Reflexões sobre
o Carnaval
Este é um tema
bastante polêmico para nossa reflexão. Estamos em pleno Carnaval, festa de
grande apelo popular aqui no Brasil, voltada unicamente para a materialidade, e
esperada com grande animação por muitos. E, como acontece todos os anos, vem à
tona o questionamento sobre a conveniência de participar ou não das
festividades. De início, devo esclarecer que não sou nenhum moralista, nem sou
daqueles que tentam manter as janelas fechadas, a todo custo, para não ouvir o
“bumbum paticumbum prugurundum”, muito menos sou contra a alegria. Num tempo em
que se perdem as noções de moralidade, não posso deixar de comentar esses
desatinos. Apenas constato o que ocorre nesse tipo de festa e informo as
orientações espirituais que nos são trazidas pelos benfeitores espirituais.
Ninguém tem dúvida de que o carnaval é uma festa de grande apelo popular. Momentos
de alegria são desfrutados por aqueles que apreciam o folguedo. Ao longo dos
séculos, as comemorações carnavalescas, desde gregos e romanos, entraram pelo
calendário cristão, sempre com a característica da licenciosidade e da falta de
limites. Principalmente no nosso país, esses festejos, cada vez mais, se
adentram pelos descaminhos da luxúria, dos falsos prazeres, da violência, dos
vícios, alimentando a falsa ideia da necessidade que as pessoas têm de
extravasarem seus contidos desalinhos comportamentais. Quando se fala desse
festejo, acendem-se os ânimos, os defensores e os críticos se manifestam. Claro
que as opiniões variam. Uns, dizem que é festa perniciosa. Outros, dizem que é
alegria, que se trata de uma festa para o povo colocar para fora suas emoções
guardadas, as angústias contidas durante o ano que passou, um dia de contos de
fadas; dia em que a alma dança, e o coração se enche de euforia. O carnaval é
uma dessas festas que costuma ser chamada de folia, que vem do francês folie,
que significa loucura ou extravagância sem que tenha existido perda da razão.
Hoje, essa festividade adquiriu o conceito de que é lícito ser irresponsável
durante a folia. A palavra carnaval significa desvio, anormalidade, fantasia,
descontração ou mesmo alegria. Assim, a festa carnavalesca é o momento em que o
espírito humano pode observar o que há de mais profundo, de mais primitivo em
si mesmo. Infelizmente, os caminhos propostos nada têm a ver com alegria ou
alívio de tensões. É preciso não esquecer que comportamentos inadequados devem
ser evitados nesses instantes de alegria, que podem ser usufruídos sem que se
deixe levar pelo desequilíbrio nem pela euforia exagerada. Além de uma festa
popular, o carnaval é também uma manifestação tradicional de cultura, que vem
sendo mantida desde longa data. Mas, infelizmente, o tempo e a tolerância da
sociedade em geral fizeram com que o que era uma manifestação singela de
alegria popular se transformasse num festival de exibicionismo exacerbado, onde
tudo é permitido em nome de uma falsa felicidade, que tem data certa para
terminar. São atitudes desregradas e impensadas que, muito frequentemente,
resultam em tristeza e dor por muito mais tempo que os poucos dias de folia. Na
literatura encontramos uma frase da Idade Média, de que “Nada aconteceria se as
pessoas enlouquecessem uma vez por ano”. Hoje, estamos próximos dessa frase, só
que, não por um dia, mas por muitos. Agora são três dias ou mais de loucuras,
sob a denominação de “Tríduo Momesco”, ocasião em que os foliões vão da mais
histérica e hilária alegria ao caos total, despertados pela tresloucada folia. Dizem,
também, que tudo isso decorre do êxtase atingido na grande festa, quando o símbolo
da liberdade, da igualdade, mas, também, da orgia e depravação, levam algumas
pessoas a se comportarem fora do seu normal. É a exibição de corpos desnudos,
aparentemente felizes por fora, mas, muitas vezes, infelizes por dentro,
completando a ilusão da riqueza, do poder e do luxo, em efêmera extravasão de
uma fugaz alegria. Muitos jovens e adultos, também, transtornados pela música
hipnotizante e frenética, caem nas armadilhas das drogas alucinantes. Será que
vale a pena? O Carnaval passou a ser um veículo para desaguar caracteres
tortuosos da alma. São atitudes desregradas e impensadas que, muito
frequentemente, resultam em tristeza e dor por muito mais tempo que os poucos
dias de folia. As pessoas desrespeitam o santuário do corpo, abusando das faculdades
que lhes foram dadas. Entregam-se aos prazeres materiais sem a capacidade de
perceberem sua essência de Espíritos eternos. O culto à carne evoca tudo o que
desperta materialidade, sensualidade, paixão e gozo. E o mais doloroso disso
tudo, em razão dos excessos, é o fato de tantos males físicos e morais
ocorrerem, atingindo o ser humano no que ele tem de mais sagrado: o respeito a
si mesmo. É evidente que muitos vão para o Carnaval sem intenções malévolas.
