O Sermão da
montanha comentado – Episódio 05 - Final
Reconcilia-te o mais depressa possível com o teu adversário, enquanto
estás com ele a caminho, para que ele não te entregue ao juiz, e este ao
ministro da justiça e não sejas metido na prisão. Digo-te, em verdade, que daí
não sairás, enquanto não houveres pago o último centavo. Não cometerás
adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para
cobiçá-la, já em seu coração cometeu adultério com ela. Jesus diz que o adultério
começa pela mente. E, às vezes, usamos a nossa mente de maneira equivocada, e
aí já estamos plasmando, e se não nos dermos conta, já estaremos realizando, e
ao realizar aquele pensamento em desequilíbrio gerará um problema sério para
nós. Quando apontamos o defeito do outro, comprometendo a vida da pessoa;
quando usamos a nossa fala para difamar uma criatura; nós também somos
responsáveis. Não resistais ao mal. “Olho por olho, e dente por dente”. Eu,
porém, vos digo: Não oponhais resistência ao mau; se alguém vos bater na face
direita, ofertai a outra; se alguém vos pedir a túnica, daí também a capa; e se
alguém vos convidar a caminhar uma milha, caminhai duas. Aquele que perseverar
até o fim será salvo. É lógico que nós não vamos dar o rosto para o outro bater
do outro lado. A expressão significa ignorar, porque se nós resistirmos ao mal,
ele se fortalece. O mal existe pela ausência do bem. No mandamento mais forte
de todos e, até hoje, é entendido como o maior de todos os escândalos pregados
por Jesus, Ele diz assim: Ouviste o que foi dito aos antigos: amarás o teu
próximo e odiarás o teu inimigo; Eu,
porém, vos digo: amai os vossos
inimigos; fazei o bem aos que vos
odeiam; bendizei aos que vos mal dizem, e orai pelos que vos perseguem e vos
caluniam. E Jesus coloca pra nós como isso poderia ser feito. Fazei o bem aos
que nos aborrecem, ou seja, se a criatura nos faz mal, façamos o bem a ela;
amar o seu inimigo é fazer o bem a quem nos faz mal. Isto é a forma prática de
vivenciar o amor aos inimigos. Porque, se amais os que vos amam, que recompensa
haveis de ter? Não o fazem já os publicanos? E, se saudais somente os vossos
irmãos que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Sede, pois,
perfeitos como é perfeito vosso Pai celeste.
Deus faz com que o sol nasça para os bons e para os maus, e chova para
os justos e injustos. Ora, se Deus dá
para todas as criaturas o sol e chuva, porque nós ficamos resistindo ao mal?
Nesse momento, Jesus encerra a primeira etapa do Seu discurso. Ele havia falado
para a multidão dos excluídos. A segunda parte do discurso já não é num tom
consolador. Agora Ele fala para os ricos e poderosos. E, olhando uma segunda multidão que aguardava
Dele alguma honraria, o Cristo apresenta um conjunto de regras, chamando a
atenção daquelas criaturas para que mudem suas vidas, que agreguem no seu
proceder aquilo que está sendo proposto, e
diz: Guardai-vos de oferecer as vossas esmolas diante dos homens, para
que sejam vistos pelo povo. Do contrário, não tereis nenhuma recompensa do
vosso Pai que está nos Céus. Quando, pois, deres esmola, não permitas que
toquem trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas
ruas, a fim de serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a
sua recompensa. Quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que fez
a direita, a fim de que a tua esmola permaneça em segredo. Quando orardes, não
sejais como os hipócritas, que gostam de rezar, de pé, nas sinagogas, e nos
cantos das ruas, para serem vistos pelos homens. Quando orardes, entre no teu
quarto, e, fechada a porta, reza em segredo a teu Pai, pois, Ele, que vê o
oculto, recompensar-te-á. Nas vossas orações não sejais como os gentios, que
usam de vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos.
Não façais como eles, porque vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes da
vossa petição. Do alto daquele monte, Jesus nos ensinou a orar; primeiro
recomendando que a oração fosse realizada em nosso quarto interno. Depois, orientou-nos
a evitar o palavreado excessivo, tornando o ato de falar com Deus uma conversa
amiga, desprovida de ritos ou pomposidade. Por fim recita o Pai nosso: “Pai
nosso, que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso
reino. Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu. O pão nosso de
cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a
quem nos tem ofendido. E não nos deixei cair em tentação, mas livrai-nos do
mal". Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai
celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas
ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas. Quantas almas, ao longo
das eras, já se libertaram de seus sofrimentos atrozes, nas asas de um Pai
nosso, feito de coração! E, quando jejuardes, não mostreis um ar sombrio, um ar
de sacrifício, como fazem os hipócritas que desfiguram o rosto para que os
outros vejam que jejuam. Em verdade vos digo que esses já receberam a sua
recompensa, disse o Cristo. Por isso, quando jejuares, lava o rosto, para que
as pessoas não saibam que fazes jejum, mas apenas o teu Pai, que está presente
em segredo. E o Pai que vê o que está oculto, te retribuirá. Em seguida, Jesus
fala dos tesouros do céu, mostrando que são os únicos que levamos daqui, os
únicos verdadeiramente reais para a nossa vida espiritual. Não acumuleis
tesouros na Terra, que são passageiros, onde a ferrugem e a traça os corroem e
podem ser dilapidados e destruídos. Acumulai tesouros de boas obras. Acumulai
tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem os corroem nem os ladrões
arrombam os muros, a fim de roubá-los. Pois onde estiver o teu tesouro, aí
