Injúrias e
Violências
Este tema
Injúrias e Violências está contido no capítulo IX do Evangelho Segundo o
Espiritismo: “Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos”. Esta
Bem-aventurança faz parte do belíssimo Sermão da Montanha, lição de Jesus, que
constitui um dos mais belos ensinamentos que foram dados à Humanidade.
Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra (Mateus, cap. V. v.4).
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus (Mateus,
cap. V, v.9). Sabeis que foi dito aos antigos: não matareis e quem quer que
mate merecerá condenação pelo juízo. Eu, porém, vos digo que quem quer que se puser em cólera contra seu irmão
merecerá condenação pelo conselho; e que aquele que lhe disser: és louco,
merecerá condenado ao fogo do inferno (Mateus, cap. V, vv.21 e 22). O Evangelho
Segundo o Espiritismo faz da brandura, da moderação, da afabilidade e da
paciência uma lei. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera, e até toda
expressão descortês de que se possa usar para com os semelhantes. O texto de
Mateus é um convite ao exercício pleno da lei de amor. Nesse conjunto de
palavras, Jesus reprova todo vocábulo que possa ferir. Adverte, com isso, que a
fraternidade deve orientar as relações entre as criaturas, e que a doçura e a
afabilidade devem estar presentes no trato recíproco. Por estas palavras, que expressam
atitudes e comportamentos difíceis e até estranhos ao homem, ainda hoje, após
dois mil anos, mergulhado na ânsia de conquistar e usufruir bens e prazeres
materiais, a qualquer preço, Jesus exalta a mansidão, a delicadeza, a
mansuetude, a afabilidade, a paciência, transformando-as em lei. Raca é uma
expressão ofensiva entre os judeus. É palavra que revela desprezo. Jesus usou
essa palavra (raca) nessa passagem evangélica apenas para nos advertir que em
nenhuma circunstância devemos usar expressões para ferir, destruir, humilhar.
Ao contrário, as palavras devem servir, essencialmente, para a construção da
paz, da fraternidade e do entendimento entre as criaturas. Entretanto, antes de
nos atermos a isso, vamos investigar o porquê de algumas expressões aqui
usadas. O que Jesus quis dizer com a expressão “possuirão a Terra”? O que
significa, de fato, ser brando e pacífico? Tudo isso constitui material de
profunda reflexão para todos nós. Uma vez que as palavras de Jesus não são vãs
e, apesar das muitas distorções nos textos dos evangelhos canônicos, a força e
a sabedoria das máximas de Jesus permanecem na essência de muitos textos.
Observemos que o texto de Mateus é um convite ao exercício pleno da lei de
amor. Jesus reprova toda palavra que possa ferir, adverte, com isso, que a
fraternidade deve presidir as relações entre as criaturas e que a doçura e a
afabilidade devem estar presentes no trato recíproco. Dentro do tema, um ponto
que é necessário esclarecer refere-se à expressão "os brandos possuirão a
Terra". O que exatamente significa isso, uma vez que Jesus nos prometia
constantemente o "Reino dos Céus" e esta máxima parece apontar exatamente
o oposto? E volto a perguntar: o que vem
a ser brando e pacífico, de fato? Seria simplesmente não reagir? Ficar
impassível diante de provocações? É ter mansidão (ausência de agitação, de inquietação;
calma, serenidade) desde o lado mais
interno nosso, com as outras pessoas, consequentemente é ter fé na Providência
Divina, o que nos dá tranquilidade íntima de que não precisamos agredir, nem em
pensamento, quem quer que seja para que as coisas fiquem bem; que não
precisamos forçar as coisas. É respirar fundo e refletir antes de reagir, e
evitar que a reação venha contaminada das emoções desequilibradas. É um pouco
complicado explicar e entender sem que se compreenda a reencarnação. A Doutrina
Espírita nos explica que esse “Possuir a Terra” refere-se a um futuro estágio
por que passará a Terra. Embora ainda vivenciando a condição de expiações e
provas, nós estamos passando por um período de transição para uma futura
condição de regeneração, quando o planeta estiver mais depurado, mais feliz.
Então, a Terra, um dia, será um planeta feliz, um planeta regenerado, e aqueles
que tiverem sido brandos e pacíficos terão o privilégio de viver aqui.
Continuarão reencarnando neste orbe. Possuir a Terra, certamente não
significa possuir os bens materiais. É
importante observar que não serão somente os brandos e pacíficos, mas todos os
de boa vontade. Se algum de nós sem essas características de suavidade estiver
aqui, em massa, como na Terra de hoje, ela não seria mais feliz. Hoje, o
egoísmo e o orgulho ainda falam muito alto. Ainda sentimos desejo de vingança
ou, no mínimo, temos muita dificuldade para perdoar. E dentre todos os nossos
muitos defeitos, um dos mais difíceis de combater é certamente a agressividade.