Vão para se distraírem, para relaxarem das tensões, das preocupações que lhes
ocupam o dia a dia. E ingenuamente julgam que não há nenhum mal em
participarem, pois não fazem nada de errado. O forte apelo do período que
antecede, acompanha e sucede o evento ao deus Mamon, guarda íntima relação com
o conúbio de energias entre os dois planos da vida, o físico e o extrafísico,
alimentado pelos participantes, “vivos de cá e de lá”, que se deleitam em
intercâmbio de fluidos materialmente imperceptíveis à maioria dos carnavalescos
encarnados. A carne é fraca, dizem alguns, para justificarem seus erros e
fraquezas, atribuindo à fragilidade do corpo físico a ausência de disposição
para resistirem às tentações que essa festividade pode proporcionar. É claro
que esta é uma justificativa inaceitável, que de modo algum legitima os
excessos eventualmente cometidos (é o Espírito quem dá à carne as qualidades
correspondentes ao seu estado evolutivo e não o contrário. Então, não pode o
homem assim escusar-se de seus erros alegando fraqueza da carne).
Indiscutivelmente, o Carnaval de hoje se constitui nas mais devassas
manifestações, e as consequências desses excessos serão cobradas depois pelo
corpo, que, por mais forte e resistente que seja, tem o seu limite que deve ser
respeitado, para que possa continuar sendo instrumento para o progresso do
indivíduo. Meses depois, a festa ainda traz consequências: gravidez precoce e
abortos realizados, frutos de envolvimentos insensatos e o contágio com doenças
sexualmente transmissíveis. As consequências cruéis desse grotesco espetáculo
se fazem sentir de forma rápida e inexorável. Pergunte a si mesmo: vale a pena
pagar o alto preço exigido por alguns dias de loucura? Vale a pena ver seu nome
na estatística de horrores que acontece no carnaval? Ninguém pode ser contra a
alegria em si, muito menos o Espiritismo, que procura valorizar a felicidade
como meta de progresso espiritual, mas a alegria que se vê no Carnaval não é
essa, a alegria carnavalesca é movida pelo abuso das sensações físicas, pelo
abuso do álcool e das drogas, por um intenso desgaste de energia, pela
irresponsabilidade nas atitudes, por violência e tantas outras mazelas. Esse é
o lado da festa que podemos observar deste lado de cá da vida. Mas o Carnaval
não é somente uma festa de cunho material como se poderia supor.
O CARNAVAL E A
INFLUÊNCIA ESPIRITUAL: Esta é uma questão muito importante. E deve ser
observada e entendida. A Doutrina Espírita não é impositiva. Ela é uma doutrina
esclarecedora, e nos diz o que acontece no Carnaval, a partir do momento em que
participamos dessa festa. Diz a música que atrás do trio elétrico só não vai
quem já morreu. Ledo engano. Os desencarnados também vão atrás, sim, e se
vinculam aos foliões pelos fios invisíveis das preferências que estes trazem
escondidas no seu íntimo. O carnaval observado do Além, narram os Mentores
espirituais, que a realidade desta festa é muito diferente e lamentavelmente
triste e perigosa. A faixa vibratória em que se situa é a dos Espíritos
desditosos, que se locupletam com os desejos daqueles outros que, embora
encarnados, ajustam-se aos apelos do além infeliz, servindo-lhes de vasos
nutrientes, onde as sombras se impõem e triunfam por momentos. Dezenas, centenas e milhares de entidades
vampirescas, abraçam e se desdobram em influenciar os foliões, para juntos
beberem, fumarem, se drogarem e cometerem os mais tristes desatinos,
transformando a festa em um terrível circo dos horrores de grandes e
atemorizantes proporções. O homem vive onde e com quem se sintoniza
psiquicamente. E essa sintonia se dá pelos desejos e tendências existentes na
intimidade de cada um, num feio espetáculo. Há nesses momentos de indisciplina
sentimental lastimáveis desvios de espíritos fracos, permitindo o largo acesso
das forças das trevas influenciá-los negativamente, fomentando desvios de
conduta, para juntos cometerem os mais tristes desatinos, evidenciando um
verdadeiro processo de obsessão coletiva, afetando o estado espiritual dos
incautos. As pessoas se confundem com os obsessores. As duas populações, a
física e a espiritual, em perfeita sintonia, misturam-se, sustentando-se em
simbiose psíquica. Quantos crimes acontecem nesses dias, quantos acidentes,
quanta loucura. Acidentes de carro, violência e até óbitos pelo uso de drogas
ou combinações perigosas de medicamentos e bebidas. Algumas pessoas devem
pensar: eu brinco, mas não faço nada de errado!
