INTRODUÇÃO
O objetivo desse Blog é levar você a uma reflexão maior sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o equilíbrio
necessário para uma vida saudável e produtiva.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Prezados irmãos e amigos. Não pretendo com esse Blog modificar o pensamento das pessoas. Não tenho a pretensão de ser dono da verdade, pois acredito que nenhuma religião ou seita detém o privilégio de monopolizá-la. Apenas estou transmitindo informações, demonstrando a minha crença, a minha verdade. Cabe a cada indivíduo a escolha de como quer entender as coisas do mundo em que vive, como quer viver a sua vida, e quais os métodos que quer utilizar para suas colheitas. Como disse Jesus, "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", ou seja, o plantio é opcional, você planta o que quiser, mas vai colher o que plantar. Por isto, muito cuidado com o que semear.
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domingo, 24 de abril de 2022

 


A Candeia debaixo do alqueire

A mensagem do Evangelho é aquele refrigério que nós precisamos para a nossa alma. De uma forma ou de outra, são aquelas palavras, aquelas mensagens que nós lemos e que acalmam o nosso coração e acalmam a nossa ansiedade. De todas as formas que nós olhamos para dentro do Evangelho, as lições e as mensagens que dali nós extraímos nos trazem o alento e uma nova visão, e não importa quantas vezes nós façamos essa leitura, nós sempre iremos ver facetas que ainda não tínhamos percebido. O estudo do Evangelho na sua plenitude é um estudo que não tem fim, ele continua durante todo o nosso processo de evolução. O estudo do Evangelho é feito por camadas; primeiro nós vamos absorver as informações básicas que estão na superfície, e, à medida que nós formos evoluindo, nós vamos penetrando na sua profundidade, na magnitude das suas mensagens. A Parábola da Luz do Mundo, também conhecida como a Parábola da Lâmpada Debaixo do Alqueire, é uma das bem conhecidas parábolas de Jesus, aparecendo em três dos evangelhos canônicos do Novo Testamento. As diferenças encontradas em Mateus 5:14-15, Marcos 4:21-25 e Lucas 8:16-18 são pequenas e as três versões podem ser derivadas da mesma fonte. Uma versão abreviada da parábola também aparece no não canônico Evangelho de Tomé. Em Mateus, a parábola é uma continuação do discurso sobre Sal e Luz, proferido pelo Cristo, e que faz parte do conhecido Sermão do Monte. Jesus queria fazê-los entender através dessa parábola, que uma vez iluminados pela luz do evangelho, deveriam eles levar essa luz a todas as pessoas. “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Certa vez, antes de uma palestra sobre esse tema, presentes muitas pessoas de instrução mediana, o orador procedeu a uma ligeira enquete e descobriu que a maioria das pessoas que ali se encontravam não sabia o significado da palavra “candeia” e menos ainda da palavra “alqueire”. O desconhecimento é, no caso, perfeitamente justificável, porque são palavras que as pessoas raramente utilizam e poucos palestrantes têm o cuidado de explicá-las. Então, vamos à explicação: Candeia, pequena peça de iluminação, abastecida com óleo e provida de mecha; usa-se geralmente no alto, pendente de um prego. Alqueire, recipiente que servia de medida de capacidade, usada especialmente para cereais. Quando o Cristo fala que não se acende uma candeia para ocultá-la, Ele convida a todos aqueles que de alguma forma já tem a experiência e o conhecimento da sua mensagem que possamos divulgá-la e ajudar a outras pessoas a conhecê-la também na sua profundidade. Cada um de nós pode ser comparado a um espelho para refletir essa luz de acordo com o nosso conhecimento. Existem espelhos maiores, que são os grandes mensageiros da Humanidade a ampliar a divulgação da mensagem do Cristo. Está claro, neste versículo, que pessoas conscientes sabem que todo o conhecimento destinado à melhoria moral e intelectual do ser humano não deva permanecer oculto, mas ser amplamente divulgado. A candeia simboliza instrumento de iluminação cuja chama, alimentada pelo óleo que a abastece, afasta a escuridão reinante. Do ponto de vista espiritual, a candeia assemelha-se à mente esclarecida e enobrecida de valores morais que afasta as trevas da ignorância existentes na Humanidade. Os Espíritos superiores não mantêm ocultos os conhecimentos que possuem, mas disponibiliza-os a qualquer pessoa. Mantêm-se na retaguarda espiritual quem acredita que conhecimentos superiores, destinados à melhoria humana, devam permanecer ocultos, em círculos fechados, inacessíveis às massas populares. Por força da lei do progresso a verdade chega, à medida que o ser humano evolui. Comentando o tema, Allan Kardec inseriu em sua obra, O Evangelho segundo o Espiritismo, duas informações que vale a pena destacar, dada a sua importância: O poder de Deus se manifesta nas mais pequeninas coisas, como nas maiores. Ele não põe a luz debaixo do alqueire, por isso que a derrama em ondas por toda a parte, de tal sorte que só cegos não a veem. (cap. VII, item 9). Cada coisa tem de vir na época própria; a semente lançada à terra, fora da estação, não germina. Mas, o que a prudência manda calar, momentaneamente, cedo ou tarde será descoberto, porque, chegados a certo grau de desenvolvimento, os homens procuram por si mesmos a luz viva; pesa-lhes a obscuridade. Tendo-lhes Deus outorgado a inteligência para compreenderem e se guiarem por entre as coisas da Terra e do céu, eles tratam de raciocinar sobre sua fé. É então que não se deve pôr a candeia debaixo do alqueire, visto que, sem a luz da razão, desfalece a fé. O tema diz respeito, como é fácil compreender, à necessidade de divulgação das verdades que, ensinadas por Jesus ou pelo Espiritismo, podem concorrer para o aprimoramento moral das pessoas e, por consequência, do mundo em que vivemos. A verdade possível ao homem não está escondida para ser descoberta, apenas exige condições especiais para ser percebida e apreendida. Por isso, essa percepção não é a mesma para todos, dependendo do trabalho de evolução de cada um, dentro de si, pois ver e interpretar são ações individuais, ou seja, cada um interpreta o que vê, o que sente, segundo sua estrutura intelectual e moral. Assim, a luz da Verdade está nas leis divinas que regem todo o universo, que vem sendo percebida conforme a evolução dos homens na Terra. Jesus trouxe a verdade que a humanidade terrena pode perceber, e até hoje, mais de 2000 anos após, muitos e muitos homens estão sem entendê-la. Esse fato prova a sabedoria e a misericórdia divina, ao revelar a verdade possível a seus filhos, e esperar, paciente, que eles a percebam, a entendam, e a aceitem, quando lhes for possível, de acordo com sua vontade, sem imposições, apenas com o funcionamento de Suas leis sábias, justas e misericordiosas. Assim, os que conseguem apreender algo da verdade possível, já têm o dever de auxiliar outros a percebê-la, sem imposições, através das palavras, dos meios de comunicação, mas, principalmente, através da vivência dessa verdade. Não guardá-la para si, não ficar com ela apenas no seu intelecto, como mais um conhecimento, mas divulgá-la, principalmente, através dos seus atos e atitudes, irradiando a luz da verdade que já possui. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. O objetivo desse estudo é estabelecer uma relação entre o ensinamento de Jesus nas expressões acima e o progresso espiritual, que nos possibilita o entendimento das verdades eternas. Este ensinamento tem muito a ver com o esclarecimento do homem, com a sua saída da ignorância, porque, quando ele se esclarece, se ilumina, e seu conhecimento acerca das coisas  sai da obscuridade. Estas palavras de Jesus dão-nos a entender, claramente, que as leis divinas devem ser expostas por aqueles que já tiveram a felicidade de conhecê-las, porque, sem esse conhecimento paralisar-se-ia a marcha da evolução humana. Jesus está falando da importância da divulgação de Seu Evangelho. Ainda esclarece que qualquer pessoa que adquirir conhecimentos em torno de uma verdade, ainda que seja em pequena escala, não deverá guardar a luz desse conhecimento apenas para si, mas procurar divulgá-lo a fim de que todos venham a haurir dos seus benefícios. Na verdade, o que Jesus quer nos dizer com essas palavras é que não devemos esconder a luz e, sim, colocá-la o mais alto possível. Quanto mais alta ela estiver, a sua claridade vai abranger um ângulo maior, iluminando todo o recinto, de modo que, todos os que entrem possam vê-la e serem iluminados. Assim como um ambiente escuro precisa que nós acendamos uma luz para que ele se ilumine, da mesma forma, aquele que possui o conhecimento das leis divinas não pode esconder esse conhecimento dos companheiros de jornada. Terá que repassá-lo, e isso significa, logicamente, uma luz que se acende nas trevas da ignorância daquelas pessoas, com as quais estamos convivendo. É esse o sentido que nós podemos retirar das palavras do Cristo, justamente porque Ele está estabelecendo um paralelo entre a luz da candeia e o conhecimento das leis de Deus pelo homem, dando assim a ideia simbólica de luz àquele que detém esse conhecimento. O detentor de tais conhecimentos sente em seu coração as leis divinas e vai, através de um progresso intelectual, entendendo e absorvendo aquelas verdades de forma cada vez mais profunda e, com certeza, isto significa luz. Luz do conhecimento ético; luz do conhecimento moralizado; luz do conhecimento evangelizado, repassada em palavras e atitudes. Deus deu ao homem a inteligência, para ele compreender e se guiar por entre as coisas da Terra e do Céu. Por este motivo é que não se deve colocar a candeia debaixo do alqueire, visto que, sem a luz da razão desfalece a fé. O Mestre convida-nos a não escondermos a luz da verdade, mas, sim, deixa-la visível para que outras pessoas possam se orientar por ela. Cada ideia nova, cada progresso, tem que vir na época conveniente. Manda a prudência, entretanto, que se gradue a transmissão de todo e qualquer ensinamento à capacidade de assimilação daquele a quem se quer instruir, de vez que uma luz intensa demais o deslumbraria, ao invés de esclarecê-lo. Seria uma insensatez pregar elevados conceitos morais a quem ainda se encontrasse em estado de selvageria, tanto quanto, querer ministrar regras de álgebra a quem mal dominasse a tabuada. Essa a razão porque Jesus, tão frequentemente, velava seus ensinos, servindo-se de figuras alegóricas, quando falava aos seus seguidores. Já aos discípulos, em particular, explicava o sentido de muitas dessas alegorias, porque sabia estarem eles preparados para isso. Não espalhar os preceitos cristãos, a fim de dissipar as trevas da ignorância que envolve as almas, é esconder egoisticamente a luz espiritual que deve beneficiar a todos. Mas, como frisa a observação de Jesus em tela, "nada há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser conhecido e de aparecer publicamente“. À medida que o homem vai adquirindo maior grau de desenvolvimento, procura por si mesmo os conhecimentos que lhe falta, no que é, aliás, auxiliado pela Providência, que se encarrega de guiá-lo em suas pesquisas e lucubrações, projetando luz sobre os pontos obscuros e desconhecidos para cuja inteligência se mostre amadurecido. Os que se acharem mais adiantados, intelectual e moralmente, e forem sendo iniciados no conhecimento das verdades superiores, e que se valham delas, não para a dominação do próximo em proveito próprio, mas para edificar seus irmãos e conduzi-los na senda do aperfeiçoamento, maiores revelações irão tendo, horizontes cada vez mais amplos se lhes descortinarão à vista, pois é da lei que, "aos que já têm, ainda mais se dará”. Quanto aos que, estando de posse de umas tantas verdades, movidos por interesses rasteiros fazem disso um mistério cujo exame proíbem, o que importa "colocar a luz debaixo da cama", nada mais se lhes acrescentará, e "até o pouco que têm lhes será tirado", para que deixem de ser egoístas e aprendam a dar de graça o que de graça hajam, recebido. A vida nos planos espirituais, questão que interessa profundamente os sistemas filosóficos e religiosos, por muitos e muitos séculos permaneceu como um enigma indevassável. Porém, chegou o momento oportuno em que deveria "aparecer publicamente", e daí o advento do Espiritismo. Na verdade, a divulgação espírita não se dá somente através de palestras, nem que repassemos esses conhecimentos na forma de pregação ostensiva, porque no nosso convívio isso seria ferir a liberdade de pensamento religioso que todos merecemos ter. A divulgação também se faz de outras maneiras; em tarefas dentro e fora da Casa Espírita; na evangelização, nas reuniões mediúnicas. Enfim, em todos os momentos em que nós estivermos nos relacionando com alguém. Isto é divulgação da Doutrina; isto é divulgação do Evangelho. É um grande equívoco acharmos que só divulga a Doutrina Espírita aquele que vai às tribunas para oratória. As palestras são a parte teórica do ensino das leis morais. A exteriorização de tudo que nós aprendemos é a parte prática. E esta é a melhor forma de divulgação. Esconder esses conceitos espirituais, é esconder a luz debaixo do alqueire que, como vimos, é a luz que não pode ser escondida, que precisa ser colocada o mais alto possível, para que venha a iluminar o caminho daqueles que estão na retaguarda, e que necessitam de uma referência para o despertar espiritual. Devemos perceber, nesta passagem, uma referência aos bens espirituais: a observância dos preceitos divinos faz com que estes bens, que constituem a verdadeira riqueza do espírito, aumentem incessantemente. Por outro lado, aqueles que se ocupam apenas da vida material, esquecem-se de desenvolver os bens espirituais e o pouco progresso que possuem fica estacionado. Não sabendo conservar nem cultivar a semente das verdades eternas, ela acaba por ser temporariamente ofuscada, dando a sensação de perda. Devemos espalhar os conhecimentos que possuímos em benefício de todos, pois a verdade não é para ser escondida de ninguém. Entretanto, ela pode ser gradualmente percebida por aqueles que se propõem a ir ao seu encontro.

