Dia Nacional do
Espiritismo
O dia Nacional
do Espiritismo, 18 de abril, é uma homenagem ao dia em que Allan Kardec lançou,
em 1857, na França, o Livro dos Espíritos, marco inicial da doutrina espírita.
Foi numa manhã que, na Galeria D’Orleans, na bela Paris, França, o honorável
professor Allan Kardec levou a público a obra basilar do Espiritismo – “O LIVRO
DOS ESPÍRITOS” – que resume a Doutrina Espírita. Seu conteúdo é apresentado em
quatro partes, a saber: “As causas primárias”, que deu origem ao livro A
Gênese; “Mundo espírita ou dos espíritos” que originou O Livro dos Médiuns;
“Leis morais”, que originou O Evangelho Segundo o Espiritismo, e “Esperanças e
consolações”, que originou O Céu e o Inferno e, de certa forma, oficializou o
Espiritismo, o que resulta considerarmos esta data simbolicamente como o dia
oficial de aniversário da nossa amada Doutrina. No ensejo de mais um
aniversário, convém uma reflexão, a respeito de o quanto o Espiritismo tem
contribuído para o desenvolvimento da Humanidade. A Doutrina Espírita celebra,
neste ano de 2022, 165 anos do lançamento de O Livro dos Espíritos. Não se pode
deixar de reconhecer que os ensinos contidos nesse livro, em sua essência,
permanecem absolutamente aplicáveis aos dias atuais, o que, por si, recomenda a
leitura, a releitura e, sobretudo, a reflexão, em torno de tão preciosa obra,
que contém os princípios sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos
e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e
o porvir da Humanidade. Verdadeira síntese do conhecimento humano, é um tesouro
colocado em nossas mãos, que merece, por isso mesmo, repetimos de caso pensado,
ser lido e refletido de capa a capa, palavra por palavra. Com efeito, para
dizer o mínimo, convém salientar que o Espiritismo nada impõe a seus
profitentes, e muito menos a terceiros. Ao contrário, procura orientar sempre,
pela palavra escrita ou falada, que somos dotados de livre-arbítrio, da
faculdade de decidir livremente sobre quaisquer assuntos, esclarecendo ao mesmo
tempo que, exatamente por isso, somos responsáveis pelas decisões que tomemos,
sejam quais forem e nos mais variados campos, e naturalmente responsáveis pelas
suas consequências. Por outra parte, enfatiza lições seculares, procurando
demonstrar com exemplos e com fatos que “A semeadura é livre, mas a colheita é
obrigatória” e que “A cada um será concedido de acordo com suas obras”. Consola,
ao salientar que ninguém será condenado irremediavelmente pelos erros, males e
equívocos cometidos, porquanto até mesmo em outra encarnação, que detalha e
aprofunda, poderá repará-los, parcial ou totalmente, até quitá-los
integralmente, contando com todas as oportunidades de que necessite para tal,
uma vez que Deus, sendo o Pai Celestial de todos nós, a nenhum de seus filhos
abandona ou desampara. Consola, igualmente, ao demonstrar cabalmente que as
Leis Naturais são perfeitas e por isso mesmo imutáveis, advindo daí a certeza
de que a Justiça Divina, que nelas se baseia, é absolutamente imparcial, não
havendo seres privilegiados na Criação ou privilégio de qualquer espécie a quem
quer que seja, prevalecendo a convicção de que Deus não pune, não castiga e não
premia a ninguém, sendo, assim, soberanamente bom e justo. Ele que é a inteligência suprema do Universo,
causa primária de todas as coisas. Por fim, nestas rapidíssimas observações, o
Espiritismo ensina que o amor à lei maior da vida, consubstanciada por Cristo
na sentença que constitui o seu ensino máximo “Amar ao próximo como a si
mesmo”, vale dizer, aconselhando que façamos ao próximo aquilo que gostaríamos
que ele nos fizesse, porque quem assim procede estará, por esse mesmo motivo,
“Amando a Deus sobre todas as coisas”. Aliás, esta sentença de Jesus de Nazaré,
o Cristo, modelo e guia da Humanidade, nosso mestre e amigo de todas as horas,
também ensina e deixa muito claro que para que amemos ao próximo é
absolutamente indispensável que nos amemos, de modo que é necessário, no
mínimo, que tenhamos elevada autoestima.
O Livro dos
Espíritos lança luz sobre a existência humana com explicações lógicas para os
variados questionamentos do homem, até então sem resposta. O conhecimento
espírita abre-nos uma visão ampla e racional da vida, explicando-a de maneira
convincente e permitindo-nos iniciar uma transformação íntima, para melhor.