Mas se você atravessar um pântano de lama fétida, local de doenças e
outras mazelas, pode até acontecer de você não adoecer, mas que vai sujar-se,
não há a menor dúvida. Para atravessar a tempestade de energia negativa que
envolve o carnaval, sem ser tocado por ela, só se você for alguém
espiritualmente iluminado. Mas se você for tão iluminado, com certeza não
estará participando do carnaval. O Carnaval se constitui, sob minha ótica, em
um verdadeiro processo de Obsessão Coletiva, afetando profundamente o estado
espiritual dos incautos. Mas o grande saldo da festa se resume em duas
palavras: ilusão e sensualidade. Referimo-nos à ilusão dos entorpecentes, dos
alcoólicos. Nessa época, as vibrações espirituais em torno da Terra se tornam
um tanto densas e favorecem a entidades inferiores do mundo espiritual, que se
aproximam e procuram atrair para seu campo de influência os mais fracos, que
não sabem discernir os limites do gozo. Multidões de Espíritos infelizes também
invadem as avenidas num triste espetáculo de grandes proporções. Malfeitores
das trevas se vinculam aos foliões pelos fios invisíveis do pensamento, em
razão das preferências que trazem no mundo íntimo. Muitos excessos são
cometidos por influência de irmãos ainda presos à esfera dos vícios. É comum
nos defrontarmos com situações em que, a pretexto de “aproveitar” a data e os
feriados consequentes, alguns se entregam a práticas que desafiam a resistência
do corpo, num roteiro de bailes, desfiles dos blocos, dentre outras que põem em
risco a saúde. É difícil para qualquer cristão passar incólume pelos ambientes
carnavalescos. Por maior que seja a sua fé, os riscos de contrariedade e
aborrecimentos são muito grandes. O Carnaval é bem típico da alienação
espiritual que a sociedade se permite. E o que é que o Espiritismo acha do
Carnaval? Ele não acha nada. A Doutrina Espírita respeita o livre-arbítrio de
cada um. Ela apenas esclarece que o pensamento altera o meio, atraindo
pensamentos semelhantes e, a partir daí, ficamos todos ligados pelas leis de
afinidade psíquicas, indo de simples insinuação à dominação completa da
vontade. A Doutrina Espírita também esclarece quais são as consequências dos
atos, deixando para nós escolhermos o caminho. O certo é que não se pode servir
a Deus e a Mamon. Há sempre a necessidade de situar-se cada coisa em seu
próprio lugar. Existe festa de Carnaval menos agressiva, e sempre valerá a pena
analisar a situação. Na realidade, o ser humano é um carnavalesco em potencial.
Uma hora ele é pierrô, em outra ele é palhaço, e numa outra ele é arlequim. Sempre
mascarado no certame da vida, até que um dia a máscara cai, é quando chega a
quarta-feira de cinzas da desencarnação, e ele se vê do outro lado da vida, com
contas a ajustar, justamente porque não brincou o Carnaval da vida de cara
limpa. Ao ver a fantasia rota e maltratada, quantas decepções pelo tempo
perdido. Valeu a pena? Quer brincar o Carnaval? Não se esqueça que o “Bloco
Escola da Vida” está sempre em evolução com seu enredo: “A vida que liberta”.
Agora vá! Mas não fantasiado. Vá pleno de si. Vá para a apoteose maior, para a
felicidade de religar-se a Deus. A festa da vida é muito maior, muito mais
divertida, ritmada e harmoniosa, quando sabemos escolher um bom enredo para
vivenciá-la. E não se esqueça: devemos procurar sempre as melhores notas nos
quesitos que nos são delegados por Deus. Vale lembrar os famosos critérios
socráticos: bondade, utilidade e verdade. Se nossas atitudes não são aprovadas
por tais crivos, nossa consciência espírita não respaldará tais ações, porquanto,
submeter-se docilmente a este tipo de subjugação é escolha nossa, pois o
livre-arbítrio é alicerce da Lei de Deus. Logo, aproveitar o Carnaval, do ponto
de vista espírita, é ocupar esses quatro dias de uma forma prazerosa. O
Carnaval se constituiu, sob minha ótica, em um verdadeiro processo de obsessão
coletiva, afetando o estado espiritual dos incautos. O grande saldo da festa se
resume numa única palavra: ilusão. Se participar do Carnaval é certo ou errado?
Essa é a pergunta que não quer calar, mas que somente a sua consciência pode
responder. Estejamos, portanto, vigilantes, sabedores de que todos os excessos
com que venhamos a nos envolver são de responsabilidade única e exclusiva de
nós mesmos, e, que, dessa maneira, repercutirão em nossa vida, sejam eles de
que natureza forem. Devemos fazer tudo de conformidade com os valores eternos
do Evangelho; limites sem constrangimentos; liberdade sem abuso; permissão sem
permissividade. Somente poderemos garantir a vitória do Espírito sobre a
matéria se fortalecermos a nossa fé, renovando-nos mentalmente, praticando o
bem nos moldes dos códigos evangélicos, propostos por Jesus.
Muita Paz!
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