Muita Paz!

quinta-feira, 21 de abril de 2022

 


Reflexões sobre o Carnaval

Este é um tema bastante polêmico para nossa reflexão. Estamos em pleno Carnaval, festa de grande apelo popular aqui no Brasil, voltada unicamente para a materialidade, e esperada com grande animação por muitos. E, como acontece todos os anos, vem à tona o questionamento sobre a conveniência de participar ou não das festividades. De início, devo esclarecer que não sou nenhum moralista, nem sou daqueles que tentam manter as janelas fechadas, a todo custo, para não ouvir o “bumbum paticumbum prugurundum”, muito menos sou contra a alegria. Num tempo em que se perdem as noções de moralidade, não posso deixar de comentar esses desatinos. Apenas constato o que ocorre nesse tipo de festa e informo as orientações espirituais que nos são trazidas pelos benfeitores espirituais. Ninguém tem dúvida de que o carnaval é uma festa de grande apelo popular. Momentos de alegria são desfrutados por aqueles que apreciam o folguedo. Ao longo dos séculos, as comemorações carnavalescas, desde gregos e romanos, entraram pelo calendário cristão, sempre com a característica da licenciosidade e da falta de limites. Principalmente no nosso país, esses festejos, cada vez mais, se adentram pelos descaminhos da luxúria, dos falsos prazeres, da violência, dos vícios, alimentando a falsa ideia da necessidade que as pessoas têm de extravasarem seus contidos desalinhos comportamentais. Quando se fala desse festejo, acendem-se os ânimos, os defensores e os críticos se manifestam. Claro que as opiniões variam. Uns, dizem que é festa perniciosa. Outros, dizem que é alegria, que se trata de uma festa para o povo colocar para fora suas emoções guardadas, as angústias contidas durante o ano que passou, um dia de contos de fadas; dia em que a alma dança, e o coração se enche de euforia. O carnaval é uma dessas festas que costuma ser chamada de folia, que vem do francês folie, que significa loucura ou extravagância sem que tenha existido perda da razão. Hoje, essa festividade adquiriu o conceito de que é lícito ser irresponsável durante a folia. A palavra carnaval significa desvio, anormalidade, fantasia, descontração ou mesmo alegria. Assim, a festa carnavalesca é o momento em que o espírito humano pode observar o que há de mais profundo, de mais primitivo em si mesmo. Infelizmente, os caminhos propostos nada têm a ver com alegria ou alívio de tensões. É preciso não esquecer que comportamentos inadequados devem ser evitados nesses instantes de alegria, que podem ser usufruídos sem que se deixe levar pelo desequilíbrio nem pela euforia exagerada. Além de uma festa popular, o carnaval é também uma manifestação tradicional de cultura, que vem sendo mantida desde longa data. Mas, infelizmente, o tempo e a tolerância da sociedade em geral fizeram com que o que era uma manifestação singela de alegria popular se transformasse num festival de exibicionismo exacerbado, onde tudo é permitido em nome de uma falsa felicidade, que tem data certa para terminar. São atitudes desregradas e impensadas que, muito frequentemente, resultam em tristeza e dor por muito mais tempo que os poucos dias de folia. Na literatura encontramos uma frase da Idade Média, de que “Nada aconteceria se as pessoas enlouquecessem uma vez por ano”. Hoje, estamos próximos dessa frase, só que, não por um dia, mas por muitos. Agora são três dias ou mais de loucuras, sob a denominação de “Tríduo Momesco”, ocasião em que os foliões vão da mais histérica e hilária alegria ao caos total, despertados pela tresloucada folia. Dizem, também, que tudo isso decorre do êxtase atingido na grande festa, quando o símbolo da liberdade, da igualdade, mas, também, da orgia e depravação, levam algumas pessoas a se comportarem fora do seu normal. É a exibição de corpos desnudos, aparentemente felizes por fora, mas, muitas vezes, infelizes por dentro, completando a ilusão da riqueza, do poder e do luxo, em efêmera extravasão de uma fugaz alegria. Muitos jovens e adultos, também, transtornados pela música hipnotizante e frenética, caem nas armadilhas das drogas alucinantes. Será que vale a pena? O Carnaval passou a ser um veículo para desaguar caracteres tortuosos da alma. São atitudes desregradas e impensadas que, muito frequentemente, resultam em tristeza e dor por muito mais tempo que os poucos dias de folia. As pessoas desrespeitam o santuário do corpo, abusando das faculdades que lhes foram dadas. Entregam-se aos prazeres materiais sem a capacidade de perceberem sua essência de Espíritos eternos. O culto à carne evoca tudo o que desperta materialidade, sensualidade, paixão e gozo. E o mais doloroso disso tudo, em razão dos excessos, é o fato de tantos males físicos e morais ocorrerem, atingindo o ser humano no que ele tem de mais sagrado: o respeito a si mesmo. É evidente que muitos vão para o Carnaval sem intenções malévolas. Vão para se distraírem, para relaxarem das tensões, das preocupações que lhes ocupam o dia a dia. E ingenuamente julgam que não há nenhum mal em participarem, pois não fazem nada de errado. O forte apelo do período que antecede, acompanha e sucede o evento ao deus Mamon, guarda íntima relação com o conúbio de energias entre os dois planos da vida, o físico e o extrafísico, alimentado pelos participantes, “vivos de cá e de lá”, que se deleitam em intercâmbio de fluidos materialmente imperceptíveis à maioria dos carnavalescos encarnados. A carne é fraca, dizem alguns, para justificarem seus erros e fraquezas, atribuindo à fragilidade do corpo físico a ausência de disposição para resistirem às tentações que essa festividade pode proporcionar. É claro que esta é uma justificativa inaceitável, que de modo algum legitima os excessos eventualmente cometidos (é o Espírito quem dá à carne as qualidades correspondentes ao seu estado evolutivo e não o contrário. Então, não pode o homem assim escusar-se de seus erros alegando fraqueza da carne). Indiscutivelmente, o Carnaval de hoje se constitui nas mais devassas manifestações, e as consequências desses excessos serão cobradas depois pelo corpo, que, por mais forte e resistente que seja, tem o seu limite que deve ser respeitado, para que possa continuar sendo instrumento para o progresso do indivíduo. Meses depois, a festa ainda traz consequências: gravidez precoce e abortos realizados, frutos de envolvimentos insensatos e o contágio com doenças sexualmente transmissíveis. As consequências cruéis desse grotesco espetáculo se fazem sentir de forma rápida e inexorável. Pergunte a si mesmo: vale a pena pagar o alto preço exigido por alguns dias de loucura? Vale a pena ver seu nome na estatística de horrores que acontece no carnaval? Ninguém pode ser contra a alegria em si, muito menos o Espiritismo, que procura valorizar a felicidade como meta de progresso espiritual, mas a alegria que se vê no Carnaval não é essa, a alegria carnavalesca é movida pelo abuso das sensações físicas, pelo abuso do álcool e das drogas, por um intenso desgaste de energia, pela irresponsabilidade nas atitudes, por violência e tantas outras mazelas. Esse é o lado da festa que podemos observar deste lado de cá da vida. Mas o Carnaval não é somente uma festa de cunho material como se poderia supor.