Uma história
produzida pelo livro luz:
Sou encadernador
desde a meninice, trabalhando em grande casa desta capital. Há cerca de dois
anos casei-me com aquela que se revelou minha companheira ideal. Nossa vida
corria normalmente e tudo era alegria e esperança, quando, no início deste ano,
de modo inesperado, minha Antoinette partiu desta vida, levada por sorrateira
moléstia. Meu desespero foi indescritível e julguei-me condenado ao desamparo
extremo. Sem confiança em Deus, sentindo as necessidades do homem do mundo e
vivendo com as dúvidas aflitivas de nosso século, resolvera seguir o caminho de
tantos outros, ante a fatalidade. A prova da separação vencera-me, e eu não
passava, agora, de trapo humano. Faltava ao trabalho e meu chefe, reto e
ríspido, ameaçava-me com a dispensa. Minhas forças fugiam. Namorara diversas
vezes o Sena e acabei planeando o suicídio. “Seria fácil, não sei nadar”,
pensava. Sucediam-se noites de insônia e dias de angústia. Em madrugada fria,
quando as preocupações e o desânimo me dominaram mais fortemente, busquei como
um autômato a Ponte Marie, quase apagada pela forte cerração. Olhei em torno,
contemplando a corrente. E, ao fixar a mão direita para atirar-me, toquei um
objeto algo molhado que se deslocou da amurada, caindo-me aos pés. Surpreendido,
distingui um livro que o orvalho umedecera. Tomei o volume nas mãos e,
procurando a luz mortiça de poste vizinho, pude ler, logo no frontispício,
entre irritado e curioso: “Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e
tenha bom proveito. A. Laurent.”
Estupefato, li a obra O Livro dos Espíritos, ao qual acrescentei breve
mensagem, volume esse que passo às suas mãos abnegadas, autorizando o distinto
amigo a fazer dele o que lhe aprouver.” Ainda constavam da mensagem
agradecimentos finais, a assinatura, a data e o endereço do remetente. O
Codificador da Doutrina Espírita, naquela triste manhã de abril de 1860, estava
exausto, acabrunhado. Fazia frio. Muito
embora a consolidação da Sociedade Espírita de Paris e a promissora venda de
livros, escasseava o dinheiro para a obra gigantesca que os Espíritos
Superiores lhe haviam colocado nas mãos. A pressão aumentava. Missivas
sarcásticas avolumavam-se à mesa. Quando mais desalentado se mostrava, chega a
paciente esposa, Madame Rivail, a doce Gaby, a entregar-lhe certa encomenda,
cuidadosamente apresentada. O professor abriu o embrulho, encontrando uma carta
singela, com os seguintes dizeres: Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro
anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas
tarefas de esclarecimento da Humanidade, pois tenho fortes razões para isso. Em
seguida, o autor da carta narrava a história acima. Allan Kardec abriu a obra e
leu em seu frontispício: Esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha
bom proveito. E, logo após a primeira assinatura de A. Laurent, dizia:
Salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação.
Assinado: Joseph Perrier. Kardec, após a leitura da carta providencial,
experimentou nova luz a banhá-lo por dentro. Aconchegando o livro ao peito,
raciocinava, não mais em termos de desânimo ou sofrimento, mas sim na pauta de
radiosa esperança, entendeu a sublime missão que lhe cabia como Codificador da
Doutrina Espírita, mensageira de consolo e esperança para a Humanidade sofrida.
Era preciso continuar, desculpar as injúrias, abraçar o sacrifício e
desconhecer as pedradas. Diante de seu espírito turbilhonava o mundo
necessitado de renovação e consolo. Allan Kardec levantou-se da velha poltrona,
abriu a janela à sua frente, contemplando a via pública, onde passavam
operários e mulheres do povo, crianças e velhinhos. O notável obreiro da Grande
Revelação respirou a longos haustos e, antes de retomar a caneta para o serviço
costumeiro, levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima. Estimulado pelas
vendas de O livro dos espíritos, pelo número crescente de assinantes da Revista
Espírita e pela adesão de novos sócios contribuintes à Sociedade recém-fundada,
o professor passou a dedicar cada vez mais tempo à sua missão. Logo, Rivail
seria uma sombra de Kardec, a cada dia mais atuante e confiante. Com informação
e divulgação, acreditava, seria possível vencer os preconceitos contra o
Espiritismo e provar ao mundo que, em torno das esfuziantes e polêmicas mesas
girantes, havia um mundo novo a se revelar. Essa obra que conseguiu, com suas
páginas de luz, deter aqueles dois homens às portas do suicídio, foi lançada em
Paris, e intitula-se O livro dos Espíritos. Depois desta simples leitura, você
poderá ter dúvidas e perguntas a fazer. Se tiver, é um bom sinal. Sinal que
você está procurando explicações racionais para vida. Você as encontrará lendo
todos os livros da Codificação Espírita e procurando uma Sociedade Espírita,
seguramente doutrinária, e que seja indiscutivelmente espírita.
Parabéns a todos
os espíritas!
Muita Paz!
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