Nem sempre essa agressividade se manifesta em atos, mas também em palavras ou
gestos. Não raro ferimos demais ao falar. Usamos a língua como chicote capaz de
provocar profundas cicatrizes. Ser brando e pacífico é reconhecer a necessidade
de disseminar a paz entre os homens. E, seguindo Jesus, semear a tranquilidade
nos corações conturbados, revoltados, violentos, tornando-os menos endurecidos,
e fazendo-os retornar ao equilíbrio. A violência sempre existiu, todavia, nunca
foi tão destacada pela mídia, como hoje, pela facilidade dos meios de
comunicação. As crianças crescem vendo, pela televisão, ações violentas, onde o
Bem, para combater o Mal, usa os mesmos recursos violentos e cruéis. As
desigualdades financeiras e sociais, aliadas a ausência, em todas as classes
sociais, da valorização das qualificações morais, que são as únicas que
favorecem e facilitam o relacionamento entre os homens e as nações, no respeito
aos direitos e deveres de cada um, estimulam a violência, com todas as suas
consequências. Pelo atraso do desenvolvimento moral, é que o desenvolvimento
intelectual, científico e tecnológico da humanidade pouco alterou os problemas
de inter-relacionamento entre os homens e entre as nações. Por isso, hoje, como
antes, essas palavras de Jesus continuam sendo apenas lidas, ditas, copiadas,
mas, difíceis de serem atendidas. Por elas, e por seus exemplos, Jesus condena,
repele, toda e qualquer violência, mesmo a de palavras, que não causam feridas,
mas machucam os sentimentos das pessoas e expressam sentimentos negativos de
quem as profere, contrariando assim, “a lei do amor e da caridade, que deve
regular as relações entre os homens, mantendo a união e a concórdia.” Allan
Kardec chama nossa atenção, fazendo-nos refletir na importância das palavras
usadas, quando escreve que as ofensivas se constituem em “um atentado à
benevolência recíproca e à fraternidade, entretendo o ódio e a animosidade.
Enfim, porque depois da humildade perante Deus, a caridade para com o próximo é
a primeira lei de todo cristão.” Kardec explica que a palavra raca, usada entre
os hebreus, era uma expressão de desprezo, significando um homem reles, e era
pronunciada cuspindo-se de lado. Lembrando que “em qualquer circunstância, a
intenção agrava ou atenua a falta”, demonstra porque Jesus condenou também a
ofensa por palavras. Em relação às promessas de Jesus de que os mansos e os
pacíficos possuirão a Terra e serão chamados filhos de Deus, elas se
realizarão, quando a Terra não for mais a morada de Espíritos em provas e
expiações, mas sim de Espíritos regenerados, buscando viver fraternal e
solidariamente, todos unidos no ideal do BEM, sem rivalidades, sem
concorrências, sem imposições, a não ser as consequentes das leis do Bem, que
então, todos entenderão e se esforçarão por vivenciá-las. “Quando a lei do amor
e caridade for a lei da humanidade, não haverá mais egoísmo; o fraco e o
pacífico não serão mais explorados, nem espezinhados pelo forte e pelo
violento. Será esse o exilado da Terra, quando, segundo a lei do progresso e a
promessa de Jesus, ela estiver transformada num mundo feliz, pela expulsão dos
maus.” Por isso, essas palavras de Jesus precisam continuar sendo estudadas por
aqueles que acreditam na perfectibilidade do homem, que tem condições de viver
de acordo com a lei trazida por Jesus, mesmo vivendo em um mundo de difíceis
relacionamentos, pelo orgulho e egoísmo, entre pessoas e entre nações. Os que
assim fazem, buscando sua renovação moral, e são muitos na Terra assim fazendo,
auxiliados pelos Espíritos desencarnados, que já conseguiram vencer em si o
orgulho e o egoísmo, e trabalham sob o comando de Jesus, passam a servir de
exemplos aos seus próximos. Assim, não importando o país em que vivem, nem que
religião professem, quanto maior o número de pessoas esforçando-se por sentir o
bem, pensar e agir no bem geral, sem egoísmo e sem orgulho, não tenhamos
dúvida, os mansos, os pacíficos, se
tornarão maioria na Terra e, usando sua elevada inteligência e elevada nobreza
moral, viverão como filhos de Deus, AMOR ABSOLUTO e possuirão a terra
regenerada. Sem o conhecimento da vida futura, da evolução contínua e da lei da
reencarnação, essas palavras de Jesus não têm sentido. “Aprendei de mim,
disse o Cristo, que sou humilde e manso
de coração”. E é no Mestre que devemos buscar as lições de mansidão de que
tanto carecemos nas lutas da vida. “Não vos encolerizeis para que não sejais
condenados”. A irritabilidade produz a cólera, e a cólera é uma das causas
predominantes de enfermidades físicas e de males psíquicos. Da mansidão vem a
indulgência, a simpatia, a bondade e o cumprimento do amor ao próximo. Nem
sempre a agressividade se manifesta em atos físicos, mas também por palavras ou
gestos. Muitos devem estar se perguntando: como é possível sobreviver, brando e
pacífico, em um mundo onde campeia a violência? Sei perfeitamente que não é
fácil. Mas a espiritualidade dá a receita para isso: Reunir em nós,
diariamente, as sementes de paz que vivem ocultas em nossa alma, e regá-las com
a água do amor, e fortificá-las com o nosso próprio esforço, doando
tranquilidade a todos com que compartilhamos a marcha. Toda palavra ofensiva
deve ser banida de nosso vocabulário e todo gesto agressivo deve ser evitado, a
fim de que possamos construir as bases de um mundo mais suave, mais feliz, mais
calmo e mais fraterno. Todo conteúdo desse texto constitui material para uma
profunda reflexão para todos nós, uma vez que ele dissemina palavras de Jesus,
e elas não são vãs. Apesar das muitas distorções nos textos dos evangelhos canônicos,
a força e a sabedoria das máximas do Cristo permanecem na essência de muitos
textos.
Muita Paz!
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