O CARNAVAL E A INFLUÊNCIA ESPIRITUAL: Esta é uma questão muito importante. E deve ser observada e entendida. A Doutrina Espírita não é impositiva. Ela é uma doutrina esclarecedora, e nos diz o que acontece no Carnaval, a partir do momento em que participamos dessa festa. Diz a música que atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu. Ledo engano. Os desencarnados também vão atrás, sim, e se vinculam aos foliões pelos fios invisíveis das preferências que estes trazem escondidas no seu íntimo. O carnaval observado do Além, narram os Mentores espirituais, que a realidade desta festa é muito diferente e lamentavelmente triste e perigosa. A faixa vibratória em que se situa é a dos Espíritos desditosos, que se locupletam com os desejos daqueles outros que, embora encarnados, ajustam-se aos apelos do além infeliz, servindo-lhes de vasos nutrientes, onde as sombras se impõem e triunfam por momentos.  Dezenas, centenas e milhares de entidades vampirescas, abraçam e se desdobram em influenciar os foliões, para juntos beberem, fumarem, se drogarem e cometerem os mais tristes desatinos, transformando a festa em um terrível circo dos horrores de grandes e atemorizantes proporções. O homem vive onde e com quem se sintoniza psiquicamente. E essa sintonia se dá pelos desejos e tendências existentes na intimidade de cada um, num feio espetáculo. Há nesses momentos de indisciplina sentimental lastimáveis desvios de espíritos fracos, permitindo o largo acesso das forças das trevas influenciá-los negativamente, fomentando desvios de conduta, para juntos cometerem os mais tristes desatinos, evidenciando um verdadeiro processo de obsessão coletiva, afetando o estado espiritual dos incautos. As pessoas se confundem com os obsessores. As duas populações, a física e a espiritual, em perfeita sintonia, misturam-se, sustentando-se em simbiose psíquica. Quantos crimes acontecem nesses dias, quantos acidentes, quanta loucura. Acidentes de carro, violência e até óbitos pelo uso de drogas ou combinações perigosas de medicamentos e bebidas. Algumas pessoas devem pensar: eu brinco, mas não faço nada de errado!  Mas se você atravessar um pântano de lama fétida, local de doenças e outras mazelas, pode até acontecer de você não adoecer, mas que vai sujar-se, não há a menor dúvida. Para atravessar a tempestade de energia negativa que envolve o carnaval, sem ser tocado por ela, só se você for alguém espiritualmente iluminado. Mas se você for tão iluminado, com certeza não estará participando do carnaval. O Carnaval se constitui, sob minha ótica, em um verdadeiro processo de Obsessão Coletiva, afetando profundamente o estado espiritual dos incautos. Mas o grande saldo da festa se resume em duas palavras: ilusão e sensualidade. Referimo-nos à ilusão dos entorpecentes, dos alcoólicos. Nessa época, as vibrações espirituais em torno da Terra se tornam um tanto densas e favorecem a entidades inferiores do mundo espiritual, que se aproximam e procuram atrair para seu campo de influência os mais fracos, que não sabem discernir os limites do gozo. Multidões de Espíritos infelizes também invadem as avenidas num triste espetáculo de grandes proporções. Malfeitores das trevas se vinculam aos foliões pelos fios invisíveis do pensamento, em razão das preferências que trazem no mundo íntimo. Muitos excessos são cometidos por influência de irmãos ainda presos à esfera dos vícios. É comum nos defrontarmos com situações em que, a pretexto de “aproveitar” a data e os feriados consequentes, alguns se entregam a práticas que desafiam a resistência do corpo, num roteiro de bailes, desfiles dos blocos, dentre outras que põem em risco a saúde. É difícil para qualquer cristão passar incólume pelos ambientes carnavalescos. Por maior que seja a sua fé, os riscos de contrariedade e aborrecimentos são muito grandes. O Carnaval é bem típico da alienação espiritual que a sociedade se permite. E o que é que o Espiritismo acha do Carnaval? Ele não acha nada. A Doutrina Espírita respeita o livre-arbítrio de cada um. Ela apenas esclarece que o pensamento altera o meio, atraindo pensamentos semelhantes e, a partir daí, ficamos todos ligados pelas leis de afinidade psíquicas, indo de simples insinuação à dominação completa da vontade. A Doutrina Espírita também esclarece quais são as consequências dos atos, deixando para nós escolhermos o caminho. O certo é que não se pode servir a Deus e a Mamon. Há sempre a necessidade de situar-se cada coisa em seu próprio lugar. Existe festa de Carnaval menos agressiva, e sempre valerá a pena analisar a situação. Na realidade, o ser humano é um carnavalesco em potencial. Uma hora ele é pierrô, em outra ele é palhaço, e numa outra ele é arlequim. Sempre mascarado no certame da vida, até que um dia a máscara cai, é quando chega a quarta-feira de cinzas da desencarnação, e ele se vê do outro lado da vida, com contas a ajustar, justamente porque não brincou o Carnaval da vida de cara limpa. Ao ver a fantasia rota e maltratada, quantas decepções pelo tempo perdido. Valeu a pena? Quer brincar o Carnaval? Não se esqueça que o “Bloco Escola da Vida” está sempre em evolução com seu enredo: “A vida que liberta”. Agora vá! Mas não fantasiado. Vá pleno de si. Vá para a apoteose maior, para a felicidade de religar-se a Deus. A festa da vida é muito maior, muito mais divertida, ritmada e harmoniosa, quando sabemos escolher um bom enredo para vivenciá-la. E não se esqueça: devemos procurar sempre as melhores notas nos quesitos que nos são delegados por Deus. Vale lembrar os famosos critérios socráticos: bondade, utilidade e verdade. Se nossas atitudes não são aprovadas por tais crivos, nossa consciência espírita não respaldará tais ações, porquanto, submeter-se docilmente a este tipo de subjugação é escolha nossa, pois o livre-arbítrio é alicerce da Lei de Deus. Logo, aproveitar o Carnaval, do ponto de vista espírita, é ocupar esses quatro dias de uma forma prazerosa. O Carnaval se constituiu, sob minha ótica, em um verdadeiro processo de obsessão coletiva, afetando o estado espiritual dos incautos. O grande saldo da festa se resume numa única palavra: ilusão. Se participar do Carnaval é certo ou errado? Essa é a pergunta que não quer calar, mas que somente a sua consciência pode responder. Estejamos, portanto, vigilantes, sabedores de que todos os excessos com que venhamos a nos envolver são de responsabilidade única e exclusiva de nós mesmos, e, que, dessa maneira, repercutirão em nossa vida, sejam eles de que natureza forem. Devemos fazer tudo de conformidade com os valores eternos do Evangelho; limites sem constrangimentos; liberdade sem abuso; permissão sem permissividade. Somente poderemos garantir a vitória do Espírito sobre a matéria se fortalecermos a nossa fé, renovando-nos mentalmente, praticando o bem nos moldes dos códigos evangélicos, propostos por Jesus.