estará também, o teu coração. A lâmpada do corpo é o olho; se o teu olho
estiver são, todo o teu corpo andará iluminado, Se, porém, o teu olho for mau,
todo o teu corpo andará em trevas. Portanto, se a luz que há em ti são trevas
quão grandes serão essas trevas! Ninguém pode servira dois senhores igualmente
e ao mesmo tempo, porque, ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um
e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ás riquezas. Por isso vos
digo: Não vos inquieteis quanto á vossa vida, com o que haveis de comer ou de
beber, nem quanto ao .vosso corpo com o que haveis de vestir. Porventura não é
a vida mais importante que o alimento; e o corpo, mais que a roupa? Observai as
aves do céu: Não semeiam, não ceifam, não guardam em celeiros; No entanto o
vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós mais do que elas? Qual de vós,
por mais que se preocupe, pode prolongar por pouco que seja o tempo de sua
vida? E porque preocupar-vos com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do
campo! Não trabalham nem fiam. Pois Eu vos digo: Nem Salomão, em toda a sua
magnificência, se vestiu como qualquer um deles. Ora, se Deus veste assim a
erva do campo, que hoje existe e amanhã será cortada e queimada, não fará Ele
muito mais por vós, homens de pouca fé? Portanto, não vos preocupeis, dizendo:
"Que comeremos nós, que beberemos, ou que vestiremos?". Os pagãos,
esses sim, afadigam-se com tais coisas; porém, o vosso Pai Celeste bem sabe que
tendes necessidade de tudo isso. Procurai primeiro o Seu reino e a Sua justiça,
e tudo o mais se vos dará por acréscimo. Não vos inquieteis, portanto, com o
dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Bem basta a
cada dia o seu trabalho. Nesse momento, Jesus encerra a segunda etapa do seu
discurso. E, olhando para um terceiro grupo, o dos sacerdotes, começa a sua
fala. O discurso agora era para aqueles que se achavam superiores aos homens.
Não julgueis para não serdes julgados; porquanto sereis julgados conforme
houverdes julgado os outros; empregar-se-á convosco a mesma medida de que vos
tenhais servido para com os outros. Não devemos julgar com mais severidade os
outros, do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar nos outros aquilo de que
nos absolvemos. Antes de censurar alguém por uma falta, vejamos se a mesma
censura não nos pode ser feita. E o Cristo continua falando sobre a hipocrisia.
Apresenta a eles um conjunto de reflexões com relação à postura dos sacerdotes
que é completamente equivocada, e diz para eles o seguinte: - Cuidado, porque
existem dois caminhos. Entrai pela porta estreita porque largo e espaçoso é o
caminho que conduz o homem à perdição. Na sequência, Jesus destaca para os
doutores da lei que eles tomassem muito cuidado com os chamados falsos
profetas, aqueles que aparecem no meio do povo, mas não seriam verdadeiros. E,
para terminar, destaca que, ao contrário do que os sacerdotes imaginavam, não
eram pessoas salvas. Nem todos os que me dizem: Senhor! Senhor! Entrarão no
Reino dos Céus. Isto é uma séria advertência com referência ao fato de nós
seguirmos ou não os Seus ensinamentos. A entrada no Reino dos Céus só é
facultada àqueles que cumprem a Lei de Deus, segundo os preceitos de Jesus. O
Cristo encerra o seu discurso de forma majestosa e didática, com uma das Suas
parábolas bastante conhecida, a da construção da casa sobre a rocha. Todo
aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as observa, será comparado a um
homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. Desceu a chuva, vieram
as torrentes, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela
não caiu, pois estava edificada sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve estas
minhas palavras e não as observa, será comparado a um homem néscio, que
edificou a sua casa sobre a areia. Desceu a chuva, vieram as torrentes,
sopraram os ventos e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu, e foi
grande a ruína.
REFLEXÃO
A nossa Humanidade ainda está postada aos pés do Monte. Mas nem todos nós
estamos inseridos como sendo do primeiro grupo; alguns ainda estão no segundo
grupo. Esse pessoal ainda não conseguiu se desvencilhar do magnetismo que os
bens da Terra lhe faz. Mais de dois mil anos se passaram e continuamos presos a
isso. Por esta razão é fundamental que no processo de crescimento de cada um de
nós façamos uma reflexão, para buscar entender a qual dos grupos nós
pertencemos. Se pertencemos ao grupo daqueles que se comportam como o Sal da
Terra, que se comportam como aqueles que irão ser a Luz do Mundo, vivendo e
espalhando a mensagem do Cristo, ou estamos desconfortáveis com a necessidade
de deixarmos os Bens da Terra. Essa é uma questão que nos compete refletir: Em
qual das multidões estamos colocados; quem somos nós nesse contexto. Construir
nossa casa sobre a rocha é buscar a prática dos ensinos de Jesus em nossa vida
diária. De nada vale conhecer as palavras, os conteúdos, se eles não nos fazem
homens e mulheres melhores, se não nos transformam em pessoas de bem. Construir
nossa casa sobre a rocha é perguntar sempre: Qual o comportamento cristão nesta
circunstância? Em cada decisão, questionar: Qual a decisão que me leva ao bem
do meu próximo? Que me transforma em farol de luz sobre os alqueires do mundo
atual? É tempo de construir essa nova casa, nos dias de hoje, finalmente, sobre
a rocha.
Muita Paz!
A serviço da
Doutrina Espírita; com estudos comentados, cujo objetivo é levar as pessoas a
uma reflexão sobre a vida, buscando pela compreensão das leis divinas o
equilíbrio necessário para uma vida feliz.
Leia Kardec!
Estude Kardec! Pratique Kardec! Divulgue Kardec!
O amanhã é
sempre um dia a ser conquistado! Pense nisso!