que somos espíritos em evolução, portadores de defeitos e virtudes que
revelam a nossa essência. A vigilância faz-se necessária, pois o quotidiano
apresenta-nos constantemente situações que nos sugestionam e condicionam.
Kardec ao
desenvolver a explicação da oração dominical, no capítulo XXVIII do Evangelho
Segundo o Espiritismo esclarece: “A causa do mal está em nós mesmos, e os maus
espíritos apenas se aproveitam de nossas tendências viciosas, nas quais nos
entretém, para nos tentarem. Cada imperfeição é uma porta aberta às suas
influências, enquanto eles são impotentes e renunciam a qualquer tentativa
contra os seres perfeitos. Tudo o que possamos fazer para afastá-los será
inútil, se não lhes opusermos uma vontade inquebrantável na prática do bem, com
absoluta renúncia ao mal. É, pois, contra nós mesmos que devemos dirigir os
nossos esforços, e então os maus espíritos se afastarão naturalmente, porque o
mal é o que os atrai, enquanto o bem os repele”. Como podemos verificar, as
tendências inferiores que fazem parte do nosso patrimônio evolutivo manifestam-se
naturalmente, daí a nossa necessidade da vigilância permanente das nossas
tendências. Da mesma forma como nosso grupo de amigos encarnados é formado por
afinidades, nossos companheiros espirituais também o são. Por isto, a
importância do Vigiar. Se a influência dos espíritos sobre nós é tão grande
como descrita em O Livro dos Espíritos, é melhor que estejamos cercados por
aqueles capazes de nos dar bons conselhos e instruções. Por que devemos orar?
Depois de feita a observação daquelas tendências inferiores em nós, que nos
trazem sofrimentos, façamos a segunda prática. No momento em que percebemos a
atuação dos “defeitos”, devemos orar para que seja retirado de nossa
personalidade a imperfeição observada. A oração é um ato através do qual nos
colocamos em sintonia permutando energias com as esferas superiores da vida,
com entidades do bem, sublimando sentimentos.
Essa permuta de
energias aproxima os benfeitores espirituais que nos aconselham e ajudam a
superar as nossas fraquezas e, como sabemos, onde há espíritos do bem os
espíritos maliciosos se afastam, não podendo atuar sobre nós, uma vez que não
lhes estamos dando campo de sintonia para a sua influenciação. A coragem, a paciência
e a resignação, também nos concederão os meios de nos livrarmos, por nós
mesmos, das dificuldades, mediante ideias que nos serão sugeridas pelos bons
Espíritos, de maneira que nos restará o mérito da ação. Deus assiste aos que
ajudam a si mesmo segundo a máxima: “Ajuda-te e o céu te ajudará”, e não aos
que tudo esperam do socorro alheio, sem usar as próprias faculdades. Como
verificamos, somos regidos por leis de sintonia; permutamos energias com os
encarnados e desencarnados.
A cada momento
da vida vamos nos deparar com situações que ensinam, que testam, que colocam à
prova nossa constância de propósitos e a nossa fé. Nem sempre o que alguns
formadores de opinião ou a mídia tentam ditar como atitudes, comportamentos ou
programas da moda, se identificam com esses bons propósitos. Milhares de mentes
pouco despertas e sintonizadas com padrões perturbados são, assim,
influenciadas coletivamente, atrasando sua marcha evolutiva. Busquemos uma cultura
de higiene mental, fazendo, assim, muito Bem a nós mesmos. Este o convite de
Jesus nas passagens evangélicas acima destacadas. Jesus, orientando os Seus
seguidores, conhecedor profundo da natureza de cada um, recomendava vigilância
e oração como elementos indispensáveis na batalha entre o homem velho e o homem
novo.
Recomendava fé,
confiança na Providência divina, otimismo na caminhada, como postura essencial
para aqueles que O seguiam, passes obrigatórios no pedágio da estrada de
iluminação espiritual. Recomendava calma diante das circunstâncias;
discernimento das situações vividas, uma vez que toda precipitação é danosa, e
escurece as opções do caminho. Que Jesus nos auxilie a vigiar e a orar, para
que possamos corrigir o nosso comportamento danoso, em virtude da nossa visão
estreita, ao nosso semelhante, e para que possamos, cada vez mais, crescermos
espiritualmente, cumprindo com nossos compromissos assumidos de forma
voluntária.
Muita Paz!
A serviço da
Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a
uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o
equilíbrio necessário para uma vida feliz.
Leia Kardec!
Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!
O amanhã é
sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!
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