Muita Paz!

segunda-feira, 18 de abril de 2022

 


Dia Nacional do Espiritismo

O dia Nacional do Espiritismo, 18 de abril, é uma homenagem ao dia em que Allan Kardec lançou, em 1857, na França, o Livro dos Espíritos, marco inicial da doutrina espírita. Foi numa manhã que, na Galeria D’Orleans, na bela Paris, França, o honorável professor Allan Kardec levou a público a obra basilar do Espiritismo – “O LIVRO DOS ESPÍRITOS” – que resume a Doutrina Espírita. Seu conteúdo é apresentado em quatro partes, a saber: “As causas primárias”, que deu origem ao livro A Gênese; “Mundo espírita ou dos espíritos” que originou O Livro dos Médiuns; “Leis morais”, que originou O Evangelho Segundo o Espiritismo, e “Esperanças e consolações”, que originou O Céu e o Inferno e, de certa forma, oficializou o Espiritismo, o que resulta considerarmos esta data simbolicamente como o dia oficial de aniversário da nossa amada Doutrina. No ensejo de mais um aniversário, convém uma reflexão, a respeito de o quanto o Espiritismo tem contribuído para o desenvolvimento da Humanidade. A Doutrina Espírita celebra, neste ano de 2022, 165 anos do lançamento de O Livro dos Espíritos. Não se pode deixar de reconhecer que os ensinos contidos nesse livro, em sua essência, permanecem absolutamente aplicáveis aos dias atuais, o que, por si, recomenda a leitura, a releitura e, sobretudo, a reflexão, em torno de tão preciosa obra, que contém os princípios sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade. Verdadeira síntese do conhecimento humano, é um tesouro colocado em nossas mãos, que merece, por isso mesmo, repetimos de caso pensado, ser lido e refletido de capa a capa, palavra por palavra. Com efeito, para dizer o mínimo, convém salientar que o Espiritismo nada impõe a seus profitentes, e muito menos a terceiros. Ao contrário, procura orientar sempre, pela palavra escrita ou falada, que somos dotados de livre-arbítrio, da faculdade de decidir livremente sobre quaisquer assuntos, esclarecendo ao mesmo tempo que, exatamente por isso, somos responsáveis pelas decisões que tomemos, sejam quais forem e nos mais variados campos, e naturalmente responsáveis pelas suas consequências. Por outra parte, enfatiza lições seculares, procurando demonstrar com exemplos e com fatos que “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória” e que “A cada um será concedido de acordo com suas obras”. Consola, ao salientar que ninguém será condenado irremediavelmente pelos erros, males e equívocos cometidos, porquanto até mesmo em outra encarnação, que detalha e aprofunda, poderá repará-los, parcial ou totalmente, até quitá-los integralmente, contando com todas as oportunidades de que necessite para tal, uma vez que Deus, sendo o Pai Celestial de todos nós, a nenhum de seus filhos abandona ou desampara. Consola, igualmente, ao demonstrar cabalmente que as Leis Naturais são perfeitas e por isso mesmo imutáveis, advindo daí a certeza de que a Justiça Divina, que nelas se baseia, é absolutamente imparcial, não havendo seres privilegiados na Criação ou privilégio de qualquer espécie a quem quer que seja, prevalecendo a convicção de que Deus não pune, não castiga e não premia a ninguém, sendo, assim, soberanamente bom e justo.  Ele que é a inteligência suprema do Universo, causa primária de todas as coisas. Por fim, nestas rapidíssimas observações, o Espiritismo ensina que o amor à lei maior da vida, consubstanciada por Cristo na sentença que constitui o seu ensino máximo “Amar ao próximo como a si mesmo”, vale dizer, aconselhando que façamos ao próximo aquilo que gostaríamos que ele nos fizesse, porque quem assim procede estará, por esse mesmo motivo, “Amando a Deus sobre todas as coisas”. Aliás, esta sentença de Jesus de Nazaré, o Cristo, modelo e guia da Humanidade, nosso mestre e amigo de todas as horas, também ensina e deixa muito claro que para que amemos ao próximo é absolutamente indispensável que nos amemos, de modo que é necessário, no mínimo, que tenhamos elevada autoestima.

O Livro dos Espíritos lança luz sobre a existência humana com explicações lógicas para os variados questionamentos do homem, até então sem resposta. O conhecimento espírita abre-nos uma visão ampla e racional da vida, explicando-a de maneira convincente e permitindo-nos iniciar uma transformação íntima, para melhor.

Uma história produzida pelo livro luz:

Sou encadernador desde a meninice, trabalhando em grande casa desta capital. Há cerca de dois anos casei-me com aquela que se revelou minha companheira ideal. Nossa vida corria normalmente e tudo era alegria e esperança, quando, no início deste ano, de modo inesperado, minha Antoinette partiu desta vida, levada por sorrateira moléstia. Meu desespero foi indescritível e julguei-me condenado ao desamparo extremo. Sem confiança em Deus, sentindo as necessidades do homem do mundo e vivendo com as dúvidas aflitivas de nosso século, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a fatalidade. A prova da separação vencera-me, e eu não passava, agora, de trapo humano. Faltava ao trabalho e meu chefe, reto e ríspido, ameaçava-me com a dispensa. Minhas forças fugiam. Namorara diversas vezes o Sena e acabei planeando o suicídio. “Seria fácil, não sei nadar”, pensava. Sucediam-se noites de insônia e dias de angústia. Em madrugada fria, quando as preocupações e o desânimo me dominaram mais fortemente, busquei como um autômato a Ponte Marie, quase apagada pela forte cerração. Olhei em torno, contemplando a corrente. E, ao fixar a mão direita para atirar-me, toquei um objeto algo molhado que se deslocou da amurada, caindo-me aos pés. Surpreendido, distingui um livro que o orvalho umedecera. Tomei o volume nas mãos e, procurando a luz mortiça de poste vizinho, pude ler, logo no frontispício, entre irritado e curioso: “Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom proveito.  A. Laurent.” Estupefato, li a obra O Livro dos Espíritos, ao qual acrescentei breve mensagem, volume esse que passo às suas mãos abnegadas, autorizando o distinto amigo a fazer dele o que lhe aprouver.” Ainda constavam da mensagem agradecimentos finais, a assinatura, a data e o endereço do remetente. O Codificador da Doutrina Espírita, naquela triste manhã de abril de 1860, estava exausto, acabrunhado.  Fazia frio. Muito embora a consolidação da Sociedade Espírita de Paris e a promissora venda de livros, escasseava o dinheiro para a obra gigantesca que os Espíritos Superiores lhe haviam colocado nas mãos. A pressão aumentava. Missivas sarcásticas avolumavam-se à mesa. Quando mais desalentado se mostrava, chega a paciente esposa, Madame Rivail, a doce Gaby, a entregar-lhe certa encomenda, cuidadosamente apresentada. O professor abriu o embrulho, encontrando uma carta singela, com os seguintes dizeres: Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da Humanidade, pois tenho fortes razões para isso. Em seguida, o autor da carta narrava a história acima. Allan Kardec abriu a obra e leu em seu frontispício: Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom proveito. E, logo após a primeira assinatura de A. Laurent, dizia: Salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação. Assinado: Joseph Perrier. Kardec, após a leitura da carta providencial, experimentou nova luz a banhá-lo por dentro. Aconchegando o livro ao peito, raciocinava, não mais em termos de desânimo ou sofrimento, mas sim na pauta de radiosa esperança, entendeu a sublime missão que lhe cabia como Codificador da Doutrina Espírita, mensageira de consolo e esperança para a Humanidade sofrida. Era preciso continuar, desculpar as injúrias, abraçar o sacrifício e desconhecer as pedradas. Diante de seu espírito turbilhonava o mundo necessitado de renovação e consolo. Allan Kardec levantou-se da velha poltrona, abriu a janela à sua frente, contemplando a via pública, onde passavam operários e mulheres do povo, crianças e velhinhos. O notável obreiro da Grande Revelação respirou a longos haustos e, antes de retomar a caneta para o serviço costumeiro, levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima. Estimulado pelas vendas de O livro dos espíritos, pelo número crescente de assinantes da Revista Espírita e pela adesão de novos sócios contribuintes à Sociedade recém-fundada, o professor passou a dedicar cada vez mais tempo à sua missão. Logo, Rivail seria uma sombra de Kardec, a cada dia mais atuante e confiante. Com informação e divulgação, acreditava, seria possível vencer os preconceitos contra o Espiritismo e provar ao mundo que, em torno das esfuziantes e polêmicas mesas girantes, havia um mundo novo a se revelar. Essa obra que conseguiu, com suas páginas de luz, deter aqueles dois homens às portas do suicídio, foi lançada em Paris, e intitula-se O livro dos Espíritos. Depois desta simples leitura, você poderá ter dúvidas e perguntas a fazer. Se tiver, é um bom sinal. Sinal que você está procurando explicações racionais para vida. Você as encontrará lendo todos os livros da Codificação Espírita e procurando uma Sociedade Espírita, seguramente doutrinária, e que seja indiscutivelmente espírita.

Parabéns a todos os espíritas!

Muita Paz!

sábado, 16 de abril de 2022

 


QUAL O VERDADEIRO SENTIDO DA PÁSCOA?

Nós estamos nos aproximando de uma grande celebração cujas raízes repousam no judaísmo e que foi absorvida pelo mundo cristão, sendo depois deturpada, se transformando na celebração atual da Páscoa, com seus coelhinhos e ovos de chocolate, e com uma festa que quase não guarda relação com a Páscoa genuína. O que é então a Páscoa? A Páscoa é uma celebração judaica do momento em que seu povo saiu do Egito. É importante salientar que quando falamos de Páscoa, nós estamos falando de um universo que é o da religiosidade. Nós somos um mundo religioso. E nesse universo nós lidamos com símbolos, com metáforas. Por que isso? O que religiosidade tem a ver com sentimento? Religiosidade tem a ver com experiência pessoal. Com experiência que a criatura faz de Deus. Como ela experimenta Deus, como ela experimenta a vida, como ela experimenta a si mesma diante da vida e diante de Deus. É óbvio que é impossível traduzir uma experiência tão subjetiva, tão espiritualmente rica com a linguagem da ciência, que é uma linguagem matemática, mais analítica. Por essa razão a religiosidade opta pela linguagem da metáfora, que é quase uma linguagem dos sonhos, uma linguagem onírica, e, portanto a Páscoa tem muito dessa simbologia dos sonhos. O que diz a Páscoa? Que o povo hebreu estava escravo há quatrocentos anos no Egito. (O termo escravo não soa bem, pois no Egito não havia muros e eles não estavam acorrentados; eles poderiam sair a hora que quisessem). Conta-se que o Egito foi invadido pelo anjo da morte, mas nas casas que tivessem uma marca com o sangue de um cordeiro, o anjo pularia aquela casa. Como o verbo pular em hebraico é pessach, daí vem páscoa. A Pascoa é então o pulo do anjo. O pulo que ele dá nas casas com a marca do cordeiro. O povo de Israel, em sua catequese, assumiu como uma memorável festa em que Deus saltou, isto é, passou adiante das casas dos israelitas marcadas pelo sangue do cordeiro sacrificado, poupando-as. Naquela ocasião, Deus poupou os israelitas de uma calamidade que matou todo primogênito no Egito. (Êxodo 12:27; 13:15) A primeira Páscoa celebrada pelos judeus, ainda no Egito, é descrita na narrativa bíblica da seguinte maneira: Os hebreus sacrificaram um cordeiro sadio, de um ano, no dia 14 de nissan. O animal foi assado inteiro e então consumido. Uma tradição hebraica tem relação com o cordeiro no período da Páscoa: a família judaica acolhia por uma semana um cordeiro para viver com eles dentro de casa. Na convivência, estabeleciam-se vínculos afetivos e de sentimentos com o animal, e no entardecer da sexta-feira, este era sacrificado. Se alimentar do cordeiro da Páscoa era uma experiência de dor, de desilusão com vistas ao exercício da libertação, pela perda de alguém amado. Então, a Pascoa tem a ver com essa experiência espiritual. A experiência da libertação espiritual, mas que é uma experiência de desilusão, e você não se desilude sem perder, por isso o choque do cordeiro sendo imolado. Com a vinda de Jesus o que é que Ele faz? Ele convive três anos consecutivos com seus discípulos: Ele cura cegos, cura paralíticos, janta todo dia na casa de Simão Pedro, cura até mesmo a sogra de Simão Pedro que morava com ele, trabalha com eles; acorda bem cedinho, vai pescar com eles até o entardecer, convive com eles diariamente, participa das suas dores, sofre com as imperfeições de cada um deles, e no momento final dos três anos, reúne os doze e diz assim para eles: “Não mais beberei, a partir de agora, deste fruto da videira, até aquele dia em que beba convosco, vinho novo, no Reino de meu Pai” (Mateus 26:29). O Mestre se despedia dos 12 apóstolos. Ele dizia, um de vocês vai me entregar e trair. Estou me despedindo de vocês. Vou para o plano espiritual. Voltarei ao Pai. Vocês vão experienciar a dor da perda, e a crise da morte será um portal para que eu continue a amparar vocês e a cuidar da expansão do Cristianismo. Por tanto, essa crise da morte é apenas um portal para a imortalidade, porque a vida não cessa no túmulo, e toda vez que vocês se sentirem solitários, toda vez que vocês sentirem a falta da minha amizade, do meu amor, da minha presença, vocês vão se reunir e vão celebrar a Páscoa em memória da minha amizade e, sobre tudo, em memória da libertação de que sou mensageiro; vim libertar o homem da escravidão da matéria. Mas, infelizmente os séculos passaram e nós transformamos a Páscoa em coelhos e ovinhos coloridos de chocolate, apagando completamente a dimensão espiritual que a experiência religiosa que a Páscoa propõe que é uma experiência de Deus, uma experiência de solidão, uma experiência de amar e se sentir amado. Os cristãos adeptos da Igreja Reformada, em especial a Luterana, não seguem os ritos dos católicos romanos e ortodoxos, pois não fazem vinculação da Páscoa com a ressurreição do Cristo. O Espiritismo, embora sendo uma doutrina cristã, defensor da lógica e do bom-senso, entende de forma diferente alguns ensinamentos daqueles que professam algumas religiões cristãs. A Páscoa Cristã representa a vitória da vida sobre a morte, do sacrifício pela verdade e pelo amor. Jesus de Nazaré demonstrou que se podem executar homens, mas não se consegue matar os grandes exemplos de amor ao próximo e de valorização da vida. Comemore, então, meu amigo, minha amiga, uma “outra” Páscoa. Não a do chocolate ou a do sofrimento, mas a sua Páscoa, a da sua “libertação”, refletindo na sua transformação interior, a Páscoa da valorização da própria vida na certeza da imortalidade. Assim, nesta Páscoa, quando estiveres junto aos teus mais caros, lembra-te de reverenciar os belos exemplos de Jesus, que o imortalizam e que nos guiam para, um dia, também estarmos na condição experimentada por ele, qual seja a de “sermos deuses”, “fazendo brilhar a nossa luz”. Faça como Jesus nesta semana, ajude o seu próximo, aproveite esse feriado fazendo algo semelhante ao que o homenageado faz. Não precisa de muita coisa para deixar alguém feliz, às vezes somente uma palavra amiga é o suficiente. Que todos os espíritas possam nesta Páscoa, se recordar de Jesus e celebrar em sua memória, o teor primeiro de sua missão: a libertação da escravidão da matéria, e o viver sem amarras com vistas a existência futura, no plano espiritual. Em verdade, devemos reconhecer a data da Páscoa como a grande e última lição de Jesus, que vence as iniquidades, que retorna triunfante, que prossegue sua cátedra pedagógica, para asseverar que “permaneceria eternamente conosco”, na direção bussolar de nossos passos, doravante. 

domingo, 10 de abril de 2022

 


Prezados irmãos e amigos. Não pretendo com esse texto modificar o pensamento das pessoas. Não tenho a pretensão de ser dono da verdade, pois acredito que nenhuma religião ou seita detém o privilégio de monopolizá-la. Apenas estou transmitindo informações, demonstrando a minha crença, a minha verdade. Cabe a cada indivíduo a escolha de como quer entender as coisas do mundo em que vive, como quer viver a sua vida, e quais os métodos que quer utilizar para suas colheitas. Como disse Jesus, "A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória", ou seja, o plantio é opcional, você planta o que quiser, mas vai colher o que plantar. Por isto, muito cuidado com o que semear. Pense nisso!

O tempo da Quaresma segundo a Igreja Católica

Todo ano a igreja se une durante os quarenta dias da Quaresma, ao mistério de Jesus no deserto. É o período de preparação para a Páscoa, com a purificação do coração. Este momento é único, onde Jesus passa ao nosso lado e espera uma grande mudança nossa.

Tradicionalmente, esse período se estende por 40 dias, iniciando-se na Quarta-Feira de Cinzas e se encerrando no Domingo de Ramos, ou seja, uma semana antes do Domingo de Páscoa.

A Quaresma e o Espiritismo

De logo, posicionamos que o Espiritismo é uma religião cristã. Porém, o espiritismo, como todos sabem, não carrega nenhum tipo de ritual e não comemora tais datas cristãs como em outras religiões, mas respeita e aceita essas manifestações. Mas isso não nos impede de refletir um pouco e tentar trazer o seu significado para nossa vida. Estamos na quaresma, período de quarenta dias que antecede a data mais importante para o catolicismo. A Quaresma é o tempo litúrgico (conjunto de cerimônias eclesiásticas e refere-se à Igreja) de conversão, que a Igreja marca como preparação para a grande festa da Páscoa (ressureição de Cristo). Esta prática data desde o século IV. De início, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 D.C., a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Assim surgiu a Quaresma, que a Igreja Católica, a Igreja Anglicana e algumas Igrejas Protestantes marcam para que seus seguidores possam se preparar para a Páscoa. Durante este espaço de tempo, os seus fiéis são convidados a um período de penitência e meditação, por meio da prática do jejum e da oração. Ao longo desse tempo, sobretudo na liturgia do Domingo de Ramos, é feito um esforço para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis que pretendem viver como “pretensos” filhos de Deus. No período quaresmal é muito comum nos depararmos com pessoas cumprindo promessas, jejuando e fazendo penitências. Os fiéis mais tradicionais se abstêm do consumo da carne vermelha, outros passam os quarenta dias sem cortar o cabelo e a barba, enfim, não raro são aqueles que realizam algum tipo de sacrifício nesse período.  A duração da Quaresma está baseada no símbolo do número quatro na Bíblia, que simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de vida na Terra; suas provações e dificuldades. É falado também dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto, antes de começar sua vida pública, e dos quatrocentos anos dos judeus no Egito. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer. Antes de iniciar sua vida pública, logo após ter sido batizado por João Batista no rio Jordão, Jesus passou quarenta dias no deserto. Esse retiro de Jesus mostra a necessidade que ele teve em se preparar para a missão que o esperava. Contam os Evangelhos, que no deserto Jesus era conduzido pelo espírito, o que quer significar que ele vivia em oração e recolhimento, discernindo a vontade de Deus para sua vida e como atuaria a partir de então. No tempo em que passou no deserto Jesus teve uma profunda experiência de encontro com o Pai. Quando começa e quando termina a Quaresma? De acordo com a Carta Apostólica do Papa Paulo VI aprovando o Novo Calendário Romano Geral, pág. 28, o tempo da Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina na Quinta-feira Santa, até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive. A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa penitência. O roxo nessa época não significa luto e sim simboliza que a Igreja está se preparando espiritualmente para a grande festa da Páscoa, a ressurreição de Jesus Cristo. Sabemos que a Quaresma, que é abreviação de quadragésima “Quadragésima die Christus pro nobis tradétur”, que se traduz: “Daqui a 40 dias (no quadragésimo dia), Cristo será entregue por nós”, para a nossa salvação. Por isso, a Quaresma é tempo do perdão e da reconciliação fraterna. Houve um tempo que, quando se falava em Quaresma, geralmente, algumas pessoas tinham uma ideia de uma coisa negativa. Era o tempo do medo, do cachorro louco, da mula sem cabeça e outras coisas mais. Para outros a quaresma parece superada pelo modernismo e é hoje apenas uma recordação negativa do passado ou um retrato na parede, simplesmente.  A Quarta-feira de Cinzas, quando começa a Quaresma, é um dia consagrado para lembrar a mortalidade. A cinza, por sua leveza, é figura das coisas que se acabam e desaparecem. É usada como um sinal de penitência. É costume serem realizadas missas onde os fiéis são marcados na testa com cinzas. Essa marca normalmente permanece na testa até o pôr do sol. Esse simbolismo faz parte da tradição demonstrada na Bíblia, onde vários personagens jogavam cinzas nas suas cabeças como prova de arrependimento. De um modo geral, as penitências são caracterizadas por privações voluntárias que, segundo a Igreja, aproximam os homens a Deus, isentando-os de seus pecados. É uma prática presente na vida dos cristãos católicos desde o século IV. Fiz questão em afirmar celebração católica do Cristianismo, pois mesmo sendo cristãos, nós, espíritas, não comungamos com essa prática. Nesse evento católico, há dois pontos básicos que discordo peremptoriamente: 1º: A morte de Jesus foi para a nossa salvação, e 2º: A Ressureição de Cristo. Vejamos: cremos que o homem é produto de si mesmo, fazendo com que em si, pelo ideal de ação no bem, pela caridade, ele evolua. Não falamos em salvação, pois o espírito evolui continuamente até o marco proposto pelo Cristo: Sede perfeitos como é o vosso Pai que está nos céus (Mateus 5:48). Assim, falamos em evolução, não em salvação do homem por Cristo. Ele sim é a nossa referência a ser seguida, mas a nossa evolução é obra pessoal e intransferível. O ponto nº 2 – Ressurreição – também não o abraçamos, pois seria uma derrogação das próprias Leis Divinas, das Leis Naturais. A doutrina espírita caminha de mãos dadas com a ciência, e é ela que nos diz, segundo a Lei de Lavoisier, postulada em 1785: “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. É, assim, em nosso entendimento, uma total impossibilidade de Cristo ter ressuscitado, uma vez que ele morreu, e as moléculas de seu corpo foram se transformar em outros elementos. Estudando a Doutrina Espírita, compreendemos que Jesus não morreu por ninguém ou para salvar alguém do Inferno. Sua morte não significa a nossa salvação, e nem o perdão “adiantado” dos erros que cometemos. Jesus, o Espírito mais evoluído que já esteve na Terra, encarnou e viveu neste Mundo por amor a nós, para exemplificar o amor, o perdão, a caridade, a fé, sendo “o modelo e guia, o tipo de perfeição moral a que se pode aspirar na Terra”, definição essa contida na questão 625 de O Livro dos Espíritos. Analisando as afirmativas contidas em O Livro dos Espíritos, observamos que a visão do Espiritismo com relação às penitências, difere de outras religiões. Para a Doutrina dos Espíritos, as privações somente são válidas quando afastam o homem das futilidades materiais que nada acrescentam na evolução do espírito, entretanto, deve ser um exercício contínuo na busca pelo progresso moral, não se limitando a quarenta dias cada ano. Terá maior mérito perante Deus, aquele que aplica sua penitência em benefício de outrem, ou seja, pratica a caridade que, aliás, para nós que ainda somos espíritos imperfeitos, ser caridoso é uma grande penitência. Com relação a abstinência de certos alimentos, segundo o Espiritismo, nos é permitido consumir qualquer substância que não nos comprometa a saúde, em qualquer época do ano, isso se aplica ao consumo de carne. Devemos considerar que nossa matéria densa carece de proteína para funcionar adequadamente, cuja principal fonte é a carne. Outra questão a ser analisada: Quarenta dias seriam suficientes para redimir os homens de seus erros? Até que ponto as penitências são válidas? Será que necessitamos de um período específico para refletir nossas atitudes e dar início a uma transformação moral? Busquemos as respostas em O Livro dos Espíritos, nas Questões 720, 720-a, 722, e 726 no Capítulo V – Da Lei de Conservação. 720. São meritórias aos olhos de Deus as privações voluntárias, com o objetivo de uma expiação igualmente voluntária? Responderam os Espíritos: “Fazei o bem aos vossos semelhantes e mais mérito tereis”. 720-a. Haverá privações voluntárias que sejam meritórias? Responderam os Espíritos:  “Há; a privação dos gozos inúteis, porque desprende da matéria o homem e lhe eleva a alma. Meritório é resistir à tentação que arrasta ao excesso ou ao gozo das coisas inúteis; é o homem tirar do que lhe é necessário para dar aos que carecem do bastante. Se a privação não passar de simulacro, será uma irrisão” (galhofa). 722. Será racional a abstenção de certos alimentos, prescrita a diversos povos? Responderam os Espíritos: “Permitido é ao homem alimentar-se de tudo o que lhe não prejudique a saúde. Alguns legisladores, porém, com um fim útil, entenderam de interdizer o uso de certos alimentos e, para maior autoridade imprimirem às suas leis, apresentaram-nas como emanadas de Deus”. 726. Visto que os sofrimentos deste mundo nos elevam, se os suportarmos devidamente, dar-se-á que também nos elevam os que nós mesmos nos criamos? Responderam os Espíritos: “Os sofrimentos naturais são os únicos que elevam, porque vêm de Deus. Os sofrimentos voluntários de nada servem, quando não concorrem para o bem de outrem. Supões que se adiantam no caminho do progresso os que abreviam a vida, mediante rigores sobre-humanos, como o fazem os bonzos, os faquires e alguns fanáticos de muitas seitas? Por que de preferência não trabalham pelo bem de seus semelhantes? Vistam o indigente; consolem o que chora; trabalhem pelo que está enfermo; sofram privações para alívio dos infelizes e então suas vidas serão úteis e, portanto, agradáveis a Deus. Sofrer alguém voluntariamente, apenas por seu próprio bem, é egoísmo; sofrer pelos outros é caridade; tais os preceitos do Cristo”. Diante dessas considerações, podemos afirmar que as privações voluntárias pouco contribuem para o progresso espiritual.  Há uma influência católica muito intensa sobre a mente popular, com hábitos enraizados, a ponto de termos somente feriados católicos no Brasil, advindos de uma época de dominação da Igreja sobre o país. Os espíritas, afinados com outra proposta, a do Cristo Vivo, não têm porque apegar-se ou preocupar-se com tais questões. Respeitemos nossos irmãos católicos, mas deixemo-los como queiram, sem o stress de esgotar explicações. Nossa Doutrina é livre e deve ser praticada livremente, sem qualquer tipo de vinculação com outras práticas. Com isso, ninguém está a desrespeitar o sacrifício do Mestre em prol da Humanidade. Preferimos sim, ficar com seus exemplos, inclusive o da imortalidade, do que ficar a reviver a tragédia a que foi levado pela precipitação humana. Inclusive temos o dever de transmitir às novas gerações a violência da malhação do Judas, prática destoante do perdão recomendado pelo Mestre, verdadeiro absurdo mantido por mera tradição, também incoerente com a prática espírita. A mesma situação ocorre quando na chamada quaresma de nossos irmãos católicos, alguns espíritas ficam preocupados em comer ou não comer carne, ou preocupados se isto pode ou não. Ora, ou somos espíritas ou não somos! A Doutrina Espírita nada tem a ver com isso. São práticas de outras religiões. Sempre é bom repetimos: respeitamos, mas não adotamos. A Quaresma que entendemos é época de mudança íntima e espiritual, que deveria acontecer por um tempo infinito e não só por quarenta dias. O Espiritismo encara a chamada Sexta-feira Santa como uma Sexta-feira normal, como todas as outras. Também indica que não há procedimento algum para os dias desses feriados. E não há porque preocupar-se com o Senhor Morto, pois que Jesus vive e trabalha em prol da Humanidade. “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (João, 8:32). O objetivo da religião é conduzir o homem a Deus; ora, o homem não chega a Deus senão quando está perfeito. Portanto, toda religião que não torna o homem melhor, não atinge seu objetivo. O cristão deve buscar alcançar o Reino de Deus. Porém, não aquele lugar específico.  Mas, aquele que está dentro dele. Devemos fazer da Quaresma um tempo para “Jejuar” alegremente de certas coisas e também para “Fazer festa” de outras.

Neste tempo devemos:

Jejuar de julgar os outros e festejar porque também eles são filhos de Deus; Jejuar do fixarmo-nos sempre nas diferenças e fazer festa por aquilo que nos une na vida Jejuar das trevas da tristeza e celebrar a luz; Jejuar de pensamentos e palavras doentios e alegrarmo-nos com palavras carinhosas e edificantes; Jejuar das desilusões e festejar a gratidão; Jejuar do ódio e festejar a paciência santificadora; Jejuar de pessimismos e viver a vida com otimismo, como uma festa contínua. Portanto, é tempo de encontro com o próximo. É a caridade que se faz em nome do Criador. São as obras meritórias, os ideais nobres. É tempo da doação de si mesmo; do compartilhar; do perdão que se exercita; do bem que se faz. É o amor em ação. Jesus está presente, e a Sua presença se evidencia, especialmente, através de cada ser humano. Jesus, vivendo o seu tempo, construiu valores universais únicos, que, pela profundidade e extensão, modificaram os aspectos culturais, sociais, políticos e econômicos da Humanidade. Esses valores são conceitos fundamentais, sendo a moral cristã o eixo de sua visão de mundo e interpretação da realidade. Naturalmente, é questão de fé, que não se discute, mas se apresenta posições. De qualquer modo, no entanto, sempre aproveitamos esses momentos para refletirmos, no entendimento do sentido de Cristo entre nós.

 

 

domingo, 3 de abril de 2022

 


Injúrias e Violências

Este tema Injúrias e Violências está contido no capítulo IX do Evangelho Segundo o Espiritismo: “Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos”. Esta Bem-aventurança faz parte do belíssimo Sermão da Montanha, lição de Jesus, que constitui um dos mais belos ensinamentos que foram dados à Humanidade. Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra (Mateus, cap. V. v.4). Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus (Mateus, cap. V, v.9). Sabeis que foi dito aos antigos: não matareis e quem quer que mate merecerá condenação pelo juízo. Eu, porém, vos digo que quem quer  que se puser em cólera contra seu irmão merecerá condenação pelo conselho; e que aquele que lhe disser: és louco, merecerá condenado ao fogo do inferno (Mateus, cap. V, vv.21 e 22). O Evangelho Segundo o Espiritismo faz da brandura, da moderação, da afabilidade e da paciência uma lei. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera, e até toda expressão descortês de que se possa usar para com os semelhantes. O texto de Mateus é um convite ao exercício pleno da lei de amor. Nesse conjunto de palavras, Jesus reprova todo vocábulo que possa ferir. Adverte, com isso, que a fraternidade deve orientar as relações entre as criaturas, e que a doçura e a afabilidade devem estar presentes no trato recíproco. Por estas palavras, que expressam atitudes e comportamentos difíceis e até estranhos ao homem, ainda hoje, após dois mil anos, mergulhado na ânsia de conquistar e usufruir bens e prazeres materiais, a qualquer preço, Jesus exalta a mansidão, a delicadeza, a mansuetude, a afabilidade, a paciência, transformando-as em lei. Raca é uma expressão ofensiva entre os judeus. É palavra que revela desprezo. Jesus usou essa palavra (raca) nessa passagem evangélica apenas para nos advertir que em nenhuma circunstância devemos usar expressões para ferir, destruir, humilhar. Ao contrário, as palavras devem servir, essencialmente, para a construção da paz, da fraternidade e do entendimento entre as criaturas. Entretanto, antes de nos atermos a isso, vamos investigar o porquê de algumas expressões aqui usadas. O que Jesus quis dizer com a expressão “possuirão a Terra”? O que significa, de fato, ser brando e pacífico? Tudo isso constitui material de profunda reflexão para todos nós. Uma vez que as palavras de Jesus não são vãs e, apesar das muitas distorções nos textos dos evangelhos canônicos, a força e a sabedoria das máximas de Jesus permanecem na essência de muitos textos. Observemos que o texto de Mateus é um convite ao exercício pleno da lei de amor. Jesus reprova toda palavra que possa ferir, adverte, com isso, que a fraternidade deve presidir as relações entre as criaturas e que a doçura e a afabilidade devem estar presentes no trato recíproco. Dentro do tema, um ponto que é necessário esclarecer refere-se à expressão "os brandos possuirão a Terra". O que exatamente significa isso, uma vez que Jesus nos prometia constantemente o "Reino dos Céus" e esta máxima parece apontar exatamente o oposto?  E volto a perguntar: o que vem a ser brando e pacífico, de fato? Seria simplesmente não reagir? Ficar impassível diante de provocações? É ter mansidão (ausência de agitação, de inquietação; calma, serenidade)  desde o lado mais interno nosso, com as outras pessoas, consequentemente é ter fé na Providência Divina, o que nos dá tranquilidade íntima de que não precisamos agredir, nem em pensamento, quem quer que seja para que as coisas fiquem bem; que não precisamos forçar as coisas. É respirar fundo e refletir antes de reagir, e evitar que a reação venha contaminada das emoções desequilibradas. É um pouco complicado explicar e entender sem que se compreenda a reencarnação. A Doutrina Espírita nos explica que esse “Possuir a Terra” refere-se a um futuro estágio por que passará a Terra. Embora ainda vivenciando a condição de expiações e provas, nós estamos passando por um período de transição para uma futura condição de regeneração, quando o planeta estiver mais depurado, mais feliz. Então, a Terra, um dia, será um planeta feliz, um planeta regenerado, e aqueles que tiverem sido brandos e pacíficos terão o privilégio de viver aqui. Continuarão reencarnando neste orbe. Possuir a Terra, certamente não significa  possuir os bens materiais. É importante observar que não serão somente os brandos e pacíficos, mas todos os de boa vontade. Se algum de nós sem essas características de suavidade estiver aqui, em massa, como na Terra de hoje, ela não seria mais feliz. Hoje, o egoísmo e o orgulho ainda falam muito alto. Ainda sentimos desejo de vingança ou, no mínimo, temos muita dificuldade para perdoar. E dentre todos os nossos muitos defeitos, um dos mais difíceis de combater é certamente a agressividade. Nem sempre essa agressividade se manifesta em atos, mas também em palavras ou gestos. Não raro ferimos demais ao falar. Usamos a língua como chicote capaz de provocar profundas cicatrizes. Ser brando e pacífico é reconhecer a necessidade de disseminar a paz entre os homens. E, seguindo Jesus, semear a tranquilidade nos corações conturbados, revoltados, violentos, tornando-os menos endurecidos, e fazendo-os retornar ao equilíbrio. A violência sempre existiu, todavia, nunca foi tão destacada pela mídia, como hoje, pela facilidade dos meios de comunicação. As crianças crescem vendo, pela televisão, ações violentas, onde o Bem, para combater o Mal, usa os mesmos recursos violentos e cruéis. As desigualdades financeiras e sociais, aliadas a ausência, em todas as classes sociais, da valorização das qualificações morais, que são as únicas que favorecem e facilitam o relacionamento entre os homens e as nações, no respeito aos direitos e deveres de cada um, estimulam a violência, com todas as suas consequências. Pelo atraso do desenvolvimento moral, é que o desenvolvimento intelectual, científico e tecnológico da humanidade pouco alterou os problemas de inter-relacionamento entre os homens e entre as nações. Por isso, hoje, como antes, essas palavras de Jesus continuam sendo apenas lidas, ditas, copiadas, mas, difíceis de serem atendidas. Por elas, e por seus exemplos, Jesus condena, repele, toda e qualquer violência, mesmo a de palavras, que não causam feridas, mas machucam os sentimentos das pessoas e expressam sentimentos negativos de quem as profere, contrariando assim, “a lei do amor e da caridade, que deve regular as relações entre os homens, mantendo a união e a concórdia.” Allan Kardec chama nossa atenção, fazendo-nos refletir na importância das palavras usadas, quando escreve que as ofensivas se constituem em “um atentado à benevolência recíproca e à fraternidade, entretendo o ódio e a animosidade. Enfim, porque depois da humildade perante Deus, a caridade para com o próximo é a primeira lei de todo cristão.” Kardec explica que a palavra raca, usada entre os hebreus, era uma expressão de desprezo, significando um homem reles, e era pronunciada cuspindo-se de lado. Lembrando que “em qualquer circunstância, a intenção agrava ou atenua a falta”, demonstra porque Jesus condenou também a ofensa por palavras. Em relação às promessas de Jesus de que os mansos e os pacíficos possuirão a Terra e serão chamados filhos de Deus, elas se realizarão, quando a Terra não for mais a morada de Espíritos em provas e expiações, mas sim de Espíritos regenerados, buscando viver fraternal e solidariamente, todos unidos no ideal do BEM, sem rivalidades, sem concorrências, sem imposições, a não ser as consequentes das leis do Bem, que então, todos entenderão e se esforçarão por vivenciá-las. “Quando a lei do amor e caridade for a lei da humanidade, não haverá mais egoísmo; o fraco e o pacífico não serão mais explorados, nem espezinhados pelo forte e pelo violento. Será esse o exilado da Terra, quando, segundo a lei do progresso e a promessa de Jesus, ela estiver transformada num mundo feliz, pela expulsão dos maus.” Por isso, essas palavras de Jesus precisam continuar sendo estudadas por aqueles que acreditam na perfectibilidade do homem, que tem condições de viver de acordo com a lei trazida por Jesus, mesmo vivendo em um mundo de difíceis relacionamentos, pelo orgulho e egoísmo, entre pessoas e entre nações. Os que assim fazem, buscando sua renovação moral, e são muitos na Terra assim fazendo, auxiliados pelos Espíritos desencarnados, que já conseguiram vencer em si o orgulho e o egoísmo, e trabalham sob o comando de Jesus, passam a servir de exemplos aos seus próximos. Assim, não importando o país em que vivem, nem que religião professem, quanto maior o número de pessoas esforçando-se por sentir o bem, pensar e agir no bem geral, sem egoísmo e sem orgulho, não tenhamos dúvida, os mansos,  os pacíficos, se tornarão maioria na Terra e, usando sua elevada inteligência e elevada nobreza moral, viverão como filhos de Deus, AMOR ABSOLUTO e possuirão a terra regenerada. Sem o conhecimento da vida futura, da evolução contínua e da lei da reencarnação, essas palavras de Jesus não têm sentido. “Aprendei de mim, disse  o Cristo, que sou humilde e manso de coração”. E é no Mestre que devemos buscar as lições de mansidão de que tanto carecemos nas lutas da vida. “Não vos encolerizeis para que não sejais condenados”. A irritabilidade produz a cólera, e a cólera é uma das causas predominantes de enfermidades físicas e de males psíquicos. Da mansidão vem a indulgência, a simpatia, a bondade e o cumprimento do amor ao próximo. Nem sempre a agressividade se manifesta em atos físicos, mas também por palavras ou gestos. Muitos devem estar se perguntando: como é possível sobreviver, brando e pacífico, em um mundo onde campeia a violência? Sei perfeitamente que não é fácil. Mas a espiritualidade dá a receita para isso: Reunir em nós, diariamente, as sementes de paz que vivem ocultas em nossa alma, e regá-las com a água do amor, e fortificá-las com o nosso próprio esforço, doando tranquilidade a todos com que compartilhamos a marcha. Toda palavra ofensiva deve ser banida de nosso vocabulário e todo gesto agressivo deve ser evitado, a fim de que possamos construir as bases de um mundo mais suave, mais feliz, mais calmo e mais fraterno. Todo conteúdo desse texto constitui material para uma profunda reflexão para todos nós, uma vez que ele dissemina palavras de Jesus, e elas não são vãs. Apesar das muitas distorções nos textos dos evangelhos canônicos, a força e a sabedoria das máximas do Cristo permanecem na essência de muitos textos.

Muita Paz!